DEVASTAÇÃO | CERRADO PEGA FOGO LONGE DOS OLHOS DA MÍDIA, DIZ MORADORA DE COMUNIDADE TRADICIONAL

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DEVASTAÇÃO | CERRADO PEGA FOGO LONGE DOS OLHOS DA MÍDIA, DIZ MORADORA DE COMUNIDADE TRADICIONAL
Entre os dias 1º e 9 de setembro, foram registrados 7.304 focos de incêndio no cerrado / Agência Fapesp

Abaixo-assinado apresentado durante encontro em Brasília (DF) busca transformar o cerrado em patrimônio nacional

Rafael Tatemoto | Brasil de Fato | Brasília (DF) – Enquanto a Amazônia toma conta dos noticiários do Brasil e do mundo por conta do aumento no número de queimadas, o cerrado brasileiro pega fogo longe dos olhos da mídia. O alerta foi feito por Lidiane Taverny Sales, moradora da comunidade Retireiros do Araguaia (MT) e representante do Conselho Nacional de Povos e Comunidades Tradicionais, durante o 9º Encontro e Feira dos Povos Cerrados nesta quarta-feira (11), em Brasília (DF). Com o tema “Pelo Cerrado Vivo: diversidades, territórios e democracia”, o evento ocorre no espaço do Funarte até o sábado (14).

Entre os dias 1º e 9 de setembro, foram registrados 7.304 focos de incêndio no cerrado, contra 6.200 na Amazônia. No ano todo, o bioma Amazônia concentrou 53.023 focos contra 34.839 do Cerrado.

“Eu saio da beira do Rio Araguaia e passo por 1,2 mil km – para chegar até aqui eu venho de ônibus –, e venho observando o quanto o cerrado, a nossa casa, está sendo destruído. E a destruição não é por nós. É pelo capital, pela ganância”, relatou Sales. “A mídia não fala muito do fogo no cerrado, mas ele está acabando pelo fogo. E o fogo pega nos territórios tradicionais”, acrescentou.

Nas áreas do agronegócio, voltadas principalmente para a produção de soja, algodão e gado, já não há cobertura vegetal que permita a ocorrência de grandes incêndios.

Duas atividades preparatórias ocorreram nesta quarta-feira: a tradicional corrida das toras, realizada por indígenas na Esplanada dos Ministérios, e um seminário sobre a importância dos povos tradicionais, na Câmara dos Deputados.

Debate

O seminário “A importância dos povos e comunidades para a conservação do cerrado” começou com a apresentação da bióloga e professora titular da Universidade de Brasília (UnB) Mercedes Bustamante, que afirmou que as descrições do cerrado – antes visto como “sertão inóspito” e depois como “celeiro do Brasil” – desprezam o elemento humano do bioma.

Bustamante analisa que a diversidade cultural presente nas populações do cerrado, vista por muitos como empecilho ao desenvolvimento, é um fator-chave para a transformação do país. Em sua visão, é necessário “incorporar os conhecimentos tradicionais ao conhecimento científico para fornecer soluções que a sociedade brasileira necessita”. Portanto, segundo ela, “é impossível cuidar da natureza sem cuidar do homem que cuida da natureza”.

“Em vez de olharmos a diversidade como empecilho ao desenvolvimento, é exatamente essa diversidade que é a grande oportunidade de desenvolvimento para o Brasil. Quando a gente junta essas formas de conhecimento, o país só tem a ganhar”, declarou.

Maria do Socorro Teixeira, coordenadora do Movimento Interestadual das Quebradeiras de Coco Babaçu e integrante da Rede Cerrado, criticou a ausência de políticas ambientais efetivas por parte do governo Bolsonaro (PSL).

“O Brasil está sendo vendido. As terras estão se acabando. A floresta se queimando, e ninguém pensa que lá tem sobreviventes, tem ser humano. É importante a terra, é importante a água, a floresta, mas [também] somos importantes nós, que vivemos nela. E a gente não vai se curvar diante de um governo podre”, disse.

Também nesta quarta-feira, um abaixo-assinado com mais de 550 mil nomes foi entregue ao Congresso Nacional em apoio à Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 504/2010, que transforma o cerrado e a caatinga em patrimônios nacionais.

 

Edição: Daniel Giovanaz

 

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HELIÓPOLIS SE TORNA REFERÊNCIA NACIONAL EM EFERVESCÊNCIA CULTURAL

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HELIÓPOLIS SE TORNA REFERÊNCIA NACIONAL EM EFERVESCÊNCIA CULTURAL
FOTO: DAVID KENNEDY

Eduardo Nunomura Editor de Cultura de CartaCapital – A populosa comunidade da Zona Sul de São Paulo revela uma vocação artística que fura o bloqueio da indústria cultural.

Era um terreno que virou gleba, que abriu espaço para a prefeitura criar alojamentos provisórios para moradores de outras favelas, que acabou por atrair levas de retirantes, que se tornou moradia para mais de 100 mil habitantes, que cresceu tanto que hoje é um bairro de nome grandioso: Cidade Nova Heliópolis. Localizado na Zona Sul de São Paulo, Heliópolis não virou tema de novela da Rede Globo, como aconteceu com a sua irmã Paraisópolis, em 2015, mas conseguiu um feito maior. Ela é uma das comunidades de maior efervescência cultural do País, referência para tantas outras periferias e ponta de lança para ousados projetos artísticos.

Em que outro lugar se pode imaginar a presença de uma emissora de rádio e uma biblioteca comunitária com mais de 12 mil livros (ambas iniciativas da Organização Não Governamental Unas, criada em 1978), uma orquestra sinfônica (do Instituto Baccarelli, criado em 1996 pelo maestro Silvio Baccarelli após um incêndio na favela e hoje espaço para a educação musical de mil crianças e jovens), uma companhia de teatro e, mais recentemente, um projeto com 41 painéis grafitados e uma Editora Gráfica para dar voz a escritores periféricos? Heliópolis tem tudo isso.


Foto: David Kennedy

Há três semanas, foi exibido no bairro o documentário “Uma Virada de Cores”, que retrata como foi o projeto de grafitar 41 painéis nos muros das casas dos moradores, envolvendo mais de 500 jovens em oficinas realizadas por 17 artistas brasileiros e os colombianos Johan Andres (cujo codinome é Kano Delix), Johan Alberto (Sony) e Robert Sled (Fuan Nexio). O projeto é uma iniciativa da Associação de Intercâmbio Sociocultural e Empresarial Brasil-Colômbia em parceria com a produtora carioca Burburinho Cultural. O objetivo era reproduzir no Brasil uma iniciativa exitosa que ocorreu na Comuna 13, em Medellín. Esse distrito ficou famoso mundialmente porque a arte falou mais alto que a disputa entre paramilitares e guerrilheiros. A partir de ações de “acupuntura urbana”, como remodelar parques e praças, restaurar quadras esportivas, inaugurar bibliotecas e criar um sistema decente de transporte, no caso um teleférico, os moradores decidiram fazer a sua parte. Cederam as paredes de suas casas para que grafiteiros contassem a história da comuna. Jovens passaram a ter orgulho do lugar em que viviam.

“Desde o início, Heliópolis nos pareceu um terreno fértil para implementar esse projeto”, relata Thiago Ramires, da Burburinho Cultural. Por já ter um histórico de ações culturais e socioeducativas, Ramires sabia que o hoje bairro abraçaria esse projeto. A dificuldade seria manter os jovens envolvidos em uma vivência de cinco dias. “Foi desafiador trazer esse aluno para se concentrar em uma oficina de grafite, de desenho, sem computador, games ou redes sociais, mas só com régua, papel, tesoura, tinta e spray. Havia uma vontade e um prazer desses jovens em se comunicarem por meio de expressões menos tecnológicas.”


Foto: Vini Soares

A dinâmica do projeto foi sempre negociar com a comunidade. Eles davam ideias e o arte-educador com sua turma definiam o layout, pintavam e geravam uma imagem. Alguns moradores torceram o nariz; alguns, por razões religiosas, discordavam do desenho produzido nos muros de suas casas. Houve situações em que foi necessário repintar. “Isso tem a ver com a natureza do grafite, que é um pouco marginal, de intervir em um lugar e pintar sem necessariamente ser o que todo mundo quer ver”, diz Ramires.

Para o grafiteiro Eduardo Credo, 34 anos, que produz arte desde 2000, é necessário pintar “em todos os lugares”, mas foi instigante participar do projeto no “Helipa”. Nascido em Cidade Tiradentes, na periferia, e hoje morando em Santa Cecília, na região central, Credo percebeu que o grafite poderia colorir também vidas. “Todos os jovens fizeram trabalhos melhores do que o esperado, mas tinha uma menina que me surpreendeu. Era a mais calada e tímida, teve problemas de depressão, mas ela ‘desembaça’ muito bem e, quando fomos pro muro, se destacou muito, pintando com facilidade.”

Outro documentário, Vela na Billings por Navegando nas Artes, em exibição no Cine-BrasilTV (por streaming e nas tevês a cabo), revela como jovens do bairro do Grajaú, no extremo sul paulistano, estão sendo incluídos por meio da prática esportiva e da grafitagem que fazem em barcos a vela na Represa Billings. A diretora Caru Alves de Souza assina sete produções da série Causando na Rua, com direção-geral da cineasta Tata Amaral. A segunda temporada revela como a cultura brota em comunidades e entre jovens periféricos do País, seja nas batalhas de mestres de cerimônia no bairro recifense da Água Fria (Batalhas de MCs), nas colagens-protesto de lambe-lambe do coletivo feminista Deixa Ela em Paz (Mulheres na Rua), seja no retrato do Exorcity (Humildade sem Falsidade), um tradicional grupo de pichadores de São Paulo, e dos rappers Xemalami (Xadrez sem Muros), que mostram como os jovens pobres precisam lutar contra as formas de opressão.


Cena do documentário Vela na Billings por Navegando nas Artes | Foto: Cadu Silva

Produções como estas só revelam que há mais arte circulando no Brasil do que aparece na imprensa. A indústria cultural não dá muitas brechas para locais como Água Fria, Grajaú, Itaim Paulista ou Heliópolis. Mas a lição que se aprende no contato com esses moradores é que outra história já está acontecendo.

“Meus Jabutis são eles ali”, apontava PC Marciano para um grupo de seis escritores estreantes em Heliópolis. Em 29 de junho, Marcela Trava, Moniara Barbosa, Guto Souza, Hitátila Quele Silva de Souza, Shirlei Moura e Júlia Bueno lançavam seus livros pela Editora Gráfica Heliópolis. Em comum, todos são autores LGBTs, que vendiam e autografavam suas obras numa escola CEU do bairro. “Não quero concorrer com ninguém, nem quero ganhar o Prêmio Jabuti. Criamos uma editora para fazer um movimento literário em Heliópolis”, diz o autor da iniciativa.


PC Marciano ergueu pelo próprio esforço a Editora Gráfica Heliópolis. | Foto: Divulgação

PC Marciano já foi office-boy, metalúrgico, mecânico, gerenciador de riscos, ator, cineasta e agitador cultural. Em 2009, aventurou-se a escrever Melissa, um romance sobre uma escritora que passa por maus bocados até ser reconhecida. Tirou algumas cópias do livro e foi distribuindo de editora em editora. Foram cinco anos de “nãos”. Descobriu que não só ele, mas outros moradores de Heliópolis também tiveram originais recusados. Até que em 2017 um livreiro o encontrou e disse que iria publicá-lo. Na mesma época, soube da história de um jovem que vendeu o carro para publicar um livro, mas a mulher o abandonou e a sonhada primeira obra tinha virado sinônimo de infelicidade. PC (de Paulo César) Marciano decidiu que, em vez de publicar sozinho, iria se unir aos demais autores.

Criando leitores e escritores

Em 2017, ele arriscou se inscrever no edital do programa Rumos, do Itaú Cultural. Foi contemplado com 100 mil reais, dinheiro que garantiu a publicação das primeiras obras, a compra da impressora e dos computadores, da máquina de corte e dos demais equipamentos para acabamento de um livro. O objetivo inicial era chegar até dezembro do ano passado com quatro títulos lançados. Hoje tem mais de 20 obras, que abordam temáticas das mais variadas. “Escritor não é só Clarice Lispector ou Mario Quintana. Quero criar um público que seja leitor e escritor, de pessoas que se vejam e se reconheçam nas histórias.”

Cada título sai por 3,80 a 10 reais na Editora Gráfica Heliópolis, e a tiragem mínima é de 50 livros. A cada dez vendidos já se paga a impressão. O acabamento e o design interno e de capa são criados em parceria com os próprios autores.

A transexual Júlia Bueno, de 30 anos, escreve poesia desde os 7. Psicóloga com especialização pelo campus Leste da Universidade de São Paulo, ela publicou Amor & Revolta, de versos doloridos como sentimentos traiçoeiros/ que me dão esperança/ e em segundos se tornam pesadelos/ pesadelos horríveis que me atormentam por agora/ pelo que ainda nem chegou. “A poesia é para dar um nome e um sentido para essa revolta que estava em mim e que não fosse por outra violência”, explica. Ela afirma que nunca sofreu tantas violências como nos últimos tempos, inclusive discriminatórias no ambiente de trabalho e até sexuais. Afirma ter se prostituído por três meses, para poder sobreviver. “A literatura é um lugar que podia escrever e não ser julgada.”

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BASE DE ALCÂNTARA: UM PEDAÇO DO BRASIL VAI PRO ESPAÇO

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BASE DE ALCÂNTARA: UM PEDAÇO DO BRASIL VAI PRO ESPAÇO

Será o Brasil sugado por um Buraco Negro? Essa nem Einsten responderia.

Reconta Aí – A cessão do Centro de Lançamento de Alcântara, conhecido popularmente como Base de Alcântara, não tem garantia de rendimentos, transferência de tecnologias e ainda veda o acesso de brasileiros ao seu próprio território.

Localizada na cidade de Alcântara, a 32km do município de São Luís, capital do Maranhão, a Base de Alcântara possui cerca de 620km². Sua posição próxima à linha do Equador garante que foguetes possam utilizar 30% a menos de combustível para serem lançados para fora da órbita.

Sua localização privilegiada é estratégica para programas espaciais. Segundo o texto para discussão 2423 do IPEA, os programas espaciais são importantes para a defesa dos países, as comunicações e a meteorologia. Por isso, Alcântara está no centro de uma das maiores discussões do Brasil hoje.

Um quilombo com janela para o infinito

A base de alcântara possui quilombos e quilombolas.
Os passos que vem de longe. Quilombolas há anos pedem a demarcação de suas terras, como preconiza a Constituição.

O início dessa história são os anos 2000, quando o presidente Fernando Henrique Cardoso fez a primeira proposta de cessão da base para os estados Unidos. Na época, o Congresso Nacional não aceitou o acordo. Porém, em 2019, a possibilidade foi renovada.

Um acordo foi assinado em 18 de março deste ano pelos presidentes Donald Trump e Jair Bolsonaro, em Washington. Porém, não houve qualquer debate prévio na Câmara dos Deputados e muito menos com a população que mora em Alcântara.

Segundo dados da Coalizão Negra Por Direitos, há 800 famílias quilombolas morando na região. Ou seja, mais de 2 mil pessoas que poderão ser expulsas de suas terras. E nenhuma delas foi consultada, como exige a Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho, a OIT.

Movimentações políticas sobre a Base de Alcântara

Porém, com maioria no Congresso, o governo conseguiu aprovar o Acordo de Salvaguardas Tecnológicas na Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional no dia 21 de agosto. Foram 21 votos favoráveis às novas regras que vão orientar a utilização da Base de Alcântara e apenas seis contrários.

Outro passo importante dado pelo Congresso foi a votação da urgência do acordo entre Brasil e EUA sobre a base no dia 4 desse mês. O placar de 330 votos a 98 mostra que, ao que parece, o Congresso não está se importando tanto assim com a soberania nacional.

A votação de urgência precede a votação da Câmara dos Deputados, que deverá acontecer na próxima semana. Depois dela, o Senado também votará a matéria que, para ser sancionada, passará pelo presidente Bolsonaro.

Base de Alcântara renderá menos do que vale

Base de Alcântara é um dos melhores lugares do mundo para lançar foguetes.
Eu quero ver o Brasil lançar. Lança Brasil, lança!

Os passos que vem de longe. Quilombolas há anos pedem a demarcação de suas terras, como preconiza a Constituição.

Além da questão territorial geopolítica, a salvaguarda tecnológica, ou AST é uma grande preocupação. Ela assegura que haja proteção da propriedade intelectual dos países, especialmente dos Estados Unidos. Isso faz com que a transferência tecnológica para o Brasil não esteja assegurada.

Em telegrama do Departamento de Estado enviado à embaixada dos EUA no Brasil em 2009, as autoridades americanas pressionaram a Ucrânia a não transferir tecnologia do setor aeroespacial aos cientistas brasileiros. O assunto foi revelado pelo Wikileaks, em 2011, e publicado pelo jornal O Globo à época.

Além disso, territórios dentro da base estarão interditados para os brasileiros, podendo ser ocupados apenas pelos norte-americanos e poucos ‘autorizados’ do Brasil.

Ou seja, o Brasil franqueará seu território, expulsará os moradores originários, obterá pagamentos apenas de empresas e não terá acesso às tecnologias necessárias para desenvolver seu Programa Espacial.

Resistência quilombola e soberania nacional

Os moradores da área prometem resistência. Apoiados pela oposição ao governo, que promete brigar institucionalmente pela soberania nacional, e pelo direito dos povos que ali vivem.

Outra fonte de resistência é a criação de um fundo para beneficiar as comunidades afetadas pela Base de Alcântara. O Projeto de Lei 245/19, de autoria do deputado federal Pedro Lucas Fernandes (PTB-MA), propõe o Fundo de Desenvolvimento das Comunidades Carentes e Quilombolas de Alcântara, cuja principal fonte será 1% da receita dos contratos de uso, pesquisa ou de lançamento de satélites e foguetes do centro aeroespacial.

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FRACASSO: VOCÊ AINDA VAI TER O SEU!

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FRACASSO: VOCÊ AINDA VAI TER O SEU!

Com a crescente oferta de abordagens “quânticas” e outras bobagens do gênero, o campo verdadeiramente acadêmico da administração e gestão tem procurado se mobilizar.

sociologiadagestao.com | por Antonio Gracias Vieira Filho – Administradores, sociólogos, psicólogos e demais interessados em análises racionais têm se esforçado para denunciar as pseudociências que proliferam junto a uma terrível explosão populacional de coachs.

Graduado em Ciências Sociais, mestre em Antropologia Social e com um interesse de mais de uma década em sociologia do trabalho, meu olhar para a Administração é, de partida, um pouco mais crítico que a média. Não me peça para falar em “time”, “colaborador” ou “associado”: o nome é trabalhador. Do mesmo modo, não venha me falar da gestão alinhada com as energias dos signos do time por uma orientação quântica… Eu acredito em análise metódica e racional dos processos produtivos e acho importante ler sobre Administração. Em outras palavras, para aprender sobre gestão, tente estudar Frederick W. Taylor, Henry Ford, Henri Fayol, Elton Mayo, Peter Drucker e Taiichi Ohno. Procure conhecer a biografia de verdadeiros empreendedores – Eiji Toyoda, Bill Gates, Steve Jobs e o próprio Ford -, não daqueles que só empreendem no palco. Enfim, convém ler, ouvir e assistir, acumular conhecimentos de forma meticulosa, estudar o maior número possível de casos e não cair, jamais, na tentação do senso comum. Nesse sentido, a experiência prática, quando bem realizada e refletida, também é de fundamental importância.

No entanto, há um ponto em que alguns estudiosos sérios e todos os curandeiros quânticos se encontram: a recusa em tratar do fracasso. Ao que parece, a simples menção ao termo seria capaz de converter uma pessoa bem-sucedida em perdedora irrecuperável – ou, no jargão estadunidense e da sessão da tarde, em um loser.

Ainda que os magos da neurolinguística torçam seus vitoriosos narizes, vamos ao tema. Por fracasso podemos entender:

  • A incapacidade em alcançar uma meta;
  • Uma situação de ruína financeira e/ou existencial;
  • A falência de uma empresa ou negócio;
  • Uma situação de profunda insatisfação pessoal: aqueles momentos em que, mesmo com o resultado material alcançado, resta a sensação de que a jornada foi infrutífera.

O fracasso, em geral, não é obra do acaso. Ao buscar uma formação acadêmica adequada, atualizações frequentes, a construção de um bom plano de negócios e o melhor posicionamento possível em um determinado cenário econômico, podemos reduzir drasticamente os riscos de uma derrota. A junção de despreparo com propostas de negócios delirantes costuma ser infalível para aumentar as taxas de mortalidade empresarial. Uma realidade particularmente triste em um país como o Brasil, de baixa maturidade no campo da Administração.

Mas, ainda que você se prepare e faça um plano de negócios extremamente detalhado, pode ser que algo dê errado. Uma virada do mercado, declarações exóticas do presidente de turno, a chegada de um concorrente chinês, uma tecnologia disruptiva ou mesmo um mau momento pessoal: tais possibilidades existem e podem ser determinantes para um fracasso. Nesse caso, de quem é a culpa? Algum item pode ter sido subestimado, você pode ter negligenciado algum detalhe que depois se mostrou importante… Mas, veja, é realmente possível considerar todas as variáveis? Na medida em que formalizamos (colocamos no papel) apenas uma fração da realidade, sempre vai haver algum ponto cego, alguma variável desprezada. Também é preciso considerar que o Brasil, como péssimo roteirista que é, sempre inclui algum personagem novo na trama, de forma repentina, para bagunçar o enredo: no passado, eram os planos econômicos; atualmente, são os políticos que surfam nas fake news e insistem em dizer que a foto do satélite está errada.

Além das seitas quânticas da gestão, temos os apóstolos da meritocracia, aqueles que se esforçam em repetir que, com muito esforço e uma dieta low carb, você pode tudo e é infalível/invencível. Lamento informar, mas não, você não é um super herói: pode ser que dê tudo errado e aí você vai precisar de ferramentas para lidar com essa situação – ou o cenário pode ficar ainda pior. Mas quais seriam tais ferramentas? Primeiro: reservas materiais podem amenizar enormemente um impacto negativo. Você fez uma poupança? Tem uma reserva de recursos? Quitou a casa, o carro e separou o suficiente para o plano de saúde e a escola das crianças? Investir até o último centavo em alguma coisa, por conta da “certeza do sucesso” e a “reprogramação neurolinguística”, é um caminho seguro para converter o fracasso em tragédia. Segundo: o tropeço pode ser submetido a uma autópsia? Faltou preparação em um ponto específico? Um curso poderia ter ajudado? Ou o planejamento negligenciou algum item importante? Objetivamente, é possível explicar o que deu errado e realizar uma boa reciclagem? Terceiro: fracassar não é um atestado de bom ou mau caráter. Pessoas ótimas podem ter dificuldades nos negócios e pessoas péssimas podem terminar a existência bilionárias. Os problemas em uma iniciativa podem se converter em material para reflexão sobre objetivos para a vida e propósitos existenciais. Não devem, jamais, ser encarados como atestado de (in)dignidade.

Enfim, tanto nos negócios, quanto na vida pessoal, você pode ter de lidar com o fracasso. Isso é muito triste e gera uma sensação de abatimento enorme: fica a sensação de um grande rombo, naquele espaço antes ocupado por grandes esperanças e alegrias. Mas é um fato da vida: tal possibilidade existe, mesmo que você se esforce ao máximo para mitigá-la. Desse modo, a atitude mais madura e serena me parece ser a de preparação. Caso tudo dê certo, ótimo. Mas, se a vida pregar uma peça, ao menos você vai ter uma caixa de ferramentas para tentar uma solução emergencial.


Imagem: Gratisography via Pexels.com.

*Atualizado para correção de erro ortográfico em 06/09/2019, 18:44.

 

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NORMALIZANDO A CENSURA #meteoro.doc

Executivo e  Judiciário se uniram para censurar a Bienal do Livro, no Rio de Janeiro. Em Porto Alegre, foi o Legislativo que se encarregou de censurar uma exposição de cartuns políticos. O Brasil, que nunca chegou a consolidar totalmente a democracia, vai normalizando a censura.

Essa é a campanha de financiamento coletivo que mantém esse canal no ar: https://goo.gl/koguaJ

— E tem a nossa caixa postal 17905 CEP 80410-981

— O Meteoro já caiu no facebook, no twitter e no instagram: https://www.facebook.com/meteorobr/ https://twitter.com/meteoro_br https://www.instagram.com/meteorobrasil/

— Trilha sonora: Bad Day https://www.youtube.com/watch?v=YWQF7…

Persona 3 – Maya

 

DEPOIS DO GRITO, O BEIJATO NA BIENAL

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DEPOIS DO GRITO, O BEIJATO NA BIENAL

Esquerda Online – Numa guerra judicial em torno da temática LGBTI+ durante a Bienal Internacional do Livro no Rio de Janeiro, observamos que o obscurantismo e o retrocesso negam as liberdades individuais e provam que decisões descabidas, como a do desembargador Cláudio de Mello Tavares, ferem a laicidade do Estado e a impessoalidade nas decisões dos magistrados.

Sua conduta é motivada por suas convicções religiosas e homofóbicas. O presidente do TJ-RJ, que permitiu a apreensão dos livros, já defendeu que, “com base na fé”, homossexualidade possa ser vista como “desvio de comportamento”. Logo, não é nenhuma preocupação com a infância, é uma cruzada LGBTfóbica!

Com uma vasta programação e já perto de seu fim, a Bienal contou com mesas e atividades importantes, como as que trazem o debate racial e de gênero para a roda. A preocupação que devemos ter nestes espaços é que se cumpra um papel educativo, para além do entretenimento e do consumo (as cifras que movem moinhos, tornando a leitura ainda pouco acessível para muitos!), e que promovam reflexão e maior acesso ao mundo das letras.

Infelizmente, o Rio de Janeiro, capital mundial do samba (e do maior Carnaval do planeta!), tem sofrido duros golpes da prefeitura de Marcelo Crivella. O prefeito se nega a cumprir a tradição carnavalesca de entrega da chave da cidade ao Momo, tem entrado em guerra com espaços de promoção da cultura popular (como o Jongo da Serrinha) e insiste em brigar com a cultura em seus múltiplos aspectos e variações. Agora, novamente entra em cena com seu moralismo hipócrita para dar vasão às atitudes mais reacionárias e antidemocráticas a que o Rio já assistiu após a redemocratização. O alvo da vez? Uma revista de histórias em quadrinhos, Vingadores: a cruzada das crianças. Ele ordenou que a publicação fosse recolhida da Bienal do Livro, no Riocentro. Para seu espanto e nossa felicidade (mas mais ainda da editora e distribuidora), a HQ foi consumida loucamente ainda pela manhã. A atitude arbitrária gerou uma procura gigantesca pela edição. Mas não é a primeira vez que isso ocorre neste governo. Lembremos que a prefeitura cancelou, em outubro de 2017, a Coletiva Curto-circuito, que ocorreria no Castelinho do Flamengo, trazendo temas como diversidade sexual, preconceito e violência. Censura nítida, o ocorrido não foi fato isolado, ele havia vetado um dia antes a vinda da exposição Queermuseu: Cartografias da Diferença na Arte Brasileira. E, além da censura, ele chegou a debochar do feito ao dizer que “Saiu no jornal que seria no MAR. Só se for no fundo do mar”. Logo, há uma política da prefeitura de perseguição e censura à cultura e à educação que fomentam importante debate sobre diversidade de gênero. No país campeão de mortes de transexuais e altamente violento contra parcelas enormes da sua população – não heteronormativa, a atitude do prefeito da cidade deveria ser outra: apoio e incentivo! Além da criação de políticas públicas para uma crescente e contínua diminuição da LGBTfobia e de toda violência que ela gera.

A fala do governo para que as HQs fossem lacradas é estapafúrdia, demonstra que não passa de um problema moral a partir de seu conservadorismo e sua hipocrisia. Disse ele que era conteúdo impróprio para menores e que ele deveria proteger as crianças. Por conta disso, ordenou que a publicação fosse lacrada com plástico preto e contendo anotação externa sobre conteúdo impróprio para crianças. Ora, estamos falando de uma revista para adolescentes e jovens (e muitos adultos!). Assim como esta, há várias outras na bienal, inclusive literatura erótica! Crianças não andam sozinhas na Bienal, andam com responsáveis, sejam eles mães, avós, professores em atividades escolares! Além disso, quero problematizar o próprio conteúdo sendo acessado por uma criança. Crianças a partir de uma idade, não vê mais as relações de amor como as que elas têm pelos seus afetos (família, amigos, cuidadores), elas percebem que há relações e núcleos afetivos constituídos e cada vez se torna mais nítido que o amor por todos é diferente de amor entre dois (ou mais, no caso de famílias poliamoristas), descobrem o namoro, a relação entre pares. E elas devem saber que essas relações não são somente homem-mulher, elas devem saber reconhecer a diversidade (que pode ser a família de uma amiga ou a sua própria) e exercitar desde muito novas o respeito. Um casal de jovens dando um beijo deve simbolizar afeto e ponto! E onde mora a hipocrisia? No moralismo falseado de proteção! Porque as crianças estão cercadas por tamanha violência, por imposição de padrões que adoecem físico e mentalmente; por objetificação constante do corpo feminino, especialmente o da mulher negra! E isso não está nas publicações, isso se dá no cotidiano. É o fuzil apontado para crianças e adolescentes, mochilas escolares revistadas, os seus sendo mortos na sua frente. Isso deve gerar preocupação! A falta de educação e saúde deve gerar preocupação e todo esforço do prefeito que se elegeu dizendo cuidar das pessoas!

Mas para seguirmos no terreno das publicações, ou teremos que gastar muita tinta, gostaria de fazer uma reflexão sobre cenas impróprias. É muito difícil para mulheres educarem filhas e filhos quando seus corpos são usados para venda de tudo que é mercadoria: cerveja, tênis, bolsa, jornal, e uma lista sem fim. É muito difícil educar para a desconstrução da violência quando as histórias que ouvem desde pequeninos, são como as da Bela Adormecida, na qual um homem beija uma jovem desacordada e todos acham normal. E como violência é variada, ela dói e dilacera por dentro muitas mulheres, quero dizer que para as mulheres negras é muito difícil educar suas filhas e filhos quando todo retrato do “belo” segue apenas um tipo (padrão de gênero, raça/cor, corpo, cabelos, idade). Temos muito a caminhar e gostaria muito de ver um prefeito de mãos dadas conosco nessa caminhada. Poderia lhe propor uma semana sobre diversidade só usando os quadrinhos. Porque não foi o primeiro beijo e vão ter outros!

O primeiro beijo gay das HQs foi em 2009, na X-Factor da Marvel Comics, nº 45, escrita por Peter David. Shatterstar e Rictor, ambos super-heróis, davam concretude a um universo muito presente nos quadrinhos (isso para não falar do mundo real!), afinal, era notável personagens não heteronormativos, como o Estrela Polar (Jean-Paul Beaubier), outro super-herói da Marvel. Ele foi criado por Chris Claremont e John Byrne e sua primeira aparição foi em X-Men 120 (com data de abril de 1979), integrante da Tropa Alfa onde assumiu sua homossexualidade em 1992 (Tropa Alfa nº 106). Em 2012, o primeiro personagem abertamente gay da Marvel Comics se casou Kyle Jinadu, celebrando a garantia do direito legal ao “Casamento Igualitário” (também chamado de casamento homoafetivo, gay) em alguns estados dos EUA – em junho de 2011, foi aprovado no Estado e em Nova Iorque. Quatro anos depois, no governo Obama, a Suprema Corte dos Estados Unidos, legalizou em todo o país.

Foram muitas as relações homoafetivas nos quadrinhos. Mas a verdade é que levaram tempo para serem explicitadas. Desde 1979, John Byrne buscava demonstrar, tal qual o mundo real, que o amor, o afeto, o sexo não são exclusivamente homem-mulher, é preciso trazer para as histórias o respeito à diversidade: identidade de gênero e orientação sexual, que é mais amplo que o sexo biológico e os papéis de gênero construídos a partir de um padrão heteronormativo. Paz na vida de Wiccano e Hulkling, Kate Kane, Karolina Dean e Xavin, Apolo e Meia-noite, Arlequina e Hera Venenosa, Mística e Sina – por sinal, anteriores ao Estrela Polar e Kyle Jinadu, mas, assim como no mundo real, as mulheres sempre campeãs da história que a história não conta. Mística, inclusive, pode ser uma chave importante para debatermos transgêneros nos quadrinhos. Eu sei que, no mundo real e na fantasia, a lista é grande! Segue o baile! “Toda maneira de amor valerá” desde que sem abusos, sem violência! Beijar a moça desacordada é violência sexual, é crime!

Em situações como a ocorrida, é preciso transformar a revolta em luta e em aprendizagem. As primeiras medidas foram garantidas pela própria Bienal (que entrou com liminar suspendendo a ação do prefeito), que deverá se posicionar novamente diante da nova decisão e por partes dos mandatos do PSOL/RJ. Mas é preciso que o povo reaja. Especialmente a população LGBT+. Nesse sentido, a iniciativa de um beijaço (um BeijATO!), em um dos pavilhões, foi muito acertada! É preciso tirar a capa superficial da “moral” e fazer o debate de forma aprofundada. Se é para debater crianças e direitos façamos o debate sobre o ECA (Estatuto da Criança e Adolescente) e todas as tentativas de rasgá-lo; bem como sobre a não garantia de seus direitos mais básicos. Mas não nos venham com hipocrisia! Contra os ataques conservadores, a radicalidade do desejo de transformação do mundo é a resposta necessária! Pessoas boas e bacanas de todo mundo amai-vos! Como desejarem! E uni-vos! Para combater o obscurantismo e todo retrocesso!

¹ Dia 7 de Setembro, dia do Grito dos Excluídos, com atos programados em várias cidades na defesa da soberania nacional, da Amazônia, dos oprimidos e dos direitos. O “Beijaço” na Bienal foi chamado para o mesmo dia, mas no início da noite.

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“É SÓ UM BEIJO!”, DIZ MENINO DE 8 ANOS QUE PROTESTOU NA BIENAL

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Com apenas oito anos de idade, Pedro Otávio já chama a atenção por suas ideias.

Lola Ferreira Colaboração para o UOL – Na linha frente do ato que encerrou o penúltimo dia da 19ª Bienal Internacional do Livro do Rio, ele portava um cartaz pedindo ao prefeito Marcelo Crivella o restabelecimento do gás na cozinha de sua escola. “Coloca gás na minha escola. Estou sem merenda há dois dias”.

Pedrinho chamou a atenção também por entoar com toda força os gritos de “não vai ter censura” ou aqueles que pediam por mais educação de qualidade.

De acordo com a mãe dele, Camila Motta, 30 anos, a ideia do cartaz veio do menino, sem nenhuma interferência de adultos. Pedrinho perguntou o que estava acontecendo na Bienal, já que tinha visita marcada para este sábado. Quando a mãe explicou a ação do prefeito para tentar retirar as histórias em quadrinhos com beijo gay das prateleiras, o menino questionou o motivo.

“Ele disse: ‘Mas, mãe, é só um beijo! A minha escola não tem gás há dois dias. Não era isso que o prefeito deveria estar vendo?'”, afirma Camila.

Indignado com a situação, Pedrinho perguntou se poderia fazer a visita com um cartaz de protesto e foi prontamente apoiado pela mãe. Ao contar do momento em que ouviu o pedido do filho, Camila se emociona.

“Criança é o futuro. E, diante de tanto retrocesso, tenho o sentimento de que o estou criando certo. Por mais que ele veja tanto ódio em torno dele, consegue compreender da forma correta como as coisas realmente são e consegue entender o que é errado”, conta a mãe.

Estudante da Escola Municipal Avertano Rocha, na Cidade de Deus, Pedro faz questão de destacar a falta de gás na escola: “Se você for lá, a cozinha está completamente vazia, porque não tem o que fazer. E tem criança passando fome”. A preocupação com os que estão à sua volta se reflete na profissão escolhida para “quando crescer”: Pedrinho quer ser médico.

Camila afirma que atos como o que encerrou a Bienal neste sábado (7) dão a ela esperança de ver um mundo melhor para o filho: “A gente mostra que não vai ficar assim. As pessoas têm que ser conscientes na hora de votar. A gente paga muito bem nossos representantes, então ele [Crivella] precisa tomar conta do que é competência do município e fazer o trabalho dele”.

Manifestação

“Onde houver ódio que eu leve amor”, foi com esta frase que centenas de participantes andaram pelos três pavilhões da Bienal do Livro do Rio na noite de ontem (7) por volta das 20h30. Crianças, adolescentes e também casais LGBT+ saíram da mesa “Literatura arco-íris” em direção à sala administrativa onde a Secretaria Municipal de Ordem Pública estava reunida com a direção do evento.

Durante o ato, houve um jogral afirmando que “a Constituição assegura todo o direito à liberdade de pensamento e de expressão”. Aos gritos de “Fora, Crivella”, alguns manifestantes choraram.

Houve nova fiscalização na Bienal do Livro em busca de obras LGBT+ que não estivessem “protegidas” para crianças e adolescentes. Diferentemente da fiscalização de sexta (6), os agentes estavam à paisana. A recomendação foi feita pela organização da Bienal, para evitar que houvesse reação do público à ação ostensiva.

Sob argumento do artigo 78 do ECA, que pretende barrar pornografia, a decisão de fiscalizar as obras expostas na Bienal vem na esteira de eventos que teve início na quinta-feira (7), quando o prefeito do Rio, Marcelo Crivella, afirmou que a história em quadrinhos “Vingadores: a cruzada das crianças” era um atentado contra as crianças por conter um beijo gay. O livro não tem nenhuma cena pornográfica.

Ainda assim, o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro permitiu que a Prefeitura do Rio fiscalizasse todas as obras expostas na feira de livros em busca de obras LGBT+.

Neste sábado, a Bienal bateu recorde de público em um único dia: foram cerca de 70 mil pessoas.

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FAROFA SISTERS – FAROFA DE BANANA

“Volta do mercado com sacola cheia
A receita tá na mão, vou preparar a ceia (2x)

Tem farinha pra farofa que o brasileiro gosta,
Depois enche de manteiga, como é leiga essa gente
Assim desce qualquer coisa, é saudável a gente jura
O amargor que tem o gosto, com banana é que se cura

Banana verde tá dura, verde tá dura (4x)

Mas pra quem é, tá bom, e é gente relevante
Omito o seu nome que a ceia é mais importante
Farofa vai pro canto, descansar e esperar
A carne tá sangrando, deixa a carne sangrar

Lula e polvo não têm vez, nada de frutos do mar
Isso aqui é um churrasco e o espeto vai entrar
Tem pedido de sobremesa, pra boca de alguns adoçar
Fazer torta é tortura, só torço pra massa aguentar

Espero que a massa resista, que a massa resista
No canto que a Farofa assista, que a farofa assista
Farofa assista (3x)”

Música: Miguel Andréa e Alexandre Neves.
Voz: Jess Martins
Violão, cavaquinho, surdo e chocalho: Marcelo Dworecki
Pandeiro e tamborim: Juliano Zoppi
Guitarra elétrica: Bernardo Andréa
Técnico de gravação: Bernardo Andréa
Mixagem: Bernardo Andréa, Paulo Gama, Miguel Noronha e Miguel Andréa.

Gravado no estúdio Fábrica de Sonhos

GOVERNO BRASILEIRO FECHA O CERCO CONTRA A BIOPIRATARIA NA AMAZÔNIA

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GOVERNO BRASILEIRO FECHA O CERCO CONTRA A BIOPIRATARIA NA AMAZÔNIA

Domingo Espetacular – As riquezas da Amazônia despertam interesse de industrias muito poderosas: as farmacêuticas e as de cosméticos. Um dos perfumes franceses mais famosos do mundo só existe por que tem, na sua fórmula, partículas do óleo de uma árvore da Floresta Amazônica. Por isso, o Brasil fechou o cerco contra biopirataria, um crime que por muitos anos foi praticado impunemente por vários países. Para assistir ao conteúdo na íntegra AQUI.

 

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FLORESTA | MAIS DE 40% DOS DESMATAMENTOS NA AMAZÔNIA ACONTECEM EM ÁREAS PÚBLICAS

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FLORESTA | MAIS DE 40% DOS DESMATAMENTOS NA AMAZÔNIA ACONTECEM EM ÁREAS PÚBLICAS
Lançamento da Campanha “Seja Legal com a Amazônia” traçou o perfil do roubo de terras / Daniel Beltra/Greenpeace

Falta de fiscalização e ação do governo só agrava o problema da grilagem na região.

Juca Guimarães | Brasil de Fato | São Paulo (SP) – A Campanha “Seja Legal com a Amazônia”, lançada nesta sexta-feira (6), em São Paulo, tem como objetivo principal cobrar ações do governo federal e da Justiça para inibir a expansão do roubo de terras públicas na região da Amazônia. As áreas de grilagem, após a derrubada da floresta, são usadas principalmente para criação de gado e plantação de soja.

Este tipo de desmatamento, segundo a campanha, é responsável por mais de 40% das áreas de queimadas na região, ou 65 milhões de hectares, duas vezes o tamanho da Alemanhas e 15% da área total da floresta.

“A gente não precisa mais desmatar para crescer, precisa cumprir a lei. O Código Florestal é o elemento central da organização do nosso território produtivo e das nossas paisagens”, disse André Guimarães, da Coalizão Brasil Clima, Florestas e Agricultura e diretor-executivo do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam).

Entre janeiro e agosto deste ano, foram registrados 9 mil focos de incêndio em terras públicas da Amazônia. Outros 3,1 mil focos aconteceram em áreas já demarcadas como zonas de conservação.

De acordo com a campanha, a grilagem é o principal agente de devastação ambiental na Amazônia. Na área de floresta pública, foram registrados 31% dos alertas de desmatamentos deste ano.

Por outro lado, segundo dados do Ipam, 33% das queimadas foram realizadas em terras privadas, ou seja, fazendas que já contam com o cadastro ambiental rural (CAR).

Edição: João Paulo Soares