RESISTÊNCIA: VIÚVA DE MARIELLE SE EMOCIONA EM VISITA A LULA: “ELE ME INSPIROU A SEGUIR LUTANDO”

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RESISTÊNCIA: VIÚVA DE MARIELLE SE EMOCIONA EM VISITA A LULA: “ELE ME INSPIROU A SEGUIR LUTANDO”

Após o encontro privado, que durou uma hora, a arquiteta foi à Vigília Lula Livre para relatar as impressões do diálogo com o petista / Foto: Joka Madruga

Para Mônica Benício, o assassinato da vereadora e a prisão do ex-presidente são retratos da injustiça brasileira

Emilly Dulce | Brasil de Fato | São Paulo – A arquiteta Mônica Benício, viúva de Marielle Franco, e o escritor cubano Leonardo Padura visitaram o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na Superintendência da Polícia Federal em Curitiba (PR) nesta quinta-feira (15). Após o encontro privado, que durou uma hora, ambos foram à Vigília Lula Livre para relatar as impressões do diálogo com o petista.

Luta, resistência e injustiça. Essas foram as palavras que a arquiteta usou para definir a similaridade entre os casos Lula e Marielle – vereadora assassinada em 14 de março do ano passado junto de seu motorista, Anderson Gomes, na região central do Rio de Janeiro (RJ).

“Encontrei um presidente que me inspirou bastante a seguir lutando, e acho que o recado para todos é que a gente siga com resistência e esperança. Uma frase que ele disse e me marcou muito foi que ‘nunca tivemos tanto motivo para lutar’”, afirmou a arquiteta.

“[Lula] Citou também uma frase de Mia Couto [escritor moçambicano] que me marcou bastante. Ele disse que ‘em tempos de medo, o ódio procura se esconder dentro do monstro, e as pessoas procuram abrigo dentro do monstro’. Eu acho que tem muito mais gente boa no mundo do que gente má ou com medo”, completou.

Para a arquiteta, o momento é de resistência coletiva em defesa da retomada da democracia brasileira. Isso depende, segundo ela, da libertação de Lula e da resposta à pergunta: “Quem mandou matar Marielle?”.

Passados mais de 500 dias da execução da vereadora, Benício afirmou que é “profundamente emocionante” testemunhar a simbologia que Marielle ainda representa e que, segundo ela, ressignifica a luta e a própria noite do assassinato.

“Além de muito doloroso e lastimável, é profundamente vergonhoso. Não só como companheira, mas enquanto brasileira, é terrível perceber que o Estado consegue prender um hacker, mas não consegue responder quem matou uma parlamentar eleita. Eu não sei se o Estado não consegue ou não quer. Então, a cobrança, mais do que nunca, se faz necessária, porque gera uma sensação de conformismo que não pode acontecer”, analisa.

Mais cedo, a arquiteta também visitou o “Espaço Marielle Vive!”, centro de formação e cultura instalado ao lado da Vigília Lula Livre. Inaugurado em setembro do ano passado, com a presença dos pais de Marielle, o espaço oferece alojamento, alimentação e cursos para militantes. A iniciativa é uma parceria do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) com o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC.

“É muito inspirador ver essa imagem da Marielle. Isso ameniza um pouco a dor, principalmente porque ela tinha uma relação de muito respeito e admiração pelo MST”, ressaltou.

O escritor e jornalista Leonardo Padura, autor do clássico “O homem que amava os cachorros”, também enfatizou os 495 dias de resistência da Vigília. O cubano falou do carinho, respeito e admiração por Lula e também ressaltou o senso de humor do ex-presidente diante das adversidades.

Todas as quintas-feiras, Lula recebe a visita de amigos e companheiros de militância, especialmente de intelectuais e ex-chefes de Estado. Para Padura, antes de ser escritor, é preciso ter senso de justiça e responsabilidade como cidadão.

“Acredito que foi cometida uma injustiça com um homem que não merecia, por isso vim até aqui render minha solidariedade e meu respeito. Falamos de muitas coisas e, em alguns momentos, ele fez comentários engraçados, principalmente considerando a condição que está, me parece muito bom que ele mantenha o senso de humor”, disse.

“Encontramos um homem obstinado a provar sua inocência, mas também um retrato do que é a injustiça desse país, de um homem da grandeza do nosso presidente em uma sala como essa”, completou a arquiteta.

VÍDEO:

https://www.facebook.com/brasildefato/videos/895166357509345/

Edição: Daniel Giovanaz

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ENQUADRADO | CÂMARA APROVA PL SOBRE ABUSO DE AUTORIDADE, QUE SEGUE PARA SANÇÃO DE BOLSONARO

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ENQUADRADO | CÂMARA APROVA PL SOBRE ABUSO DE AUTORIDADE, QUE SEGUE PARA SANÇÃO DE BOLSONARO

Plenário da Câmara aprovou texto que tenta combater práticas de abuso de autoridade.

Aprovado sem alterações, texto engloba atos do Executivo, Legislativo e Judiciário, além do Ministério Público, tribunais e Forças Armadas.

Publicado por Redação RBA – São Paulo – O plenário da Câmara concluiu nesta quarta-feira (14) a votação do Projeto de Lei 7.596/17, que define crimes de abuso de autoridade. O texto engloba atos cometidos por servidores públicos e membros dos três poderes, do Ministério Público, dos tribunais e conselhos de contas e Forças Armadas. Após o texto-base base ser aprovado em votação simbólica, os parlamentares rejeitaram todos os destaques ao texto apresentado pelo relator, Ricardo Barros (PP-PR). Como não houve alteração, a matéria segue para sanção presidencial

Aprovado no Senado em junho, o texto considera abuso de autoridade obter provas por meios ilícitos; executar mandado de busca e apreensão em imóvel, mobilizando veículos, pessoal ou armamento de forma ostensiva, para expor o investigado a vexame; impedir encontro reservado entre um preso e seu advogado; e decretar a condução coercitiva de testemunha ou investigado sem intimação prévia de comparecimento ao juízo.

O projeto prevê a criação do crime de caixa 2, de compra de votos e o aumento de pena para o crime de corrupção, tornando a prática hedionda em alguns casos. Atualmente considerada crime eleitoral e não penal, com penalidade inferior à aplicada a outros crimes e passível de prescrição no prazo de um mandato, a prática de caixa 2 em campanha eleitoral poderá ser tipificada como crime.

No total, a proposta apresenta 37 ações que poderão ser consideradas abuso de autoridade, quando praticadas com a finalidade específica de prejudicar alguém ou beneficiar a si mesmo ou a terceiro.

PSL, Novo e Cidadania defendiam que a proposta fosse debatida por mais tempo na Câmara e apresentaram, cada um, um destaque para ser debatido e votado em plenário. Se algum fosse aprovado, o texto voltaria ao Senado.

Todos os destaques foram rejeitados, como o que pretendia excluir dispositivo no qual são listados efeitos da condenação, como indenização por dano, inabilitação para o exercício de cargo, mandato ou função pública por 1 a 5 anos, apresentado pelo PSL, e o que queria excluir do texto o artigo que tipifica como abuso de autoridade o uso de algemas em preso quando não houver resistência à prisão ou ameaça de fuga, apresentado pelo Podemos.

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ENTREVISTA: ‘A IMPUNIDADE DO PASSADO GARANTE A IMPUNIDADE DO PRESENTE’, DIZ EX-PRESIDENTE DA COMISSÃO DE MORTOS E DESAPARECIDOS POLÍTICOS

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ENTREVISTA: ‘A IMPUNIDADE DO PASSADO GARANTE A IMPUNIDADE DO PRESENTE’, DIZ EX-PRESIDENTE DA COMISSÃO DE MORTOS E DESAPARECIDOS POLÍTICOS

The Intercept Brasil – Tatiana Merlino – ÀS 7 DA MANHàdo dia 1º de agosto, a procuradora-regional da República Eugênia Augusta Gonzaga recebeu uma mensagem de uma repórter. Era uma nota informando que Gonzaga havia sido exonerada da Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos, que ela presidia desde 2014. Chocada, pouco depois confirmou a informação, publicada no Diário Oficial. A presidência da República não a comunicou oficialmente sobre seu afastamento.

Aos 50 anos de idade – quase 20 deles de luta pelo resgate da memória, reparação e justiça em relação aos crimes cometidos pela ditadura militar –, a procuradora é um dos alvos das recentes investidas do presidente Jair Bolsonaro contra vítimas, familiares de desaparecidos e comissões responsáveis pela reparação de atingidos pelo regime.

“Se o presidente da OAB quiser saber como o pai desapareceu, eu conto”, provocou Bolsonaro em 29 de julho, referindo-se ao sequestro, morte e desaparecimento de Fernando Santa Cruz, pai de Felipe Santa Cruz, em 1974. Gonzaga reagiu duramente: “nunca um presidente da República, nem mesmo da própria ditadura, ousou atacar uma família de maneira tão vil”, escreveu na página da comissão no Facebook no dia seguinte. Para a procuradora, o presidente usou “o mesmo método que agentes dos porões, como CurióFleury e Ustra, utilizavam para assassinar também a reputação de suas vítimas e desviar o foco de suas responsabilidades”. Demorou dois dias para que ela — e outros três membros da equipe — fossem exonerados.

A equipe era responsável por buscar e identificar pessoas mortas e desaparecidas durante o regime militar. O trabalho nunca foi fácil. Suas iniciativas esbarram em entraves administrativos, na burocracia e na falta de verbas – todo o dinheiro da comissão veio de emendas parlamentares de deputados do PT, Psol e Rede. É um processo hercúleo, que passa por mapear possíveis cemitérios e valas, recolher e identificar ossadas e prestar esclarecimentos às famílias – além de buscar, do lado do governo, a justiça e a reparação.

Agora, as pessoas responsáveis por investigar os crimes da ditadura são homens que defendem o regime militar abertamente. No lugar de Gonzaga, Bolsonaro nomeou o advogado Marco Vinicius Pereira de Carvalho, ex-assessor da ministra Damares Alves e filiado ao PSL, partido do presidente. Carvalho nunca atuou na área. Seu currículo é marcado por ter feito um pedido de impeachment do ministro do STF Dias Toffoli por crime de responsabilidade – hoje arquivado – e por ter sido afastado do cargo de procurador da cidade de Taió, em Santa Catarina, por improbidade administrativa. Segundo a acusação do Ministério Público, Carvalho vazou a minuta de um edital de concurso público para sua mulher. O processo foi arquivado quando ele foi nomeado assessor de Damares Alves.

‘As pessoas que estão lá atacam as famílias, dizem que não houve ditadura.’

Como outros membros da comissão, o governo nomeou Filipe Barros, deputado federal também pelo PSL – que acredita que a ditadura deve ser comemorada – e o coronel da reserva Weslei Antônio Maretti, que tem a mesma opinião que Bolsonaro sobre Carlos Alberto Brilhante Ustra. Para ele, o ex-comandante do centro de tortura DOI-CODI e torturador declarado pela justiça é “exemplo para todos os que um dia se comprometeram a dedicar-se inteiramente ao serviço da pátria”.

Gonzaga ficou chocada com o seu afastamento. Sob sua gestão, foi criado o Grupo de Trabalho Perus, responsável por identificar ossadas em São Paulo. Especialistas da Universidade Federal de São Paulo, a Unifesp, estão analisando 1.047 restos mortais de possíveis desaparecidos políticos enterrados no cemitério de Perus. Duas ossadas já foram identificadas: a de Dimas Casemiro, desaparecido em abril de 1971, foi entregue à família em agosto de 2018. E a segunda, Aluízio Palhano Pedreira Ferreira, desaparecido desde 1971, foi identificada em dezembro de 2018. Em cinco anos, a comissão emitiu 33 atestados de óbito – 12 deles com a certidão retificada.

“Não deram nenhuma oportunidade para terminarmos trabalhos importantes em andamento”, me disse Gonzaga. “Há atestados de óbito emitidos que eu sequer pude assinar.” Para ela, Bolsonaro vem descumprindo princípios pelos quais qualquer servidor público poderia ser exonerado, e a tolerância aos abusos do governo de hoje estão ligados à impunidade do passado. “Os países que fizeram a transição baseando-se no esquecimento, na base do ‘vamos apagar, virar a página’, não conseguiram amadurecimento democrático e ficaram sujeitos a graves retrocessos na democracia.”

A procuradora se despede da comissão entregando um relatório sobre o trabalho realizado às famílias de mortos e desaparecidos. “Meu compromisso é com eles”. O documento não será entregue ao governo, e o Intercept o publica agora com exclusividade.

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MACRI RECUA E CANCELA CONGELAMENTO DE PREÇO DOS COMBUSTÍVEIS

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MACRI RECUA E CANCELA CONGELAMENTO DE PREÇO DOS COMBUSTÍVEIS

Presidente argentino foi derrotado por chapa da oposição nas eleições primárias

Anunciou medidas para conter inflação. Petrolíferas se queixaram da decisão.

PODER360 – O presidente da Argentina, Mauricio Macri, voltou atrás depois de dizer que congelaria o preço dos combustíveis por 90 dias. A ação era parte de 1 pacote anunciado pelo mandatário argentino, na manhã desta 4ª feira (14.ago.2019), para tentar conter a inflação no país.

Segundo a secretaria de Energia argentina, o recuo foi motivado por queixas de empresas petrolíferas. Ainda conforme a pasta, haverá uma nova rodada de diálogos para buscar 1 acordo.

Além do congelamento do preço dos combustíveis, o pacote anunciado por Macri determina ainda o pagamento de bônus salariais para todos os tipos de trabalhadores (servidores públicos, de empresas privadas e informais). Também permite que pequenas e médias empresas possam renegociar suas dívidas tributárias em 10 anos. Além disso, o presidente anunciou ainda redução no imposto de renda dos aposentados e aumento de 40% no valor das bolsas dos estudantes.

MERCADO REAGE MAL A PRIMÁRIAS

A economia argentina vive 1 momento de instabilidade, depois de Macri ser derrotado nas eleições primárias pela chapa de oposição liderada por Alberto Fernández, que tem a ex-presidente Cristina Kirchner como vice. Na 2ª feira (12.ago), o peso argentino chegou a perder 30% do seu valor frente ao dólar americano.

Com informações da Agência Brasil

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MUNDO | “A ARGENTINA ESTÁ EM PONTO DE EBULIÇÃO. NÃO AGUENTAMOS MAIS”

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MUNDO | “A ARGENTINA ESTÁ EM PONTO DE EBULIÇÃO. NÃO AGUENTAMOS MAIS”

Carta Capital | HENRIQUE PERAZZI DE AQUINO – Clima nas ruas esquenta com a proximidade das eleições presidenciais e país tem manifestações diárias.

“Aqui na Argentina tem manifestação todos os dias.” A frase foi dita por um dos tantos manifestantes no exato dia dos dois anos do desaparecimento forçado do militante mapuche Gustavo Maldonado. Naquele mesmo dia, quinta, 1 de agosto, dois atos ocorriam no centro de Buenos Aires, na sua principal praça, a de Maio, bem defronte da Casa Rosada, o palácio presidencial. Naquele lugar há décadas as Madre da Praça de Maio promovem ato silencioso, sempre às quintas, dando voltas no seu entorno central, hoje algo encampado por parte considerável da população. Elas são escoltadas para um local reservado da agitação, mas participam ativamente dos protestos, hoje não tão silencioso. “A Argentina está em ponto de ebulição. Não aguentamos mais tudo o que fizeram conosco nesses quatro anos com Macri”, diz Augusto Rivera, assessor da marcha e das Madres. Ele aponta para o povo nas ruas e afirma: “Isso ocorre todos os dias, em lugares variados do país. A resposta será dada nas urnas, a esperança se apresenta com Alberto e Cristina. Hoje, neste mesmo lugar tem outro ato, nele clamamos justiça para o que fizeram com Gustavo Maldonado”.

Mal termina um, tem início outro. Um palanque é levantado em instantes, nele o irmão de Gustavo, Sérgio Maldonado, fala por dez minutos e a massa humana, vinda dos mais diferentes lugares, lota não só a praça, como todas as imediações. Os agrupamentos são constituídos de organizações populares variadas, numa convergência organizada, cada qual ocupando um espaço delimitado nas proximidades, até receberem o chamado para avançar e quando o fazem, com seus hinos e bandeiras, a praça fica completamente abarrotada. Das 17h até as 19h uma inebriante efervescência toma conta de parte significativa dos descontentes de uma Argentina cada vez mais fragilizada, com todos os desmandos, do recorde da fuga de capitais até o estrangulamento dos empregos e salários, principalmente dos aposentados.

A economia cotidiana está paralisada, demissões e empresas fechando ocorrem todos os dias. Um dos que acompanham de perto isso o desenrolar desse processo diária é Maurício Polti, jornalista da 750AM, destacado dentro do programa de Victor Hugo Morales, o La Mañana, das 9h às 12h para dar voz ao que acontece nas ruas. “Não existe um só dia sem que uma empresa se feche na grande Buenos Aires. Sou destacado para ouvir a esses e o faço com grande dor. Esses são os que mais sofrem neste país, pois perdem seus empregos e não existem novas colocações. Viram párias de uma hora para outra, todos manipulados por uma política econômica que os exclui, os joga diariamente para o meio da rua. Muitos sem outra saída, num curto espaço de tempo estarão vivendo nas ruas”.

As manifestações, em sua maioria, ocorrem como denúncia, um necessário grito contra os desmandos. Leonardo Duva, presidente da Gestara (Grupo de Empresas Sociales y Trabajadores Autogestionados de la República Argentina) administra esse caos urbano. “O aumento considerável de trabalhadores sem emprego e sem esperança redobra nossa missão, cada vez mais unidos em atos e conscientização coletiva. Ou revertemos tudo com a ampliação da revolta nas ruas ou através do voto. Essa esperança se apresenta agora, primeiro em agosto e depois em outubro. Ou expulsamos Macri e todos os seus em definitivo ou eles irão nos encurralar de uma forma a nos deixar sem ar para respirar, pois sem dinheiro para comer já nos encontramos.” Numa criativa atividade, Leonardo administra também o Restaurante e Bar Cooperativo Lo de Nestor, reunindo alguns dos que se opõem à invasão neoliberalista.

Iniciativas como essa estão proliferando pelo país, numa forma de união e resistência. No local, o jornalista Gustavo Campana faz uma das paradas na peregrinação do lançamento do seu novo livro, o “Culpables – proyecto de país vs. Modelo de colônia”, onde reúne todos os interessados em discutir o momento do país e seu futuro. “Pelo menos em quatro dias da semana estou em lugares distintos, falando e falando, demonstrando o quando estamos sendo massacrados por um sistema opressor, excludente e contra todos os interesses populares”.

Gustavo faz o mesmo pelas ondas das rádios onde atua, divulgando por todos os meios disponíveis os malefícios de alguém como Macri no comando de um país. “Eu não descobri agora que Macri é um incapaz e insano. Isso vem do próprio neoliberalismo, essa patota atuando a favor das leis de mercado, nenhum deles se salva, todos jogam a favor dos próprios interesses, nunca a favor do povo.”

Carros de luxo x empregos no campo: uma conta cruel

Nas ruas o que se vê é o aumento desmedido de moradores de rua e a maior porcentagem da América Latina dos cometendo seus primeiros delitos. Victor Hugo Morales, jornalista uruguaio radicado no país há décadas é um dos maiores críticos da máfia jornalística e atuando no poder. Sem papas na língua, segue numa linha de confronto. “Para ver que nada está bom basta comparar quando caminhonetes Hilux foram vendidas no mês e quantos novos empregos foram abertos no campo ou na cidade no mesmo período. Escancarada vergonha o que estão a fazer com o povo deste país. As constantes manifestações refletem isso, o povo sendo encaminhado para uma situação sem volta, de evidente marginalidade. Impossível esse mesmo povo votar a favor da continuidade de quem lhe produz tanto mal”, vaticinava ele pelas ondas do rádio uma semana antes do pleito no domingo passado.

Na manhã de sexta-feira 2, as manifestações ocorriam em diversos pontos espalhados pela capital portenha. Na praça do Congresso, ao lado da sede das Madres, uma de professores, na famosa ponte de Pueyrredon, uma das entradas da cidade, um grupo tentava atravessar e demonstrar o desagravo com a situação, mas era impedida pela ação da polícia. No domingo 4, os artesãos da Feira de San Telmo, rua Defensa estão divididos. De um lado os abertamente contrários a Macri, cantando para quem quiser ouvir a mais famosa música na cidade, reverenciado uma sigla famosa pelo país, a MMLPQTP (quer saber seu significado, clique no google) e do outro lado, alguns ainda reticentes, ocultando a preferência por Cristina para não perder clientes mais abastados.

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MAIS DESTRUIÇÃO: GUEDES DECIDE VENDER RESERVAS INTERNACIONAIS

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MAIS DESTRUIÇÃO: GUEDES DECIDE VENDER RESERVAS INTERNACIONAIS

O ministro da Economia, Paulo Guedes. (Foto: José Cruz/Agência Brasil)

Agência Brasil  | Brasil247 – A última vez em que o BC tinha leiloado dólares das reservas à vista tinha sido em 3 de fevereiro de 2009, ainda durante a crise do subprime no mercado imobiliário dos Estados Unidos. Com a decisão anunciada hoje (14), o BC muda a política de intervenções no câmbio – o que indica que Paulo Guedes e sua equipe podem começar a liquidar as reservas acumuladas nos governos Lula e Dilma.

Pela primeira vez desde a crise de 2009, o Banco Central (BC) venderá dólares à vista das reservas internacionais, atualmente em US$ 388 bilhões. A autoridade monetária leiloará US$ 550 milhões por dia entre 21 e 29 de agosto para conter a volatilidade cambial, totalizando US$ 3,845 bilhões no período.

A última vez em que o BC tinha leiloado dólares das reservas à vista tinha sido em 3 de fevereiro de 2009, ainda durante a crise do subprime no mercado imobiliário dos Estados Unidos. Com a decisão anunciada hoje (14), o BC muda a política de intervenções no câmbio.

Até agora, em momentos de alta da moeda norte-americana, a autoridade monetária leiloava contratos de swap cambial tradicional, que equivalem à venda de dólares no mercado futuro. Feitas em reais, essas operações não afetam as reservas internacionais, mas têm impacto na posição cambial do BC e aumentam os juros da dívida pública.

Agora, o BC atuará de maneira diferente. Venderá até US$ 550 milhões no mercado à vista e, ao mesmo tempo, comprará o mesmo valor em contratos de swap cambial reverso, que funcionam como compra de dólares no mercado futuro. Caso a demanda por dólares à vista fique abaixo desse valor, a autoridade monetária completará a operação com contratos de swap tradicional.

Ao justificar a medida, o BC explicou que os swaps cambiais tradicionais são demandados por investidores que querem se proteger da volatilidade no câmbio, mas que uma parte do mercado está demandando dólares à vista por causa da situação econômica.

“Considerando a conjuntura econômica atual, a redução na demanda de proteção cambial (hedge) pelos agentes econômicos por meio de swaps cambiais e o aumento da demanda de liquidez no mercado de câmbio à vista, o Banco Central do Brasil comunica que, para efeito de rolagem da sua carteira de swaps, implementará a oferta de leilões simultâneos de câmbio à vista e de swapsreversos”, informou a instituição em nota.

Na nota, a autoridade monetária esclareceu que as operações conjugadas de venda direta, swaptradicional e swap reverso não mudarão a posição cambial do banco. No entanto, o estoque de swap tradicional, atualmente em torno de US$ 70 bilhões, vai aumentar, assim como o valor das reservas internacionais vai diminuir menos de 1%.

Hoje, o dólar comercial fechou o dia vendido a R$ 4,04, com alta de R$ 0,074 (1,86%) em apenas um dia. Na maior cotação desde 23 de maio (R$ 4,047), a divisa acumula valorização de 5,83% em agosto. Os mercados financeiros de todo o planeta enfrentaram turbulências depois da divulgação de dados de desaceleração econômica na Alemanha e na China.

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GUERRA COMERCIAL: POR QUE TRUMP VAI PERDER

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GUERRA COMERCIAL: POR QUE TRUMP VAI PERDER

OUTRASPALAVRAS | por Paul Krugman | Tradução: Antonio Martins – Nobel de Economia analisa: EUA já usaram todas as suas armas; a China, quase nenhuma. Pequim não quer o conflito – mas pode, se provocada, humilhar o adversário. Parvo, presidente perde-se em retórica oca e contradições.

Para entender a guerra comercial em curso entre os Estados Unidos e a China, a primeira coisa a compreender é que nenhuma das ações de Donald Trump faz sentido. Suas visões sobre comércio são incoerentes. Suas demandas são incompreensíveis. E ele superestima em muito sua capacidade de ferir a China, enquanto subestima os danos que Pequim pode causar, ao reagir.

O segundo ponto a entender é que a resposta da China foi, até agora, muito modesta e comedida, ao menos considerando o cenário. Os EUA impuseram ou anunciaram tarifas sobre virtualmente tudo o que a China vende a eles, com tarifas médias não vistas há uma geração. Os chineses, em contraste, ainda têm um vasto espectro de ferramentas a seu dispor, para neutralizar as ações de Trump e ferir sua base eleitoral.

Por que os chineses não o fizeram? Tenho a impressão de que ainda estão tentando ensinar algo de Economia a Trump. O que estão dizendo, por meio de ações, é: “Você pensa que pode nos coagir, mas está enganado. Nós, por outro lado, podemos arruinar seus agricultores e quebrar seu mercado de ações. Que tal reconsiderar seus atos?”

Não há, contudo, indicação alguma de que esta mensagem seja compreendida. Ao contrário: sempre que chineses param, e dão a Trump chance de pensar de novo, ele interpreta o gesto como agressão e pressiona ainda mais. Este comportamento sugere que, mais cedo ou mais tarde, os tiros de advertência vão degenerar numa guerra comercial e cambial aberta.

A incoerência das visões de Trump é exposta a cada dia, mas um de seus tweets recentes foi a ilustração perfeita. Lembre-se, Trump não para de se queixar da força do dólar – a qual, ele assegura, coloca os EUA em desvantagem competitiva. Há cerca de dez dias, ele levou o Departamento do Tesouro a declarar a China “manipuladora cambial” – algo que era verdadeiro há sete ou oito anos, mas deixou de sê-lo. No entanto, apenas um dia depois ele escreveu, de modo triunfante, que “volumes maciços de dinheiro, da China e de outras partes do mundo, estão pingando nos Estados Unidos” – o que considerou “bonito de ver”.

O que ocorre quando “volumes maciços de dinheiro” pingam nos EUA? O dólar se fortalece, exatamente o que Trump condena. E se montanhas de dinheiro estivessem escorrendo da China, o yuan estaria despencando, e não sofrendo o declínio trivial (2%) que o Departamento do Tesouro condenou.

Bem, imagino que Aritmética seja apenas uma ilusão promovida pelo Estado Profundo.

Mas a China poderá curvar-se a Trump, apesar da falta de sentido de suas reivindicações? A resposta curta é: “Que reivindicações”? Trump parece obcecado por superávit comercial da China em relação aos EUA, um fato que tem múltiplas causas e não está, de fato, sob controle do governo chinês.

Outros membros de seu governo parecem preocupados pelo avanço da China em setores de alta tecnolocgia, algo que pode de fato ameaçar a supremacia norte-americana. Mas a China é uma superpotência econômica e, ao mesmo tempo, relativamente pobre, em comparação com os EUA. É grosseiramente irrealista imaginal que um país nestas condições possa ser coagido a refrear suas ambições tecnológicas.

O que suscita a questão de quanto poder Washington realmente tem nesta disputa.

Os EUA são, é claro, um grande mercado para produtos chineses, e a China compra relativamente poucos produtos norte-americanos, em contrapartida. Por isso, o efeito adverso direto de uma guerra tarifária é maior para os chineses. Mas é importante ter noção da escala. A China, ao contrário do Mexico, não vende 80% de seus exportações para os EUA. A economia chinesa é menos dependente do comércio que nações menores. Menos de um quinto de suas exportações dirige-se aos Estados Unidos.

Por isso, embora as tarifas de Trump possam certamente ferir os chineses, Pequim está muito bem guarnecida para conter os efeitos. A China pode elevar o consumo interno com estímulos fiscais e monetários; e pode turbinar suas exportações, tanto para os EUA quanto para o resto do mundo, deixando o yuan cair.

Ao mesmo tempo, a China pode infligir sofrimento. Pode comprar soja em outros países, atingindo os agricultores norte-americanos. E como vimos semana passada, mesmo um enfraquecimento simbólico do yuan pode fazer as ações de empresas norte-americanas desabarem.

E a capacidade dos EUA de conter estes movimentos está limitada por uma combinação de fatores técnicos e políticos. O banco central (FED) pode cortar as taxas de juros – mas não muito, pois já estão muito baixas. Washington poderia promover um estímulo fiscal, mas Trump – que impôs um corte de impostos plutocrático em 2017 – teria de fazer concessões reais aos democratas, algo a que ele provavelmente se recusa.

Que tal uma resposta internacional coordenada? É improvável, tanto porque não está claro o que Trump quer da China quanto porque sua beligerância geral (para não falar de seu racismo) deixou os EUA quase sem aliados nas disputas globais.

Significa que Trump está em posição muito mais frágil do que imagina. Meu palpite é que a mini-desvalorização do yuan foi uma tentativa de educá-lo para esta realidade. Mas duvido muito de que ele tenha apredido algo. Seu governo tem insistido em afastar todos os integrantes que entendem algo de Economia, e relatos indicam que o presidente já não ouve sequer o bando de ignorantes que manteve.

Por tudo isso, a disputa comercial provavelmente vai tornar-se muito pior para os EUA, antes de arrefecer.

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ECONOMIA DA ALEMANHA ENCOLHE NO SEGUNDO TRIMESTRE

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ECONOMIA DA ALEMANHA ENCOLHE NO SEGUNDO TRIMESTRE
Exportações alemãs foram afetadas pela guerra comercial entre a China e os EUA

DW-Brasil – Após crescimento de 0,4% no primeiro trimestre, PIB alemão contrai 0,1% de abril a junho e deixa maior economia da zona do euro à beira da recessão técnica. Índice foi afetado pelos resultados ruins do comércio exterior.

O Produto Interno Bruto (PIB) da Alemanha registrou uma contração de 0,1% no segundo trimestre deste ano em relação aos três meses anteriores, informou nesta quarta-feira (14/08) o Departamento Federal de Estatísticas (Destatis).

O ministro alemão da Economia, Peter Altmaier, classificou a notícia de um “sinal de alerta”, acrescentando que a preocupação agora é, através das “medidas corretas”, evitar uma recessão técnica – o que ocorre quando o PIB encolhe em dois trimestres seguidos.

A contração da economia nos meses de abril a junho ocorre após um aumento de 0,4% no primeiro trimestre. A Alemanha já havia beirado a recessão técnica na segunda metade de 2018, com uma contração de 0,2% no terceiro trimestre.

A contração atual é atribuída principalmente à guerra comercial entre os Estados Unidos e a China, que danifica o rendimento de seu potente setor externo e da indústria manufatureira.

“O setor externo freou a evolução do crescimento econômico, porque as exportações retrocederam mais do que as importações com relação ao trimestre anterior”, explicou o Destatis em nota, na qual ressaltou que a demanda interna e o gasto público apresentaram crescimento entre abril e junho.

A demanda interna se tornou um importante impulsionador do crescimento para a Alemanha nos anos recentes, quando os consumidores se beneficiam de uma taxa de emprego recorde, aumentos de salários e crédito baixo.

O mercado de trabalho alemão se manteve em ritmo de crescimento, com 45,2 milhões de empregados, um aumento de 1% em relação ao primeiro trimestre, segundo o Destatis.

Já a produção industrial, em junho, caiu 5,2% em termos anualizados, a maior queda em uma década, e as exportações despencaram 8%, a maior queda em três anos, segundo dados divulgados nos últimos dias.

O setor da construção foi outro que sofreu retração neste trimestre, após um crescimento nos primeiros três meses do ano, devido a um inverno atipicamente ameno.

A indústria automotiva, principal empregadora e exportadora do país, também não atravessa bom momento, após o escândalo da manipulação de emissões de motores a diesel.

Entre os fatores externos que contribuíram para a contração da economia alemã no segundo trimestre estão ainda as incertezas em torno do Brexit, que caminha para um divórcio sem acordo após a nomeação de Boris Johnson como primeiro-ministro britânico, e o esfriamento econômico na zona do euro, com especial atenção aos problemas políticos na Itália.

“Estamos numa fraqueza conjuntural, mas ainda não estamos em uma recessão, o que podemos evitar, se tomarmos as medidas certas”, afirmou o ministro Altmaier. Ele acrescentou ser importante uma política de crescimento inteligente, que garanta empregos. Isso incluiria, segundo ele, medidas de alívio para empresas, especialmente as de médio porte.

MD/afp/rtr/efe

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A Deutsche Welle é a emissora internacional da Alemanha e produz jornalismo independente em 30 idiomas.

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MEDO DE RECESSÃO DERRUBA BOLSAS PELO MUNDO E BC DO BRASIL ANUNCIA VENDA DE DÓLARES

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MEDO DE RECESSÃO DERRUBA BOLSAS PELO MUNDO E BC DO BRASIL ANUNCIA VENDA DE DÓLARES
‘Brokers’ no interior da Bolsa de Nova York. Richard Drew AP

Índice Dow Jones recua 3% e a curva dos títulos norte-americanos se inverte pela primeira vez desde a crise financeira, mais um sinal de desaceleração econômica

El País | Brasil – ​​​​​​​Wall Street viveu mais um dia de caos nesta quarta-feira, com uma queda de 3% e sinais alarmantes de recessão no mercado de títulos, arrastada pelos dados da China e da Alemanha que alimentam o medo de uma desaceleração econômica global. O Dow Jones, principal índice da Bolsa de Valores de Nova York, cedeu 3%, uma das maiores quedas no ano, e o S&P 500, índice baseado no meio milhar das maiores empresas cotadas, recuou 2,9%, uma baixa liderada pelas empresas de energia e, em menor medida, pelas financeiras. O Nasdaq, que reúne empresas de alta tecnologia, também caiu mais de 3%. Horas antes, as principais Bolsas europeias tinham fechado com fortes perdas depois que se soube que a economia alemã entrou em terreno negativo no segundo trimestre.

Em um claro sinal da preocupação dos mercados, a taxa de juros dos títulos do Tesouro norte-americano de 10 anos caiu temporariamente abaixo da taxa de juros da dívida de dois anos, pela primeira vez desde 2007, quando a economia norte-americana estava entrando na Grande Recessão. Esse fenômeno — conhecido como inversão da curva de rendimento, uma alteração da relação normal entre os títulos — é geralmente considerado um sinal de recessão próxima. Os dados ruins de crescimento também não ajudaram a dissipar as dúvidas — uma queda de 0,1% no PIB no segundo trimestre — em uma das grandes fábricas do mundo, a Alemanha.

No Brasil, o dólar fechou a 4,038 reais e o índice Bovespa despencou 2,94%. O Banco Central anunciou que vai vender dólares das reservas externas pela primeira vez desde 2009. Serão leiloados 550 milhões de dólares por dia entre 21 e 29 de agosto para conter a volatilidade cambial, num total de 3,845 bilhões de dólares. Nos últimos 10 anos, em momentos como este, de alta no valor

da moeda norte-americana, a autoridade monetária brasileira leiloava contratos de swap cambial tradicional, que equivalem à venda de dólares no mercado futuro.

“Considerando a conjuntura econômica atual, a redução na demanda de proteção cambial (hedge) pelos agentes econômicos por meio de swaps cambiais e o aumento da demanda de liquidez no mercado de câmbio à vista, o Banco Central do Brasil comunica que, para efeito de rolagem da sua carteira de swaps, implementará a oferta de leilões simultâneos de câmbio à vista e de swaps reversos”, informou o BC em nota.

Os investidores reagiram vendendo ações em todo o mundo, provocando quedas que rapidamente anularam os lucros da terça-feira, quando a decisão do Governo norte-americano de atrasar a aplicação de tarifas sobre algumas importações chinesas provocou altas consideráveis. A já prolongada guerra comercial entre a China e os Estados Unidos é precisamente um dos fatores das turbulências na economia global.

Essas tensões e os dados preocupantes da Europa, somados à incerteza sobre a política de taxas de juros do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), provocaram semanas de turbulências que se espalharam pelos mercados de ações e de dívida no mês de agosto.

O presidente Donald Trump reagiu via Twitter à queda dos mercados, arremetendo contra um dos habituais destinatários de suas críticas. “A China não é problema nosso. Nosso problema é com o Federal Reserve. Subiu muito e muito rápido, e agora demora muito para cortar”, disse, e chamou Jay Powell, presidente do Fed, de “inútil”.

Incerteza leva Bolsa mexicana ao menor nível em cinco anos e atinge o peso

I. FARIZA, México

O México, a segunda maior economia da América Latina e um dos países mais presentes nas carteiras de investimento em mercados emergentes, foi arrastado nesta quarta-feira pelos dados econômicos globais desfavoráveis e pelo péssimo desempenho da Bolsa norte-americana. A economia do país latino-americano é uma das mais expostas ao que acontece em seu vizinho do norte. A Bolsa mexicana fechou o dia com uma queda ligeiramente superior a 2%, estabelecendo uma nova mínima desde março de 2014.

Às dúvidas sobre a saúde da economia das principais potências mundiais se junta uma série de fatores nacionais e regionais — incerteza sobre o plano do Governo mexicano para a petrolífera estatal, a Pemex, a mais endividada do mundo e envolvida em uma espiral de prejuízos, e a perda de confiança dos investidores na Argentina depois do resultado das primárias do domingo, com a vitória de Alberto Fernández e o naufrágio de Mauricio Macri. As maiores perdas da Bolsa mexicana se concentraram nas empresas dos setores industrial, de energia e de transporte de mercadorias, os mais expostos às flutuações econômicas.

O peso, a moeda de maior liquidez do bloco emergente, também sofreu com o medo dos mercados de uma recessão global: caiu 1,6% em relação ao dólar na sessão desta quarta-feira. Se na Bolsa a reação natural dos investidores é transferir parte de seu dinheiro para os títulos soberanos — por definição muito mais seguros —, no mercado de câmbio o movimento mais lógico é fugir para os valores mais estáveis: dólar, euro e iene.

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O QUE TU INDICA? | AMÉRICA LATINA PARA IMBECIS

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O QUE TU INDICA? | AMÉRICA LATINA PARA IMBECIS
Numa apresentação de 1:30h na Broadway o humorista John Leguizamo conta como ajudou seu filho, vítima de bullying na escola por ser latino / Divulgação

É nessa busca pela história real da América que John Leguizamo nos dá uma injeção na autoestima

Vanessa Gonzaga | Brasil de Fato | Recife (PE) – Numa apresentação de 1:30h na Broadway o humorista John Leguizamo conta como ajudou seu filho, vítima de bullying na escola, contando a história real da América Latina. Num quadro, John relembra episódios da sua infância nos guetos latinos de Nova York, as brigas que comprou na escola pelos filhos, e volta até ao Império Asteca para mostrar através da história das civilizações nativas da américa a contribuição do povo latino para os Estados Unidos e para o mundo, que vão da pimenta e das batatas até o hóquei e a anestesia.

O que aparentemente é um show de comédia com piadas em idioma espanhol, com referências que vão da música Despacito até As Veias Abertas da América Latina, de Eduardo Galeano, desperta em quem assiste muito mais do que a vontade de conhecer Machu Picchu ou as pirâmides mexicanas de Teotihuacan, porque John vai além disso. Ele mostra como o discurso da superioridade militar das nações europeias que não descobriram, mas invadiram a América é uma mentira, já que antes da guerra, milhões de nativos foram dizimados com as doenças, roubo, estupro e saques que reduziram a população de 73 milhões de nativos em apenas 3,65 milhões.

Assim, conhecemos a história dos indíos Taínos, que eram tão benevolentes que lutavam com espadas de madeira, para não matar seus adversários e a civilização Asteca, responsável pela criação do basquete, ironicamente um dos esportes mais praticado nos EUA. É claro que John faz muitas relações com o momento atual, já que ele afirma que Colombo foi o Donald Trump do Novo Mundo. É nessa busca pela história real da América que ele dá uma injeção na autoestima do filho, que sofre na escola por ser latino e que aprendeu que toda vez que os valentões da escola o perguntarem “Porque você não volta para o seu país?” a resposta correta é “Porque nós chegamos aqui primeiro, idiota”.

Vanessa Gonzaga é repórter do Brasil de Fato PE

Edição: Monyse Ravenna

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