BOLOSONARO FAZ NESTLÉ COGITAR NÃO COMPRAR CARNE E CACAU PRODUZIDOS NA AMAZÔNIA

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BOLOSONARO FAZ NESTLÉ COGITAR NÃO COMPRAR CARNE E CACAU PRODUZIDOS NA AMAZÔNIA
Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

A empresa, que possui 31 fábricas no Brasil, disse estar “profundamente preocupada” com a devastação da Amazônia e pretende rever a compra de subprodutos da região

Revista Fórum – O boicote aos produtos brasileiros por conta do avanço do desmatamento e das queimadas na Floresta Amazônica pode chegar também à multinacional alimentícia Nestlé. A empresa, que tem 31 fábricas no Brasil, anunciou estar “profundamente preocupada” com a devastação da floresta e que está revendo a compra de subprodutos de carne e cacau da região.

Depois de 18 marcas internacionais de vestuário cancelarem a compra de couro brasileiro, foi a vez da Nestlé se posicionar e afirmar que pretende rever suas políticas com relação a produtos de origem amazônica para garantir alinhamento com o padrão de fornecimento responsável.

“Desenvolvemos o Padrão de Fornecimento Responsável da Nestlé, que nossos fornecedores precisam respeitar e aderir em todos os momentos. Se forem identificadas lacunas, nos envolvemos com os fornecedores para entregar planos de mitigação e rastrear a eficácia das ações tomadas”, disse a empresa em nota, destacando o óleo de palma, soja, carne e cacau.

A Nestlé ainda destaca que se comprometeu, em 2006, com a Moratória da Soja. “Nos comprometemos com a Moratória da Soja da Amazônia, um acordo voluntário liderado pela indústria para garantir que, desde 2006, os comerciantes não comprem soja cultivada na Amazônia em terras desmatadas. Nós também monitoramos nossos fornecedores de carne por meio de monitoramento por satélite”, destacou.

Veja também:  Vídeo: Caetano Veloso canta à capela “Um Índio” em ato de defesa da Amazônia

Desde 1921 no Brasil, a Nestlé possui 31 fábricas espalhadas pelo território nacional e é responsável por 20 mil postos de trabalho diretos e 200 mil indiretos.

Nestlé e as águas

Apesar do compromisso com a região amazônica, a Nestlé é alvo de muitas críticas, que remontam desde 2014, com relação às águas no Brasil. Em março do ano passado, a empresa foi alvo de protestos durante o Fórum Internacional das Águas devido ao interesse da multinacional em privatizar o aquífero Guarani com a chancela do então presidente Michel Temer. A sede da Nestlé em São Lourenço, Sul de Minas Gerais, foi ocupada por 600 mulheres sem terra.

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MEIO AMBIENTE | EM 33 ANOS, BRASIL PERDEU 89 MILHÕES DE HECTARES DE FLORESTAS

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MEIO AMBIENTE | EM 33 ANOS, BRASIL PERDEU 89 MILHÕES DE HECTARES DE FLORESTAS
Gráfico mostra evolução da cobertura florestal e do uso da terra no Brasil até 2017 / Foto: Reprodução

Dados da plataforma MapBiomas mostram que pastagens e plantações cresceram na mesma proporção no período

Redação | Brasil de Fato | São Paulo (SP) – Nos últimos 33 anos o Brasil perdeu 89 milhões de hectares de florestas, o equivalente aos estados da Bahia e do Maranhão somados. Mais da metade da perda, 47 milhões de hectares, aconteceu na Amazônia.

Ao mesmo tempo, as áreas de pastagem e plantações cresceram 86 milhões de hectares em igual período. Os dados são do sistema MapBiomas – iniciativa do Observatório do Clima que monitora todos os biomas do país.

Os resultados foram apresentados na quinta-feira (29) e mostram também que 59% do Brasil ainda é composto de florestas. Em 1985, eram 69%. Já a área de pastagens e plantações no período, em relação ao território total, subiu de 20% para 31%.

A plataforma de análise de dados de satélite é organizada em parceria com ONGs, universidades, fundações e empresas de tecnologia, entre elas o Google.

Edição: João Paulo Soares

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BOLSONARO ESPERA AJUDA DE TRUMP E TELEFONEMA DE MERKEL SOBRE AMAZÔNIA

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BOLSONARO ESPERA AJUDA DE TRUMP E TELEFONEMA DE MERKEL SOBRE AMAZÔNIA
Bolsonaro espera ajuda de Trump e telefonema de Merkel sobre Amazônia

Folha Uol Noticias | Fábio Fabrini – O presidente Jair Bolsonaro pediu ajuda ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e aguarda um telefonema da chanceler alemã, Angela Merkel, numa tentativa de ganhar apoios e pacificar a crise internacional sobre a Amazônia.

Em entrevista nesta sexta (30), ao sair do Palácio da Alvorada, ele disse que o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, e seu filho Eduardo Bolsonaro —que tenta emplacar como embaixador em Washington— devem fazer em breve algum anúncio sobre conversa com Trump.

A declaração se deu em contexto sobre ajuda financeira ao Brasil para conter a devastação de incêndios e desmatamentos na floresta.

“Talvez tenha novidade logo mais. O Ernesto, o Eduardo estão lá nos Estados Unidos. Talvez eles tenham algo para nos adiantar da conversa com o Trump. Eu pedi para o Trump para nos ajudar. O Trump tem dito também que não poderia tomar uma decisão sem ouvir o Brasil. O Brasil é um país amigo de todo mundo. Eu sou diplomata”, disse Bolsonaro.

O presidente não deu detalhes sobre o que estaria sendo negociado com a Casa Branca.

Ele confirmou que falará com Merkel por telefone nesta sexta, mas não quis esmiuçar os termos da conversa. “Não sei [o que será tratado], ela que vai ligar para mim. Quando minha esposa liga para mim, ela que fala o assunto, e não eu”, comparou.

Perguntado sobre seu recado à chanceler, semanas atrás, para reflorestar a Alemanha com dinheiro oferecido ao Brasil, ele reagiu: “Você quer complicar agora? Ela quer namorar comigo, você quer complicar. Não é só a Alemanha. A Europa toda, junta, não tem lições para nos dar no tocante à preservação do meio ambiente”.

Bolsonaro voltou a criticar duramente líderes europeus contrariados sua política ambiental, em especial o presidente francês, Emmanuel Macron, que aventou a criação de um status internacional para a floresta.

“Hoje está previsto receber um telefonema da Angela Merkel. Ela começou com um tom, depois foi para a normalidade. Estou pronto para conversar com qualquer um, exceto nosso querido Macron, a não ser que ele se retrate sobre a nossa soberania da Amazônia”, afirmou.

O presidente brasileiro disse que o governo está disposto a receber “qualquer recurso individual, de um país ou outro”. “Agora, o Macron, ele quer doar em nome do G7, isso não é verdade.”

Indagado várias vezes, Bolsonaro não respondeu sobre ter apagado o post no qual ofendeu a primeira-dama francesa, Brigitte Macron.

Ele comentou manifestação de um internauta que comparou a aparência dela com a da primeira-dama brasileira, Michelle Bolsonaro.

Questionado sobre  decisão de algumas marcas internacionais, que interromperam a compra de couro brasileiro por dúvidas a respeito da sustentabilidade do processo de produção, Bolsonaro foi, primeiro, taxativo: “Fake news!”

Informado por jornalistas de que as próprias empresas haviam anunciado  a decisão, ele disse: “Se confirmou, agora vou ligar para a Tereza Cristina [ministra da Agricultura] e ver o que a gente pode fazer. É precipitado também”.

Bolsonaro voltou a dizer que sua política será a de não demarcar mais nenhuma terra indígena no Brasil, embora esta seja uma imposição constitucional.

Ele afirmou que não pretende desfazer nenhuma demarcação, mas que, se houver irregularidade em alguma, isso é possível.

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NORDESTE VIRA PALCO DE GUERRA FRIA TECNOLÓGICA ENTRE EUA E CHINA

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NORDESTE VIRA PALCO DE GUERRA FRIA TECNOLÓGICA ENTRE EUA E CHINA

Uol Notícias | Patrícia Campos Mello – Enquanto os EUA pressionam o governo Bolsonaro para barrar certos investimentos chineses no país, empresas de tecnologia da China, inclusive as banidas pelo governo americano, aumentam seus laços e suas vendas a governos do Nordeste do Brasil.

As empresas chinesas de tecnologia Huawei, ZTE, Dahua e Hikvision, todas sob algum tipo de embargo americano sob acusação de representarem ameaça à segurança nacional, estão negociando ou fornecendo serviços e produtos no Nordeste.

O intercâmbio entre a China e os nove estados nordestinos nunca foi tão intenso. Só neste ano, quatro governadores e dois vice-governadores da região estiveram no país asiático —e a peregrinação de secretários foi ainda maior. A China também mandou inúmeras comitivas para os estados.

O grupo Consórcio do Nordeste, formado no início do ano por governos estaduais para promover parcerias na região, vai lançar em breve o programa Nordeste Conectado, uma PPP (parceria público-privada) para instalar milhares de quilômetros de fibra ótica e conectar os estados.

“A Huawei e a ZTE estudam as etapas de tele-educação, tele segurança e tele saúde, e estão muito interessadas no projeto Nordeste Conectado”, disse à Folha o governador do Piauí, Wellington Dias (PT). A ZTE investe no projeto Piauí Conectado, PPP para instalação de 5.000 quilômetros de rede de fibra óptica.

Os estados da região também querem se unir para comprar sistemas de monitoramento para segurança pública, aproveitando a experiência do país na área. Câmeras de companhias como Dahua Technology e Hikvision são usadas pelo governo chinês para monitorar cidadãos da minoria muçulmana uigure na província rebelde de Xinjian.

Segundo Lucas Kubaski, gerente da área de pré-vendas da Dahua, o Consórcio do Nordeste está muito interessado nas tecnologias para segurança e câmeras que fazem reconhecimento facial.

As câmeras conseguem detectar a expressão —tristeza ou alegria, por exemplo—, além de tipo e cor de roupa usadas e a idade aparente.

Na China, segundo ele, as câmeras ficam posicionadas em entradas de metrô, aeroportos, rodoviárias e conseguem mapear quem entra e sai das cidades. “Serve tanto para segurança quanto para encontrar pessoas perdidas.”

A Dahua, que fabrica câmeras com capacidade de reconhecimento facial e que entrou em agosto na lista de empresas vetadas pelos EUA, já fornece equipamentos para os governos de Pernambuco e Bahia, além de participar de uma licitação do metrô de São Paulo.

A cidade, aliás, foi pioneira: recebeu mil câmeras em 2017.

Também no estado de São Paulo, cujo governador, João Dória, inaugurou um escritório comercial em Xangai neste mês, a Huawei anunciou o plano de abrir uma fábrica para montagem de celulares, com investimento de US$ 800 mi.

Na Bahia, foram investidos mais de R$ 18 milhões no sistema de reconhecimento facial da chinesa Huawei. Segundo o governo, a tecnologia permite à polícia baiana comparar os rostos de pessoas que circulam nos locais onde as câmeras estão instaladas com os do banco de dados da Secretaria de Segurança Pública.

O Ceará estuda ampliar seu sistema Spia, de videomonitoramento, com parcerias com a Dahua. Em Pernambuco, foram compradas 1.380 câmeras da mesma empresa para segurança no metrô.

“As empresas chinesas de telecomunicações estão participando ativamente da cooperação de cidades inteligentes e seguras, governança eletrônica e comércio eletrônico no Nordeste”, disse à Folha a cônsul da China no Recife, Yan Yuqing.

“Estamos dispostos a contribuir para o desenvolvimento da tecnologia de informação no Brasil sob o Belt and Road Initiative [BRI ou, informalmente, Nova Rota da Seda]“, afirma ela, em referência ao maior projeto do governo chinês para ter acesso a mercados internacionais por meio de obras de infraestrutura.

Os EUA tentam convencer o presidente Bolsonaro a seguir países como Austrália, Nova Zelândia e Taiwan, que vetaram investimentos e produtos de empresas chinesas para contratos públicos, fornecedores do governo ou qualquer um que receba empréstimo do governo.

Em visita ao Brasil no início de agosto, o secretário de Comércio dos EUA, Wilbur Ross, alertou, em entrevista ao jornal Valor Econômico, para o perigo de comprar tecnologias sensíveis como produtos para a rede 5G de certos países. Também afirmou que a China obriga suas empresas a cooperarem com serviços militares e de inteligência do Estado.

Em resposta, o embaixador da China no Brasil, Yang Wanming, afirmou que esses comentários visam a “lançar calúnias sobre produtos chineses, alegando riscos de segurança, e a atrapalhar a cooperação econômica e comercial normal entre a China e os demais países do mundo”.

Os EUA, com quem o Brasil vem estreitando laços diplomáticos, têm um apoio precioso dentro do bolsonarismo. Em janeiro, o escritor Olavo de Carvalho, guru ideológico dos Bolsonaros, criticou a ida de uma comitiva de parlamentares do PSL à China para conhecer o sistema de reconhecimento facial do país.

“Instalar esse sistema nos aeroportos brasileiros é entregar ao governo chinês as informações sobre todo mundo que mora no Brasil”, disse.

Um executivo de uma empresa chinesa afirma que, com a desconfiança do governo federal, a China aposta cada vez mais na relação com os estados.

A relação de Jair Bolsonaro com governadores da região, a maioria deles de oposição, é tensa. O presidente já os ofendeu, chamando-os de “governadores de Paraíba”, termo pejorativo para se referir a nordestinos, e chegou a ameaçar restringir recursos federais para os estados.

“Não vou negar nada para esses estados, mas se eles quiserem realmente que isso tudo seja atendido [verbas federais], eles vão ter que falar que estão trabalhando com o presidente Jair Bolsonaro. Caso contrário, eu não vou ter conversas com eles”, disse.

Em carta de resposta a Bolsonaro, os governadores nordestinos afirmaram ter recebido “com espanto e profunda indignação a declaração do presidente da República transmitindo orientações de retaliação a governos estaduais.”

Para governadores do Nordeste, os investimentos chineses são vistos como a salvação, em meio à penúria orçamentária da maioria dos estados e a economia anêmica no país.

“O único país que investe maciçamente é a China, que ainda oferece empréstimos do banco de desenvolvimento com juros subsidiados”, diz o vice-governador do Maranhão, Carlos Brandão (PRB), que foi seis vezes à China desde 2016.

O Brasil está em recessão, e os estados brasileiros migraram para a China, já que no Brasil não conseguimos investimento. Aqui as empresas estão esperando a reforma tributária, da Previdência.”

Para Brandão, essa briga deve ter final semelhante à iniciativa de transferir a embaixada brasileira de Tel Aviv para Jerusalém. Após forte reação negativa, foi engavetada.

“Vamos trabalhar com todos os países que aqui queiram investir, e a China é quem tem melhores condições; os interesses do povo brasileiro vão prevalecer, independentemente das ideologias”, diz Dias, governador do Piauí.

Para Camilo Santana (PT), governador do Ceará, a China, com a Huawei, oferece o que há de melhor em tecnologia. “É um equívoco do Brasil manter essa postura, precisamos é ampliar nossas relações com a China”, afirma.

Questionada sobre a possibilidade de a pressão americana prejudicar os negócios das empresas chinesas no Brasil, a cônsul Yan Yuqing afirma que “todos os estados do Nordeste criaram oportunidades para as empresas progredirem”.

“A China e o Brasil possuem amplos interesses em comum. Acreditamos que o governo brasileiro, juntamente ao chinês, poderá defender o sistema de comércio multilateral e as regras do comércio mundial.”

Para o advogado Walfrido Warde, presidente do Instituto para Reforma das Relações entre Estado e Empresa , com esses investimentos, o governo chinês está demonstra que tem interesse duradouro no Brasil, e não quer apenas acesso a matérias primas.

“Cabe ao governo Bolsonaro saber explorar a guerra comercial entre EUA e China.”

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EXPOINTER 2019: COM DRONES E PLANTADEIRAS SUPER RÁPIDAS, EXPOSIÇÃO ALIA TRADIÇÃO E TECNOLOGIA

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EXPOINTER 2019: COM DRONES E PLANTADEIRAS SUPER RÁPIDAS, EXPOSIÇÃO ALIA TRADIÇÃO E TECNOLOGIA

Alguns equipamentos possibilitam o monitoramento da produção no campo de dentro de casa ou de um escritório

Agência do Rádio | Repórter Cintia Moreira. – Desde o dia 24 de agosto, o município de Esteio, Rio Grande do Sul, é palco da Expointer, a maior exposição agropecuária da América Latina. O evento é marcado, sobretudo, por uma programação que alia tradição e tecnologia.

Além das exposições dos animais, os leilões, os shows de música e dança, as deliciosas comidas típicas e as premiações, há também os maiores fabricantes nacionais e internacionais de máquinas e implementos agrícolas, que apresentam os mais recentes lançamentos do setor.

Nesta semana, por exemplo, ocorreu o lançamento de um drone agrícola, chamado XAIRCRAFT, feito com fibra de carbono e liga de alumínio. Segundo o engenheiro de campo da LS Tractor, Rodrigo Bulman, o equipamento tem sensores infravermelhos que permitem a realização de operações de alta precisão. Para se ter ideia, o drone tem hélices projetadas para abrir as plantas e fazer o trabalho de pulverização de maneira mais eficiente.

“É o sistema mais tecnologicamente avançado disponível. É um sistema que consegue identificar a cultura, adaptar padrões de voo perante ao tamanho da cultura, identificar obstáculos e evitá-los. Permite voos noturnos, permite voos em conjunto, identifica e copia o relevo de forma extremamente eficiente e, tudo isso, de forma automática, de fácil controle, com um celular na palma da mão e o mínimo contato com os defensivos (agrícolas)”, disse.

E olha só que bacana: o controle e o monitoramento da produção no campo pode ser feito, por exemplo, dentro de casa ou de um escritório. De acordo com o gerente geral da Colven Brasil, Benjamin Cusit, por meio da telemetria é possível identificar cada detalhe da produção no dia.

“Através da telemetria, a gente pode fazer um monitoramento de tudo o que acontece no campo. Então, dentro da minha casa, do meu escritório, eu posso identificar as horas de trabalho da unidade, posso identificar as horas que foram produtivas, se o motor ficou ligado em tempo ocioso eu vou receber alarme e também vou identificar os talhões que foram trabalhados. Então, eu vou poder conhecer que um trator fez cinco hectares hoje, outro fez vinte, poder controlar esse diferencial de porque aconteceu e poder trabalhar e aumentar a produtividade dentro do campo”, comentou.

E as novidades não pararam por aí. Na Expointer é possível ver a única plantadeira do mundo que consegue plantar a uma velocidade de 16 km/hora; uma colheitadeira que tem câmeras com algoritmos capazes de identificar se há grãos quebrados na colheita, tira três fotos por minuto e realiza um ajuste em seu sistema a cada três minutos.

É possível ver também tratores totalmente conectados com a internet por meio de torres de transmissão, mesmo em locais onde as operadoras móveis não alcançam.

A maior feira agropecuária da América Latina também conta com oficinas de “Tecnologia de Aplicação de Defensivos Agrícolas” e com workshops de “Tecnologias Aplicadas no Gerenciamento de Água no Meio Ambiente Urbano e Rural”.

Quer saber mais? Acesse www.expointer.rs.gov.br.

 

AGRO É FOGO | ABERTURA DA 18ª JORNADA DE AGROECOLOGIA DESTACA ALTERNATIVAS AO AGRONEGÓCIO

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AGRO É FOGO | ABERTURA DA 18ª JORNADA DE AGROECOLOGIA DESTACA ALTERNATIVAS AO AGRONEGÓCIO
Teatro da reitoria da UFPR ficou lotado na noite desta quinta-feira (29) / Foto: Lia Bianchini

Ato político-cultural contou com apresentações culturais e místicas do coletivo de juventude do MST

Lu Sudré | Curitiba | Paraná (PR) – Com músicas, místicas e apresentações culturais, o coletivo de juventude do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST), deu início ao ato político-cultural de abertura da 18ª Jornada de Agroecologia na noite desta quinta-feira (29).

O evento reúne dezenas de produtores rurais com o objetivo de trocar experiências e debater a produção e o cultivo de produtos agroecológicos. Durante os quatro dias da Jornada, as diversas atividades, formações e oficinas acontecem nas dependências da Universidade Federal do Paraná (UFPR).

Com as frases “o agro não é pop, o agro é fogo”, os jovens sem-terra criticaram a utilização do veneno pelo agronegócio, relembrando que o setor também patrocina ações violentas como as queimadas que estão destruindo a Amazônia nas últimas semanas.

Presente na abertura da 18ª Jornada, a atriz Guta Stresser declamou um texto de sua autoria comemorando a realização do evento.

“A agroecologia toca as diversas esferas da vida. Se constitui como prática social, como luta, como ciência. Produz alimentos saudáveis, fortalece a saúde, cuida da terra. Preserva as águas, resgata e valoriza os conhecimentos e práticas ancestrais. Exige que o Estado se responsabilize na execução de políticas e programas. Por uma terra livre de transgênicos e sem agrotóxicos, cultivando a biodiversidade e colhendo a soberania alimentar, construindo um projeto popular para a agricultura. Viva as jornadas de agroecologia”, declamou a atriz.

O ato político-cultural também contou com a presença de Leandro Gorsdorf, pró-reitor de Extensão e Cultura da UFPR, que saudou o espaço e os organizadores do evento. Após as místicas do coletivo de juventude do MST, ele afirmou que enxerga a cultura e a juventude como as grandes forças que podem transformar o mundo.

Para Gorsdorf, a lógica de perseguição aos movimentos sociais do campo e da cidade é a mesma que tenta calar o pensamento crítico inerente às universidades.

“Todo esse processo de retrocesso de direitos, da devastação da Amazônia, da atuação contra as comunidades tradicionais, de liberação de agrotóxicos, está na mesma ordem de todo o processo que ataca as universidade públicas. Esse processo está articulado por entenderem que a universidade pública é e sempre será um lugar de liberdade de pensamento e expressão. A jornada de agroecologia não poderia ser em outro lugar senão dentro dessa casa que é a universidade”, frisou o pró-reitor.

Olympio de Sá Sotto Maior, procurador de Justiça e coordenador da área de Direitos Humanos do Ministério Público do Paraná (MP-PR), também prestou solidariedade ao evento.

Para ele, a agroecologia é mais do que uma forma saudável do cultivo da terra, mas também uma forma de pensar outra sociedade. O promotor ainda assegurou que os movimentos do campo podem contar com o Ministério Público do estado para apoiar projetos voltados à educação no campo.

“Precisamos de uma sociedade que seja progressivamente melhor e mais justa. Precisamos da escola que tome partido, que tome partido a favor da democracia, da justiça social. Precisamos da escola que resista a esse momento de tragédia anti-civilizatória”, declarou Maior.

Já Ceres Hadich, da coordenação nacional do MST, comemorou que a Jornada da Agroecologia tenha chegado à sua maioridade envolvendo diferentes gerações em defesa da vida.

Pessoas que, segundo ela, buscam construir a agroecologia como um propósito de vida em um mundo no qual o agronegócio se demonstra cada vez mais insustentável.

“Esse modelo mata, queima e destrói. Ele expulsa, violenta, corrompe. É incapaz de conviver com outros, incapaz de cooperar. Por isso precisamos denunciar o agronegócio, que é a expressão do capitalismo no campo”, defendeu.

A dirigente comentou ainda que a Jornada de Agroecologia reúne exemplos reais de alternativas consistentes contra os agrotóxicos.

“É uma nova possibilidade de vida pro mundo e pra classe trabalhadora. Um projeto emancipatório, libertador e transformador. Quando anunciamos nossos lemas na Jornada, ’terra livre de transgênicos e sem agrotóxicos’, estamos construindo um projeto popular e soberano de agricultura”, ressaltou Hadich.

Edição: Rodrigo Chagas

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FRANÇA ENFRENTA OBSTÁCULOS PARA PRESERVAR SUA PARTE DA AMAZÔNIA

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FRANÇA ENFRENTA OBSTÁCULOS PARA PRESERVAR SUA PARTE DA AMAZÔNIA
O presidente da França, Emmanuel Macron, tem se posicionado, principalmente com sua reação às queimadas na Amazônia, como um líder sensível à causa ambiental.

Uol Noticias | Lucas Neves – A situação na Amazônia francesa, contudo, é tão complexa quanto na porção brasileira. Ativistas e uma fonte ligada ao governo brasileiro que atua na Guiana Francesa dizem que o telhado do presidente francês é de vidro.

A floresta cobre cerca de 95% desse departamento francês de 296 mil habitantes, que faz fronteira com o Amapá. Por lá, e também na dita França metropolitana (na Europa), um dos projetos de extrativismo mais contestados atualmente é o da Montanha de Ouro, que ocuparia 800 hectares (8 km²) no noroeste guianense.

A operação da joint venture russo-canadense Montanha de Ouro previa o uso de 46,5 mil toneladas de cianureto (substância altamente tóxica) e de 57 mil toneladas de explosivos para arrancar 85 toneladas de ouro em 12 anos.

No começo de 2019, o Comitê para a Eliminação da Discriminação Racial da ONU exortou a França a reabrir a consulta pública sobre o megaempreendimento e levar em conta as reticências das populações indígenas locais.

Em maio, invertendo o discurso que adotara no começo de seu mandato, em 2017, Macron afirmou que a iniciativa não lhe parecia compatível com a política ambiental francesa. Duas semanas depois, o então ministro da Transição Ecológica, François de Rugy, acrescentou que ela não se concretizaria.

A empresa responsável reagiu, prometendo ajustar o projeto às exigências dos atores envolvidos e lembrando que ele criará 750 postos de trabalho —a taxa de desemprego no território é de 19%.

Os entusiastas da Montanha de Ouro ressaltam justamente seu potencial econômico e lembram que ela ocupará apenas 0,01% da área total do departamento.

Enquanto punha em questão o sinal verde à maior mina a céu aberto da França, em maio, o governo concedia a outra firma uma licença de exploração em uma segunda área.

De acordo com as Forças Armadas francesas, há cerca de 130 permissões para extração de minério no território. Nesse setor formal, a produção de ouro em 2016 foi de 1,3 tonelada, gerando um faturamento de 45 milhões de euros (R$ 207 milhões).

O garimpo ilegal exibe números bem mais robustos, com produção anual estimada em até nove toneladas e receita na casa dos 200 milhões de euros (R$ 922 milhões).

Um terço da população guianense é formada por cidadãos do Brasil. Desses, calcula-se que 10 mil trabalhem em minas irregulares. Uma fonte do governo brasileiro conta que todo dia chegam relatos de homicídios ligados direta ou indiretamente à disputa pelo ouro. Muitas mulheres são vítimas de tráfico e exploração sexual.

De acordo com essa mesma pessoa, a população local vê incongruência entre a preocupação de Paris com o fogo na Amazônia brasileira e o que é percebido como falta de pulso do governo francês em relação ao garimpo ilegal —cujo combate se concentra na apreensão e destruição do maquinário empregado nas minas.

Segundo dados da Global Forest Watch, iniciativa da WRI (World Resources Institute), o território francês perdeu 37,4 km² de floresta em 2018. Parte do desmatamento está relacionado à mineração —sobretudo a ilegal— e outra, maior, a atividades agrícolas. De acordo com um estudo divulgado em 2012 pela ONG WWF, cerca de 41% do desmate nas Guianas (Guiana, Suriname e Guiana Francesa) está relacionado à atividades de mineração.

Na Amazônia do Brasil também ocorre a destruição de maquinário, quando, por exemplo, o transporte e a guarda dos veículos forem inviáveis ou possam expor o meio ambiente a riscos significativos ou comprometam a segurança da população e dos agentes públicos envolvidos na fiscalização.

Segundo estudo da ONG WWF, um acordo bilateral assinado entre Brasil e França em 2008 reduziu a mineração ilegal em 20%.

O presidente brasileiro Jair Bolsonaro (PSL), porém, é contra esse tipo de destruição e já chegou a desautorizar operação em andamento do Ibama contra madeira ilegal em Rondônia.

A Guiana Francesa destina quase 50% do seu território a áreas de proteção ambiental, segundo o WWF. No Brasil, as áreas protegidas também ocupam mais de 40% da Amazônia brasileira, de acordo com dados da ONG Imazon.

No departamento francês, é proibido o uso de mercúrio na mineração, porém, tal utilização ainda é amplamente presente nos campos ilegais de mineração, o que contamina rios e solo.

Também é comum a sobreposição de áreas de proteção e de reservas ricas em ouro, segundo relatório do WWF, o que pode acabar colocando em risco os territórios protegidos. Um exemplo disso é o Parc Amazonien, área de preservação de 3,3 milhões hectares (33 mil km²) ao sul da Guiana Francesa. Tal parque faz divisa com áreas de proteção brasileiras, como o Parque Nacional Montanhas do Tumucumaque.

Em 2017, o confisco de ouro ilegal foi da ordem de 14 milhões de euros (R$ 64,5 milhões), conforme a Defesa da França.

No entanto, as penas previstas para autores de crimes ambientais no país são pouco severas e, assim, exercem baixo poder de dissuasão —restringem-se, na maior parte das vezes, a multas. No Brasil, também são dadas multas e a maior parte não é paga. O próprio Bolsonaro, então deputado federal, foi multado por pesca ilegal, em 2012. A multa prescreveu sem o seu pagamento. Sob a presidência de Bolsonaro, multas contra desmatamento caíram 23%.

Segundo lideranças indígenas da Guiana, além da mineração, a agricultura ameaça a Amazônia francesa.

Há iniciativas, afirmam esses representantes, que pleiteiam (e recebem) subvenções da União Europeia para o setor, mas deixam apenas um rastro de imensidões descampadas sem qualquer atividade produtiva.

Nos últimos dias, o presidente francês e o líder brasileiro, trocaram farpas sobre a questão ambiental.

​Macron chegou a sugerir que a Amazônia ganhasse uma espécie de status internacional, já que os benefícios da preservação do bioma poderiam seriam compartilhados por todos os países do globo.

Bolsonaro e o chanceler Ernesto Araújo reagiram dizendo que esse tipo de medida seria lesivo à soberania nacional.

Foram oferecidos US$ 20 milhões (R$ 83 milhões) pelo G7 (clube de países ricos) para o combate às queimadas que têm destruído a Amazônia, mas o presidente brasileiro disse que só consideraria aceitar os recursos se Macron se desculpasse.

O presidente da câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e governadores de estados da região amazônica afirmaram que o governo deveria aceitar o auxílio internacional.

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PIB: ECONOMIA BRASILEIRA CRESCE 0,4% NO 2º TRIMESTRE E ESCAPA DA RECESSÃO

Uol Economia | economia.uol.com.br –  O PIB (Produto Interno Bruto) do Brasil cresceu 0,4% no segundo trimestre, na comparação com os primeiros três meses do ano. Com o resultado, o país evitou entrar em recessão técnica. No primeiro trimestre, o PIB encolheu 0,1%, em dado revisado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Na comparação com igual período de 2018, o PIB subiu 1%, o décimo resultado positivo seguido nesse tipo de comparação. Em valores correntes, o PIB no segundo trimestre totalizou R$ 1,78 trilhão. Os dados foram divulgados hoje pelo IBGE.

Saque do FGTS e do PIS pode ajudar

Diante da lentidão da recuperação econômica, medidas que acelerem o ritmo do PIB –e aliviem a situação de quase 13 milhões de desempregados— começam a ganhar espaço no debate. O próprio governo federal adotou uma delas ao anunciar, no mês passado, a liberação do saque de R$ 500 das contas do FGTS.

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse que espera “alguma aceleração” no ritmo de crescimento reforçada pela liberação de recursos do FGTS e de cotas do PIS/Pasep.

O que entra na conta do PIB?

O PIB é a soma de tudo o que é produzido no país. Os dados consideram a metodologia atualizada do cálculo.

(Com agências de notícias)

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O desempenho da economia no segundo trimestre foi puxado, principalmente, pelos ganhos da indústria (0,7%) e dos serviços (0,3%). Já a agropecuária caiu 0,4%. O crescimento na indústria foi influenciado pela expansão das indústrias de transformação (2%) e construção (1,9%). Já as indústrias extrativas registraram recuo (-3,8%) no período.

Juntas, as indústrias de transformação e construção respondem por cerca de 70% do setor. Além disso, a indústria de transformação tem peso no segmento de bens de capital, que contribuem para os investimentos internos e externos.
Claudia Dionísio, gerente de Contas Nacionais do IBGE

Nos serviços, os resultados positivos foram das atividades imobiliárias (0,7%), comércio (0,7%), informação e comunicação (0,5%) e outras atividades (0,4%).

BOLSONARO MENTE E EMPRESAS CONFIRMAM QUE NÃO VÃO MAIS COMPRAR COURO DO BRASIL

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BOLSONARO MENTE E EMPRESAS CONFIRMAM QUE NÃO VÃO MAIS COMPRAR COURO DO BRASIL
Brasil247 – Jair Bolsonaro foi pego na mentira mais uma vez: na manhã desta quarta-feira 18 marcas internacionais anunciaram que deixarão de comprar couro dos pecuaristas brasileiros, em reação à destruição da floresta amazônica patrocinada pelo governo de extrema-direita. No fim da tarde, Bolsonaro afirmou num tweet que a notícia era mentirosa e que “as exportações seguem normais”; nesta quinta-feira, as marcas desmentiram Bolsonaro e reafirmaram: não comprarão mais couro do Brasil.

No fim da tarde, Bolsonaro afirmou num tweet que a notícia era mentirosa e que “as exportações seguem normais”.

Veja a postagem onde Bolsonaro dispara mentiras: 

Na manhã desta quinta-feira (29), a empresa responsável pelas marcas desmentiu Bolsonaro e reafirmou: não comprarão mais couro do Brasil.

Em nota enviada ao jornal Folha de S.Paulo, a empresa afirma que “A VF Corporation e suas marcas decidiram não seguir abastecendo diretamente com couro e curtume do Brasil para nossos negócios internacionais até que haja a segurança que os materiais usados em nossos produtos não contribuam para o dano ambiental no país.”

Entenda  o caso: 

Marcas internacionais como Timberland, Vans e Kipling suspenderam a compra de couro brasileiro.  A decisão das marcas é uma reação à devastação da Amazônia promovida pelo agronegócio com incentivo de Jair Bolsonaro.

Em nota, o presidente do Centro Internacional de Convenções do Brasil (CICB), José Fernando Bello, disse estar preocupado.

“Recentemente, recebemos com muita preocupação o comunicado de suspensão de compras de couros a partir do Brasil de alguns dos principais importadores mundiais. Este cancelamento foi justificado em função de notícias relacionando queimadas na região amazônica ao agronegócio do país”. Leia mais aqui.

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QUEIMADAS NA AMAZÔNIA NÃO SÃO NATURAIS E TÊM IMPACTO GLOBAL, AFIRMA PESQUISADOR

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QUEIMADAS NA AMAZÔNIA NÃO SÃO NATURAIS E TÊM IMPACTO GLOBAL, AFIRMA PESQUISADOR
Incêndios na região de Altamira, no Pará, uma das dez cidades amazônicas com maior índice de desmatamento por meio de queimadas no Brasil / Foto: Joao Laet / AFP

Entre as consequências estão empobrecimento do solo, perda da biodiversidade e agravamento do aquecimento global

Geisa Marques e Guilherme Henrique | Brasil de Fato | São Paulo (SP) – Os resultados da destruição da Floresta Amazônica extrapolam os limites geográficos das localidades atingidas diretamente e podem causar impactos negativos em todo o planeta. Essa é avaliação do professor e pesquisador Wagner Costa Ribeiro, do curso de Geografia da Universidade de São Paulo (USP). Ele concedeu entrevista ao Brasil de Fato, nesta quarta-feira (28).

De acordo com Ribeiro, os impactos das queimadas que atingem a maior floresta tropical do mundo podem ser compreendidos em três níveis: local, nacional e global.

Na escala local, o pesquisador ressalta o empobrecimento do solo, que pode levar a um crescimento ainda maior das áreas desmatadas.

“Nós sabemos que o solo amazônico é muito pobre, então, se você tira a cobertura vegetal, ele não tem capacidade de regeneração. Com isso, ele pode permitir uma ou outra safra, e esse é um dos fatores que leva sempre à expansão. Se introduz o gado, depois a soja, o e solo começa a ficar pobre em nutrientes, aí você tem que entrar com os agrotóxicos ou então acaba ocorrendo mais desmatamento para manter a produção”, explica.

A perda da biodiversidade como consequência da destruição da floresta, por sua vez, interfere na dinâmica atmosférica. A escuridão que tomou conta de cidades do estado de São Paulo no meio da tarde do dia 19 de agosto é um exemplo prático de como acontece essa interferência.

“Esse lamentável episódio trouxe claramente a possibilidade de visualizar que há uma dinâmica atmosférica. Nesse caso, veio a fuligem e a fumaça, mas também pode vir em forma de chuva. Há uma série de elementos que são gerados na floresta e que chega às regiões Sul e Sudeste. Esses serviços ambientais que a Amazônia fornece, que viabilizam, de certo modo, a agricultura, são muito afetados com as queimadas”, pontua o pesquisador.

O outro ponto destacado por Wagner Ribeiro é o impacto em escala global. Em primeiro lugar, é preciso lembrar que a Amazônia não é o “pulmão do mundo”, uma vez que a maior parte do oxigênio produzido pela floresta é absorvido por ela mesma.

Mas, como destaca o professor, as árvores têm um papel fundamental na regulação do clima global, uma vez que elas funcionam como um grande estoque de carbono (CO2).

“Quando você tem a derrubada de vastas áreas, esse volume de CO2 que estava estocado nas árvores é jogado na atmosfera, e isso faz com que a gente tenha mais um vetor para agravar o aquecimento global, já que o CO2 é um dos gases do efeito estufa.”

Queimadas não são naturais

Durante a entrevista, Wagner Ribeiro também afirmou que as queimadas na Amazônia não são naturais e tratam-se de uma questão política.

Ele elencou uma série de ações, que associadas ao discurso do presidente Jair Bolsonaro, contribuíram para o cenário visto atualmente. Entre elas, o desmonte de instrumentos de fiscalização e a desqualificação de dados sobre desmatamento divulgados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

“Não teve nada de natural nesses incêndios. Ainda que tivesse surgido um foco, não seria da dimensão que acabou ocorrendo. Isso mostra que, de certa maneira, parte da população, especialmente as camadas mais abastadas que têm na terra fonte de riqueza, acabou sendo estimulada a atear fogo na floresta, e as consequências a gente está verificando agora”, acrescenta.

A ajuda proposta pelos países integrantes do G7, bloco liderado pelo presidente francês, Emmanuel Macron, que reúne as maiores economias do mundo, também foi abordada pelo pesquisador. De acordo com ele, a cooperação é bem-vinda e, nesse caso, deve ser distinguida de ingerência internacional.

“Esse alerta [de que a Amazônia tem interesse internacional] está posto, e não é de hoje. Nesse aspecto, é preciso distinguir o tipo de cooperação com ingerência. A cooperação é muito importante, mas é evidente que a gestão da Amazônia deve ser feita pelos países Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA).”

A OTCA é uma instituição intergovernamental composta por oito países-membros: Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Guiana, Peru, Suriname e Venezuela. Segundo Ribeiro, atualmente o grupo está fragilizado.

“A instituição não tem um corpo técnico e vive de episódios e recursos internacionais. É preciso qualificar a OTCA para que os países possam articular um pacto de proteção e desenvolvimento da Amazônia, que mantenha a floresta em pé”, finaliza.

Confira aqui a entrevista na íntegra

Edição: Rodrigo Chagas