Jair Bolsonaro e seus filhos injetaram R$ 100 mil em campanhas de 2008 a 2014; família já movimentou mais de R$ 3 milhões em espécie.
A Folha também revelou que durante os 28 anos em que foi deputado federal, de 1991 a 2008, Jair Bolsonaro manteve uma intensa e incomum rotatividade salarial de seus assessores.
De um dia para o outro, assessores chegavam a ter os salários dobrados, triplicados, quadruplicados, o que não impedia que pouco tempo depois tivessem as remunerações reduzidas a menos de metade.
Além disso, dados da quebra de sigilo de Queiroz mostram que o ex-assessor e sua mulher repassaram 27 cheques para a primeira-dama Michelle Bolsonaro, de 2011 a 2016, no total de R$ 89 mil. Os valores foram revelados pela revista Crusoé.
A reportagem procurou a família Bolsonaro para comentar sobre a utilização de dinheiro em espécie em campanha, mas não obteve resposta até a conclusão da reportagem. Anteriormente, integrantes do clã negaram que elas representassem indícios de ilegalidades.
Entre as campanhas da família, a que mais recebeu recursos em espécie foi a do vereador Carlos Bolsonaro à Câmara Municipal do Rio em 2008. Naquele ano, Carlos doou para a própria campanha R$ 10 mil em dinheiro vivo. Flávio também colocou R$ 10 mil e, Jair, R$ 15 mil.
O presidente Jair Bolsonaro e seus filhos fizeram sucessivas doações em dinheiro vivo para irrigar suas campanhas eleitorais de 2008 a 2014. No total, foram injetados R$ 100 mil em espécie nesse período —corrigidos pela inflação, os valores chegam a R$ 163 mil.
A prática funcionou por meio de autodoações em dinheiro vivo e de depósitos em espécie feitos por um membro da família em favor de outro. Em duas candidaturas, a utilização de cédulas foi responsável por cerca de 60% da arrecadação da campanha.
O uso frequente de dinheiro vivo no financiamento eleitoral repete hábito da família de pagar contas pessoais e até a quitação de imóveis em espécie, costume atualmente investigado no chamado caso das “rachadinhas” na Assembleia Legislativa do Rio.