EM NOVO ATAQUE AOS MOVIMENTOS POR MORADIA, JUSTIÇA DECRETA A PRISÃO DE 9 LIDERANÇAS

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EM NOVO ATAQUE AOS MOVIMENTOS POR MORADIA, JUSTIÇA DECRETA A PRISÃO DE 9 LIDERANÇAS

Protesto dos movimentos por moradia, realizado em agosto, pediu a liberdade dos ativistas e o fim da perseguição / Juca Guimarães/ BdF

Juiza diz que as lideranças cometeram crimes de extrema gravidade. Déficit habitacional na capital é de 358 mil casas

Juca Guimarães | Brasil de Fato | São Paulo (SP) – A Justiça decretou na última terça-feira, 6, a prisão de outras nove lideranças de movimentos populares por moradia digna na cidade de São Paulo com base em investigações feitas pelo Ministério Público Estadual – no dia 24 de junho, quatro pessoas já haviam sido presas sob a acusação de extorsão por conta de cobrança de taxas dos moradores de ocupações.

Agora, a juíza Érika Soares de Azevedo Mascarenhas, da 6ª Vara Criminal, decretou a prisão de Carmen da Silva Ferreira, Ananias Pereira dos Santos, Andreya Tamara dos Santos de Oliveira, Hamilton Coelho Rezende, Josiane Cristina Barranco, Maria Aparecida Dias, Liliane Ferreira dos Santos, Adriana Aparecida França Ferreira e Manoel Del Rio Blas Filho.

Entre os argumentos utilizados pela juíza para decretar a prisão dos ativistas, que integram distintos movimentos, os moradores eram obrigados a comparecerem em eventos do PT, pagarem aluguéis, também eram obrigados a trabalharem nas ocupações e ocuparem outros imóveis. A juíza Érika Mascarenhas ainda afirma que as pessoas apontadas no inquérito são acusadas de crimes “de extrema gravidade”.

Carmen Ferreira, de 60 anos, é uma das pessoas que tiveram a prisão decretada. Ela tem 60 anos de idade e é a mãe de Preta e Sidney, presos na primeira parte da investigação.

Carmen é a principal liderança da ocupação 9 de julho, na região Central da capital. Ela já tinha sido acusada anteriormente pela Justiça por conta das taxas cobradas para a manutenção das ocupações e foi absolvida.

Segundo Ariel de Castro Alves, advogado de Carmen, a juíza foi “induzida a erro” por uma investigação “seletiva, parcial e tendenciosa da Polícia Civil de São Paulo”.

“As prisões são ilegais e a Polícia não apresentou provas de que os acusados estivessem coagindo ou ameaçando testemunhas para justificar as prisões cautelares. Os investigados sempre colaboraram com as investigações e compareceram na delegacia quando chamados, durante o ano passado, bem antes da decretação das prisões. Eles prestaram todos os esclarecimentos necessários e apresentaram documentos”.

Os movimentos que tiveram suas lideranças presas ou indiciadas, alegam que essas taxas são usadas integralmente para a manutenção e organização das ocupações. Além disso, o pagamento da contribuição é aprovado em assembleia com os moradores e a prestação de contas é realizada em reuniões periódicas. Ainda segundo os movimentos, os mutirões de limpeza e organização são feitos pelos próprios moradores e também decididos em assembleia.

Para Iberê Bandeira de Mello, que representa outros quatro ativistas que tiveram a prisão decretada, “a acusação tenta envolver todos os grupos com organizações criminosas que sequer tem relação”.

“Não temos como afirmar que seja um ataque propriamente dito, mas, com certeza, há uma visão errada do MSTC (Movimento Sem Teto do Centro) e da FLM (Frente de Luta por Moradia). Em primeiro lugar, porque colocam as duas entidades como se fossem uma organização própria, quando na verdade, uma delas é o movimento e outra serve para divulgação de informações e experiências entre os vários movimentos existentes”.

“A nossa orientação para os nossos clientes é simples: vamos combater essas acusações com a verdade. Iremos demonstrar como o MSTC se formou, como funciona, qual o papel de cada um no Movimento bem como que nunca houve nenhuma tentativa de extorsão”, completou Mello.

Perseguição

No início de julho, mais de 500 artistas e formadores de opinião assinaram um abaixo-assinado pedindo a liberdade dos ativistas presos e o fim da perseguição à luta por moradia.

A prisão, considerada arbitrária pelos movimentos, também foi denunciada ao Conselho Nacional de Direitos Humanos e à Corte Interamericana dos Direitos Humanos (CIDH).

Para determinar quais seriam as pessoas presas, o Ministério Público embasou sua investigação a partir de denúncias de 13 testemunhas anônimas, feitas durante o  desdobramento da investigação do incêndio que resultou no desabamento do edifício Wilton Paes de Almeida, no Largo Paissandú, em 1º de maio de 2018.

As lideranças presas e as que tiveram a prisão decretada não tinham, segunda a defesa, uma atuação direta no prédio que desabou há um ano.

Estão presos desde o final de junho, Janice Ferreira Silva (cantora e ativista conhecida como Preta Ferreira) e Sidney Ferreira Silva (irmão de Preta), ambos do MSTC, Angelica dos Santos Lima e Ednalva Silva Franco, que integram o MMPT (Movimento de Moradia para Todos).

Déficit Habitacional

A cidade de São Paulo tem um déficit habitacional de 358 mil moradias, de acordo com o plano municipal divulgado pela prefeitura em 2016, além disso, cerca de 830 mil famílias vivem em situação precária.

Os movimentos por moradia digna atuam há mais de quatro décadas na cidade cobrando do poder público mais empenho na solução do problema e oferecendo alternativas para aumentar a oferta de moradias.

Dados da própria prefeitura, que estão no plano habitacional da cidade, dão conta que existem 1.385 imóveis abandonados ou subutilizados.

Edição: José Eduardo Bernardes

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JUÍZA CITA GILMAR MENDES PARA DETERMINAR LIBERTAÇÃO DE EIKE BATISTA, PRESO PELA LAVA JATO

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JUÍZA CITA GILMAR MENDES PARA DETERMINAR LIBERTAÇÃO DE EIKE BATISTA, PRESO PELA LAVA JATO

Eike Batista (Foto: Fábio Pozzebom/ABr)

Revista Fórum – Para Simone Schreiber, do Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF-2), decisão do juiz Marcelo Bretas “viola frontalmente a Constituição (…) em especial quanto aos princípios da não autoincriminação e da presunção da inocência”.

Citando decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Medes, a juíza Simone Schreiber, do Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF-2), determinou neste sábado (10) a libertação do empresário Eike Batista, preso na quinta-feira (8) por determinação do juiz Marcelo Bretas, responsável pela Lava Jato no Rio de Janeiro.

A magistrada diz que a prisão temporário determinada por Bretas “viola frontalmente a Constituição (…) em especial quanto aos princípios da não autoincriminação e da presunção da inocência”.

Eike foi preso pela segunda vez em desdobramento da Operação Lava Jato no Rio de Janeiro. Sua prisão temporária se estenderia até terça-feira. A partir daí, a prisão poderia ser renovada, se tornar preventiva ou ele ser solto.

Acusações

De acordo com as investigações, Eike participava de um esquema de contas fantasmas para ocultar investimentos que não seriam permitidos pelas regras do sistema financeiro. Parte desses ganhos ilegais teria sido revertida em propina para o então governador do Rio Sérgio Cabral.

Segundo as investigações, Eike e seu sócio, Luiz Arthur Andrade Correia, o Zartha, diretor de investimentos da EBX, usavam informações privilegiadas para investir no mercado financeiro sem que seus nomes aparecessem.

Os investimentos eram feitos por meio da empresa The Adviser Investiments, a TAI, que funcionava como um banco paralelo, administrando contas fantasmas: comprando e vendendo ações sem revelar os investidores.

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DEFESA DE LULA PEDE EXPLICAÇÕES NO STF SOBRE RETIRADA DE NOVA AÇÃO DO EX-PRESIDENTE DA PAUTA

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DEFESA DE LULA PEDE EXPLICAÇÕES NO STF SOBRE RETIRADA DE NOVA AÇÃO DO EX-PRESIDENTE DA PAUTA

Lula (Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil)

Revista Fórum – Pela segunda vez, o juiz da 13ª vara de Curitiba, Luiz Antonio Bonat – substituto de Sergio Moro -, desrespeitou a decisão do ministro Edson Fachin e proibiu à defesa acesso ao acordo de leniência firmado entre a Odebrecht e a Lava Jato.

A defesa do ex-presidente Lula da Silva novamente recorreu ao ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), cobrando explicações do porquê a Segunda Turma da corte tirou de pauta a reclamação que pede acesso ao acordo de leniência firmado entre a Odebrecht e a Lava Jato.

A previsão era de que o caso fosse debatido neste mês de agosto, no dia 27. Fachin havia autorizado o acesso dos advogados de Lula aos autos da leniência, mas o juiz da 13ª vara de Curitiba, Luiz Antonio Bonat – substituto de Sergio Moro -, desrespeitou a decisão do ministro e novamente impôs limites à checagem do material. As informações são da coluna Painel, da jornalista Daniela Lima, na edição desta segunda-feira (12) da Folha de S.Paulo.

É a segunda vez que o juiz nega acesso do petista, através de sua defesa, ao acordo entre a Odebrecht no processo da Lava Jato, em que é acusado de receber um imóvel no valor de R$12,5 milhões em São Bernardo do Campo como forma de propina da empreiteira. De acordo com o MPF, o imóvel supostamente doado pela construtora seria utilizado como sede do Instituto Lula.

O acordo de leniência entre a Odebrecht e o MPF, fechado em 2016, prevê um depósito bilionário em uma conta judicial homologada pela 13ª Vara Federal de Curutiba, responsável pela operação. O entendimento envolveu ainda autoridades dos EUA e da Suíça, em um total de R$ 8,5 bilhões. Desse valor, 80% ficará com os procuradores paranaenses, equivalente a R$ 6,8 bilhões.

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PRÉVIA ARGENTINA: CHAPA DE CRISTINA KIRCHNER TEM 15 PONTOS DE VANTAGEM SOBRE MACRI

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PRÉVIA ARGENTINA: CHAPA DE CRISTINA KIRCHNER TEM 15 PONTOS DE VANTAGEM SOBRE MACRI

Alberto Fernandez e Cristina Kirchner derrotaram Macri nas primárias argentinas / Reprodução/Instagram

Se o resultado das primárias se repetir na eleição de outubro, kirchnerismo vencerá no primeiro turno

Brasil de Fato | Opera Mundi – As eleições primárias da Argentina – conhecidas como Primárias Abertas, Simultâneas e Obrigatórias (Paso) – realizadas neste domingo (11/08) apontam favoritismo da chapa Alberto Fernández-Cristina Kirchner para as eleições gerais de outubro, após o atual presidente, Mauricio Macri, ser derrotado com uma diferença de cerca de 15 pontos.

Com 86,75% apurados, a chapa kirchnerista aparece com 47,35%, contra 32,33% da de Macri, que tem como candidato a vice-presidente o senador Miguel Ángel Pichetto. Em terceiro, aparece a chapa do ex-ministro Roberto Lavagna, que tem como vice o governador de Salta Juan Manuel Urtubey, com 8,37%.

“Tivemos uma eleição ruim “, admitiu Macri, em discurso por volta das 22h10, antes mesmo de os resultados serem divulgados. A previsão era que os primeiros números começassem a sair às 21h, mas nada havia sido divulgado até então. A imprensa local falou em “problemas técnicos” na contagem. A contagem na Argentina é feita pela empresa Smartmatic.

Em uma mensagem gravada, Cristina agradeceu os votos e pediu que não se “repetisse o que aconteceu em 2017”, quando ela se candidatou ao Senado por Buenos Aires e Macri comemorou a derrota da ex-presidente – que acabou eleita. “Quero pedir que não volte a ocorrer o que ocorreu em 2017. Os números que temos são muito amplos. (…) Quero que esta noite se conheça o número verdadeiro, não por nós, mas pelos argentinos, que foram votar”, disse.

Na Argentina, para se vencer no primeiro turno, não é necessário ter 50% + 1 dos votos: se o primeiro colocado superar 45% dos votos ou ter mais de 40% e uma diferença de 10 pontos em relação ao segundo, a eleição termina.

O processo de primárias, em teoria, deveria servir para definir os candidatos habilitados a participar das eleições presidenciais que ocorrem em 27 de outubro. No entanto, nenhum dos partidos indicou mais de uma chapa e, por isso, o pleito funcionou somente como uma espécie de pesquisa de intenção de voto, já que os cidadãos argentinos são obrigados a participar.

No entanto, ainda vale a regra: a chapa que não atingir 1,5% dos votos não será listada em outubro.

Em outro resultado ruim para Macri, a governadora da província de Buenos Aires, María Eugenia Vidal, aliada do presidente, ficou em segundo lugar nas primárias, com 17 pontos de desvantagem para o ex-ministro Axel Kicillof, que comandou a pasta da Economia no governo Cristina.

Nem todos os resultados foram ruins para Macri, no entanto: o prefeito Horácio Rodríguez Larreta, que era chefe de Gabinete na época em que o atual presidente comandava a cidade, abriu 14 pontos de vantagem sobre o candidato do kirchnerismo, Matías Lammens.

Economia

As discussões em torno da economia argentina dominaram a corrida eleitoral até aqui. Isso porque o país passa por sua maior crise desde que declarou moratória, às vésperas do natal de 2001.

O próximo mandatário terá que lidar com a crescente desvalorização da moeda nacional frente ao dólar e com uma inflação que fechou 2018 em 47,6%, o maior índice dos últimos 27 anos.

O endividamento público do país também é um problema, tendo a Argentina inclusive recorrido a um empréstimo de US$ 57,1 bilhões junto ao Fundo Monetário Internacional. Especialistas já afirmam que o país pode ter que declarar moratória novamente.

Outro tema presente nos debates é o da legalização do aborto, pauta que paralisou o país em 2018, quando um projeto de legalização passou pela Câmara e foi rejeitado pelo Senado. A aprovação da lei foi amplamente defendida por Cristina.

Edição: Opera Mundi

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MÉDICOS POPULARES APRESENTAM PROJETO PARA SANAR DÉFICIT DO FIM DO MAIS MÉDICOS

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MÉDICOS POPULARES APRESENTAM PROJETO PARA SANAR DÉFICIT DO FIM DO MAIS MÉDICOS

Profissionais da Rede de Médicas e Médicos Populares na 16ª Conferência Nacional de Saúde / Foto: RNMMP

Proposta, apresentada pela Rede de Médicos Populares, prevê autarquia e carreira de Estado para profissionais de saúde

Brasil de Fato | Cecília Figueiredo | Saúde Popular – Se o objetivo da Medida Provisória 890, de 1º de agosto de 2019, que propõe a criação do Programa Médicos pelo Brasil era solucionar os vazios assistenciais pelo Brasil, deixados pela saída dos médicos cubanos do Programa Mais Médicos e substitui-lo de forma pacífica, as 366 emendas parlamentares apresentadas até o dia 7 de agosto indicam que não convenceu.

As emendas à MP 890/2019 apresentadas pela quase totalidade da bancada do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) e pelo deputado federal Alexandre Padilha (PT) tiveram como base a construção coletiva dos debates na 16ª Conferência Nacional de Saúde, mas em grande medida, consiste na proposta substitutiva da Rede Nacional de Médicas e Médicos Populares(RNMMP).

Um dos aspectos centrais para a divergência refere-se à proposta de criação da Agência para o Desenvolvimento da Atenção Primária à Saúde (Adaps). “Serviço social autônomo, ente jurídico paraestatal, privado, criada pelo Estado, que teria responsabilidade de estabelecer parcerias com estados, municípios e com o setor privado para resolver todo o problema do ponto de vista de assistência à saúde das populações vulnerabilizadas de nosso país no que diz respeito à Atenção Primária à Saúde”, explica Vinícius Ximenes, médico que atua na gestão pública e integra o Núcleo DF da RNMMP.

A deputada federal Talíria Petrone (PSOL-RJ) reitera que a MP “torna nítida” a tentativa de transferência direta de recursos públicos para o setor privado. “Isso não podemos aceitar. Por isso, nosso mandato apresentou duas emendas – que foram construídas em conjunto com movimentos sociais que são referências na área de saúde – para garantir a gestão pública do programa pelo Ministério da Saúde, mantendo os parâmetros do Sistema Único de Saúde (SUS) e respeitando os profissionais”.

Armadilhas

Vinícius Ximenes explica que a medida provisória proposta pelo governo Bolsonaro está longe de resolver a demanda social por provimento de médicos no país, “é um cavalo de Troia”. “Uma medida cheia de enormes oportunismos e grandes armadilhas”.

O representante da Rede alerta que a categoria médica está sendo enganada com a proposta de que a Adaps será a estrutura para materializar a “carreira de médico de Estado”.

“Um serviço social autônomo contrata os profissionais via CLT, apesar de colocarem alguns níveis de remuneração, algumas outras questões são importantes como níveis de carreira, linearidade de progressão, característicos nas carreiras de Estado; nada disso está previsto na proposta”.

A proposta contida na MP 890, além de diferente da “carreira de médico de Estado”, defendida por algumas entidades médicas e o Conselho Federal de Medicina, propõe a precarização do trabalho, no atual cenário de aprofundamento da reforma Trabalhista, explica a médica sanitarista Lilian Silva Gonçalves, também do Núcleo DF da RNMMP.

“Discutir uma carreira, diante de uma via de contratação que está sendo deslegitimada, levando a classe trabalhadora a vínculos cada vez mais precários, é uma falácia desse governo”.

Outro ponto destacado pela Rede é a “fragilização” dos mecanismos de controle social da Adaps, normas para licitações e contratos da administração pública. “Um serviço social autônomo não precisa seguir a Lei 8666, de 1993, que regula compras, contratações e licitações da administração pública. Portanto, ele [o serviço] criará sua própria lógica de ordenamento. Essa Adaps tem atribuições de, por exemplo, contratar seguradoras, planos de saúde para garantir serviços diretos de Atenção Primária à Saúde da nossa população”.

O que, na avaliação de Ximenes, poderá gerar o atendimento conforme o perfil de renda que o cidadão possuir, com impedimentos de acesso.

A fiscalização e transparência dos serviços contratados e oferecidos também fica em risco, uma vez que não está prevista a participação do Conselho Nacional de Saúde, principal instância de participação popular e controle social da saúde, no Conselho Deliberativo da Adaps.

Outro ponto de divergência diz respeito à formação de médicos de família e comunidade, sem a devida qualificação e que poderão servir como certa “bucha” para a expansão dos empreendimentos do setor privado na saúde. “O médico de família e comunidade bem formado é capaz de resolver 80% a 90% dos problemas de saúde e os 10% a 20% que ele não consegue resolver ele tem que ter uma boa retaguarda clínica [atenção secundária e terciária] para ajudar a atender as demandas da população. [Porém] esses planos estrangulam esses médicos de família e comunidade no sentido de que ele além de resolver os 80% a 90% dos problemas, terá que segurar ao máximo a demanda de 10% a 20% para não chegar aos outros níveis de atenção”.

A MP também serviria para desestimular a residência médica. Segundo Lilian Gonçalves, para fazer a residência o médico consome dois anos e recebe uma bolsa em torno de R$ 3 mil, já a especialização em Medicina de Família e Comunidade, muitas vezes distante da prática do ambiente da Atenção Primária à Saúde, pode variar entre R$ 15 mil e R$ 20 mil.

“Os valores não estão estipulados, mas a bolsa hoje paga pelo Mais Médicos [especialização] é na faixa de 11 mil reais, mas imagine essa bolsa da especialização pela Agência de Desenvolvimento da Atenção Primária proposta pelo governo Bolsonaro competindo [de 15 mil a 20 mil reais] com a bolsa [de residência médica vigente] que não passa de 3.500 reais, e obter o título em dois anos e não ter vínculo nenhum; o que o médico recém-formado vai priorizar?”

Propostas da Rede

A criação de uma proposta substitutiva à MP 890, segundo a médica Lilian Gonçalves, tem origem nas discussões e participação dos profissionais da RNMMP em todas as etapas da 16ª Conferência Nacional de Saúde e no repúdio ao caráter privatista da medida proposta pelo governo.

Logo após o anúncio da medida provisória, em 1º de agosto, foi lançada uma nota da Rede Nacional de Médicas e Médicos Populares sobre a proposta do Programa Médicos pelo Brasil, apresentada na conferência como moção de repúdio por “fragilizar as relações de trabalho e de entrada do modelo neoliberal para a gestão do SUS”. O documento, segundo Gonçalves, recebeu o apoio de 548 participantes e, submetido ao plenário de votações, foi aprovado por 80% dos delegados da Conferência Nacional de Saúde, em Brasília.

Na proposta substitutiva que foi tomando forma, em meio à 16ª Conferência Nacional de Saúde, a Rede propôs a criação de uma autarquia vinculada ao Ministério da Saúde.

“Ao invés de serviço social autônomo que possamos ter uma fundação [Fundação Pública Federal para o Desenvolvimento da Atenção Primária à Saúde – Fundaps] de direito público, com contratação dentro do regime jurídico único do servidor público federal. Acreditamos que o regime jurídico único nesta conjuntura, apesar de eventuais críticas, é o melhor modelo para pensarmos uma lógica mais segura em relação aos ataques pensados pelo governo Bolsonaro”.

Também o retorno do lugar do Conselho Nacional de Saúde nos processos deliberativos e manutenção da Fundação de Desenvolvimento da Atenção Primária à Saúde, com caráter estatal.

Para coibir a concorrência entre especialização e residência médica, a proposta substitutiva da RNMMP indica a equiparação das bolsas pagas para a especialização ou e residência em Medicina de Família e Comunidade.

“Quem fizer a residência médica, a fundação vai equiparar o salário. Ou seja, o fundo para pagamento da residência médica também é federal, mas é um recurso específico de 3.500 reais, e pagando 11 mil reais para quem está na especialização, a gente complementar essa bolsa para equiparar [quem está na residência] com quem está na especialização”.

A Rede resgatou ainda, na atual proposta, pautas de formação e educação do Programa Mais Médicos, abandonadas pelo atual governo. “A partir de 2023 temos que ter universalização de vagas de Residência Médica no Brasil. Ou seja, para cada vaga de egresso é preciso garantir uma vaga de acesso direto à Residência Médica. A exemplo de outros países, poderemos instituir a regulação de vagas. Proposta histórica da Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade”, acrescentou Ximenes.

Sobre a Revalidação de diplomas estrangeiros dos cursos na área de saúde, a proposta é que a Fundaps participe com o Ministério da Educação, Conselho Nacional de Educação, Ministério das Relações Exteriores e outros órgãos competentes no processo de planejamento e decisão. Da mesma forma que a regulação da formação de especialistas.

Concurso público, prova de títulos e processo seletivo não apenas para profissional médico, mas para outras áreas de saúde de nível superior também integram o plano da Rede.

“[O profissional de saúde] ingressa na carreira a partir de concurso público, ou a partir de concurso de prova e título, ou para os tutores que irão ajudar na formação, processo seletivo público. A ideia dessa carreira de Estado não é somente para médicos, tem um caráter multiprofissional para todas as áreas profissionais de saúde, de nível superior com incidência na Atenção Primária à Saúde. Apontamos um prazo de cinco anos para ser regulamentada a carreira, a partir de consulta feita ao Conselho Nacional de Saúde.

Outro requisito apontado para o ingresso na “Carreira de Estado Interfederativa para Atenção Primária à Saúde” – como está sendo chamada na proposta –  às áreas de vulnerabilidade e difícil fixação, é que nos três anos do estágio probatório seja garantido programa de especialização em Medicina de Família e Comunidade, para a qualificação destes profissionais.

Lilian também pontua que para garantir o que está na legislação do serviço público, garantindo a transparência nas compras e licitações, o ordenamento jurídico terá como base a Lei 8.666/1993.

O deputado federal Alexandre Padilha (PT-SP) valorizou a iniciativa. “São emendas que buscam garantir o caráter público da Atenção Primária à Saúde e buscam recuperar a ideia real de uma carreira pública interfederativa não somente para médicos mas para o conjunto dos profissionais da área da saúde”.

Na opinião do deputado Ivan Valente (PSOL-SP), o governo Federal deixou a postulação sem médicos ao fragilizar o Mais Médico. “Agora usa a falta de médicos como pretexto para atacar o caráter público, universal e gratuito do Sistema Único de Saúde. Junto com a Rede Nacional de Médicas e Médicos Populares lutaremos pelo direito à saúde de nossa população, mostrando que para assegurar a presença de médicos em todos os municípios do país é necessário fortalecer o sistema público de saúde e não enfraquecê-lo, como propõe o governo”, afirmou.

Segundo Gonçalves, a apresentação da proposta substitutiva, acolhida em emendas dos parlamentares do PSOL e PT, foi protocolada em 7 de agosto. A Casa terá agora pouco menos de 90 dias para apreciação e aprovação da nova lei. “Foi uma construção coletiva da Rede de Médicas e Médicos Populares, que bebeu de todas as fontes, desde os pesquisadores da FiocruzCebesAbrasco, trabalhadores e usuários do SUS”.

Ximenes disse se tratar de uma alternativa para fazer o “bom debate e garantir as conquistas do povo brasileiro do direito à saúde”.

Leia também:

Diferenças entre a MP 890/2019 e a Proposta de Emenda Substitutiva da Rede de Médicas e Médicos Populares

Proposta de Emenda Substitutiva da Rede de Médicos Populares à MP 890/2019 

Nota da Rede Nacional de Médicas e Médicos Populares sobre a MP 890/2019, que cria o Médicos pelo Brasil

Edição: Pedro Ribeiro Nogueira

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VAZA JATO: EM MENSAGENS, DALLAGNOL DISSE QUE FALARIA COM DONOS DO ESTADÃO E FOLHA PARA AJUDÁ-LO

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VAZA JATO: EM MENSAGENS, DALLAGNOL DISSE QUE FALARIA COM DONOS DO ESTADÃO E FOLHA PARA AJUDÁ-LO

PLANTÃO BRASIL – Dallagnol e os procuradores discutiam como influenciar deputados e senadores a votarem no projeto “10 medidas contra a corrupção”.

Enquanto Thaméa Danelon dizia que falaria com os movimentos de rua de direita (aqueles que se diziam espontâneos e sem ligação partidária), Dallagnol se encontraria com os donos de Folha e Estadão. O diálogo mostra a influência que os procuradores e Moro tinham na mídia.

No fim, o projeto foi aprovado com amplo apoio dos 2 jornais, da Globo e do resto da mídia.

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“SE VC TOPAR, VOU TE PEDIR PRA SER LARANJA EM OUTRA COISA QUE ESTOU ARTICULANDO KKKK”, DISSE DELTAN A PROCURADORA

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“SE VC TOPAR, VOU TE PEDIR PRA SER LARANJA EM OUTRA COISA QUE ESTOU ARTICULANDO KKKK”, DISSE DELTAN A PROCURADORA

Brasil247 – Num dos trechos mais impactantes da Vaza Jato, o procurador Deltan Dallagnol pede a sua colega Thamea Danelon que ela seja “laranja” numa articulação da força-tarefa para pressionar o Supremo Tribunal Federal a prender o ex-presidente Lula – e ela concorda.

Confira, abaixo, um dos trechos mais importantes da reportagem de Rafael Neves e Rafael Mora Martins, publicada no Intercept:

Em 22 de março de 2018, o STF concedeu ao ex-presidente Lula um salvo-conduto para que ele, já condenado em segunda instância no caso do triplex do Guarujá, não fosse preso até o julgamento de seu habeas corpus preventivo, marcado para 4 de abril. Grupos contrários e favoráveis ao petista mobilizaram-se para pressionar o Supremo.

Oito dias depois, Dallagnol anunciou no grupo de Telegram Parceiros MPF — 10 medidas que ele e a equipe da Lava Jato no Paraná haviam aderido a um abaixo-assinado restrito a juízes e procuradores a favor da prisão em segunda instância. Horas mais tarde, o procurador discutiu com Thaméa Danelon a possibilidade de que também houvesse abaixo-assinados apresentados pela sociedade, e não apenas por autoridades.

No dia seguinte, Dallagnol fez uma proposta à procuradora. “Se Vc topar, vou te pedir pra ser laranja em outra coisa que estou articulando kkkk”. Danelon assentiu, animada, e o chefe da Lava Jato continuou. “Um abaixo assinado da população, mas isso tb nao pode sair de nós… o Observatório vai fazer. Mas não comenta com ng, mesmo depois. Tenho que ficar na sombra e aderir lá pelo segundo dia. No primeiro, ia pedir pra Vc divulgar nos grupos. Daí o pessoal automaticamente vai postar etc”.

O Observatório Social é uma organização de atuação nacional sediada em Curitiba que atua, segundo o site, “em favor da transparência e da qualidade na aplicação dos recursos públicos”. Mantendo sigilo sobre a articulação, a colega de Dallagnol em São Paulo divulgou o abaixo-assinado e disse a ele que o Vem Pra Rua fez o mesmo. Em seguida, o coordenador da Lava Jato compartilhou a petição em seu perfil do Facebook sem mencionar que estava por trás da iniciativa.

Satisfeito com a repercussão, Dallagnol escreveu a Danelon: “Temos que cuidar pra não parecer pressão. Se não estivéssemos na LJ, o tom seria outro kkkkk. Ia chutar o pau da barraca rs. Depois chutava a barraca e eles todos tb kkk”. A procuradora subiu vários tons. “Eu colocava todos na barraca e metralhava kkkk”.

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PF FAZ BUSCAS EM ENDEREÇOS LIGADOS AO EX-GOVERNADOR FERNANDO PIMENTEL

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PF FAZ BUSCAS EM ENDEREÇOS LIGADOS AO EX-GOVERNADOR FERNANDO PIMENTEL

Fernando Pimentel (Foto: Alessandro Dantas)

Brasil247 – A PF está realizando na manhã desta segunda uma operação em Belo Horizonte contra o ex-governador do PT, Fernando Pimentel. A operação de busca e apreensão em diversos endereços parece resposta à onda de revelações da Vaza Jato. Segundo o advogado de Pimentel, a ação causa estranhamento, uma vez que a Operação Acrônimo contra Pimentel “já havia adotado todas as medidas possíveis”.

A Polícia Federal está realizando na manhã desta segunda-feira (12) uma operação em Belo Horizonte (MG) contra o ex-governador do PT, Fernando Pimentel.

A operação de busca e apreensão em diversos endereços parece resposta à onda de revelações da Vaza Jato. Segundo o advogado de Pimentel, Carlos Eugênio Pacelli, a ação causa estranhamento, uma vez que a Operação Acrônimo contra Pimentel “já havia adotado todas as medidas possíveis”.

Segundo a Polícia Federal, as provas corroboradas por colaboração premiada do empresário Benedito Rodrigues, conhecido como Bené, apontam que os valores recebidos vieram de atuação do ex-governador em favor de uma empresa do Uruguai. A informação é do site G1.

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CONHEÇA A HISTÓRIA SOMBRIA DO CORONEL USTRA, TORTURADOR E ÍDOLO DE BOLSONARO

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CONHEÇA A HISTÓRIA SOMBRIA DO CORONEL USTRA, TORTURADOR E ÍDOLO DE BOLSONARO

Sadismo, crueldade e mentiras formam a triste figura do coronel Ustra (FOTO), o primeiro torturador condenado no Brasil

Juca Guimarães | Brasil de Fato | São Paulo (SP) – Ao declarar o seu voto no processo de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, o deputado federal Jair Bolsonaro (PSL) fez uma homenagem à memória do coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra chamando-o de “o pavor de Dilma Rousseff”, por ter comandado as sessões de tortura contra a ex-presidenta, que foi presa durante a ditadura militar.

A fala não foi de improviso, Bolsonaro leu o nome do militar em um pedaço de papel amarrotado. Foi um ato sádico, planejado, covarde e cruel, assim como eram as sessões de torturas em centenas de pessoas que aconteceram em São Paulo, no Destacamento de Operações de Informação – Centro de Operações de Defesa Interna (Doi-Codi), sob o comando do coronel Ustra na ditadura militar, período em que foram contabilizadas 434 mortes  e desaparecimentos no país, segundo a Comissão Nacional da Verdade.

Em 2013, quando foi depor na Comissão Nacional da Verdade, décadas após o fim da ditadura, Ustra mostrou novamente a faceta dissimulada e mentirosa ao afirmar que não houve mortes dentro das instalações que comandava.

“[O Doi-Codi] foi um organismo de repressão política construído pela ditadura que misturava agentes da polícia civil, da polícia militar e do Exército com uma certa informalidade e agilidade necessária para que eles pudessem agir com a intensidade e brutalidade que agiram. O principal instrumento utilizado foi a tortura das pessoas que eram presas suspeitas,  envolvidas com a luta armada ou que tinham algum contato com elas. E são muitos os relatos que envolvem o nome do comandante Ustra na condução dessas torturas”, explica José Carlos Moreira da Silva, professor de Direito da PUC-RS.

Crueldade

Sob o comando de Ustra, o terror da tortura não poupou nem crianças.

“Neste caso da família Teles, que é um caso terrível porque os pais do Edson Teles e da Janaina Teles, na época o Edson tinha 4 anos de idade e a Janaina 9, eles foram torturados brutalmente e os filhos foram levados até as dependências do Doi-Codi e viram as pessoas torturadas e seus pais machucados. Num primeiro momento não os reconheceram. Eles ficaram ali durante um tempo sem a presença de nenhum parente e nenhuma pessoa conhecida sendo utilizados como moeda de troca para que os pais, a Amelinha Teles e o César Teles, pudessem falar o que eles [torturadores] queriam ouvir”, disse o professor e membro da ABJD (Associação Brasileira de Juristas pela Democracia).

O caso da tortura da família Teles, em 2008, deu origem à primeira condenação que confirmou como torturador o chefe do Doi-Codi e herói do Bolsonaro. O Brasil é signatário de acordos internacionais que condenam a prática da tortura desde o final da Segunda Guerra Mundial, com a assinatura da Convenção de Genebra. Por isso, as atrocidades comandadas por Ustra e exaltadas por Bolsonaro também eram ilegais, independentemente de quem eram ou o do que fizeram os torturados.

Membro da Comissão da Anistia por mais de dez anos, julgando casos de perseguidos políticos e pessoas que foram presas na ditadura militar, o jurista Prudente Mello tomou conhecimento de centenas de processos que apontavam o coronel Ustra como um dos principais agentes da tortura na ditadura militar.

“Era muito comum ouvir das pessoas que passavam por lá [comissão da anistia], que foram torturados, reportando sobre o coronel Brilhante Ustra e as práticas de tortura que ele foi responsável. Os relatos ao longo dos processos de pessoas torturadas dão conta disso. Realmente não tem como esconder ou tentar invisibilizar este personagem que foi um personagem triste na história do Brasil. Nós temos que aprender com os erros que foram praticados e cometidos até mesmo para que eles não voltem a se repetir”, disse.

Processo

Nesta quarta-feira, 17, a Justiça de São Paulo vai julgar o recurso feito feito pela família do coronel Ustra na ação civil pública de indenização para a família do jornalista Luiz Eduardo da Rocha Merlino, torturado por mais de 24 horas dentro do Doi-Codi, em julho de 1971. O jovem jornalista de 22 anos agonizou em uma cela solitária na sede do órgão de repressão.

caráter deplorável do nada brilhante coronel Ustra fraudou a causa da morte, dando conta que o jornalista tinha cometido suicídio ao se jogar debaixo de um caminhão numa estrada.

Anibal de Castro Lima e Souza, advogado da família do jornalista , falou ao Brasil de Fato sobre a relevância histórica de desvendar os crimes da ditadura e seus autores.

“É um caso importante, não só ao direito da memória da família do Merlino que foi brutalmente  assassinado pela ditadura, mas também para relembrar para a geração atual e a futura o que aconteceu na história do Brasil”, disse.

O advogado também comentou sobre a tentativa de transformar em herói um torturador.

“É triste porque primeiro porque é desumano, segundo porque ignora as leis e os tratados que o Brasil é signatário. O Brasil é fundador da ONU, a nossa Constituição veda a tortura. A tortura é definida no Brasil como crime, inafiançavel e imprescritível. As pessoas que negam isso ou que relativizam a tortura, na minha opinião, não conhecem a lei. Não acredito que uma pessoa ao sentar, raciocinar sobre o que está dizendo ou tomar conhecimento de alguém que foi torturado possa manter essa opinião”, disse.

Quando morreu, em outubro de 2015, o coronel Ustra morava em uma casa de alto padrão em uma área nobre de Brasília.

Edição: Pedro Ribeiro Nogueira

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GOVERNO ENCAMINHARÁ PEC DA CAPITALIZAÇÃO À CÂMARA NAS PRÓXIMAS SEMANAS

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GOVERNO ENCAMINHARÁ PEC DA CAPITALIZAÇÃO À CÂMARA NAS PRÓXIMAS SEMANAS

Ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni / Agência Brasil

A capitalização é uma espécie de poupança individual que o trabalhador faz para garantir a aposentadoria no futuro

Redação | Brasil de Fato | São Paulo (SP) – O governo de Jair Bolsonaro (PSL) prometeu que irá encaminhar nas próximas semanas à Câmara dos Deputados uma nova Proposta de Emenda à Constituição para implementar o sistema de capitalização na Previdência.

O ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, informou neste sábado (10), que a equipe econômica de Paulo Guedes já está preparando uma nova proposta mais detalhada sobre o tema da que estava contida no texto original da reforma da Previdência e que foi retirada pelos deputados. A reforma está prevista para chegar ao Senado essa semana e será discutida pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Casa.

“Ali está o grande futuro do Brasil. Não apenas na questão previdenciária, mas preponderantemente como instrumento e alavanca de ampliar a poupança interna e trazer, assim, a libertação do Brasil do capital externo” disse Onyx, antes de participar do evento Marcha para Jesus, que teve a presença do presidente Jair Bolsonaro.

A proposta de capitalização é justificada pelo governo como uma alternativa ao sistema atual de repartição e propõe que cada trabalhador seria responsável pela sua própria poupança. No regime atual o financiamento da Previdência depende não só do trabalhador, mas do empregador e do Estado, que também direcionam recursos ao INSS.

Com a proposta de capitalização, o valor do benefício a receber dependerá da capacidade do trabalhador de poupar e do retorno do investimento. Especialistas ouvidos pelo Brasil de Fato rebatem o argumento e refutam a ideia de segurança na concessão do benefício.

O economista e ex-professor da Universidade de Brasília (UnB) Bruno Moretti ressalta que o modelo não garante a aposentadoria porque se baseia em uma conta particular na qual o trabalhador passará a investir sozinho, sem aportes de outros atores, como ocorre no sistema previdenciário brasileiro hoje.

Edição: Anelize Moreira

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