Deputada líder do PSL usou verba pública para ir ao carnaval e ameaçou repórter que a denunciou

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Líder do governo no Congresso, a deputada Joice Hasselmann (PSL-SP) usou a verba indenizatória de gabinete para comprar uma passagem aérea no retorno do feriado de Carnaval, em 6 de março. A deputada, segundo pessoas próximas, passou o feriado em Ilhéus (BA) e de lá retornou para Brasília. A viagem custou R$ 1.264,27.

Durante o feriado, Joice postou uma foto deitada em uma rede, sem especificar onde estava, e e escreveu “meu bloco de Carnaval é o da soneca domingueira”. Na Quarta-Feira de Cinzas, fez duas postagens no Twitter com a localização ativada em Ilhéus. Uma delas terminava dizendo: “Vão trabalhar, lacradores”. Alguns cobraram a deputada por estar no litoral baiano em um dia regular de trabalho. “Vai trabalhar você, que está em Ilhéus. Hoje é dia útil”, disse um seguidor.

A reportagem procurou a assessoria de Joice por uma semana pedindo explicações sobre a viagem. O uso da cota parlamentar da Câmara dos Deputados só é permitido para gastos “exclusivamente vinculados à atividade parlamentar”. A deputada disse não se lembrar especificamente do que fez em Ilhéus e afirmou apenas que foi à Bahia duas vezes neste ano.

“Não tenho mais base [eleitoral]. Estou rodando o Brasil inteiro em defesa da reforma da Previdência. Às vezes viajo a convite, às vezes não. Posso ter ido com passagem da Câmara, voltar sem. Não tenho Carnaval”, disse a ÉPOCA.

Nesta quarta-feira, a deputada mostrou-se irritada com os questionamentos da reportagem sobre a despesa no Carnaval. Segundo Joice, a passagem pelo litoral baiano envolvia negociações em torno da reforma da Previdência, o que teria justificado o gasto oficial.

“Eu tive uma reunião, como tenho todos os finais de semana, para tratar de Previdência. A minha viagem foi para tratar de Previdência. O que faço no meu fim de semana não é problema de ninguém. Se fiquei um dia a mais, dois dias a mais, não é seu problema”, disse Joice, depois de ameaçar processar a reportagem, caso se torne pública a informação sobre sua viagem. Ela foi questionada sobre quais os compromissos que teve em Ilhéus que justificaram o gasto, mas não respondeu.