Novo ministro da educação é ligado a Ministro que confessou receber caixa dois

O presidente Jair Bolsonaro anunciou no Twitter a demissão do ministro da Educação, Ricardo Vélez Rodríguez. Bolsonaro informou também que o novo ministro será Abraham Weintraub.

Bolsonaro e Vélez tiveram uma reunião no Palácio do Planalto pouco antes do anúncio da demissão do agora ex-ministro.

“Comunico a todos a indicação do Professor Abraham Weintraub ao cargo de Ministro da Educação. Abraham é doutor, professor universitário e possui ampla experiência em gestão e o conhecimento necessário para a pasta. Aproveito para agradecer ao prof. Velez pelos serviços prestados”, afirmou.

Abraham Weintraub não é conhecido por sua vida acadêmica, mas pela militância ultraconservadora e por sua atuação no mercado financeiro.

Abraham Weintraub é formado em Ciências Econômicas pela Universidade de São Paulo (1994), dá aulas na Universidade Federal de São Paulo e atuou no mercado financeiro por mais de 20 anos. Foi sócio na Quest Investimentos e diretor do Banco Votorantim, além de integrar o comitê de trading da BM&F Bovespa (atual B3).

Ele é politicamente ligado a Onyx Lorenzoni, chefe da Casa Civil. Na pasta, ocupava o segundo posto. Participou da equipe de transição, com contribuições para a área da Previdência
Em uma entrevista, ele explicou por que ele e o irmão, Arthur, decidiram apoiar Bolsonaro:

“Diante de ameaças, é necessário lutar pelo país em que se vive. Os venezuelanos descobriram isso muito tarde. Perderam o controle de sua pátria e hoje são colônia dos ditadores que controlam Cuba. São escravos”, disse Abraham.

Ele é ultra-direitista, mas não se reconhece assim. “Esquerda ou direita, acho que é uma rotulação pobre. Somos humanistas, democratas, liberais, lemos a Bíblia (Velho e Novo Testamento) e a temos como referência”, afirmou.

Abraham Weintraub já tornou público que segue Olavo de Carvalho, que era também guru de Ricardo Vélez Rodríguez. Abraham Weintraub defende adaptar teoria de Olavo de Carvalho para vencer a esquerda.

Na Cúpula Conservadora das Américas, realizada no Brasil graças ao empenho de Eduardo Bolsonaro, Abraham Weintraub foi um dos destaques.

Em entrevista a Luis Philippe Bragança, ainda antes da posse de Bolsonaro, ele atacou seus colegas na universidade, com a afirmação de que tinha sido ameaçado por apoiar o candidato de ultra-direita.

“Eu e ele (o irmão), a gente tem sido bem agredido verbalmente, e até ameaças físicas, pelos bolivarianos, porque, afinal de contas, a gente está em uma universidade federal, e lá é o templo deles”, afirmou.

Ou seja, do ponto de vista ideológico, Bolsonaro trocou seis por meia dúzia na área da educação.

A gestão na educação continuará sob influência de Olavo de Carvalho, mas com uma diferença: vai para lá um profissional com apetite para ganhar dinheiro e muito agressivo, que trata professores como adversários.

Bolsonaro vai soltar? 10 militares são presos por assassinato de músico com 80 tiros

Dez militares foram presos em flagrante, na manhã de hoje, pelo assassinato do músico Evaldo Rosa dos Santos, na tarde de ontem, em Guadalupe, zona norte do Rio. O carro em que a vítima estava foi metralhado por militares. O Exército brasileiro assumiu as investigações sobre o caso.

Segundo a Polícia Civil, mais de 80 disparos foram realizados contra o veículo dirigido por Santos. Ele estava com a família a caminho de um chá de bebê quando foi abordado. O sogro dele, que estava no veículo, e um pedestre também ficaram feridos.

As primeiras informações divulgadas pelo Exército ainda ontem diziam que a tropa havia “reagido a uma agressão oriunda de criminosos a bordo de um veículo”. Segundo a família, a vítima não tinha qualquer envolvimento com o crime.

Em um comunicado divulgado hoje, o CML (Comando Militar do Leste) informou que “com base em informações iniciais transmitidas pela patrulha, foi emitida nota segundo a qual a tropa teria reagido a uma agressão oriunda de criminosos a bordo de um veículo”.

“Em virtude de inconsistências identificadas entre os fatos inicialmente reportados [pelo militares envolvidos na ação] e outras informações que chegaram posteriormente ao Comando Militar do Leste, foi determinado o afastamento imediato dos militares envolvidos, que foram encaminhados à Delegacia de Polícia Judiciária Militar para tomada de depoimentos individualizados”, continua a nota.

Doze militares já foram ouvidos
De acordo com o CML, 12 militares já foram ouvidos pela Delegacia de Polícia Judiciária Militar desde a madrugada de ontem, tendo sido dez presos. Um integrante do Ministério Público (MP) acompanhou os depoimentos.

A partir de agora, esses militares ficam à disposição da Justiça Militar, a quem cabe realizar a Audiência de Custódia e determinar como será dado prosseguimento.

As investigações sobre a morte e os feridos ficarão a cargo do próprio Exército, que assumiu as investigações do caso com base em uma lei de 2017 sancionada pelo então presidente Michel Temer (MDB).

A legislação diz que crimes dolosos contra a vida, cometidos por militares das Forças Armadas, serão investigados pela Justiça Militar da União, em alguns casos. Os laudos já feitos pela Polícia Civil do Rio serão fornecidos ao exército para o prosseguimento dos trabalhos.

“Foram diversos disparos de arma de fogo efetuados, e tudo indica que os militares confundiram o veículo com um veículo de bandidos. Mas neste veículo estava uma família. Não foi encontrada nenhuma arma [no carro]. Tudo que foi apurado era que realmente era uma família normal, de bem, que acabou sendo vítima dos militares”, afirmou na manhã de hoje o delegado Leonardo Salgado, da Delegacia de Homicídios da capital, que estava responsável pelo caso antes da transferência da investigação.

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ADVOGADO ISRAELENSE PEDE QUE ÁRVORE PLANTADA POR BOLSONARO EM JERUSALÉM SEJA ARRANCADA

POR DANIELA KRESCH

Um advogado israelense especializado em Direitos Humanos enviou uma carta ao Museu do Holocausto em Jerusalém, Yad Vashem, na última quinta-feira (4), pedindo que a instituição retire a muda de oliveira plantada no local pelo presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, no 2 de abril. O gesto aconteceu durante a visita de três dias que o pesselista fez a Israel.

Na carta endereçada ao presidente do Yad Vashem, Avner Shalev, o advogado Eitay Mack alega que Bolsonaro “apoia a tortura” e que seu chanceler, Ernesto Araújo, “publicou um artigo dizendo que o nazismo alemão e o fascismo da Itália foram os movimentos de esquerda”. Por isso, pede que a árvore plantada pelo pesselista seja retirada do Yad Vashem, “para evitar a profanação da memória do Holocausto e a memória de muitos movimentos de esquerda na Alemanha, que foram perseguidos e assassinados pelos nazistas”.

“Jair Bolsonaro, da extrema direita, demonstrou apoio à tortura, à volta da ditadura militar, à violência contra as mulheres, ao extermínio da população nativa, ao assassinato de membros da comunidade LGBTQ e de esquerda. Ele afirmou que ele preferia ser comparado a Hitler do que a um homossexual, disse que Hitler era um grande estrategista”, explica Mack na carta.

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Defesa de Lula desmente que ex-presidente teria admitido culpa para reduzir pena

 

“É falsa a afirmação divulgada por determinadas páginas e sites especializados na veiculação de “fake news” de que a defesa do ex-Presidente Lula teria admitido que ele praticou crime de corrupção objetivando reduzir sua pena”, aponta nota assinada pelo advogado Cristiano Zanin Martins. “Lula não praticou qualquer ato ilícito e tomaremos todas as medidas judiciais cabíveis contra a divulgação de mais uma notícia falsa sobre Lula e sua defesa”. Confira, abaixo, a íntegra:

NOTA DA DEFESA DO EX-PRESIDENTE LULA SOBRE “FAKE NEWS” RELACIONADA AO RECURSO DO STJ –É falsa a afirmação divulgada por determinadas páginas e sites especializados na veiculação de “fake news” de que a defesa do ex-Presidente Lula teria admitido que ele praticou crime de corrupção objetivando reduzir sua pena.

No recurso especial que tramita perante o Superior Tribunal de Justiça (Resp nº 1.765.139/PR) apresentamos teses jurídicas consistentes e sintonizadas com a jurisprudência atual da Corte para que Lula seja absolvido e para que sua liberdade seja plenamente restabelecida.

Lula não praticou qualquer ato ilícito e é vítima de “lawfare”, que consiste no uso perverso das leis e dos procedimentos jurídicos para fins de perseguição polícia.

Tomaremos todas as medidas judiciais cabíveis contra a divulgação de mais uma notícia falsa sobre Lula e sua defesa.

Cristiano Zanin Martins

Redação com 247

59% de eleitores de Bolsonaro no sudeste se arrependeram

Revista Fórum – (Photo by EVARISTO SA / AFP)

Segundo o Datafolha, 30% dos brasileiros consideram o governo de Bolsonaro ruim ou péssimo, índice semelhante ao daqueles que consideram ótimo ou bom (32%) ou regular (33%)

Pesquisa Datafolha divulgada neste domingo (7) mostra que Jair Bolsonaro (PSL) registra a pior avaliação após três meses de governo entre os presidentes eleitos para um primeiro mandato desde a redemocratização de 1985. Nas regiões que alavancaram sua candidatura, a maioria dos eleitores já está arrependido do voto.

No Sudeste, onde conquistou 65,4% dos votos válidos, o percentual de frustrados chega a 59%, segundo o Datafolha. Na região Sul, onde o presidente alcançou seu maior índice de votação, 68%, apenas 39% classificam seu governo como ótimo ou bom —e 54% dizem que ele fez menos do que o esperado.

Segundo coluna de Daniela Lima, na mesma Folha de S.Paulo, a comparação dos dados da nova pesquisa Datafolha com os resultados obtidos por Jair Bolsonaro na eleição oferece termômetro expressivo da queima de capital político nos três primeiros meses de governo.

No Nordeste, onde Fernando Haddad (PT) teve quase 70% dos votos válidos, 68% dos eleitores dizem que Bolsonaro fez menos do que eles esperavam no primeiro trimestre.

Os petistas Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, alvos frequentes de críticas do atual presidente, eram mal avaliados apenas por 10% e 7% da população ao fim dos primeiros três meses do governo.

Os eleitores que ganham mais de cinco salários mínimos são os que mais aprovam a administração de Bolsonaro, com índices que vão de 41% a 43% —o que estatisticamente representa quase um empate entre estes e os que não aprovam o governo.

O Datafolha ouviu 2.086 pessoas com mais de 16 anos em 130 municípios nos dias 2 e 3 de abril. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos.

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Leniência da Odebrecht também transforma MPF em gestor bilionário

Por Pedro Canário – O acordo de leniência que a Odebrecht assinou com o Ministério Público Federal em dezembro de 2016 se parece bastante com o acordo da Petrobras. Ambos preveem a criação de uma conta judicial, sob responsabilidade da 13ª Vara Federal de Curitiba, para que o dinheiro fique à disposição do MPF, para que lhe dê a destinação que quiser.

No caso da Odebrecht, a construtora se comprometeu a pagar R$ 8,5 bilhões como multa por seus malfeitos, que serão divididos pelo MPF entre ele mesmo, o Departamento de Justiça dos Estados Unidos (DoJ) e a Procuradoria-Geral da Suíça. A parte que ficar no Brasil ficará sob responsabilidade dos procuradores da “lava jato” em Curitiba.

Segundo o acordo, esse dinheiro será destinado à reparação dos “danos materiais e imateriais” causados pela corrupção da Odebrecht. De acordo com explicação do MPF no Paraná à ConJur, 80% do dinheiro ficarão com o Brasil, 10% com os EUA e 10%, com a Suíça. Portanto, o MPF ficou responsável por gerenciar R$ 6,8 bilhões.

Do que ficar no Brasil, 97,5% serão destinados aos “entes públicos, órgãos públicos, empresas públicas, fundações públicas e sociedades de economia mista” que foram lesados pelos atos da construtora. Ou seja, R$ 6,63 bilhões terão seu destino definido pelo MPF. Os outros 2,5% serão destinados à União, como parte da confissão pelo cometimento de improbidade administrativa.

A repartição do dinheiro está no parágrafo 3o da cláusula 7ª do acordo, segundo o qual o “valor global será destinado ao Ministério Público Federal”. Em resposta aos questionamentos da ConJur, no entanto, o MPF garante que “o acordo não destina os recursos ao Ministério Público nem os coloca sob administração do Ministério Público”. Segundo a explicação oficial, o dinheiro será pago às “vítimas”, sempre que o MP responsável pela ação de improbidade aderir ao acordo do MPF.

Embora o acordo seja público e uma de suas cláusulas diga que o dinheiro ficará à disposição do MPF, sua destinação está descrita num trecho sigiloso do documento, o “Apêndice 5”. Esse documento não foi divulgado pelo Ministério Público e vem sendo tratado com bastante cuidado pela 13ª Vara Federal de Curitiba, que teve o hoje ministro da Justiça Sergio Moro como titular durante toda a “lava jato”. Em pelo menos três oportunidades, Moro negou pedidos de acesso a esse apêndice sob o argumento de que ele poderia atrapalhar investigações em andamento.

O acordo com a Odebrecht é de dezembro de 2016. Mais antigo, portanto, que o da Petrobras, assinado em setembro de 2018 e divulgado em janeiro deste ano. Mas muitos dos elementos que levantaram suspeitas sobre as intenções dos procuradores da “lava jato” com sua cruzada anticorrupção já estavam ali — e vinham passando despercebidos.

No caso da Petrobras, anexos do acordo foram divulgados recentemente e revelaram essas intenções: a criação de uma fundação em que o dinheiro, R$ 2,5 bilhões, seria direcionado para ações de combate à corrupção. Esse fundo seria gerido pelos procuradores da operação “lava jato” em Curitiba. E, claro, seria enviado para entidades amigas. Esse trecho foi suspenso pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal.

Já o acordo com a Odebrecht vem sendo mais bem protegido. Mas já dá para saber, por exemplo, que o dinheiro que ficar no Brasil não será enviado a uma conta do Tesouro, como manda a jurisprudência do Supremo. Ficará sob os cuidados dos integrantes da autoproclamada força-tarefa da “lava jato”.

Prestação de serviços

Em troca, eles se comprometem a “fazer gestões” junto à Controladoria-Geral da União, à Advocacia-Geral da União e ao Tribunal de Contas da União para que eles não questionem o valor da multa e nem acusem a empresa e seus diretores de improbidade administrativa.

No jargão da burocracia, “fazer gestões” significa articular e, em alguns casos, fazer pedidos não oficiais. No caso de agentes públicos que recebem dinheiro para fazê-lo em nome de particulares, é advocacia administrativa, explica um especialista que falou à ConJur sob a condição de não ser identificado.

O capítulo norte-americano do acordo tem menos a ver com poder e mais com negócios. Entre as diversas exigências que a Odebrecht se comprometeu a atender, está a nomeação de um “monitor externo de cumprimento do acordo”, para que faça relatórios a cada 120 dias.

Esses relatórios devem ser mostrados ao conselho de administração da empreiteira e ao chefe da divisão de FCPA do Departamento de Justiça dos EUA. O último item do último anexo do acordo com o DoJ explica que os relatórios esperados pelo governo americano “provavelmente incluem” informações “proprietárias, financeiras, comerciais e concorrenciais sigilosas”.

FCPA é a sigla em inglês para a lei anticorrupção internacional dos EUA. Ela existe para punir empresas de fora do país que negociem ações em suas bolsas de valores ou com suas empresas. Mas analistas têm apontado que a lei vem sendo usada como instrumento para expansão da influência econômica do governo dos EUA, por meio de empresas privadas, em outros países.

Não é uma análise muito popular entre os procuradores do DoJ, que desacreditam a tese sempre que podem. Mas o fato é que, no início da “lava jato”, a Odebrecht tinha 240 mil funcionários. Hoje, tem 60 mil, segundo a própria empresa.

Tese defensiva

A defesa do ex-presidente Lula, feita pelo advogado Cristiano Zanin Martins, vem tentando acessar os autos do acordo desde maio de 2017, e não consegue. Moro negou três pedidos de acesso num espaço de pouco mais de um ano. A primeira negativa foi em setembro de 2017, quando o então juiz disse que a entrega de cópia do documento poderia prejudicar outras investigações em andamento. No dia 24 de maio do ano seguinte, foi mais claro: “Não há necessidade de acesso aos próprios autos do processo de leniência”. No terceiro indeferimento, de agosto de 2018, ele apenas repetiu a decisão do ano anterior.

Em fevereiro, Zanin ajuizou uma reclamação no Supremo alegando violação à Súmula Vinculante 14 do STF com as negativas. O verbete garante à defesa acesso a todos os elementos do inquérito já documentados, desde que o acesso não prejudique diligências em andamento — justamente o argumento usado por Moro.

Segundo o advogado, o acesso aos autos pode corroborar as teses defensivas de que Lula nunca recebeu nada como pagamento por qualquer “serviço” prestado à Odebrecht. E que a acusação feita a ele não foi repetida nos EUA. Foi feita no Brasil para garantir benefícios à família Odebrecht e aos ex-executivos da empreiteira.

Moro argumentou que o acesso aos autos do acordo é desnecessário. Mas Zanin usa o exemplo da Petrobras: o acordo havia sido assinado em setembro de 2018 e foi divulgado no dia 30 de janeiro deste ano. Mas só semanas depois é que os detalhes da criação do fundo pelo MPF foram divulgados — e a informação se mostrou essencial para o processo, a ponto de um ministro do Supremo suspender esse trecho enquanto recebe mais informações para julgar o mérito.

Lá e cá

A defesa de Lula fala em dois motivos principais para ter acesso aos autos do acordo. O primeiro é que, no apêndice 5, diz a reclamação, estão informações sobre a destinação do dinheiro pago pela Odebrecht a título de multa. E o MPF pede que Lula pague uma multa a título de indenização pelos prejuízos causados ao país com seus atos corruptos. Só que ele é acusado de receber um apartamento da construtora. Se ele e a empreiteira pagarem multas pelos mesmos fatos, haverá bis in idem, argumenta Zanin, o que prejudicaria o ex-presidente.

Lula também pede para ver o que há dentro do sistema chamado My Web Day. Trata-se de um software de contabilidade paralela, para controle dos subornos pagos, devidos e recebidos, usado pelo “setor de operações estruturadas”, o tal do departamento de propina, como se acostumaram a dizer os jornais. Mas a Polícia Federal, quando teve acesso ao sistema, reclamou da falta de integridade dos arquivos, que apresentavam dados apagados ou corrompidos.

Para o advogado de Lula, o fato de esses arquivos estarem corrompidos milita em favor de seu cliente. É que a Odebrecht contou histórias diferentes no Brasil e nos EUA. Aqui, disse que subornou Lula para que ele intercedesse junto à empresa na Petrobras. Uma dessas intromissões seria a nomeação dos ex-diretores responsáveis por manter o esquema de fraude a licitações funcionando.

Mas ao DoJ, os executivos da Odebrecht descreveram como funcionava o cartel que empreiteiras montaram para fraudar licitações da Petrobras e superfaturar contratos de construção civil. E nada sobre Lula.

Sem fumaça

No Supremo, o ministro Luiz Edson Fachin também indeferiu o pedido de acesso. Segundo ele, não houve “ilegalidade flagrante” nas decisões de Moro, e por isso não havia motivos para a concessão da liminar. A decisão é do dia 15 de março deste ano, e também pede informações à autoproclamada força-tarefa da “lava jato”.

O atual titular da 13ª Vara Federal de Curitiba, Luiz Antônio Bonat, repetiu a Fachin os argumentos de seu antecessor: franquear o acesso aos autos do acordo prejudicaria investigações em andamento. Ele acrescenta que os documentos que Lula quer ver, “em princípio, correspondem a informações que não teriam maior relevância”. “Entretanto, não é de se verificar óbice ao fornecimento dessa informação”, conclui Bonat, no ofício.

Em resposta, a defesa de Lula pediu que Fachin reconsiderasse a decisão anterior e que sobrestasse o andamento da ação penal contra o ex-presidente, no caso do apartamento. “É possível garantir que a versão de fatos da Odebrecht nos autos de acordo de leniência é a mesma que vem apresentando nas ações judiciais? Ou que os elementos contidos nos autos que tal acordo fora homologado não são relevantes para a Defesa do Peticionário?”

 

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TCU identifica R$ 2 bilhões de bônus a auditores, vê irregularidade e cobra explicação de Guedes

O economista Paulo Guedes, futuro ministro da Economia – Fernando Frazão/Arquivo/Agência Brasil

Reportagem de Vinicius Sassine no Globo informa que o Tribunal de Contas da União ( TCU ) identificou pagamentos de bônus a auditores fiscais da Receita e do Trabalho num total superior a R$ 2 bilhões em dois anos e, por enxergar irregularidades nesses pagamentos, deu um prazo de 24 horas para o ministro da Economia, Paulo Guedes , se manifestar a respeito desses bônus. A depender da resposta de Guedes, o TCU quer suspender os pagamentos, diante dos apontamentos de irregularidades feitos por auditoria do tribunal.

De acordo com a publicação, o bônus foi instituído por uma medida provisória assinada em dezembro de 2016, convertida em lei, no governo do presidente Michel Temer. É pago para remunerar eficiência e produtividade na fiscalização da atividade tributária, aduaneira e de trabalho. Para o TCU, o pagamento é ilegal; viola leis orçamentárias e a própria Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). “Estou convicto de que os elementos contidos nos autos evidenciam fundado receio de grave lesão ao erário e ao interesse público, o que enseja a pronta ação do tribunal”, afirma o ministro Bruno Dantas, relator do processo e responsável por pedir uma explicação ao ministro Paulo Guedes. A Secretaria de Receita Federal também foi instada a se manifestar a respeito. As conclusões da auditoria foram enviadas ainda à Procuradoria-Geral da República (PGR). O ministro apontou possíveis “inconstitucionalidades, ilegalidades e/ou incompatibilidades”, citando a Constituição Federal e leis orçamentárias.

Em resumo, a área técnica do TCU apontou três irregularidades no pagamento dos mais de R$ 2 bilhões em bônus a auditores da Receita e do Trabalho. A primeira delas é a suposta inexistência de previsão legal de valores. Um auditor-fiscal da Receita pode receber um bônus de R$ 7,5 mil, segundo o documento do TCU. Os pagamentos estariam ocorrendo mesmo inexistindo regulamentação para isso, conforme o tribunal. “Simples atos administrativos estão dando suporte aos referidos pagamentos”, completa o Jornal O Globo.

CARTA DE FREI BETTO A LULA: “MIL CONDENAÇÕES JAMAIS HAVERÃO DE SOMBREAR O SEU PROTAGONISMO…”

O escritor Frei Betto enviou uma carta ao ex-presidente Lula neste domingo (7), quando completa o primeiro ano da sua prisão política em Curitiba. “Mil condenações jamais haverão de sombrear o seu protagonismo na história do Brasil e a força de sua liderança popular”, escreveu Frei Betto.

Leia a íntegra da carta:

Querido Lula,

Coincidiu eu estar junto a você nas datas de suas duas prisões. A primeira, em abril de 1980. Desde que se iniciara a greve metalúrgica no ABC paulista, e os líderes sindicais presos um a um, passei a permanecer em sua casa em apoio à família. Fui acordá-lo quando, às primeiras horas da manhã, os policiais da ditadura bateram à sua porta. Estive em sua casa até o dia de seu retorno do cárcere, um mês depois.

Em 2018, há um ano, ao escutar no rádio que a sua prisão fora decretada pelo juiz Sergio Moro, fui ao seu encontro na sede do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo do Campo (SP), onde você dormia. De novo despertei-o e rezamos juntos.

Desde que você se encontra encarcerado em Curitiba, tive a oportunidade de visitá-lo duas vezes. A última, pouco antes do Natal. Levei a eucaristia e partilhamos o corpo e o sangue do Senhor.

Nas duas ocasiões, constatei o seu espírito forte, aguerrido. Como narrei a amigos, você se mantém a par do noticiário, lê muito, faz exercícios físicos, ouve música, assiste a programas de TV, de preferência, como me disse, na TV Aparecida: “gosto da missa das seis da tarde e dos programas de música sertaneja”.

Falei-lhe de minhas experiências de prisão. Aliás, descrita nos livros que lhe dei, como “Cartas da prisão” (Companhia das Letras) e “Diário de Fernando – nos cárceres da ditadura militar brasileira” (Rocco). O mais importante é evitar a contradição entre o corpo retido na cela e a mente, em sua incontrolável liberdade, aqui fora. Não se deixar possuir pela ânsia de liberdade a qualquer custo. Considerar o cárcere a sua normalidade, ainda que empenhe todo o seu esforço para recuperar a liberdade. E lembrar o que me disse: “Não troco minha dignidade pela liberdade”.

Mil condenações jamais haverão de sombrear o seu protagonismo na história do Brasil e a força de sua liderança popular. Quanto mais tentam esmagá-lo, mais você cresce. Em todo o mundo há mobilizações pró “ Lula livre”. Ao proferir conferências no exterior e dedicá-las em sua homenagem, seu nome tem sido efusivamente aplaudido.

A prisão é um eremitério. Lugar de reflexão e aprofundamento. Sei que você tem aproveitado para avaliar acertos e equívocos dos 13 anos de governo do PT. Os acertos são sobejamente conhecidos. Basta comparar os dados sociais e econômicos dos governos Temer-Bolsonaro com os períodos Lula- Dilma. Não havia esse clima de animosidade, e até ódio, que hoje divide muitas famílias e separa amigos. Vivia-se com maios civilidade e sem ameaça à democracia. Não se precisava penhorar a democracia na conta dos militares, e eles estavam onde sempre deveriam estar – nos quartéis.

Contudo, o PT não cuidou de promover a alfabetização política de nosso povo; descuidou do trabalho de base; deixou de punir com rigor desvios éticos; e jamais dominou o uso tático das redes digitais. Esse flanco vulnerável permitiu ao adversário centrar baterias no ataque ao partido, o que resultou no golpe de Temer contra Dilma e na eleição de Bolsonaro ao surfar na onda antipetista.

Agora é hora de repensar a estratégia política. Fazer autocrítica, analisar por que não houve consistente reação popular à deposição de Dilma. Nunca fui militante partidário, mas julgo que é hora de o PT se reinventar. Reatar seus vínculos com os mais pobres e excluídos, fortalecer os movimentos sociais e, sobretudo, assumir desempenho propositivo, para que o povo brasileiro vislumbre uma saída democrática ao governo Bolsonaro.

Há que resgatar a esperança e a utopia. Não se manter refém de eleições periódicas, e sinalizar um projeto de Brasil capaz de tirar o nosso país do buraco em que se encontra, e mobilizar amplos setores nacionais frente ao desafio de reduzir drasticamente a desigualdade social.

Nada haverá de calá-lo, Lula. Mesmo quando a morte o surpreender. Faça sempre de sua voz a voz dos que não têm voz nem vez, impedidos de falar e atuar. Você representa milhões de brasileiros e brasileiras que não venderam a alma às mentiras virtuais e às infundadas acusações judiciais.

Como dizia nosso amigo Henfil, ainda que esmaguem uma flor, não haverão de deter a primavera.

Meu abraço fraterno

Frei Betto

REVOLTADO POR SER CONSIDERADO MAIS BURRO QUE LULA E DILMA NO DATAFOLHA, BOLSONARO POSTA VÍDEO COM 12 FÃS

Bolsonaro voltou as redes sociais para demonstrar que o resultado da pesquisa que o apontou que os brasileiros o consideram como um presidente desprovido de inteligência, o incomodo; “Depois de o Datafolha publicar que ’Lula e Dilma são mais inteligentes do que Bolsonaro’, um pouco de como o povo me trata”, escreveu o presidente Jair Bolsonaro, publicando um vídeo com umas dez pessoas ao seu redor pedindo para tirar fotos.

HADDAD: TENHO CARA DE TUCANO, MAS MEU CORAÇÃO É VERMELHO E ESTÁ DO LADO CERTO DO PEITO

Em discurso na Caravana Lula Livre em Proto Alegre, o ex-prefeito Fernando Haddad reafirmou que Lula foi condenado sem provas pelo ex-juiz Sérgio Moro; “Eu queria uma justiça sem partido. Ninguém quer um Brasil de impunidade.
Não dá para tirar alguém da corrida presidencial, que tá liderando todas as pesquisas, para construir uma narrativa, fazer uma prisão e impugnar uma candidatura”, disse; Haddad também reagiu com bom humor a críticas dirigidas a ele; “Eu acho que tenho cara de tucano, mas meu coração é vermelho e está do lado certo do peito”; assista ao discurso

O ex-prefeito Fernando Haddad (PT) e a ex-deputada Manuela D’Ávila (PCdoB), que disputaram as eleições presidenciais do anos passado, participam na tarde desta sexta-feira, 5, da Caravana Lula Livre em Porto Alegre, junto com vários líderes políticos de oposição ao governo e movimentos sociais.

Em discurso, Haddad fez uma defesa da liberdade do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, reafirmou que a sentença do ex-juiz Sérgio Moro, atual ministro da Justiça do governo de Jair Bolsonaro, que condenou Lula por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no caso do triplex do Guarujá não apresenta provas. Haddad também disse que o País precisa de uma Justiça imparcial.

“Eu queria uma justiça sem partido, uma Justiça que não olhasse para a cor, para as ideias que o réu defende para julgar”, disse ele. “Ninguém quer um Brasil de impunidade. Não dá para tirar alguém da corrida presidencial, que tá liderando todas as pesquisas, para construir uma narrativa para fazer uma prisão e impugnar uma candidatura”, disse Haddad.

Ao falar sobre as críticas dirigidas a ele por estar na esquerda e defender o ex-presidente Lula, Haddad reagiu com bom humor. “Eu acho que tenho cara de tucano, mas meu coração é vermelho e está do lado certo do peito. Eu vou ficar do lado que eu acredito porque é o lado do Brasil”, disse ele.

Sobre Moro, Haddad ironizou o ingresso do ex-juiz no Twitter, que postou uma foto segurando um calendário para “provar” que era ele mesmo. “Ele fez com Lula igual, entendeu que o negócio era prova e ninguém chegou para falar que não era prova. Ele tem dificuldade com prova”, disse Haddad. “Nós não estamos falando de uma pessoa, mas de um princípio. Mostrou a prova? Mostrou conta na Suíça? O Lula é investigado há 40 anos”, acrescentou.