O MAL QUE A POLÍTICA REFORMISTA FAZ AO BRASIL, E A NECESSIDADE DE IRMOS EM DIREÇÃO AO SOCIALISMO ( I/V )

OBS.: – >  Artigo dividido em 5 partes para facilitar a leitura e a compreensão .
Estamos envolvidos numa devastadora crise do sistema capitalista. É preciso entender que essa crise não foi provocada pelo Coronavírus. Essa crise não é apenas uma depressão. É algo muito mais grave e todos nós temos que compreender o que está acontecendo. Temos que entender como os homens mais ricos do planeta aumentaram suas fortunas, enquanto os trabalhadores, do mundo inteiro, caíram no desemprego e na pobreza. Leia até o fim para entender o processo dessa ”mágica”.

1PREJUDICAR A ECONOMIA CHINESA, que desde o início da década de 1980 vem crescendo e ganhando espaço nos mercados consumidores de todo o mundo, onde os EUA perderam a sua hegemonia econômica, a China assumiu esses espaços. O vídeo abaixo, mostra o gráfico de parceria econômica entre China e EUA com os países do mundo, no período de 1980 a 2018.

Desta forma, o vírus sendo inoculado na China deveria destruir a economia chinesa e favorecer a combalida e decadente economia norte-americana. Bem, não foi assim que aconteceu, pois a China utilizou o método socialista para combater o coronavírus, e obteve êxito de forma rápida no controle da disseminação do vírus, e no salvamento da sua população.

Dizem-nos constantemente que o socialismo não funciona. Mas é a China socialista, onde começou o vírus, que tem feito o maior avanço para desacelerar a sua propagação. Inversamente, os EUA não têm nenhum dos sistemas ou infraestruturas que lhe permitiriam fazer a mesma coisa. É o capitalismo que não funciona bem quando necessidades humanas devem ser atendidas. (KIMBERLEY, 2020)
2MASCARAR A CRISE CAPITALISTA, para que as pessoas não percebessem mais essa crise do sistema, não vissem o capitalismo como o real causador dessas crises cíclicas, e não pensassem na possibilidade de trocar o Sistema Capitalista pelo Sistema Socialista. Então, a mídia a serviço do Imperialismo vem desinformando as pessoas, com a narrativa de que, a crise atual que vivemos, é culpa do surgimento do COVID-19 na China. Inclusive o presidente dos EUA, até hoje caracteriza vulgarmente o coronavírus, como sendo o ‘’vírus chinês’’.

 

http://padrealberto.com.br/blog/2020/08/21/o-mal-que-a-politica-reformista-faz-ao-brasil-e-a-necessidade-de-irmos-em-direcao-ao-socialismo-i-v/

O MAL QUE A POLÍTICA REFORMISTA FAZ AO BRASIL, E A NECESSIDADE DE IRMOS EM DIREÇÃO AO SOCIALISMO   ( II )

Por que estamos enviando estes dados?

  1. Porque é muito importante saber sobre o histórico dos resultados das crises do sistema capitalista, por que é através dos acontecimentos históricos que passamos a compreender os grandes danos que elas acarretam para a humanidade, destruindo muita coisa já realizada pelas populações, muito trabalho, transferindo mais Capital para os ricos, e jogando na pobreza um número cada vez maior de pessoas.
  2. Para provar que o Sistema Capitalista é totalmente inadequado para a enorme maioria do mundo, principalmente para a classe dos trabalhadores, no Brasil e nos outros países, de modo geral, para pequenos e médios burgueses, que ainda idealizam que são empreendedores, ou que algum dia vão ser ricos e pretendem subir à classe dominante burguesa. Isso já pertence totalmente ao passado. De um século para cá, mais ou menos, o movimento entre as classes que está acontecendo, é que essas crises são mecanismos de transferência de riqueza para os já endinheirados capitalistas, e, por outro lado, empurram os pequenos burgueses e médios capitalistas para as fileiras das classes trabalhadoras. Porém, muito pior ainda, é que nossa classe operária, em todo o mundo, também está sendo conduzida a uma pior situação, pois que a tendência dos grandes capitalistas é trocarem os trabalhadores por máquinas cada vez mais modernas e mais robotizadas, como acontece desde a primeira Revolução Industrial, no campo, nas atividades agrícolas do agronegócio e nas cidades, nas indústrias em geral. Os capitalistas que não tiverem capitais para comprarem máquinas modernas robotizadas vão ficar pobres e terão que trabalhar, como empregados, para outros patrões, se proletarizando, sem a menor sombra de dúvida. Isso prova que o sistema capitalista nunca ofereceu vantagem alguma para as classes trabalhadores, e jamais vai oferecer, em hipótese alguma, apesar de tantas lutas de classe e apesar de tanto sangue, suor e lágrimas derramados em séculos de luta.

Para convidar todas as pessoas de esquerda a começarem a pensar no seguinte: No sistema Socialista não existe crises, porque:

 

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O MAL QUE A POLÍTICA REFORMISTA FAZ AO BRASIL, E A NECESSIDADE DE IRMOS EM DIREÇÃO AO SOCIALISMO  ( III )

Para convidar todas as pessoas de esquerda a começarem a pensar no seguinte: No sistema Socialista não existe crises, porque:

1) A propriedade é coletiva,

2) A produção de riquezas é social, coletiva, como no capitalismo,

3) Mas, a apropriação da riqueza é também coletiva, é distribuída entre todos os que trabalham, o que é totalmente diferente do capitalismo, no qual a apropriação é privada, seja das riquezas naturais, como terra, água, florestas, minérios, bem como de toda a riqueza produzida pelos trabalhadores.

4) No capitalismo, a economia é anárquica, ou seja, cada proprietário de terra, ou de fábrica, produz o que ele quer, o que dá mais lucro.

5) No Socialismo, a economia é planificada, cada um produz não o que quer e quanto quer, mas o que é necessário para o consumo social, não havendo desperdício de recursos naturais, os quais são, também, propriedade coletiva, social e não privada.

Essas informações, para nós, trabalhadores, são de imensa importância, para que façamos nossa escolha no caminho a seguir. 

É inútil tentarmos salvar o capitalismo; ele está em decadência, algumas fontes dizem que esse sistema chegou a óbito em 2008, e que aquela crise não debelada está pegando carona na crise atual. Porém, pergunto o que significa salvar o capitalismo? É insistirmos nos erros, acreditando e apoiando programas de reformas do capitalismo, tentando transformá-lo em um sistema bonzinho, humanizado, com melhores salários, renda e emprego, que possa melhorar a vida de todos, burgueses e proletários, mas que, na verdade, de nada adianta, porque não acaba com a exploração dos trabalhadores. Porque vimos que Isso já foi sepultado pelas dramáticas experiências que tivemos, desde Getúlio Vargas, um burguês muito competente como dirigente da nação, mas que não tinha nada de socialista, ao contrário, cooptou a classe operária, para que ela, ao dar-lhe presentinhos, jamais pensasse em se revoltar contra o poder burguês, porque Getúlio Vargas presenciou a Revolução Socialista da Rússia, em 1917, da qual foi contemporâneo e fez de tudo para que ela não acontecesse no Brasil.

 

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O MAL QUE A POLÍTICA REFORMISTA FAZ AO BRASIL, E A NECESSIDADE DE IRMOS EM DIREÇÃO AO SOCIALISMO  ( IV )

… porque Getúlio Vargas presenciou a Revolução Socialista da Rússia, em 1917, da qual foi contemporâneo e fez de tudo para que ela não acontecesse no Brasil.
Seus presentes à classe trabalhadora foram: Ministério do Trabalho, Justiça do Trabalho, (controlados pela Burguesia), a CLT – Consolidação das Leis do Trabalho, (uma estrutura estatal burguesa que mantinha os trabalhadores sob um controle feroz), salário mínimo, domingo remunerado, férias anuais remuneradas, auxílio doenças, benefícios às viúvas, aposentadorias, e outros tantos presentinhos-benefícios, que enfureceram a burguesia de seu tempo, que mancomunada com o Imperialismo dos EUA, tramaram um golpe em 1954, o qual foi, entretanto, desarmado porque empurraram Getúlio ao suicídio. Os votos dos brasileiros elegendo Getúlio Presidente, foram totalmente desconsiderados pela burguesia, que quando não quer mais brincar, pega a bola e a rede, que são suas propriedades, e desfaz o jogo na hora que lhe convém. Tudo isto aconteceu por Getúlio ter a pretensão de modernizar o Brasil, desenvolvê-lo dentro do sistema burguês para a própria burguesia, com ares de Soberania Nacional, criando a Petrobrás, a Vale do Rio Doce, a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), projetando a Eletrobrás, enfim, uma enorme infra-estrutura capaz de colocar o Brasil como um grande e desenvolvido País Capitalista. Getúlio não era Homem do Povo, não nasceu no seio do proletariado, e jamais pensaria em Socialismo, muito menos em Comunismo. Preferiu morrer. Também não imaginava criar uma força para defender o Brasil da ganância do ‘’GRANDE IRMÃO DO NORTE’’, mas as “fake news” da época pipocaram nesse sentido, envolvendo o combate à corrupção e um ódio aos comunistas, o que sempre rendia muitos adeptos entre os mal informadosNão confiava no Povo. Para GETÚLIO VARGAS, o povo era tão somente uma massa de manobras que ele cooptava através dos citados órgãos ministeriais e diretamente através do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), por ele criado em março de 1945, ainda no ESTADO NOVO, cuja base política eram os trabalhadores urbanos e cujas entidades sindicais eram controladas pelo Ministério do Trabalho. e com o desenvolvimento, em seu seio, do PELEGUISMO, outra tragédia, uma verdadeira faca cravada nas costas da Classe Trabalhadora, o que é uma dura realidade, e que existe,  infelizmente, até hoje, sem combates de vulto. O PTB seria um grande partido de massas, tendo como base o proletariado urbano cooptado e engessado pela legislação trabalhista implantada no Estado Novo. Seu programa defendia a manutenção e a ampliação da legislação trabalhista do Estado Novo, a extensão dos benefícios desta legislação aos trabalhadores rurais, a tímida reforma agrária, o direito à greve pacífica e a conciliação entre as classes sociais. Mas, apesar dessas derrotas para os Trabalhadores, os golpistas de 1954 não desistiram. Prosseguiram em seus intentos.
Na seqüência, JOÃO GOULART, O JANGO, herdeiro das idéias de Vargas, tenta novamente humanizar o capitalismo, tentando uma série de REFORMAS DE BASE, que incluía uma tímida reforma agrária ao longo das rodovias e ferrovias, entregando terra aos que nela desejavam trabalhar, reformas educacionais, reformas das leis do inquilinato, e as temidas leis de Monopólio Estatal do Petróleo, e a Lei que sistematizaria a REMESSA DOS LUCROS das empresas estrangeiras, aqui estabelecidas. Jango pretendia, utilizando as economias resultantes desse processo, dinamizar o desenvolvimento do nosso Parque Industrial. Essas três últimas reformas: ‘’Reforma Agrária’’, ‘’Monopólio Estatal do Petróleo’’ e ‘’Lei da remessa de Lucros’’, que seriam para o Brasil motivo de grande impulso e desenvolvimento, para os imperialistas foi intolerável, e se tornou o motivo decisivo para o golpe de 1964. Novamente a burguesia não quiz brincar mais, retirou a bola e as redes, suas propriedades, do jogo, E não respeitou os votos das eleições que elegeram João Goulart. Novamente, o povo ficou ausente dos acontecimentos, porque João Goulart também não era homem que confiasse em seu povo, nunca o organizou e muito menos pensou em conscientizá-lo, e a Esquerda, que poderia e deveria fazer isso, estava dividida e brigando entre si, uma parte iludida com acordos com a burguesia.

E tivemos o Golpe de 1964 e a terrível ditadura nazi-fascista que todos conhecemos.

 

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O MAL QUE A POLÍTICA REFORMISTA FAZ AO BRASIL, E A NECESSIDADE DE IRMOS EM DIREÇÃO AO SOCIALISMO  ( V )

E tivemos o Golpe de 1964 e a terrível ditadura nazi-fascista que todos conhecemos.

Seu primeiro presidente, Castelo Branco, em sua primeira lei, trata de anular a Lei da Remessa dos Lucros das empresas estrangeiras para agradar aos seus patrões nos EUA, o ‘’GRANDE IRMÃO DO NORTE’’.

Grande parte da Esquerda Brasileira se organiza numa luta armada para enfrentar e derrotar a ditadura militar, e embora marcasse a época com grandes lutas, muito heroísmo e doação de suas vidas, comete o mesmo erro de Getúlio e Jango: não organiza nem conscientiza o Povo. Com uma visão totalmente subjetivista e foquista, imaginava que o Povo seguiria seu exemplo heroico de dar a vida em prol das lutas dos Trabalhadores. Novamente, o povo fica ausentenão entende o que acontece, fica  em silêncio, é vítima dos pronunciamentos de uma mídia burguesa.

E chegamos ao Golpe de 2016. Por incrível que possa parecer, o mais lógico para todo mundo, é que os Trabalhadores saíssem às ruas, aos milhares, em defesa dos seus interesses liderados por um governo do Partido dos Trabalhadores. Mas, o Povo permaneceu em silêncio, novamente alheio à realidade de seu próprio destino. Uma coisa muito estranha aconteceu. Porque, novamente, se cometeu o mesmo erro de Getúlio, Jango, e da luta armada: não trouxeram o povo para ser protagonista de sua própria históriaAlheio, sem informações do que se passava, sem espírito crítico para entender a sua realidade, o Povo Brasileiro sofreu uma lavagem cerebral, foi tomado por outros atores completamente hostis aos seus interesses, mas que souberam manobrá-lo justamente pela ausência da sua capacidade crítica de interpretar os acontecimentos: as igrejas Evangélicas, os Fascistas de Bolsonaro, e a total complacência das ingloriosas Forças Armadas, todos com uma característica em comum:

Lacaios  dos  Interesses  dos Estados Unidos, país imperialista que nos domina desde a Segunda Guerra Mundial, em 1945, quando tomam o lugar do Imperialismo Inglês, aqui dominante desde 1808, mascarado pela famosa “fake news” histórica da “ABERTURA DOS PORTOS DO BRASIL ÀS NAÇÕES AMIGAS”, o que na verdade foi a entrega do Brasil aos Ingleses, pelos portugueses, em troca da proteção contra Napoleão Bonaparte, que estava às portas de Portugal.

AMIGOS/AS, COMPANHEIROS/AS E CAMARADAS.

Escrevemos tudo isso para lhes dizer que não devemos perder mais tempo, vidas, lágrimas com ilusões de que através de eleições, vamos consertar o Brasil. Já basta a gente se recordar de que os resultados de tantas lutas e tantas gloriosas conquistas dos Trabalhadores foram retirados pela burguesia através dos vários golpes que desferiu contra o povo brasileiro, principalmente no golpe de 2016, onde as derrotas dos trabalhadores demonstraram que recuamos, na História, até os tempos anteriores a Getúlio Vargas. Não devemos percorrer mais os caminhos Reformistas. Até podemos participar de eleições, porque é uma forma de luta para denunciar, fazer propagandas, ensinar o povo, e todas as formas de luta devem estar sobre a mesa. Mas, sem colocar todos nossos esforços nessa mesma cesta. O momento que atravessamos é trágico. Muitos erros já foram cometidos em nome dos Trabalhadores, Como acontece tantos erros que se cometeu e se continua a cometer em NOME DE DEUS. Mas, se possuímos um espírito crítico, temos que parar, perguntar, pesquisar, nos informar, nos conscientizar, para podermos conscientizar os Trabalhadores, para que dominem o conhecimento e não cometermos mais os erros do passado.

COMO FAZER ISSO?

Tirar a bunda da cadeira, sair da frente dos computadores, se misturar com as massas populares, ouvir seus problemas e lhes explicar O POR QUE? de tudo que acontece, explicar como e porque e como acontece a exploração dos trabalhadorescomo e porque se criaram classes diferentes e antagônicas nas sociedades humanas, e onde reside esse antagonismo, desde o aparecimento da PROPRIEDADE PRIVADA, como e quando apareceu a propriedade privada, como foram criadas as sociedades Escravagistas, Feudais, Capitalistas, e mostrar que, assim como essas sociedades se transformaram uma nas outras, também poderemos exercer uma ação transformadora e evoluir para um sistema mais justo, sem a propriedade privada dos meios de produção e riqueza, que essa riqueza seja também social, sem exploração do trabalho alheio, desde que todos estejam empenhados nessa empreitada.

 

 

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O JAIR QUE HÁ EM NÓS  

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O texto abaixo foi escrito por Ivann Carlos Lago, doutor em Sociologia Política, professor da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS).   [ Excelente texto ! ]

= >   O JAIR QUE HÁ EM NÓS   < =

Por isso não basta perguntar como é possível que um Presidente da República consiga ser tão indigno do cargo e ainda assim manter o apoio incondicional de um terço da população. A questão a ser respondida é como milhões de brasileiros mantêm vivos padrões tão altos de mediocridade, intolerância, preconceito e falta de senso crítico ao ponto de sentirem-se representados por tal governo.”.

O Brasil levará décadas para compreender o que aconteceu naquele nebuloso ano de 2018, quando seus eleitores escolheram, para presidir o país, Jair Bolsonaro. Capitão do Exército expulso da corporação por organização de ato terrorista; deputado de sete mandatos conhecido não pelos dois projetos de lei que conseguiu aprovar em 28 anos, mas pelas maquinações do submundo que incluem denúncias de “rachadinha”, contratação de parentes e envolvimento com milícias; ganhador do troféu de campeão nacional da escatologia, da falta de educação e das ofensas de todos os matizes de preconceito que se pode listar.

Embora seu discurso seja de negação da “velha política”, Bolsonaro, na verdade, representa não sua negação, mas o que há de pior nela. Ele é a materialização do lado mais nefasto, mais autoritário e mais inescrupuloso do sistema político brasileiro. Mas – e esse é o ponto que quero discutir hoje – ele está longe de ser algo surgido do nada ou brotado do chão pisoteado pela negação da política, alimentada nos anos que antecederam as eleições.

Pelo contrário, como pesquisador das relações entre cultura e comportamento político, estou cada vez mais convencido de que Bolsonaro é uma expressão bastante fiel do brasileiro médio, um retrato do modo de pensar o mundo, a sociedade e a política que caracteriza o típico cidadão do nosso país.

Quando me refiro ao “brasileiro médio”, obviamente não estou tratando da imagem romantizada pela mídia e pelo imaginário popular, do brasileiro receptivo, criativo, solidário, divertido e “malandro”. Refiro-me à sua versão mais obscura e, infelizmente, mais realista segundo o que minhas pesquisas e minha experiência têm demonstrado.

No “mundo real” o brasileiro é preconceituoso, violento, analfabeto (nas letras, na política, na ciência… em quase tudo). É racista, machista, autoritário, interesseiro, moralista, cínico, fofoqueiro, desonesto.

Os avanços civilizatórios que o mundo viveu, especialmente a partir da segunda metade do século XX, inevitavelmente chegaram ao país. Se materializaram em legislações, em políticas públicas (de inclusão, de combate ao racismo e ao machismo, de criminalização do preconceito), em diretrizes educacionais para escolas e universidades. Mas, quando se trata de valores arraigados, é preciso muito mais para mudar padrões culturais de comportamento.

O machismo foi tornado crime, o que lhe reduz as manifestações públicas e abertas. Mas ele sobrevive no imaginário da população, no cotidiano da vida privada, nas relações afetivas e nos ambientes de trabalho, nas redes sociais, nos grupos de whatsapp, nas piadas diárias, nos comentários entre os amigos “de confiança”, nos pequenos grupos onde há certa garantia de que ninguém irá denunciá-lo.

O mesmo ocorre com o racismo, com o preconceito em relação aos pobres, aos nordestinos, aos homossexuais. Proibido de se manifestar, ele sobrevive internalizado, reprimido não por convicção decorrente de mudança cultural, mas por medo do flagrante que pode levar a punição. É por isso que o politicamente correto, por aqui, nunca foi expressão de conscientização, mas algo mal visto por “tolher a naturalidade do cotidiano”.

Se houve avanços – e eles são, sim, reais – nas relações de gênero, na inclusão de negros e homossexuais, foi menos por superação cultural do preconceito do que pela pressão exercida pelos instrumentos jurídicos e policiais.

Mas, como sempre ocorre quando um sentimento humano é reprimido, ele é armazenado de algum modo. Ele se acumula, infla e, um dia, encontrará um modo de extravasar. Como aquele desejo do menino piromaníaco que era obcecado pelo fogo e pela ideia de queimar tudo a sua volta, reprimido pelo controle dos pais e da sociedade. Reprimido por anos, um dia ele se manifesta num projeto profissional que faz do homem adulto um bombeiro, permitindo-lhe estar perto do fogo de uma forma socialmente aceitável.

Foi algo parecido que aconteceu com o “brasileiro médio”, com todos os seus preconceitos reprimidos e, a duras penas, escondidos, que viu em um candidato a Presidência da República essa possibilidade de extravasamento. Eis que ele tinha a possibilidade de escolher, como seu representante e líder máximo do país, alguém que podia ser e dizer tudo o que ele também pensa, mas que não pode expressar por ser um “cidadão comum”.

Agora esse “cidadão comum” tem voz. Ele de fato se sente representado pelo Presidente que ofende as mulheres, os homossexuais, os índios, os nordestinos. Ele tem a sensação de estar pessoalmente no poder quando vê o líder máximo da nação usar palavreado vulgar, frases mal formuladas, palavrões e ofensas para atacar quem pensa diferente. Ele se sente importante quando seu “mito” enaltece a ignorância, a falta de conhecimento, o senso comum e a violência verbal para difamar os cientistas, os professores, os artistas, os intelectuais, pois eles representam uma forma de ver o mundo que sua própria ignorância não permite compreender.

Esse cidadão se vê empoderado quando as lideranças políticas que ele elegeu negam os problemas ambientais, pois eles são anunciados por cientistas que ele próprio vê como inúteis e contrários às suas crenças religiosas. Sente um prazer profundo quando seu governante maior faz acusações moralistas contra desafetos, e quando prega a morte de “bandidos” e a destruição de todos os opositores.

Ao assistir o show de horrores diário produzido pelo “mito”, esse cidadão não é tocado pela aversão, pela vergonha alheia ou pela rejeição do que vê. Ao contrário, ele sente aflorar em si mesmo o Jair que vive dentro de cada um, que fala exatamente aquilo que ele próprio gostaria de dizer, que extravasa sua versão reprimida e escondida no submundo do seu eu mais profundo e mais verdadeiro.

O “brasileiro médio” não entende patavinas do sistema democrático e de como ele funciona, da independência e autonomia entre os poderes, da necessidade de isonomia do judiciário, da importância dos partidos políticos e do debate de ideias e projetos que é responsabilidade do Congresso Nacional. É essa ignorância política que lhe faz ter orgasmos quando o Presidente incentiva ataques ao Parlamento e ao STF, instâncias vistas pelo “cidadão comum” como lentas, burocráticas, corrompidas e desnecessárias. Destruí-las, portanto, em sua visão, não é ameaçar todo o sistema democrático, mas condição necessária para fazê-lo funcionar.

Esse brasileiro não vai pra rua para defender um governante lunático e medíocre; ele vai gritar para que sua própria mediocridade seja reconhecida e valorizada, e para sentir-se acolhido por outros lunáticos e medíocres que formam um exército de fantoches cuja força dá sustentação ao governo que o representa.

O “brasileiro médio” gosta de hierarquia, ama a autoridade e a família patriarcal, condena a homossexualidade, vê mulheres, negros e índios como inferiores e menos capazes, tem nojo de pobre, embora seja incapaz de perceber que é tão pobre quanto os que condena. Vê a pobreza e o desemprego dos outros como falta de fibra moral, mas percebe a própria miséria e falta de dinheiro como culpa dos outros e falta de oportunidade. Exige do governo benefícios de toda ordem que a lei lhe assegura, mas acha absurdo quando outros, principalmente mais pobres, têm o mesmo benefício.

Poucas vezes na nossa história o povo brasileiro esteve tão bem representado por seus governantes. Por isso não basta perguntar como é possível que um Presidente da República consiga ser tão indigno do cargo e ainda assim manter o apoio incondicional de um terço da população. A questão a ser respondida é como milhões de brasileiros mantêm vivos padrões tão altos de mediocridade, intolerância, preconceito e falta de senso crítico ao ponto de sentirem-se representados por tal governo.”.

 

POLÍCIA BRUTA ‘Trump é presidente errado para EUA’, diz Michelle Obama, em ataque inédito. (Tem alguma semelhança conosco???)

 

Há uma cultura de brutalidade policial nos EUA e no Brasil. O problema é estrutural. Não são maçãs podres no cesto. O cesto está podre.
A ex-primeira-dama Michelle Obama mandou bala de forma inédita numa campanha eleitoral americana. “Donald Trump é o presidente errado para o nosso país”, disse, ao discursar em defesa da eleição do democrata Joe Biden na abertura da Convenção Nacional Democrata, na noite desta segunda.

“Ele [Trump] não está à altura do momento. Ele simplesmente não consegue ser o que precisamos que fosse por nós. É o que é”, disse a ex-primeira-dama. Segundo ela, “o que está acontecendo neste país não é correto, não é o que a gente quer ser”. Michelle alertou os americanos sobre o risco de reeleger Trump: “Se você pensa que as coisas não podem piorar, confie em mim. Elas podem e vão piorar, se nós não fizermos uma mudança nesta eleição”.
“Ser presidente não muda o que você é. Revela o que você é”, afirmou Michelle. Ela disse que solução não seria baixar o nível, mas elevá-lo (“go high”, em inglês).
Em linha geral, os discursos bateram num ponto que desgasta Trump, o de que ele divide o país e estimula a barbárie. Isso tem repercussão, porque há certa exaustão com o estilo arrogante do republicano, que vive criando crises.
Entre os oradores, um dos destaques foi Andrew Cuomo, governador de Nova York, que lidou com sucesso contra a covid-19. Ele tem credibilidade para bater em Trump quando o tema é a pandemia. “Covid é só uma metáfora”, disse Cuomo, sugerindo que EUA estão doentes. Afirmou que a divisão americana enfraquece o corpo, o país.
“A divisão [no país] criou Trump. Ele só a fez pior”, disse, com razão.

 

https://noticias.uol.com.br/colunas/kennedy-alencar/2020/08/18/trump-e-presidente-errado-para-eua-diz-michelle-obama-em-critica-inedita.htm

FACHIN DIZ QUE TSE DEVERIA TER AUTORIZADO CANDIDATURA DE LULA E CRITICA ‘ESCALADA AUTORITÁRIA’ APÓS 2018

Para ministro do Supremo, país vive ‘recessão democrática’ e que o futuro ‘está sendo contaminado pelo despotismo’

O ministro Edson Fachin (STF) afirmou nesta segunda-feira (17) que o Brasil vive uma “recessão democrática” e que o futuro está “sendo contaminado pelo despotismo”.

Fachin disse ainda que a candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em 2018, vetada pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral), teria “feito bem à democracia” e fortalecido o “império da lei”.

Fachin não citou o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), mas afirmou, em mais de uma oportunidade, que existe “cavalo de Troia dentro da legalidade constitucional do Brasil”, em referência a uma ameaça oculta à democracia no país.

O ministro do Supremo também apontou que houve uma “escalada do autoritarismo no Brasil após as eleições de 2018”.

“Esse cavalo de Troia apresenta laços com milícias e organizações envolvidas com atividades ilícitas. Conduta de quem elogia ou se recusa a condenar ato de violência política no passado”, declarou.

As declarações foram dadas em palestra online no VII Congresso Brasileiro de Direito Eleitoral. Segundo Fachin, o país se acostumou a viver no abismo, e a democracia vive riscos. “As eleições de 2022 podem ser comprometidas se não se proteger o consenso em torno das instituições democráticas.”

Para o ministro, o futuro pode estar comprometido. “O presente que vivenciamos, além do efeito da pandemia, também está tomado de surtos arrogantes e ameaças de intervenção. O futuro está sendo contaminado por despotismo.”

O magistrado citou pesquisas de opinião e ressaltou que os elevados índices de “alienação eleitoral” e a fragilidade do apoio à democracia demonstram, “inequivocamente, que vivemos uma recessão democrática”.

Fachin criticou parcela da população que considera indiferente o regime democrático e ressaltou que “quase um terço da população se agasalha nas cômodas vestes a apatia”.

Ele também comentou o voto proferido em 2018, quando foi o único ministro do TSE a favor da concessão do registro de candidatura ao ex-presidente Lula. Por 6 a 1, na ocasião, a corte eleitoral decidiu que, por ter condenação criminal em segunda instância, o petista não poderia concorrer à Presidência, pois estava enquadrado na Lei da Ficha Limpa.

“Fiquei vencido naquele julgamento, mas a lição ficou pra todos. Não há democracia sem ruído, sem liberdade e sem igualdade de participação. Não nos deixemos levar pelos ódios tradicionais”, afirmou Fachin.

Por fim, o ministro criticou, ainda, a “disseminação de campanhas de ódio” e “bárbara progressão de desconfiança no regime democrático”.

 

https://www1.folha.uol.com.br/poder/2020/08/fachin-diz-que-tse-deveria-ter-autorizado-candidatura-de-lula-e-critica-escalada-autoritaria-apos-2018.shtml

FLÁVIO BOLSONARO NÃO DECLAROU R$350 MIL EM COMPRA DE LOJA, INDICA MP-RJ

O senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) e sua mulher, Fernanda Bolsonaro, omitiram da Receita Federal uma transação de R$350 mil. É o que indica a apuração do MP-RJ (Ministério Público do Rio de Janeiro), segundo reportagem publicada pelo O Globo neste domingo (16.ago.2020).

Os procuradores obtiveram os dados fiscais e bancários do casal de 2007 a 2018, mediante autorização da justiça do Estado. A quebra do sigilo foi determinada em abril de 2019 no âmbito das investigações das “rachadinhas” (leia mais abaixo).

Em dezembro de 2014, o senador comprou uma loja de chocolates no valor de R$800 mil em parceria com Alexandre Santini. O negócio é uma franquia da Kopenhagen. Antes, o estabelecimento pertencia à empresa C2S Comércio de Alimentos, de Cristiano Correia Souza e Silva.

Cada 1 dos sócios deveria pagar R$ 400 mil a C2S. Flávio apresentou 1 cheque de R$ 50 mil como sinal da compra, que foi declarado no imposto de renda.

Os R$350 mil restantes foram pagos por Fernanda através de transferência eletrônica em fevereiro de 2015. A transação foi omitida da Receita Federal.

Os procuradores afirmam que “tanto Flávio Bolsonaro como sua esposa, Fernanda, omitiram em suas declarações de Imposto de Renda o restante dos pagamentos realizados à empresa C2S Comércio de Alimentos, evidenciando o propósito de esconder dos órgãos fiscalizadores o valor total da transação para a qual o casal não possuía lastro financeiro”.

Mais suspeitas

O MP-RJ indica movimentações suspeitas em outros 2 pontos das finanças da loja: a taxa de franquia e o capital social. A taxa de franquia custa cerca de R$ 45 mil. Os procuradores não conseguiram encontrar o valor nos extratos bancários nem de Flávio, nem de Fernanda.

Flávio e Santini informaram à Junta Comercial do Rio que o capital social da loja era de R$ 200 mil. O capital social pode ser entendido como 1 investimento inicial de empresários ou acionistas em uma empresa.

Contudo, nem Flávio, nem Santini, contribuíram com o montante. O valor total foi repassado da conta de Fernanda para a conta da loja.

A não-participação de Santini nessa operação, de acordo com o MP-RJ, pode ser 1 indício que ele seria 1 sócio laranja. Os investigadores também suspeitam que ele não tenha pago os R$ 400 mil referentes à sua metade da aquisição da loja, e que a parceria foi inserida no contrato para “acobertar a inserção de recursos decorrentes do esquema das ‘rachadinhas’”.

 

https://www.msn.com/pt-br/noticias/brasil/fl%C3%A1vio-bolsonaro-n%C3%A3o-declarou-r-350-mil-em-compra-de-loja-indica-mp-rj/ar-BB181BHk?ocid=msedgntp