LEIA A TRANSCRIÇÃO DO QUE DISSE DANIEL SILVEIRA E O QUE LEVOU O STF A PRENDÊ-LO

Preso por ordem de Alexandre de Moraes

Deputado xingou ministros do Supremo
O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes determinou, na noite de 3ª feira (16.fev.2021), a prisão do deputado Daniel Silveira (PSL-RJ), que havia divulgado um vídeo com ofensas aos magistrados da Corte.

Na gravação, o deputado xingou vários ministros da Suprema Corte, usando às vezes palavrões e fazendo acusações de toda natureza, inclusive de que alguns magistrados recebem dinheiro de maneira ilegal pelas decisões que tomam.

Moraes considerou que Silveira cometeu crime flagrante e inafiançável ao proferir ofensas no vídeo publicado no YouTube. A gravação, que inclui xingamentos e acusações a magistrados –alguns citados nominalmente– foi retirada do ar pela rede social.

“Fala, pessoal, boa tarde. O ministro [Edson] Fachin começou a chorar, decidiu chorar. Fachin, seu moleque, seu menino mimado, mau caráter, marginal da lei, esse menininho aí, militante da esquerda, lecionava em uma faculdade, sempre militando pelo PT, pelos partidos narcotraficantes, nações narcoditadoras. Mas foi aí levado ao cargo de ministro porque um presidente socialista resolveu colocá-lo na Suprema Corte pra que ele proteja o arcabouço do crime do Brasil, que é a nossa Suprema, que de suprema nada tem.

Fachin, sabe… às vezes fico olhando as tuas babaquices. As tuas bobeiras que você vai à mídia para chorar, ‘olha o artigo 142 está muito claro lá que as Forças Armadas são reguladas na hierarquia e disciplina e blá-blá-blá, vide o que aconteceu no Capitólio [sede do Congresso dos EUA] porque no Capitólio quando tentaram dar um golpe…’ aquilo não é golpe, não, filhinho. Aquilo ali foi parte da população revoltada que, na minha opinião, foram infiltrados do Black Lives Matter, dos antifas, blackblocks, coisa que você e a sua trupe que aí integra defendem. Vocês defendem a todo custo esse bando de terrorista, esse bando de vagabundo. Vagabundo protege vagabundo. Mas não é essa besteira que a gente vai discutir.

 

  https://www.poder360.com.br/justica/leia-a-transcricao-do-que-disse-daniel-silveira-e-o-que-levou-o-stf-a-prende-lo/

PGR DENUNCIARÁ DANIEL SILVEIRA AO STF

PGR DENUNCIARÁ DANIEL SILVEIRA AO STF

Deputado foi preso nessa 3ª feira

Por vídeo com ofensas a ministros

A PGR (Procuradoria Geral da República) oferecerá denúncia contra o deputado Daniel Silveira (PSL-RJ) nesta 4ª feira (17.fev.2021). O congressista foi preso na 3ª feira (16.fev), por ordem do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes, depois de ter publicado vídeo com xingamentos e acusações contra integrantes da Corte.

O procurador-geral da República, Augusto Aras, vai protocolar a denúncia contra Daniel ainda nesta tarde. Aras participa da sessão do STF que julgará a validade da decisão de Moraes.

O ministro considerou que Silveira cometeu crime flagrante e inafiançável ao proferir ofensas contra ministros da Corte em vídeo publicado nessa 3ª feira (16.fev.2021) no YouTube. A gravação, que inclui xingamentos e acusações a magistrados –alguns citados nominalmente– foi retirada do ar pela rede social.

 

https://www.poder360.com.br/justica/pgr-denunciara-daniel-silveira-ao-stf/

POR UNANIMIDADE, STF VOTA PELA MANUTENÇÃO DA PRISÃO DE DANIEL SILVEIRA.

POR UNANIMIDADE, STF VOTA PELA MANUTENÇÃO DA PRISÃO DE DANIEL SILVEIRA.

No pedido de prisão de ontem, Moraes já havia alegado que Silveira havia se mostrado contra o Estado Democrático de Direito ao postar vídeo pedido pela saída dos ministros da Corte e invalidando os trabalhos do STF, assim como por ter enaltecido o AI-5 (Ato Instrucional Nº5), que intensificou a repressão da ditadura do Brasil. A prisão teve como base a Lei de Segurança Nacional, com argumento de que houve desrespeito à Constituição.

      https://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2021/02/17/ministro-e-relator-alexandre-moraes-vota-pela-prisao-de-daniel-silveira.htm

ANÁLISE DO LIVRO DO GENERAL VILAS BOAS .

ANÁLISE DO LIVRO DO GENERAL VILAS BOAS .

O que mais me impressionou foi a falta de cultura política desse ” general “.

Vergonhoso, a falta de preparo desse decrépito !

Fruto de sua ignorância cultural, seu discurso, sua fala é toda contraditória…

E o pior, são essas antas quem ” governam ” o País !

Esse General,  é mais um idiota empoderado que quer provar a quadratura do círculo .

LIVRO DO GENERAL VILLAS BÔAS EXPÕE DEMOCRACIA FRÁGIL

Como em outros livros produzidos pela FGV a partir de depoimentos de oficiais militares relevantes no país, a obra recorre à história oral, metodologia usada pelo seu CPDOC (Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil) desde os anos 70.
Entrevistas assim não costumam trazer contestações e perguntas mais duras. Estão mais para um bate-papo amistoso, como indica o próprio título de “Villas Bôas: conversa com o comandante” (Editora FGV, 2021, 244 págs).

É importante ressaltar que o depoimento, concedido ao longo de cinco dias entre agosto e setembro de 2019, num total de 13 horas, enfrentou séria limitação. O general é portador da ELA, doença degenerativa do sistema nervoso, e na época se expressava e respirava com dificuldade, embora a capacidade intelectual estivesse totalmente preservada, como frisa o entrevistador, o professor e pesquisador Celso de Castro, autor de diversos livros sobre a temática militar, que atua há mais de três décadas no CPDOC da FGV.

Não era o objetivo do livro. Mas a ausência de contrapontos à narrativa do general deixa no ar ideias que ele apenas apresenta mas não desenvolve nem esclarece.

Dito isso, é um livro que agrega ao menos duas informações. Primeiro, temos um alto militar às voltas com suas grandes contradições. Em segundo lugar, mesmo que não reconheça e mesmo negue, Villas Bôas acaba por revelar como a democracia vive no país em um arranjo extremamente frágil, enquadrada pelas posições de um grupo de oficiais militares que acredita numa agenda política ultrapassada, quando não bizarra, banhada em teorias conspiratórias e uma compreensão distorcida da realidade.

Conversas com candidatos sobre “projeto nacional”

As contradições são muitas. O general defende, por exemplo, que os quartéis fiquem longe da política, mas em seguida relata uma conversa que manteve com o então vice-presidente Michel Temer antes do impeachment de Dilma Rousseff – na qual Temer teria indagado como o Exército reagiria em caso de impeachment – e como, depois, uma indicação sua levou à nomeação do ministro do GSI (Gabinete de Segurança Institucional) no governo Temer. Incoerências como essas aparecem e morrem no livro sem maiores debates. Para percebê-las, o leitor precisa ir e voltar na obra a fim de colocar a fotografia dentro do filme inteiro.

Em outro trecho, o general reitera que sua “preocupação era grande, talvez excessiva, de que a política pudesse voltar a entrar nos quartéis”. Diz enxergar na caserna, aliviado, “uma postura apolítica e totalmente profissional”.

Logo em seguida, contudo, o general narra: “Com vistas nas eleições, convidei os candidatos para conversar. Essa rodada de entrevistas aconteceu antes que as candidaturas fossem oficializadas. Nelas eu expunha temas relativos à importância de reconstrução de um projeto nacional. Discorria sobre a Amazônia, os problemas e as soluções cabíveis e, por fim, tratava de defesa, das Forças Armadas e de questões importantes que lhes dizem respeito. Minha expectativa de que esses assuntos fossem discutidos por ocasião dos debates eleitorais acabaram frustradas [acabou frustrada]. Nos poucos que ocorreram, esses temas não foram provocados pelas emissoras.”

Em outro trecho, afirma que “Bolsonaro deu ênfase ao combate ao politicamente correto, do qual a população estava cansada. A Globo, o reino do politicamente correto, foi o mais importante cabo eleitoral do presidente eleito”.

Em uma frase é o comandante técnico avesso à política, na outra se reúne com vários políticos dentro da instituição e debate supostos projetos nacionais. Afirma uma “postura apolítica”, mas na sequência engole idiotices contra a mídia disseminadas por propagandistas incendiários de extrema-direita.

Villas Bôas não vê problema em um político populista que mente sobre um falso problema no seu país com o objetivo de ser eleito; errada está a Rede Globo. É uma abordagem primária sobre a sociedade brasileira, que elege um meio de comunicação como foco dos problemas nacionais, recurso frequentemente usado por bolsonaristas e pelo próprio Bolsonaro.

Tuíte que pressionou STF foi discutido previamente na alta cúpula do Exército

As perguntas são muitas: cabe ao comandante do Exército exercer o papel de articulador de programas de candidatos a cargos eletivos? Está autorizado, por algum trecho da Constituição, a ajudar na elaboração de planos de governo alheio ou cobrar que certo candidato debata determinado assunto em algum lugar? Quem lhe concedeu esse poder?

Chegamos ao episódio do seu tuíte de abril de 2018, pelo qual praticamente exigiu dos ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) que dessem uma decisão contrária a um habeas corpus em favor do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

O general revela, no livro, que o conteúdo do tuíte foi previamente discutido nos altos escalões do Exército. Um rascunho passou por várias mãos, dos integrantes do Alto Comando aos “comandantes militares de área”. O general repetiu o que já havia dito, com outras palavras em entrevista anterior, que “tínhamos a consciência de estarmos realmente tangenciando o limite da responsabilidade institucional do Exército”.

Para um brasileiro preocupado com o futuro da democracia, seria preferível que o tuíte tivesse partido da cabeça apenas do comandante, num gesto tresloucado. Nada disso. Agora sabemos que foi fruto de uma autêntica conspiração nos altos escalões dos quartéis, que calcularam todos os termos, efeitos e consequências da mensagem.

É estarrecedor que militares conscientemente afrontem, com propósitos políticos, ministros da mais alta corte do Judiciário. Podemos agora afirmar que há um amplo grupo na oficialidade mais alta que não fica constrangido com o risco de atuar no “limite da responsabilidade institucional”. Uma pergunta: quando voltarão a agir assim de novo?

General reclama de demarcação de terras indígenas em Roraima

Não há nenhuma garantia de que não volte a acontecer, e com desdobramentos ainda mais sérios.

É sob esse prisma que o livro de Villas Bôas pode ser visto como a confirmação de que a democracia no país corre, sim, risco real. É a conclusão inversa do que pretendia o general com seu depoimento aparentemente cândido. Porque às vezes um pedaço da verdade se esconde, mas pode ser achado, exatamente onde não é dito.

Temos que juntar a denúncia do “politicamente correto” da TV Globo, o apoio a Bolsonaro, o tuíte, as conversas políticas de Villas Bôas com as razões de fundo que ele também pontua ao longo do livro. Razões que apontam para dois temas caros aos militares: a teoria conspiratória da “internacionalização” da Amazônia e a ditadura militar.

Por duas vezes Villas Bôas reclama de demarcações de duas terras indígenas em Roraima, diz que supostamente os militares não foram “ouvidos” antes da decisão. Aqui ele fabula, a reclamação é enganosa e infelizmente não foi contraditada na conversa.

No primeiro caso, a Terra Indígena Yanomâmi teve sua portaria de reconhecimento do Ministério da Justiça assinada em 1991 por ninguém menos que o coronel da reserva do Exército Jarbas Passarinho, então ministro da Justiça, um expressivo representante das Forças Armadas, um dos conspiradores do golpe militar de 1964 e um dos políticos e militares mais ouvidos e considerados pelos quartéis ao longo de décadas. A homologação ocorreu pelas mãos do presidente Fernando Collor, em 1992, um expoente da direita brasileira e hoje aliado de Bolsonaro.

É verdade que parte dos oficiais não concordava que a demarcação incluísse faixas de fronteira (ou seja, eram contra um pedaço da demarcação, não toda ela), mas Villas Bôas convenientemente pulou o papel de Passarinho e Collor, que podem ser tudo, menos de esquerda. Para a teoria conspiratória de Villas Bôas que envolve ONGs e países estrangeiros, é importante deixar de lado a elite da direita brasileira.

Demarcação foi debatida durante 16 anos e aprovada pelo Supremo

A segunda demarcação, da Terra Indígena Raposa/Serra do Sol, ocorreu já sob o rito estabelecido pelo decreto 1775/1996, que envolve um amplo direito ao contraditório dentro de um processo administrativo que inclui diferentes instituições e esferas públicas. O parágrafo 8° prevê que “desde o início do procedimento demarcatório até noventa dias após a publicação” do relatório de identificação do território, os Estados e municípios em que se localize a área sob demarcação “e demais interessados” podem se manifestar. Ou seja, o Exército a qualquer momento poderia protocolar manifestações no processo administrativo se entendesse que havia algum problema na demarcação.

A realidade é que poucas demarcações de uma terra indígena foram tão debatidas e analisadas por tantas esferas na história do Brasil do que a da Raposa/Serra do Sol. Ela foi delimitada em 1993 e somente 12 anos depois, em 2005, foi homologada pela Presidência. Mesmo assim, o caso foi parar no STF, que chegou ao requinte de mandar à região um grupo de ministros antes de decidir, em plenário, sobre a ação. A decisão final ocorreu em 2009, 16 anos depois da identificação.

De um lado: onde estavam as Forças Armadas nesse tempo todo? Se queriam ser ouvidas sobre a demarcação, como diz Villas Bôas, o que fizeram a respeito? De outro lado: o general diz que a caserna é “totalmente profissional”, mas não aceita até hoje uma decisão do Supremo Tribunal Federal, pilar do estado democrático de direito? É de novo preocupante, pois demonstra a rejeição de um alto oficial, que mesmo na reserva tem muita influência sobre o seu público, ao controle da constitucionalidade pelo Judiciário.

O fato incontornável e que realmente importa – igualmente não abordado pelo general – é que essas duas terras indígenas jamais trouxeram qualquer problema de soberania nacional ao país. Militares contrários à Terra Indígena Yanomami – um deles, aliás, se chamava Jair Messias Bolsonaro, que chegou a ir à Justiça para barrar a demarcação – diziam que havia risco de uma espécie de insurreição dos Yanomami, momento em que indígenas, ONGs e interesses estrangeiros se juntariam para criar uma “Nação Yanomami”, declarando independência do Brasil.

Essa besteira foi totalmente desmentida pela passagem do tempo. Depois de quase 30 anos da demarcação, nada do que foi previsto aconteceu. Jamais se ouviu da boca do líder yanomami Davi Kopenawa qualquer insinuação nesse sentido. Hoje chamaríamos de fake news, na época era pura mentira mesmo.

General atribui ao governo Bolsonaro um fundo que existe desde 2008

As coisas se complicam mais quando Villas Bôas desenvolve, no livro, seu raciocínio sobre a Amazônia. Ele atribui ao governo Bolsonaro a criação do Fundo Amazônia, que na verdade existe há quase 13 anos. Primeiro ele critica a política ambiental adotada pelo país nas últimas décadas – a mesma que levou o Brasil a ser reconhecido em todos os fóruns internacionais. Depois diz que “vemos o governo Bolsonaro caminhar em sentido contrário, ao criar o Fundo Amazônia, entregando a responsabilidade para um profundo conhecedor daquela região, o general Mourão, vice-presidente”.

O Fundo Amazônia, ao contrário do que diz Villas Boas, foi criado em 2008, durante o governo Lula, e justamente em 2019 todas as novas contratações foram paralisadas em consequência de ações do governo Bolsonaro, que implodiu a governança do Fundo. Mais de R$ 2,9 bilhões deixaram de entrar na Amazônia na forma de projetos apoiados pelo Fundo durante o governo Bolsonaro. É um dinheiro já depositado e não utilizado.

Villas Bôas diz genericamente que “há muita desinformação, até de caráter intencional, principalmente sobre os temas meio ambiente e questão indígena”. Haveria um “filtro” que impediria que “a realidade” chegasse “aos centros econômicos culturais e políticos”. Critica a imprensa, de novo a Rede Globo, que teria “alguns setores dominados pelo politicamente correto”, o “jornalismo investigativo”, ao qual teriam faltado “vontade ou competência”. Ataca a memória de Chico Mendes (1944-1988), líder ambientalista covardemente assassinado numa emboscada, a quem ele qualifica como “um mito” que teria sido “construído”.

Aqui o general é basicamente um Bolsonaro que sabe falar português.

Infelizmente o general não explica sobre qual desinformação está falando. A Amazônia não está sendo desmatada, destruída por garimpos ilegais, não tem sua madeira roubada por quadrilhas? Acha que não há muitos incêndios? Os indígenas isolados não correm risco de morte? Tudo é invenção da mídia?

Sobre o desmatamento, não é. Porque Villas Bôas reconhece também que “há inúmeras razões pelas quais devemos impedir que o desmatamento avance”. Mas não é exatamente isso que a TV Globo, os ambientalistas, os indígenas, os especialistas, afinal de contas, cobram? É mais uma contradição acumulada por Villas Bôas nas páginas de suas memórias.

Villas Bôas revela por que militares não pediram desculpas por crimes na ditadura

O tema da ditadura é obviamente caro ao general. Ele deixa bem claro que a instalação da Comissão Nacional da Verdade, determinada pela então presidente Dilma Rousseff em 2012, foi um ingrediente na panela de ódio e pressão dos militares contra ela e seu governo. Nesse ponto ele faz uma das revelações mais interessantes do seu livro, ao apresentar um dos motivos pelos quais os militares não produziram, até hoje, um pedido de desculpas pelos crimes cometidos durante a ditadura militar.

Ele conta que, ao observarem os casos do Chile e da Argentina, os militares brasileiros perceberam que alguns pedidos de desculpa nesses países “foram considerados confissão de culpa, motivando a intensificação dos procedimentos de investigação”.

Em suma, a falta do pedido de desculpas dos militares brasileiros foi por medo mesmo. Medo de que os crimes viessem à tona e militares fossem enfim punidos.

Quando a então presidente Dilma Rousseff (2011-2016) o nomeou comandante do Exército, em janeiro de 2015, Villas Bôas foi saudado como um conciliador que poderia conduzir a Força de forma menos “solitária” – foi o termo usado na época – do que seu antecessor Enzo Peri.

Em sua primeira ordem do dia, em abril daquele ano, Villas Bôas disse que o Exército era uma instituição que continuava “democrática e apartidária”. Menos de dois anos depois, ele se converteu em um ativo ator político, que confabulou com políticos em momentos de crise e se posicionou publicamente sobre assuntos afetos a outros Poderes, como o Judiciário.

A principal marca deixada por Villas Bôas na sua gestão de quatro anos (2015-2019) no Comando do Exército é justamente a que ele procura negar no seu livro de memórias. Ele foi, sim, o responsável por reintroduzir a prática, frequente até a década de 80, de militares tomarem partido em disputas políticas, opinarem e intervirem nos rumos do país. Pelo menos desde o governo Sarney, encerrado em 1990, não se via uma atividade política tão intensa em um chefe militar. É de certa forma surpreendente que, em seu livro, ele não compreenda ou não enfrente esse dado da realidade.

 

    https://noticias.uol.com.br/colunas/rubens-valente/2021/02/10/general-villas-boas-depoimento-fgv-politica.htm

 

GRITOS E SUSSURROS – CURITIBA TENTOU COAGIR ROSA WEBER COM IMPRENSA E SERGIO MORO


O direito à privacidade não protege o crime. Daí que a pseudo privacidade dos procuradores de Curitiba e seus demais sócios honorários, nas conversas hackeadas, oferece duas perspectivas. A que versa sobre situações inofensivas (ou pretensamente engraçadas) e as condutas tipificadas no Código Penal.
Desmoralizar ministros do STF e do STJ era a chave do sucesso da autoapelidada “lava jato”. Assim como o político precisa do voto popular para se reeleger, Curitiba só continuaria a governar o país tendo os votos dos ministros. Não por acaso eles decretaram: “sério” é ministro que seguia Curitiba incondicionalmente. Os demais, não.
A defesa do ex-presidente Lula sempre contestou a integridade dos sistemas da Odebrecht. Um laudo complementar feito por um perito contratado pelos advogados do petista concluiu justamente que não há comprovação de que os documentos recebidos pelo MPF vieram diretamente de servidores da Odebrecht na Suíça, caracterizando a quebra da cadeia de custódia.
Conforme noticiou a ConJur em fevereiro de 2020, peritos da Polícia Federal chegaram a admitir que os arquivos podem ter sido adulterados. Ainda assim eles foram usados para sustentar diversas acusações contra Lula.
No Brasil, desde 2009 o STF reconhece na Súmula Vinculante 14 o direito do investigado a acessar as provas já produzidas. No mesmo sentido, a Lei 8.906/94 (Estatuto da OAB, art.7º, XIV)[1], a Resolução 058/2009 do CJF (art.3º §4º)[2], a Resolução 181/17 do CNMP e a Orientação 36 da Corregedoria Geral da Polícia Federal.
São inúmeros os precedentes da Suprema Corte que garantem o acesso pleno aos atos de investigação[3], sem o qual não há, inclusive, como o advogado promover qualquer ato de investigação defensiva, como autorizado pelo provimento 188/18 do Conselho Federal da OAB.
Em suma, o acesso aos autos do inquérito — e de qualquer investigação similar, como as levadas adiante pelo Ministério Público ou mesmo por Comissões Parlamentares de Inquérito — é regra, e sua violação caracteriza abuso de autoridade.

 

https://www.conjur.com.br/2021-fev-08/curitiba-tentou-coagir-rosa-weber-imprensa-sergio-moro

MAIS UM BOSTAXINHA BOQUIRROTO, DESINFORMADO E MAL CARÁTER, ESPALHANDO ASNEIRAS …

Quando o Lula foi argüído/perguntado/ouvido  pelo Moro , no Processo da Petrobrás , o Moro perguntou ao Lula se ele sabia da corrupção no Governo e na Petrobrás.

O Lula respondeu assim : nem a Petrobrás sabia, nem a Justiça sabia , nem você que é juiz e soltou o Dario Messer ,doleiro corruptor da diretoria da Petrobrás , sabia ,nem o Ministério Público sabia, nem a Polícia Federal sabia,  nem a Imprensa sabia ; como e porque eu deveria saber ???

Agora vem um idiota e fala esse monte de besteiras culpando o Lula , a Dilma e o PT pelos desvios, para outro monte de irresponsáveis publicarem , para um monte de otários acreditarem …

Aff !!!
” Tienes que tener tres pares de pelotones para soportar a estos idiotas.”

ORDENS RELIGIOSAS RECONHECEM CENTENAS DE ABUSOS E ESCANCARAM FERIDA DA IGREJA CATÓLICA NA ESPANHA

Os abusos sexuais contra menores na Igreja Católica na Espanha continuam lentamente saindo à luz e, depois do passo dado há duas semanas pelos jesuítas, ao reconhecerem 81 vítimas das ações de 65 religiosos desde 1927, junto com sua intenção de indenizá-las, outras congregações estão seguindo o mesmo caminho. O EL PAÍS consultou 10 das maiores, e 7 revelaram que também investigaram ou estão investigando o passado e se dispõem igualmente a compensar as vítimas. São meras revisões de arquivos, não estudos rigorosos, que além do mais não foram divulgados publicamente e estão muito longe de refletir a realidade dos abusos na Espanha em comparação ao que se fez em outros países. Por outro lado, entre essas 10 ordens religiosas, os Irmãos Maristas, La Salle e Agostinianos continuam se recusando a revisar seu passado. O resto admite por enquanto 61 casos de religiosos pedófilos, dos quais 42 eram desconhecidos até agora. Somando-se os dados dos jesuítas – 65 casos, sendo 54 novos, segundo estimativas deste jornal –, as ordens católicas admitem 126 casos, dos quais 96 eram desconhecidos até agora. Estes números fazem disparar as estatísticas totais e elevam a mais de 500 o número de vítimas de abusos na Igreja espanhola, segundo a contagem feita pelo EL PAÍS com informação de sentenças, meios de comunicação e apuração própria, dada a ausência de dados oficiais e da Igreja.
Até o começo do mês, eram conhecidos 125 casos desde 1986, mas numa canetada é preciso agregar outros 96. Total: 221 religiosos abusadores, com pelo menos meio milhar de vítimas desde 1927. Ou seja, em poucas semanas foi conhecido quase o mesmo número de casos que nos últimos 35 anos. E em outubro de 2018, quando este jornal começou a investigar os abusos e criou um e-mail para receber denúncias, havia apenas 34 casos contabilizados. Desde então, o EL PAÍS recebeu mais de 200 mensagens e publicou aproximadamente 30 casos. A cifra subiu a toda velocidade com numerosas denúncias de vítimas na mídia.
Escolápios, claretianos, coraçonistas e Legionários de Cristo já fizeram investigações internas. Marianistas e salesianos apresentam cifras provisórias, 28 no último caso, a mais alta depois dos jesuítas. A Opus Dei está terminando seu inquérito. Essas investigações são apenas um primeiro e mínimo passo para a verdade. As ordens constatam que, no passado, os abusos nunca eram denunciados. Na maioria das vezes o acusado era transferido, expulso ou retirado da congregação, de modo que podia continuar cometendo abusos em outros lugares, e a instituição fingia ignorar. É apenas uma primeira abordagem do que aconteceu. Outra iniciativa foi abrir e-mails para receber denúncias, uma via pela qual alguns destes delitos afloraram. Em outros casos, a instituição religiosa simplesmente fica sabendo através da imprensa. A Ordem do Sagrado Coração de Jesus, por exemplo, só tem ciência de um caso, o do alto-comissário do Governo espanhol contra a pobreza infantil, Ernesto Gasco, que há dois meses revelou em uma entrevista que foi vítima de abusos.
Os escolápios da província central da ordem na Espanha só puderam rastrear a pista de um de seus membros, acusado em 1972, que deixou a ordem e foi parar nos Estados Unidos. Relatam que chegaram a contratar um detetive para investigá-lo. Os abusos que conseguiram determinar ocorreram em Madri, Salamanca, Toro e na diocese de Cádiz-Ceuta. Afirmam que do resto não tiveram como saber mais, nem onde ocorreram.
As investigações das ordens não eram conhecidas e só vêm à luz agora por indagação deste jornal. Seus resultados são muito limitados e não foram realizadas por pessoas externas, exceto na província catalã dos claretianos. Não foram revelados detalhes – nomes, lugar e data dos fatos – que, se divulgados, poderiam levar à aparição de mais vítimas. Só arranham a superfície, mas mesmo assim são um avanço na Igreja espanhola, que até 2018 guardava silêncio. E, sobretudo, põe ainda mais em evidência a postura da Conferência Episcopal Espanhola (CEE), um caso praticamente único nos grandes países católicos: nega-se a investigar o passado e a propor uma indenização a estas vítimas.
Completam-se dois anos da cúpula do Vaticano sobre pedofilia, realizada em fevereiro de 2019, e a Igreja espanhola deu poucos passos desde então. Apenas abriu escritórios de atendimento às vítimas em cada diocese, por ordem do Papa. Em outubro de 2018, criou uma comissão contra a pedofilia para atualizar os anacrônicos protocolos vigentes desde 2010, porém mais de dois anos depois nada se sabe sobre o seu trabalho. Em seu site, continuam aparecendo os protocolos antigos. A CEE optou por não responder às perguntas deste jornal e remete a notas e entrevistas coletivas de 2020. Em novembro, o porta-voz dos bispos, Luis Argüello, declarou apenas que as denúncias recebidas eram “zero ou muito poucas”.

Quanto a investigar, a ordem é que cada bispo faça o que quiser, ao contrário da diretriz adotada pelas conferências episcopais dos Estados Unidos, Alemanha, Holanda e França, que lideraram amplas investigações em seus países. Na Alemanha, os bispos encomendaram uma auditoria externa. Demorou quatro anos e teve os resultados publicados em 2018: desde 1946, 3.677 menores sofreram abusos por parte de 1.670 religiosos. A própria Santa Sé publicou há dois meses o demolidor relatório McCarrick, que apontava como João Paulo II e Bento XVI tinham ignorado denúncias de abusos.
A resposta das 70 dioceses espanholas foi lenta e pouco transparente. Salvo alguns casos, como Cartagena, Madri, Barcelona e Bilbao, os bispados resistem a tornar públicos os números de casos que chegam a seus escritórios. A grande maioria se recusa a investigar seus próprios registros e indenizar as vítimas. O fato é que em todos os países a realidade dos abusos do passado só veio à luz com autênticas comissões da verdade – dos Governos, da Igreja, ou de ambos –, que as vítimas consideraram suficientemente confiáveis e sérias para ouvir seus casos. Se não, estes continuam ocultos.
“O balanço é muito ruim”, opina Juan Ignacio Cortés, autor de um dos poucos livros sobre o tema publicados na Espanha, Lobos con Piel de Pastor (editora San Pablo). “Continua vigente um protocolo bastante infame, foram abertos escritórios nas dioceses, mas se fez muito pouco. Na Espanha ninguém faz nada, não interessa, nem à Igreja nem ao Estado, que no passado devia vigiar porque muitas instituições, de internatos a orfanatos, eram parte do sistema de beneficência estatal. Mesmo agora, nos poucos casos que chegam aos tribunais, as vítimas não deixam de levar paulada, como no caso Gaztelueta, onde o Supremo [Tribunal espanhol] rebaixou a pena de 11 anos de prisão para dois. Há uma insensibilidade total por parte de todos. Todo mundo diz: que barbaridade. Mas depois olha para o outro lado.”

O EL PAÍS contabiliza pela primeira vez os casos de abusos conhecidos, o que inclui sentenças, investigações jornalísticas e denúncias públicas que tenham revelado os possíveis delitos de um religioso espanhol.
A organização Infância Roubada, a primeira a reunir vítimas espanholas em âmbito nacional, acredita que, apesar das ordens explícitas do Papa, algumas conferências episcopais “avançaram muito pouco, e outras, como a CEE, nada”. Seus responsáveis duvidam da eficácia dos escritórios diocesanos e os definem como “uma estratégia de marketing” para lavar o passado da Igreja. Por enquanto, acrescenta a organização, nenhuma diocese entrou em contato com as vítimas que recorreram à associação nos dois últimos anos, quase uma centena. “Dizem que ajudam as vítimas, mas ainda não publicaram nenhum relatório. Tampouco entraram em contato conosco”, salienta Juan Cuatrecasas, presidente da associação e pai da vítima do caso Gaztelueta. “Voltamos a repetir que nos abrimos a colaborar com a Igreja como intermediários”, afirma.
Gemma Varona, criminologista da Universidade do País Basco e autora de um estudo pioneiro sobre os casos registrados na Espanha, em 2015, elogia a decisão das ordens de investigar, mas é muito crítica quanto ao único relatório conhecido, o dos jesuítas. Opina que o resumo divulgado “é incompleto e metodologicamente muito duvidoso”. “Não explicam como o fizeram nem divulgam o estudo completo”, aponta. Sobretudo, como salientam as vítimas, acredita que o número de casos que registra é “ridículo”. “Não é crível; aliás, é incrível que se atrevam a publicá-lo. Há alguns anos, como ponto de partida, era aceitável, mas agora já acumulamos muito atraso.”
A investigação dos jesuítas aponta que 1% de seus membros desde 1927 cometeram abusos. Os estudos mais rigorosos a serem apresentados – nos Estados Unidos, Alemanha, França e Irlanda, por exemplo – coincidem em que a cifra média está entre 4% e 5% do clero. Por outro lado, um relatório como o da Pensilvânia em 2018 (300 sacerdotes acusados, 1.000 vítimas) ou o mais recente da França (1.500 padres, 3.000 vítimas) mostram que frequentemente um agressor abusa de mais de um menor. Varona acredita que “os relatórios devem ser para as vítimas, que são quem precisa deles, e por isso devem ser transparentes e bem feitos”. “É preciso responder às seguintes perguntas: por que as vítimas não denunciam? Por que não se atrevem? A isso se deve um número tão baixo.” Essa especialista trabalha nos últimos anos em outro estudo sobre as vítimas, que apresentará neste ano, e com todas que entrevistou “a vitimização secundária é muito clara”: refere-se ao novo sofrimento que representa denunciar e não ser ouvido, ou mesmo ser maltratado pela Igreja por causa disso.
“Roubaram-me nove anos mais”
O caso de Javier Paz, que sofreu abusos em Salamanca e foi uma das primeiras vítimas a aparecerem na televisão contando seu caso, em 2014, é significativo: “Roubaram-me mais nove anos, desde que denunciei, em 2011, porque confiei neles, denunciando no bispado, mas o processo canônico que fizeram foi um teatro para me manter enganado e em silêncio, até que me acusaram de querer só dinheiro, me humilharam, e decidi aparecer na televisão. Esmagam a gente outra vez, e a ferida não fecha”. Mas acrescenta que uma parte da Igreja faz bem o seu trabalho, citando o atual bispo de Barbastro-Monzón (Aragão), Ángel Perez Pueyo, que lhe deu todo o apoio. Seu último revés: pediu ao Vaticano a documentação de seu processo canônico, e foi negada.
Várias ordens já pagaram indenizações ou estão dispostas a fazê-lo se for o caso, mas, independentemente da compensação econômica, Josep Tamarit, catedrático de direito penal na Universidade Aberta da Catalunha e especializado em vitimologia, avalia os processos de justiça restaurativa: “É um diálogo entre as partes envolvidas, e faz sentido porque muitos são crimes prescritos, não podem ir para a Justiça penal, e é quase mais satisfatório para as vítimas”. Os escolápios catalães, que recebem assessoria da Fundação Vicki Bernadet, recorreram eventualmente à mediação do defensor do povo da Catalunha (síndic de greuges). “Era uma vítima que localizamos e não queria saber de nós, e graças à mediação falamos com ele. Foi muito positivo, muitos fantasmas caíram. Suponho que ele acreditou que encontraria o colégio dos anos cinquenta e, ao tratar conosco, mudou sua percepção. No Natal, me ligou para me felicitar pelas festas”, relata o provincial dessa ordem na Catalunha, Eduardo Pini. “Se o Parlamento [regional] criar uma CPI, que contem conosco, a Igreja tem que encarar isto e investigar.”
Para as vítimas, é muito importante que haja uma instituição laica e independente, porque não confiam”, afirma uma porta-voz da ouvidoria catalã. “Nas reuniões se fez uma escuta ativa importante, que alguém os ouça já é um passo, e depois foram feitas tarefas de mediação com as congregações”. Os salesianos, por exemplo, não contemplam indenizações e se centraram em um projeto de justiça restaurativa no qual, através de uma equipe de trabalho externo da ordem, oferecem terapias de longa duração, de 20 meses. Já iniciaram nove destes processos onde, salientam, tentam, “além de melhorar a saúde das vítimas, que sejam reconhecidas no dano sofrido”.
Mas a indignação das vítimas não é só com a Igreja: “É uma vergonha que o Governo não faça nada. É um tema muito delicado e ninguém quer enfrentá-lo. Basta um grupo de especialistas, uma verba e abrir um e-mail, investigar. Não custa nada e reverteríamos isso”, lamenta Manuel Barbero, presidente da organização Mans Petits e pai de uma vítima. É a associação que abriu um processo contra os maristas em Barcelona e conseguiu uma indenização de 400.000 euros (2,64 milhões de reais) para 21 famílias. “Falta implicação das instituições, que deveriam ter assumido o protagonismo, como em outros países. Em 2010, na Bélgica, foi o Parlamento que interveio, e foi criado um órgão especial de reparação em colaboração com a Igreja”, recorda Josep Tamarit, catedrático de Direito Penal da Universidade Aberta da Catalunha e especialista em vítimas. Foi um dos membros da comissão que síndic de greuges formou para investigar o fenômeno na Catalunha. A ouvidoria é uma das poucas instituições que intervieram no problema: em 2019, criou essa equipe para escutar as vítimas e apresentou um relatório no ano passado ao Parlamento regional. Recomendou a criação de uma comissão de investigação dos casos prescritos. Também o Governo regional de Navarra foi sensível às vítimas: convidou-as a falar no Parlamento regional, organizou um congresso sobre o problema e lhes financiou terapias psicológicas. No resto da Espanha, silêncio.

 

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