CARTA DE FREI BETTO A LULA: “MIL CONDENAÇÕES JAMAIS HAVERÃO DE SOMBREAR O SEU PROTAGONISMO…”

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O escritor Frei Betto enviou uma carta ao ex-presidente Lula neste domingo (7), quando completa o primeiro ano da sua prisão política em Curitiba. “Mil condenações jamais haverão de sombrear o seu protagonismo na história do Brasil e a força de sua liderança popular”, escreveu Frei Betto.

Leia a íntegra da carta:

Querido Lula,

Coincidiu eu estar junto a você nas datas de suas duas prisões. A primeira, em abril de 1980. Desde que se iniciara a greve metalúrgica no ABC paulista, e os líderes sindicais presos um a um, passei a permanecer em sua casa em apoio à família. Fui acordá-lo quando, às primeiras horas da manhã, os policiais da ditadura bateram à sua porta. Estive em sua casa até o dia de seu retorno do cárcere, um mês depois.

Em 2018, há um ano, ao escutar no rádio que a sua prisão fora decretada pelo juiz Sergio Moro, fui ao seu encontro na sede do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo do Campo (SP), onde você dormia. De novo despertei-o e rezamos juntos.

Desde que você se encontra encarcerado em Curitiba, tive a oportunidade de visitá-lo duas vezes. A última, pouco antes do Natal. Levei a eucaristia e partilhamos o corpo e o sangue do Senhor.

Nas duas ocasiões, constatei o seu espírito forte, aguerrido. Como narrei a amigos, você se mantém a par do noticiário, lê muito, faz exercícios físicos, ouve música, assiste a programas de TV, de preferência, como me disse, na TV Aparecida: “gosto da missa das seis da tarde e dos programas de música sertaneja”.

Falei-lhe de minhas experiências de prisão. Aliás, descrita nos livros que lhe dei, como “Cartas da prisão” (Companhia das Letras) e “Diário de Fernando – nos cárceres da ditadura militar brasileira” (Rocco). O mais importante é evitar a contradição entre o corpo retido na cela e a mente, em sua incontrolável liberdade, aqui fora. Não se deixar possuir pela ânsia de liberdade a qualquer custo. Considerar o cárcere a sua normalidade, ainda que empenhe todo o seu esforço para recuperar a liberdade. E lembrar o que me disse: “Não troco minha dignidade pela liberdade”.

Mil condenações jamais haverão de sombrear o seu protagonismo na história do Brasil e a força de sua liderança popular. Quanto mais tentam esmagá-lo, mais você cresce. Em todo o mundo há mobilizações pró “ Lula livre”. Ao proferir conferências no exterior e dedicá-las em sua homenagem, seu nome tem sido efusivamente aplaudido.

A prisão é um eremitério. Lugar de reflexão e aprofundamento. Sei que você tem aproveitado para avaliar acertos e equívocos dos 13 anos de governo do PT. Os acertos são sobejamente conhecidos. Basta comparar os dados sociais e econômicos dos governos Temer-Bolsonaro com os períodos Lula- Dilma. Não havia esse clima de animosidade, e até ódio, que hoje divide muitas famílias e separa amigos. Vivia-se com maios civilidade e sem ameaça à democracia. Não se precisava penhorar a democracia na conta dos militares, e eles estavam onde sempre deveriam estar – nos quartéis.

Contudo, o PT não cuidou de promover a alfabetização política de nosso povo; descuidou do trabalho de base; deixou de punir com rigor desvios éticos; e jamais dominou o uso tático das redes digitais. Esse flanco vulnerável permitiu ao adversário centrar baterias no ataque ao partido, o que resultou no golpe de Temer contra Dilma e na eleição de Bolsonaro ao surfar na onda antipetista.

Agora é hora de repensar a estratégia política. Fazer autocrítica, analisar por que não houve consistente reação popular à deposição de Dilma. Nunca fui militante partidário, mas julgo que é hora de o PT se reinventar. Reatar seus vínculos com os mais pobres e excluídos, fortalecer os movimentos sociais e, sobretudo, assumir desempenho propositivo, para que o povo brasileiro vislumbre uma saída democrática ao governo Bolsonaro.

Há que resgatar a esperança e a utopia. Não se manter refém de eleições periódicas, e sinalizar um projeto de Brasil capaz de tirar o nosso país do buraco em que se encontra, e mobilizar amplos setores nacionais frente ao desafio de reduzir drasticamente a desigualdade social.

Nada haverá de calá-lo, Lula. Mesmo quando a morte o surpreender. Faça sempre de sua voz a voz dos que não têm voz nem vez, impedidos de falar e atuar. Você representa milhões de brasileiros e brasileiras que não venderam a alma às mentiras virtuais e às infundadas acusações judiciais.

Como dizia nosso amigo Henfil, ainda que esmaguem uma flor, não haverão de deter a primavera.

Meu abraço fraterno

Frei Betto

REVOLTADO POR SER CONSIDERADO MAIS BURRO QUE LULA E DILMA NO DATAFOLHA, BOLSONARO POSTA VÍDEO COM 12 FÃS

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Bolsonaro voltou as redes sociais para demonstrar que o resultado da pesquisa que o apontou que os brasileiros o consideram como um presidente desprovido de inteligência, o incomodo; “Depois de o Datafolha publicar que ’Lula e Dilma são mais inteligentes do que Bolsonaro’, um pouco de como o povo me trata”, escreveu o presidente Jair Bolsonaro, publicando um vídeo com umas dez pessoas ao seu redor pedindo para tirar fotos.

HADDAD: TENHO CARA DE TUCANO, MAS MEU CORAÇÃO É VERMELHO E ESTÁ DO LADO CERTO DO PEITO

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Em discurso na Caravana Lula Livre em Proto Alegre, o ex-prefeito Fernando Haddad reafirmou que Lula foi condenado sem provas pelo ex-juiz Sérgio Moro; “Eu queria uma justiça sem partido. Ninguém quer um Brasil de impunidade.
Não dá para tirar alguém da corrida presidencial, que tá liderando todas as pesquisas, para construir uma narrativa, fazer uma prisão e impugnar uma candidatura”, disse; Haddad também reagiu com bom humor a críticas dirigidas a ele; “Eu acho que tenho cara de tucano, mas meu coração é vermelho e está do lado certo do peito”; assista ao discurso

O ex-prefeito Fernando Haddad (PT) e a ex-deputada Manuela D’Ávila (PCdoB), que disputaram as eleições presidenciais do anos passado, participam na tarde desta sexta-feira, 5, da Caravana Lula Livre em Porto Alegre, junto com vários líderes políticos de oposição ao governo e movimentos sociais.

Em discurso, Haddad fez uma defesa da liberdade do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, reafirmou que a sentença do ex-juiz Sérgio Moro, atual ministro da Justiça do governo de Jair Bolsonaro, que condenou Lula por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no caso do triplex do Guarujá não apresenta provas. Haddad também disse que o País precisa de uma Justiça imparcial.

“Eu queria uma justiça sem partido, uma Justiça que não olhasse para a cor, para as ideias que o réu defende para julgar”, disse ele. “Ninguém quer um Brasil de impunidade. Não dá para tirar alguém da corrida presidencial, que tá liderando todas as pesquisas, para construir uma narrativa para fazer uma prisão e impugnar uma candidatura”, disse Haddad.

Ao falar sobre as críticas dirigidas a ele por estar na esquerda e defender o ex-presidente Lula, Haddad reagiu com bom humor. “Eu acho que tenho cara de tucano, mas meu coração é vermelho e está do lado certo do peito. Eu vou ficar do lado que eu acredito porque é o lado do Brasil”, disse ele.

Sobre Moro, Haddad ironizou o ingresso do ex-juiz no Twitter, que postou uma foto segurando um calendário para “provar” que era ele mesmo. “Ele fez com Lula igual, entendeu que o negócio era prova e ninguém chegou para falar que não era prova. Ele tem dificuldade com prova”, disse Haddad. “Nós não estamos falando de uma pessoa, mas de um princípio. Mostrou a prova? Mostrou conta na Suíça? O Lula é investigado há 40 anos”, acrescentou.

DEPUTADO DO PSL QUE ATACOU COLEGA TRANS REVELA SER HOMOSSEXUAL

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Douglas Garcia, da Assembleia paulista, discutiu com Érica Malunguinho (PSOL) após afirmar que ‘arrancaria à força’ trans que estivesse em banheiro feminino

O deputado estadual Douglas Garcia (PSL), da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), provocou polêmica nesta semana, ao dizer, durante um discurso no plenário da Casa, que “arrancaria à força” uma transexual que utilizasse o banheiro feminino da Casa.

“Se por um acaso, dentro do banheiro de uma mulher que a minha mãe ou a minha irmã for utilizar, entre um homem que se sente mulher ou que pode ter arrancado o que ele quiser, colocado o que ele quiser, eu não estou nem aí. Eu vou tirar ele lá de dentro primeiro no tapa. E depois chamar a polícia para levar ele embora. Porque é esse o ponto a que chegamos no Brasil”, afirmou na ocasião.

A fala foi proferida enquanto os deputados estaduais discutiam um projeto de lei que pretende proibir que pessoas trans participem de esportes profissionais e na sequência de um discurso da deputada estadual Érica Malunguinho (PSOL). Mulher transexual, ela se considerou diretamente atingida pelo discurso de Garcia, que é líder do movimento Direita São Paulo e se elegeu pela primeira vez no ano passado.

BOLSONARO ADMITE SEU DESPREPARO: “NÃO NASCI PARA SER PRESIDENTE”

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“Às vezes me pergunto, meu Deus, o que fiz para merecer isso? É só problema”, disse o presidente Jair Bolsonaro, admitindo o seu despreparo para ocupar o cargo mais importante do país; a afirmação foi durante uma cerimônia com servidores nesta sexta-feira (5), no Palácio do Planalto; “Não nasci para ser presidente, nasci para ser militar”, enfatizou, reclamando das dificuldades de ocupar a Presidência da República.

“Não nasci para ser presidente, nasci para ser militar”, afirmou o presidente Jair Bolsonaro durante um evento com servidores do Palácio do Planalto nesta sexta-feira (5). Ele ainda reclamou das dificuldades de ocupar o cargo.

“Desculpem as caneladas, não nasci para ser presidente, nasci para ser militar, mas no momento estou nessa condição de presidente e, junto com vocês, nós podemos mudar o destino do Brasil. Sozinho não vou chegar a lugar nenhum”, disse Bolsonaro, que usou a idade para justificar seu cansaço.

Essa não foi a única reclamação de Bolsonaro sobre o exercício da presidência. “Eu me pergunto, olho pra Deus e pergunto: Meu Deus, o que eu fiz para merecer isso? É só problema”, disparou.

A declaração foi dada durante uma cerimônia de inauguração do Espaço Integridade da Ouvidoria da Presidência da República.

Ele disse que a sua eleição foi um “milagre” e lembrou do atentado que sofreu durante a campanha.

“Confesso que nunca esperava chegar na situação que me encontro. Primeiro porque sobrevivi a um atentado, um milagre. Depois, o outro milagre foi a eleição. A gente tava contra tudo, né? Imprensa, fakenews, tempo de televisão, recuso de campanha, mas respeito quem não tenha religião, mas eu tinha do nosso lado Deus”, afirmou.

Em seguida, citou mais uma vez uma passagem bíblica repetida a exaustão durante a campanha: “E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará”.

SERVIDORES ACESSARAM DADOS SIGILOSOS DE BOLSONARO E MICHELLE

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A Polícia Federal investiga dois servidores federais de Campinas (SP) acusados de acessar dados sigilosos do presidente da República, Jair Bolsonaro (PSL), e da primeira-dama, Michelle Bolsonaro. Funcionários da Receita Federal, eles teriam usado o sistema do órgão para acessar informações fiscais do casal. No início da noite desta sexta-feira (5/4), a Receita divulgou uma nota sobre o assunto. “Após identificar o acesso a informações fiscais do sr. presidente da República e de integrantes de sua família, por dois servidores, o órgão abriu sindicância para apurar as circunstâncias em que esse acesso foi realizado”, informou o órgão

“A sindicância concluiu que não havia motivação legal para o acesso e, por esta razão, a Receita [o] notificou à Polícia Federal ao mesmo tempo em que iniciou procedimento correicional, visando apurar responsabilidade funcional dos envolvidos”, completou a Receita, que não informou quando a violação teria ocorrido.

A Polícia Federal já teria, inclusive, realizado diligências relacionadas ao caso.
Servidores já teriam sido identificados
Mais tarde, a Receita Federal revelou já ter identificado os dois servidores que acessaram os dados do presidente e da primeira-dama de maneira ilegal. Um deles seria Odilon Ayub Alves, irmão da deputada federal Norma Ayub (DEM-ES), do DEM.

Para o líder da sigla na Câmara, deputado federal Elmar Nascimento (DEM-BA), a ligação entre Odilon e a deputada Norma Ayub não é motivo para indicar qualquer relação da parlamentar com o caso.

Episódio “gravíssimo”
Após a divulgação do episódio, líderes de partidos políticos se manifestaram nesta noite, condenando o acesso ilegal a dados sigilosos do presidente da República e de sua mulher.

A líder do governo no Congresso, deputada Joice Hasselmann (PSL-SP), afirmou que o acesso irregular a dados fiscais de Bolsonaro e familiares é “gravíssimo” e significa roubo de dados do mandatário. “É gravíssimo. Isso é caso de polícia. É roubar dados fiscais do presidente”, protestou.

Já os líderes do PSDB, Carlos Sampaio (SP), e do DEM, Elmar Nascimento (BA), na Câmara afirmaram que o caso precisa ser investigado com seriedade pela Polícia Federal.

“Se até o presidente da República sofre abuso de poder, imagina o que acontece com o cidadão comum no dia a dia”, afirmou Elmar. “Sem dúvida a quebra de sigilo, sem autorização judicial, é muito grave”, ressaltou Sampaio.

Brasília(DF), 01/01/2019 – Posse do presidente eleito Jair Bolsonaro em Brasília – Na foto Michelle Bolsonaro durante pronunciamento na lingua dos sinais – Foto: Daniel Ferreira/Metrópoles

UNIVERSIDADE DOS EUA CONFIRMA 4.900 CONTAS FAKES PRÓ-BOLSONARO NO TWITTER, DIZ A VEJA

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Aos olhos do visitante virtual, Mariângela é uma mulher de meia-idade, provavelmente avó de uma garotinha loira. Ambas sorriem para a foto estampada no Twitter de Mariângela, que se define como “conservadora de direita” e “patriota” em busca de “um Brasil melhor e sem comunismo”.

No fecho do manifesto, “deus (em minúscula) acima de todos”. Não há fotos pessoais, nem localização, nem dados específicos sobre a tal senhora, mas causa espanto sua dedicação à rede social: entre os dias 24 e 25 de março, ela cravou nada menos do que 225 tuítes, a maioria de madrugada, em alguns momentos com menos de 10 segundos de intervalo entre as postagens. Uma verdadeira máquina de tuitar.

Em um prazo um pouco mais largo, entre os dias 21 e 29 de março, a fúria digitadora de dona Mariângela seguiu forte e ela foi responsável pela maior quantidade de posts contendo as hashtags de apoio ao presidente Jair Bolsonaro que chegaram aos assuntos mais comentados nas redes no período: #aimprensamente, a campeã, mencionada mais de 27,7 mil vezes no Twitter, seguida por #bolsonarotemrazao e #somostodosallan (em referência ao ativista Allan dos Santos, do site Terça Livre), respectivamente com 12,4 mil e 10,3 mil menções. Depois de passar incólume por vários “exames” virtuais, na última semana determinou-se que Mariângela é literalmente uma máquina: o nome virtual @mariang69423516 foi classificado como robô pelo Botometer, um detector de bots desenvolvido pela Universidade do Indiana.

Ao todo, cerca de 30.000 perfis foram responsáveis pela propagação destas e outras dezessete hashtags bolsonaristas naqueles nove dias de março, de acordo com um levantamento realizado pelo NetLab, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, a pedido de VEJA. Destes, cerca de 4.900 foram claramente identificados como robôs pelo Botometer, mas na estimativa dos pesquisadores esta é só a ponta do iceberg.

CIRURGIA CARDÍACA DE JAGGER FOI UM SUCESSO E O ROLLING STONE DEVERÁ TER ALTA NO FIM DE SEMANA

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Os fãs de Mick Jagger já podem respirar aliviados: a cirurgia cardíaca a qual o líder dos Rolling Stones se submeteu nessa quinta-feira, em Nova York, foi um sucesso, e tudo indica que ele receberá alta no fim de semana, informa Anderson Antunes no Glamurama.

Jagger, de 75 anos, colocou um stent (um tipo de mola usado para prevenir a obstrução de vasos) no coração, algo bastante comum para pessoas nas mesma faixa etária dele – cá entre nós, o intérprete de “You Can’t Always Get What You Want” se diferencia dos demais “idosos” porque vive como se fosse um adolescente…
Por causa do procedimento, o roqueiro e seus colegas de banda decidiram adiar temporariamente os shows da turnê mundial “No Filter” que fariam nos Estados Unidos entre os dias 20 de abril e 29 de junho, mas em no máximo duas semanas o grupo deverá anunciar novas datas para as apresentações. Na estrada desde setembro de 2017, eles já venderam US$ 237,8 milhões (R$ 917,4 milhões) em ingressos, e definitivamente não conseguem ficar muito tempo longe dos palcos.

FHC: Governo Bolsonaro é pior do que eu imaginava porque “não vi nada” até agora

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O ex-presidente do Brasil Fernando Henrique Cardoso disse, em entrevista a BBC News Brasil, que a administração Bolsonaro “precisa andar depressa” para convencer parlamentares e população sobre agendas importantes, como a reforma da Previdência. “Quando não há programa o governo fica muito frágil, e o Congresso derruba.”
No fim de 2018, quando perguntado sobre suas expectativas em relação ao governo de Jair Bolsonaro, o ex-presidente era cauteloso: dizia preferir esperar as ações do líder recém-eleito para avaliar se seus “temores” se confirmariam. Hoje, há três meses sob a nova administração, o tucano é mais taxativo. Bolsonaro, diz, é pior do que ele esperava. Quase cem dias depois da posse, o sociólogo de 87 anos afirma não ter visto “nada” do governo.
“Por que ele foi eleito? Ele falou temas que sensibilizaram: violência e corrupção, basicamente. Temas que pegaram a onda. Mas ele não disse ‘eu vou fazer um Brasil de tal a qual modo’. Tanto que agora ele não sabe o que vai fazer. Vai mudar o quê?”.
Para o ex-presidente, a nova gestão está sem rumo. As falhas, na sua análise, são muitas: falta projeto para o país, falta aprender a se relacionar com o Congresso, falta até se comunicar com a população para explicar medidas consideradas fundamentais pelo governo, como a reforma da Previdência.
Ele cita a experiência do Plano Real, quando, como ministro, liderou a articulação em prol da aprovação da proposta. “Não tinha medo de bicho papão. Fui falar do Plano Real até no programa Silvio Santos”, diz. “Na reforma da Previdência, o presidente tem que se meter. Ou algum ministro que seja quase presidente.”
Mesmo o ministro da Economia, Paulo Guedes, que foi duas vezes ao Congresso tratar da reforma da Previdência, esbarra no tom de “professor” ao falar com os parlamentares, diz FHC.
“Fui ouvir o debate com o ministro da Economia no Senado. Bom, ele dizia coisa com coisa, né? Abstratamente. Agora, quando chegava o negócio da política, ele dizia ‘mas não é meu terreno’. Como não é seu terreno? Ou tem o terreno da política ou não existe a transformação do governo num objetivo e num processo.”
Distante das atividades do PSDB desde que deixou a Presidência (“nem sei onde fica o diretório”), mantém contato com alguns de seus pares na sigla. Os mais frequentes, diz, são o ex-governador Geraldo Alckmin e os senadores Tasso Jereissati e José Serra. “E o (governador João) Doria, mais raramente…”

Pesquisa XP do mercado financeiro: avaliação positiva de Bolsonaro segue em queda e otimismo com mandato despenca 13 pontos

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A menos de uma semana de completar 100 dias de governo, o presidente Jair Bolsonaro (PSL) mantém trajetória descendente em seu nível de aprovação e carrega números piores do que seus quatro antecessores imediatos eleitos (Dilma Rousseff, Luiz Inácio Lula da Silva, Fernando Henrique Cardoso e Fernando Collor de Melo) no mesmo momento de seus respectivos mandatos.

É o que mostra a sexta edição da pesquisa mensal XP/Ipespe, realizada entre os dias 1º e 3 de abril. Segundo o levantamento, as avaliações positivas (“ótimo” e “bom”) atribuídas pelos entrevistados ao governo caíram de 40% para 35% de janeiro para cá. No mesmo período, o nível “regular” oscilou de 29% para 32%, ao passo que as avaliações negativas subiram de 20% para 26%.
A XP/Ipespe também mostrou que, para 50% dos entrevistados, Bolsonaro deverá fazer um governo ótimo ou bom, desempenho 13 pontos percentuais menor do que o registrado em janeiro. Do lado negativo, as expectativas por uma gestão ruim ou péssima foram de 15% para 23% no período. A pesquisa ouviu 1.000 eleitores de todas as regiões do país e tem margem máxima de erro de 3,2 pontos percentuais para cima ou para baixo.