LIBERAÇÃO DE RECURSOS DO FGTS NÃO DEVE ACELERAR A ECONOMIA. RITA SERRANO EXPLICA

Nesta semana o ministro da Economia, Paulo Guedes, anunciou que o governo deve liberar até 35% dos recursos de contas ativas do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) para saque.

Para Rita Serrano, medida não aquece economia e cria outro problema

A ação foi anunciada em Santa Fé, na Argentina, em visita oficial acompanhando o presidente da República Jair Bolsonaro. Segundo Guedes, a medida deve aquecer a economia que, apesar das promessas de campanha, tem apresentado resultados pífios.

O ministro afirma que essa é uma medida boa para o trabalhador, ainda mais em um momento de crise como o que vivemos. Mas não é bem assim. Rita Serrano, conselheira eleita do Conselho de Administração da Caixa, explica que liberar os recursos de contas ativas do FGTS não resolve a crise e ainda cria outro problema a esvaziar o fundo.

“Nós estamos com 14 milhões de desempregados. É importante também saber que mais de 60% das famílias estão endividadas e boa parte dessas dívidas é com os bancos. O objetivo do governo, portanto, é fazer com que as pessoas peguem esse dinheiro e usem pra pagar suas dívidas, favorecendo o sistema financeiro. Tem uma consequência indireta nisso: o fundo de garantia do trabalhador deve ser usado para o trabalhador, um seguro em caso de desemprego ou necessidade”, afirma a conselheira.

Rita também relembra que o FGTS é o maior caso de fundo público e investimento privado do Brasil. “Ele é usado pra financiar habitação, saneamento e uma série de outras coisas. Portanto, esvaziar o fundo de garantia faz com que os investimentos que seriam feitos nessas áreas e gerariam empregos não sejam feitos […] esvazia o fundo, não resolve, e cria falsa ilusão de que melhorou quando o desemprego não para de crescer e a economia do país está parada”, declarou.

60 milhões de brasileiros estão endividados

Dados da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) divulgados em abril mostraram que, no mês, 62.6 milhões de brasileiros estavam inadimplentes – número que representa mais de 40% da população adulta do País. A maior parte é composta por dívidas com bancos (52%).

 

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POLÍCIA PRENDE HOMEM QUE CONFESSOU TER ASSASSINADO MILITANTE DO MST EM VALINHOS (SP)

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POLÍCIA PRENDE HOMEM QUE CONFESSOU TER ASSASSINADO MILITANTE DO MST EM VALINHOS (SP)

Caminhonete usada no atropelamento também foi apreendida / Igor Carvalho

Famílias do acampamento Marielle Vive distribuíam alimentos quando foram atropeladas por caminhonete

Igor Carvalho | Brasil de Fato | Valinhos (SP) – A Polícia Civil prendeu, por volta das 17h30 quinta-feira (18), Leo Luiz Ribeiro, que confessou ter assassinado Luis Ferreira da Costa, de 72 anos, militante do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), durante uma manifestação pela manhã em Valinhos (SP).

Após prestar depoimento na delegacia da Polícia Civil do 1º Distrito de Valinhos, ele foi transferido (vídeo abaixo) para cadeia pública anexa à 2ª Delegacia de Polícia de Campinas (SP).

https://www.facebook.com/brasildefato/videos/464978280746473/

Leo Luiz Ribeiro é dono de uma oficina mecânica, na qual trabalha com outros dois irmãos. O veículo utilizado no crime é uma caminhonete modelo Mitsubishi Hylux L-200, com placas de Valinhos. O carro foi apreendido. No painel, havia uma bandeira do Brasil.

À reportagem do Brasil de Fato, a esposa dele, que não quis se identificar, disse que o marido só soube que havia assassinado o idoso ao chegar em casa, e entrou em pânico.

O vídeo abaixo mostra uma discussão na delegacia, do lado de fora do interrogatório, em que os irmãos do homem detido falam sobre o atropelamento:

https://www.facebook.com/brasildefato/videos/454320968754222/

O MST convocou um ato para às 10h deste sábado (20) em Valinhos, com local a confirmar, para protestar contra a violência no campo.

Dimitri Sales, presidente do Conselho Estadual de Direitos da Pessoa Humana de São Paulo (Condepe), disse que o crime deve ser analisado em um contexto de avanço dos discursos e das práticas de violência.

“Temos plena convicção de que esse crime de hoje tem a ver integralmente com a conjuntura, o contexto hoje vigente no nosso país. Um contexto que privilegia a morte em detrimento de políticas de promoção de direitos humanos, que privilegia a arma, acabar com o direito dos diferentes, que diz que ‘a partir de primeiro de janeiro sem-teto, sem-terra seriam tratados à base da bala'”, lembra, em referência ao presidente Jair Bolsonaro (PSL). “Isso tudo vai repercutindo na sociedade como um discurso institucional que autoriza o extermínio das populações que lutam pelos seus direitos. O que a gente vive no Brasil hoje é um Estado de exceção”, lamenta.

Nilcio Costa, advogado do MST, relatou à reportagem que, “de maneira exaltada, um dos irmãos do autor disse, em alto e bom som, que tinha mais era que ‘jogar caminhão em cima e passar por cima’ [dos militantes]”.

“Momentos antes, o pai já havia dito que tinha que fazer aquilo mesmo porque as pessoas estavam obstruindo a estrada”, finaliza. Costa disse que vai acompanhar o caso de perto para garantir que seja feita a justiça.

Caminhonete usada no crime, sem a identificação do emplacamento (Foto: Igor Carvalho)

Entenda o caso

O motorista avançou com sua caminhonete preta em alta velocidade sobre uma manifestação de famílias do acampamento Marielle Vive, em Valinhos (SP), a uma hora da capital do estado de São Paulo, na manhã desta quinta-feira (18).

Cerca de 500 integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), que vivem no local, distribuíam alimentos e protestam pelo fornecimento de água no acampamento.

Um deles, Luis Ferreira da Costa, não resistiu aos ferimentos e morreu antes de chegar à Unidade de Pronto Atendimento (UPA). Ele estava terminando um processo de alfabetização para adultos. Testemunhas afirmam que o assassino estava armado e ameaçou os manifestantes quando eles tentaram perseguir o veículo após o atropelamento.

O assassinato ocorreu no quilômetro 7 da Estrada do Jequitibá. De acordo com o relato dos manifestantes, o condutor da caminhonete deixou clara sua intenção de atingir os sem-terra. O movimento ainda apura o número de feridos.

“O protesto ocorria em frente ao acampamento. É uma estrada movimentada, mas eles estavam ali em denúncia à situação de falta de fornecimento de água no acampamento, distribuindo alimentos da reforma agrária e panfletos para os carros que passavam”, afirma Kelli Mafort, da direção do movimento.

Mil famílias vivem no Acampamento Marielle Vive, ocupado em 14 de abril de 2018 – um mês após a execução da vereadora Marielle Franco, no Rio de Janeiro – e localizado na Fazenda Eldorado Empreendimentos Ltda.

Em nota, o MST exige punição ao assassino, “que age sob o clima de terror contra os movimentos populares, incentivado por autoridades irresponsáveis que estão no governo brasileiro”.

Ao menos duas pessoas deram entrada no sistema de saúde municipal. Além de Luis Ferreira da Costa, que não resistiu aos ferimentos, o jornalista Carlos Filipe Tavares, de 59 anos, sofreu escoriações e passou por exames na UPA. Tavares já foi liberado.

Ao Brasil de Fato, a assessoria de comunicação da Prefeitura de Valinhos informou que havia uma reunião marcada para esta quarta-feira (17) sobre o fornecimento de água, mas a agenda acabou sendo adiada para esta quinta (18). A Prefeitura acrescenta que esta semana começou o fornecimento de água via caminhões-pipa.

Edição: Daniel Giovanaz

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EM 200 DIAS, BRASIL LIBEROU MAIS AGROTÓXICOS QUE A UNIÃO EUROPEIA EM OITO ANOS

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EM 200 DIAS, BRASIL LIBEROU MAIS AGROTÓXICOS QUE A UNIÃO EUROPEIA EM OITO ANOS

A avalanche de liberação de venenos tem como objetivo tornar o mercado de mais acessível para os agricultores / Foto: Reprodução/Guia de Orgânicos

Governo Bolsonaro autorizou comércio de 239 substâncias; ritmo é tão acelerado que ruralistas abandonaram o PL do Veneno

Igor Carvalho | Brasil de Fato | São Paulo (SP) – Em 200 dias, o governo Bolsonaro (PSL) fez mais liberações de novos agrotóxicos do que a União Europeia (UE) nos últimos oito anos. Foram 239 autorizações no Brasil contra 229 na UE, desde 2011. A denúncia foi feita pelo ex-presidente da Associação Brasileira da Reforma Agrária (ABRA), Gerson Teixeira, em seu artigo “Os ruralistas e os agrotóxicos – Uma contranarrativa”. Ele ressalta que o cenário é tão favorável para o agronegócio que a bancada ruralista parou de insistir na tramitação do PL 6299/2002, conhecido como PL do Veneno, de autoria do ex-senador Blairo Maggi, o “Rei da soja”.

O PL do Veneno propõe facilitar a autorização e comercialização de agrotóxicos no Brasil e está pronto para apreciação no plenário da Câmara dos Deputados desde junho de 2018, quando foi aprovado na Comissão Especial da Casa. Porém, deste então, não entrou na pauta para votação. Tampouco houve pressão da bancada ruralistas para que fosse apreciado pelos parlamentares.

“Eles viram que, com o governo na mão, não precisavam aprovar a legislação. Tanto que nunca houve um ritmo tão frenético de aprovação de agrotóxicos como agora, 239 agrotóxicos aprovados. Para se ter uma ideia, o que foi aprovado neste ano, até meados de junho, é mais do que foi aprovado na União Europeia desde 2011 [229]”, afirma Teixeira.

A avalanche de liberação de venenos agrícolas tem como objetivo tornar o mercado de agrotóxicos mais acessível para os agricultores, segundo o ex-presidente da ABRA: “A estratégia deles é viabilizar uma oferta grande de venenos e com isso fazer baixar o preço deles, independente se isso vá resultar em uma maior contaminação do meio ambiente ou do alimento”.

Agrotóxicos são substâncias fabricadas para extermínio da vida – de plantas, insetos ou outros agentes naturais indesejados). Portanto, são chamadas de “biocidas” e podem causar adoecimento, conforme explicou o pesquisador Cleber Folgado em entrevista recente ao Brasil de Fato sobre o tema.

Segundo Folgado, que integrou o Grupo de Trabalho de construção do Plano Nacional de Redução do Uso de Agrotóxicos (Pronara) dentro da Comissão Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica, as duas principais formas de intoxicação são as agudas e as crônicas. As agudas são causadas pela exposição a altos níveis de toxicidade, gerando efeito quase que imediato, como náuseas, vômitos, diarreias, alergias, dores de cabeça, tontura. Já as intoxicações crônicas são resultado de pequenas quantidades de agrotóxicos que se acumulam no organismo e, ao longo de anos, podem resultar em doenças respiratórias, alergias, infertilidade, impotência, abortos espontâneos, Alzhaimer, autismo, cânceres, doenças crônicas nos rins, danos ao fígado, problemas na tireoide, doenças cardíacas, esclerose múltipla e Parkinson, por exemplo.

Nos primeiros seis meses do ano, o governo Bolsonaro já havia liberado mais agrotóxicos do que qualquer ano do mandato de Dilma Rousseff (PT). No governo Temer, as autorizações para uso de veneno mais que dobraram, chegando a 450 de 1º de janeiro a 31 de dezembro de 2018. Ainda assim, o ritmo imposto pela equipe do capitão reformado é um recorde absoluto no país.

Bancada ruralista

Teixeira lamenta a falta de meios para impedir os decretos do Executivo que autorizam novos agrotóxicos no país. “Pelo Congresso é difícil, o Partido dos Trabalhadores (PT) tem tomado iniciativas para barrar [as liberações] via decreto do Legislativo, mas a correlação de forças aqui é totalmente desfavorável. Nós sabemos que alguns setores do Ministério Público estão preocupados com isso, estão tentando fazer algumas ações nessa área, mas também sem sucesso”, explica

No Congresso, o agronegócio é representado pela bancada ruralista, que se organiza através da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), que mantém, entre seus filiados, 257 parlamentares, sendo 32 senadores e 225 deputados.

A bancada ruralista anda de mãos dadas com o governo. Tereza Cristina, a ministra da Agricultura de Bolsonaro e artífice da liberação massiva dos venenos, já presidiu a FPA entre 2017 e 2019 e é deputada federal eleita pelo DEM do Mato Grosso do Sul, licenciada para chefiar o ministério.

Antes mesmo do primeiro turno da eleição presidencial de 2018, no dia 2 de outubro, a FPA se reuniu com Jair Bolsonaro e entregou ao capitão reformado o apoio integral de toda a bancada. Tereza Cristina foi à casa do então presidenciável para entregar uma carta expressando apoio irrestrito do setor.

Edição: Rodrigo Chagas

DALLAGNOL VAI SER INVESTIGADO POR PALESTRAS PAGAS E BENESSES DURANTE A LAVA JATO

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DALLAGNOL VAI SER INVESTIGADO POR PALESTRAS PAGAS E BENESSES DURANTE A LAVA JATO

Deltan Dallagnol fala no Congresso da Associação Brasileira de Private Equity & Venture Capital, no Rio, em 2016. FERNANDO FRAZÃO/AGÊNCIA BRASIL

El País – REGIANE OLIVEIRA – São Paulo – Conselho Nacional do Ministério Público instaurou reclamação disciplinar contra procurador de Curitiba por mensagens do ‘The Intercept’. Escândalo atinge e divide categoria em meio à sucessão de Raquel Dodge.

A corregedoria do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) decidiu investigar nesta terça-feira o coordenador da força-tarefa da Operação Lava JatoDeltan Dallagnol, e seu colega Roberson Henrique Pozzobon após a “ampla repercussão” das mensagens da chamada #VazaJato, obtidas pelo site The Intercept Brasil e que desde 9 de junho mostram diálogos privados dos procuradores e do então juiz Sergio Moro. Nos capítulos mais recentes, membros do Ministério Público, especialmente Dallagnol, aparecem nas conversas, cuja autenticidade eles questionam, falando sobre como obter lucro ou benesses com a realização de palestras pagas por empresas e entidades interessadas em se associar à imagem da maior ofensiva contra a corrupção na história do país.

A decisão do corregedor do MP Orlando Rochadel Moreira de acatar umarepresentação feita pelo Partido dos Trabalhadores (PT) contra os procuradores aprofundou o mal-estar com o escândalo na cúpula da instituição no mesmo dia em que a procuradora-geral, Raquel Dodge, recebeu em Brasília a Dallagnol e a outros integrantes da força-tarefa de Curitiba. Foi uma demonstração de apoio de Dodge à Lava Jato, ainda que discreta –sem declaração pública, apenas com uma nota que elogia o trabalho de Curitiba. “Temos tranquilidade em relação que fizemos. Não ultrapassamos uma linha ética”, disse Dallagnol na nota da PGR que foi lida no Jornal Nacional, da TV Globo, antes de ser divulgada a todos os jornalistas.

A procuradora-geral está em uma saia justa. Antes da abertura do procedimento disciplinar contra Dallagnol, Dodge já digeria a saída do procurador José Alfredo de Paula Silva, que desde setembro de 2017 coordenava o grupo de trabalho da Lava Jato na PGR. Silva pediu demissão na sexta-feira alegando questões pessoais, mas, segundo O Globo, o coordenador esperava uma defesa mais enfática da procuradora da atuação dos colegas de Curitiba. A saída do procurador estava prevista para acontecer só em setembro, quando termina o mandato de Dodge.

O problema principal para a procuradora-geral é justamente de timing. O abalo na credibilidade da força-tarefa acontece em meio a troca de comando na PGR. Dodge parece dividida entre se alinhar à ala dos procuradores que defende ferrenhamente a Lava Jato ou criticar Dallagnol e os colegas. Embora não concorra oficialmente pela categoria à permanecer no cargo que ocupa, a procuradora-geral já se mostrou disposta a ficar e não há nenhum impedimento para que o presidente Jair Bolsonaro a escolha, rompendo a tradição de apontar o nome entre os mais votados pelos próprios procuradores. No começo do mês, a ANPR (Associação Nacional dos Procuradores da República) entregou a Bolsonaro a lista tríplice para substituir Dodge. Os mais votados foram os subprocuradores-gerais Mario Bonsaglia e Luiza Frischeisen, e o procurador regional da Blal Dalloul.

Corporativismo e zona cinzenta

Palestras pagas não são uma novidade no Judiciário em geral nem mesmo entre integrantes do Ministério Público, que recebem os salários mais altos pagos no funcionalismo público brasileiro. A discussão sempre gira em torno do que é legal, ético ou acarreta conflitos de interesses. “A imagem social do Ministério Público deve ser resguardada e a sociedade deve ter a plena convicção de que os membros do Ministério Público se pautam pela plena legalidade, mantendo a imparcialidade e relações impessoais com os demais Poderes constituídos”, escreveu o corregedor Rochadel ao aceitar o pedido do PT.

Segundo a representação petista, as mensagens reveladas pelo The Interceptmostrariam uma articulação de procuradores da força-tarefa da Lava Jato “para criar empresa de fachada e simular sua efetiva participação em sociedade comercial”, na qual “não apareceriam formalmente como sócios, para evitar questionamentos legais, em conluio com suas respectivas cônjuges”. O partido também acusa os procuradores de “desvio de função de servidores da Procuradoria da República em Curitiba para a prática de atividades pessoais de palestrante”, além de falta com o decoro “ao menosprezar a ação de órgãos correcionais, ao ser alertado sobre as possíveis consequências destas condutas”.

O despacho determina a instauração de “reclamação disciplinar”, e dá um prazo de dez dias para que Dallagnol e o procurador Roberson Henrique Pozzobom apresentem seu lado sobre a questão. Moreira também afirma que será “necessária análise preliminar do conteúdo veiculado pela imprensa, notadamente pelo volume de informações constantes dos veículos de comunicação”.

Nesta terça-feira, o volume ganhou um adendo: a coluna da Monica Bergamo na Folha de S. Paulo divulgou que Dallagnol também pediu – além de um cachê de 30.000 reais para dar uma palestra sobre combate à corrupção na Federação das Indústria do Ceará, em julho de 2017 – passagem e hospedagem no Beach Park Resort, de Fortaleza, para ele, sua mulher e seus dois filhos. “Posso pegar [a data de] 20/7 e condicionar ao pagamento de hotel e de passagens pra todos nós”, disse Dallagnol a sua esposa, em mensagens obtidas pelo The Intercept Brasil e analisadas pela Folha de S. Paulo.

Ainda de acordo com a publicação, Dallagnol teria comemorado em conversa com o juiz Sergio Moro, o fato de não ter sofrido punição de órgãos de fiscalização por dar palestras. “Não sei se você viu, mas as duas corregedorias – [do] MPF [Ministério Público Federal] e [do] CNMP [Conselho Nacional do Ministério Público] – arquivaram os questionamentos sobre minhas palestras dizendo que são plenamente regulares”, publicou a coluna.

Esta não é a primeira vez que o PT faz uma representação contra Dallagnol. Em 2017, o CNMP arquivou um pedido feito pelos deputados federais Paulo Pimenta (PT-RS) e Wadih Nemer (PT-RJ) para que fossem apurados a conduta do procurador por suposto desenvolvimento de atividade comercial por meio de palestras.

O CNMP informou que não tem ato normativo que trate especificamente da realização de palestras por membros do Ministério Público. Mas, na época, considerou que Dallagnol “não falou sobre assuntos sigilosos e que o dinheiro das palestras foi, na maioria, destinado à filantropia”, e que, portanto, “as palestras foram ministradas de modo lícito”. Além disso, o colegiado entendeu que Dallagnol não podia ser considerado empresário porque não se enquadra no artigo 966 do Código Civil, que determina como empresário “quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços”.

A Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR), por outro lado, interpreta que seus membros podem ministrar palestras porque tal atuação se insere no conceito de docência, “que é autorizado aos membros do Ministério Público pela Constituição Federal, pelas leis dos Ministérios Públicos e pela Resolução CNMP nº 73/2011”. A entidade destaca ainda que, no Judiciário, o entendimento é semelhante.

ROGÉRIO CORREIA PROTOCOLA DENÚNCIA CONTRA DALLAGNOL NA PGR E VOLTA A SOLICITAR RETENÇÃO DE PASSAPORTE

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ROGÉRIO CORREIA PROTOCOLA DENÚNCIA CONTRA DALLAGNOL NA PGR E VOLTA A SOLICITAR RETENÇÃO DE PASSAPORTE

Revista Fórum – Por George Marques – Pedido ocorre após o procurador recusar convite de ir à Câmara dos Deputados e novas conversas indicarem que ele lucrou com palestras a partir da exposição alcançada com a Lava-Jato.

O deputado federal Rogério Correia (PT-MG) protocolou na tarde desta terça-feira (16), na Procuradoria-Geral da República (PGR), requerimento solicitando a retenção do passaporte do procurador Deltan Dallagnol.

A documentação foi entregue para apreciação da procuradora-geral, Raquel Dodge, e inclui também documentos sobre o chamado Fundo da Lava-Jato, uma tentativa empenhada por Dallagnol de administrar R$ 2,5 bilhões oriundos da Petrobras, conforme acordo feito nos Estados Unidos, mas não admitido judicialmente.

A expectativa é que, ainda hoje, Dodge se reúna na PGR com Dallagnol e outros procuradores da Lava Jato. A pauta não foi divulgada, nem o horário. Espera-se que a PGR demonstre rigor com a prática de crimes de subordinados em Curitiba, sob pena de comprometer ainda mais a já desgastada imagem do Judiciário brasileiro.

“Da minha parte, vou me manter na luta e atento para impedir a impunidade”, afirmou o deputado Rogério Correia.

“Há alguns anos entreguei, na mesma PGR, farta documentação com denúncias contra o então governador, e depois senador, Aécio Neves. Infelizmente, os responsáveis na época (Roberto Gurgel e, depois, Rodrigo Janot) não demonstraram interesse em prosseguir nas investigações que eu pedia. Tempos depois, como se sabe, vários daqueles crimes denunciados foram provados”, afirmou o congressista.

INTERVENÇÃO DE BOLSONARO CANCELA VESTIBULAR PARA LGBTS EM UNIVERSIDADE FEDERAL

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INTERVENÇÃO DE BOLSONARO CANCELA VESTIBULAR PARA LGBTS EM UNIVERSIDADE FEDERAL

Presidente disse que, por intervenção do MEC, a reitoria da Universidade da Integração da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab) cancelou o recém-lançado vestibular específico para pessoas LGBTIs

Revista Fórum – Ivan Longo – O presidente Jair Bolsonaro anunciou na tarde desta terça-feira (16), através de sua conta no Twitter, que a Universidade da Integração da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab) cancelou o recém-lançado vestibular específico para pessoas LGBTIs depois de uma intervenção de seu governo.

“A Universidade da Integração da Lusofonia Afro-Brasileira (Federal) lançou vestibular para candidatos TRANSEXUAL (sic), TRAVESTIS, INTERSEXUAIS e pessoas NÃO BINÁRIOS. Com intervenção do MEC, a reitoria se posicionou pela suspensão imediata do edital e sua anulação a posteriori”, tuitoiu o capitão da reserva.

Lançado há apenas uma semana, o vestibular específico para pessoas trans, travestis, não binárias e intersexuais é inédito no país e foi criado com o objetivo de equilibrar o acesso ao ensino superior de uma população historicamente marginalizada, tal como negros e quilombolas.

As inscrições começara nesta segunda-feira (15) e, antes da suspensão imposta pelo governo, iriam até o dia 24. No edital, a universidade destaca que “poderão concorrer às vagas ofertadas neste edital estudantes transexuais, travestis, pessoas não binárias e intersexuais oriundos de qualquer percurso escolar, e que tenham concluído o ensino médio.” Seriam, ao todo, 120 vagas em 15 cursos presenciais da instituição em três campis diferentes no Ceará.

Fórum tentou contato com a Unilab mas não obteve retorno até a publicação deste matéria. O Ministério da Educação, por sua vez, informou que está apurando a informação divulgada pelo presidente.

 

COM FUTURO AINDA INDEFINIDO, TRABALHADORES COMEÇAM A DEIXAR A FORD DE SÃO BERNARDO

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COM FUTURO AINDA INDEFINIDO, TRABALHADORES COMEÇAM A DEIXAR A FORD DE SÃO BERNARDO

Fim da produção do Fiesta deve provocar saída de 760 metalúrgicos neste mês. Fica apenas a produção de caminhões, possivelmente até outubro.

Publicado por Vitor Nuzzi, da RBA. – São Paulo – Assembleia realizada na manhã desta terça-feira (15) na Ford de São Bernardo, no ABC paulista, definiu os próximos passos para os trabalhadores, que começaram a deixar a empresa, aderindo a um pacote de benefícios negociado pelo Sindicato dos Metalúrgicos. O fim das atividades na linha do New Fiesta, em junho, atingiu aproximadamente 760 funcionários, que devem sair ainda neste mês. Ficou a produção de caminhões, que se mantém apenas parcialmente, a princípio até o final de outubro, com 590 horistas.

Continuam as negociações para venda da fábrica, mas até agora as conversas não avançaram, apesar da expectativa de anúncio de um comprador, que poderia ser o grupo Caoa. O sindicato não participa dessa negociação, mas cobra o compromisso de que, efetivada a venda, os funcionários da Ford sejam priorizados na seleção. Esses 760 da linha do Fiesta devem deixam a fábrica agora, com direito a um pacote que prevê pagamento adicional de dois salários por ano trabalhado. Outros, em número menor, já haviam decidido sair. São 712 horistas – diretamente ligados à produção – e aproximadamente 50 mensalistas, de áreas administrativas.

Na assembleia de hoje, o ex-presidente do sindicato Rafael Marques, atual presidente do Instituto Trabalho, Indústria e Desenvolvimento (TID), informou que nesta semana devem ser produzidos em torno de 310 caminhões – apenas ontem, foram 80 unidades. Até outubro, a previsão é de que serão fabricados mais 750. De acordo com Rafael, em agosto não deverá haver produção por falta de peças.

A empresa anunciou em fevereiro o encerramento das atividades em São Bernardo até o fim do ano, como parte de um processo de reestruturação global. Representantes dos metalúrgicos viajaram até os Estados Unidos para tentar manter a fábrica, mas a direção mundial da Ford manteve sua posição. Começaram, então, gestões para que a unidade fosse vendida, mantendo ao menos parte dos postos de trabalho.

Na semana passada, a prefeitura de São Bernardo divulgou nota para afirmar que recebeu “com indignação” uma informação do vice-presidente da empresa Rogelio Golfarb, sobre 750 demissões provocadas pelo fim da produção do New Fiesta. E afirmou que, mesmo após audiência no Ministério Público do Trabalho, a montadora não apresentou um plano para o desligamento desses trabalhadores, considerando que o município foi tratado com “desprezo”. Desde fevereiro, a Ford não fez pronunciamentos públicos.

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DEFESA DE LULA RECORRE CONTRA DECISÃO DE GABRIELA HARDT QUE MANTEVE BLOQUEIO DE BENS DE MARISA LETÍCIA

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DEFESA DE LULA RECORRE CONTRA DECISÃO DE GABRIELA HARDT QUE MANTEVE BLOQUEIO DE BENS DE MARISA LETÍCIA

Lula em entrevista ao DCM e ao site Tutaméia. Foto: Reprodução/YouTube

Do Globo: – A defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu, nesta terça-feira, ao Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), o desbloqueio dos bens de Marisa Letícia Lula da Silva. Os advogados entraram com um recurso no tribunal contra a decisão da juíza federal substituta da 13º Vara, Gabriela Hardt, que manteve o bloqueio dos bens.

Os bens da ex-primeira-dama foram bloqueados no processo do tríplex do Guarujá, em que Lula foi condenado a nove anos e meio de prisão pelo então juiz Sergio Moro, por ter recebido o tríplex no guarujá da OAS como propina por contratos obtidos pela empresa na Petrobras. Em janeiro de 2018, o TRF-4 aumentou a pena para 12 anos e 1 mês e, em abril deste ano, o STJ reduziu para oito anos, dez meses e 20 dias.

Entre os bens bloqueados para garantir eventuais indenizações estão valores em contas bancárias, planos de previdência e títulos imobiliários.

A defesa de Lula afirma no pedido que o espólio de Marisa, conforme determina a lei, tem o direito à metade dos bens e valores que integram o patrimônio do ex-presidente.

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MAIS UM MINISTRO DO STF CAI NA VAZA JATO: DESTA VEZ, É BARROSO

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MAIS UM MINISTRO DO STF CAI NA VAZA JATO: DESTA VEZ, É BARROSO

Brasil247 – O jornalista Reinaldo Azevedo divulgou na noite desta terça-feira, 16, novos diálogos entre o ex-juiz Sérgio Moro e o procurador Deltan Dallagnol; as novas mensagens envolvem mais um ministro do Supremo Tribunal Federal: Luis Roberto Barroso, que convidou os dois para um jantar em sua casa.

O jornalista Reinaldo Azevedo divulgou na noite desta terça-feira, 16, novos diálogos entre o ex-juiz Sérgio Moro e o procurador Deltan Dallagnol. As novas mensagens envolvem mais um ministro do Supremo Tribunal Federal: Luis Roberto Barroso.

No dia 3 de agosto de 2016, o procurador recebe uma mensagem do juiz (transcrição conforme o original):

06:39:57 Moro – Está confirmado o jantar no Barroso?
10:04:51 Deltan – Ele acabou de confirmar. Estou adiantando meu voo porque terça estarei na comissão especial. Boa reunião amanhã c eles!!
12:29:19 Moro – Obrigado. Preciso do endereço e horário do jantar
13:48:37 Deltan – Não tenho ainda tb… passo assim que ele indicar…
13:48:54 Deltan – Lembrando que ele é carioca… talvez tenha convidado e não passe o endereço mesmo kkkk
16:38:29 Moro –  Boa

Segundo Azevedo, a conversa é retomada à noite e neste momento se misturam o jantar na casa de Barroso e uma entrevista que Deltan concedeu a Jô Soares (conforme o original).

20:08:40 Deltan – Copiei Vc de modo oculto em email em que envio endereço, repassando o convite.
20:49:17 Deltan – informo que a arte do convite da Palestra – Democracia, corrupção e justiça: diálogos para um país melhor, que ocorrerá no dia 10 de agosto, já está pronta, conforme link que segue abaixo. Ademais, indico que na segunda-feira estarei em contato para informar sobre o roteiro de atividades (refeições, aeroporto, translado). https://www.uniceub.br/media/891615/moro_convite.pdf
22:26:27 Moro – Como foi no Jô?
22:29:11 Moro – Não recebi o email com endereço
22:43:39 Deltan – Ele quer que Vc vá, e seria bacana Vc ir… só não sei o timing rs. Da vez anterior que fui, eu fui mais no conteúdo. Nessa vez, tentei mesclar conteúdo com entretenimento e acho que o resultado foi bacana….
22:45:14 Deltan – Vou checar por que não foi e reenvio
22:51:41 Deltan – Pra mim dá como enviado… deve chegar amanhã, mas adianto por aqui:

No dia 3 de agosto de 2016, Dallagnol repassa a Moro mensagem que recebeu do próprio ministro Luis Roberto Barroso:

“Caros Deltan, Moro, Oscar, Caio Mário e Susan: Tereza e eu teremos o imenso prazer em recebê-los para um pequeno coquetel/jantar em nossa casa, no dia 9 de agosto próximo, 3ª feira, às 20:30, em honra dos participantes do evento “,Democracua, Corrupção e Justiça: Diálogos para um País Melhor”. Será uma reunião em traje casual, com a presença limitada aos organizadores do evento, o que inclui membros da minha assessoria e poucos dirigentes do UniCEUB. Com máxima discrição. Na medida do possível, desejamos manter como um evento reservado e privado. Estamos muito felizes de tê-los aqui. Nosso endereço é [TRECHO OMITIDO POR ESTE ESCRIBA]. Nosso telefone é [TRECHO OMITIDO]. Deltan tem meu telefone e pode ligar em qualquer necessidade. Abraços a todos. Luís Roberto Barroso.”

Leia a matéria de Reinaldo Azevedo.

REINALDO PREGA A RENÚNCIA DE MORO E DIZ QUE ELE CORROMPEU O COMBATE À CORRUPÇÃO

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REINALDO PREGA A RENÚNCIA DE MORO E DIZ QUE ELE CORROMPEU O COMBATE À CORRUPÇÃO

(Foto: Reprodução | PR)

“Moro é hoje uma sombra do que já foi, e sua atual reputação está adequada à sua biografia. E acho que ainda falta muito ajuste”, disse ainda o colunista Reinaldo Azevedo.

Brasil247 – O jornalista Reinaldo Azevedo reagiu à nota do ministro Sergio Moro, em que ele criticou os jornalistas que têm divulgado informações da Vaza Jato. “Moro está preocupado com a reputação dos jornalistas que publicam as informações contidas no material recebido pelo The Intercept Brasil? Ora, não me diga! Em lugar dele, eu olharia no espelho. Quem está em franco processo de desmoralização, posso assegurar, não é o jornalismo que faz o seu trabalho e cumpre a sua função. Como? Moro nos autoriza — TIB, Folha, Veja e este jornalista — a “publicar algo sério”? Bem, e quem julga essa seriedade? Ora, o próprio Moro, o juiz universal!”, ironizou, em artigo publicado em seu blog.

“Vou propor aos demais veículos que a gente marque reunião com Moro quando decidir publicar qualquer coisa. Se ele der o seu “imprimatur”, a gente publica; se não, então não! Moro é hoje uma sombra do que já foi, e sua atual reputação está adequada à sua biografia. E acho que ainda falta muito ajuste. Mantenho a minha sugestão ao valente: renuncie! De resto, senhor ainda ministro, convém registrar: faz campanha em favor da corrupção quem corrompe os instrumentos de Estado para… combater a corrupção”, finalizou.