GRUPO ARMADO INVADE ALDEIA NO AMAPÁ E MATA INDÍGENA

.

GRUPO ARMADO INVADE ALDEIA NO AMAPÁ E MATA INDÍGENA

Segundo o senador Randolfe Rodrigues há potencial gravíssimo de conflito

Indígenas da aldeia Marirí fugiram para aldeia Aramirã. / Reprodução

Redação | Brasil de Fato | São Paulo (SP) – Um grupo de homens armados invadiu a aldeia indígena Waiãpi, em Pedra Branca do Amapari, no Amapá na madrugada de sexta para sábado (27). Emyra Wãiapi havia sido assassinado pelo mesmo grupo com requintes de crueldade nesta semana. Na manhã deste domingo (28), a Polícia Federal e o Bope chegaram na área, assim como a Fundação Nacional do Índio (Funai).

O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) foi acionado pelo vereador Jawaruwa Waiãpi, que enviou áudios com pedido de socorro ao senador. “Uma liderança fez contato informando que ocorreu uma invasão dos garimpeiros e assassinaram um cacique”, relatou ao Congresso em Foco o senador. Acuados e com medo de novas retaliações, os indígenas se refugiaram na comunidade vizinha Aramirã, para onde crianças e mulheres foram levadas.

Porém, eles prometem retomar a aldeia caso as autoridades não adotem providências para expulsar os invasores da comunidade. “Há potencial gravíssimo de conflitos”, lamenta Randolfe.

De acordo com o senador João Capiberibe (PSB), os invasores provavelmente não são do Amapá. “Não se sabe se são garimpeiros. Eles estão armados inclusive com metralhadoras e entraram na região, possivelmente pela fronteira do estado com o Pará.” Capiberibe teve contato na noite deste sábado com o cacique Viceni Waiãpi, que narrou o assassinato do líder. Segundo as informações de Waiãpi ao senador, as lideranças já haviam denunciado anteriormente, mas foram desacreditadas.

Ambos senadores alertam para a escalada do ódio e da intolerância após a eleição do presidente Jair Bolsonaro. “O sangue derramado é culpa do governo federal, que ocorre por causa da omissão de organismos de controle”, reprovou Randolfe Rodrigues. “Quem vive do crime se sente protegido em poder invadir terra indígena.”

Desde janeiro, houve expansão dos focos de garimpo ilegal no Norte, assim como o aumento do desmatamento, como constatou o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Defendendo uma política de exploração de mineral em terras indígenas, Bolsonaro vem contestando o trabalho do órgão, como relembra o Congresso em Foco.

Militantes da área, como indígenas e ambientalistas, responsabilizam o governo Bolsonaro pelo avanço da atividade ilegal – verificado em diferentes pontos do Pará e de Roraima – e criticam o afrouxamento das regras de controle e fiscalização.

Solidariedade e Indignação

A Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) manifestou, no twitter, “preocupação com as informações recebidas sobre a possível presença de invasores armados no território do povo Wajãpi”. A comissão solicitou também “a devida diligência do Estado brasileiro para proteger e prevenir possíveis violações de seus direitos humanos”.

Em nota, a Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (COIAB) se solidariza com o povo indígena Waiãpi e repudia a violência que “vem se acirrando, principalmente fomentado pelos posicionamentos intransigentes, irresponsáveis, autoritários, preconceituosos, arrogantes e desrespeitosos do atual governo, especialmente do senhor presidente da República Jair Bolsonaro, com os ataque que vem fazendo aos direitos dos povos originários deste país,sobretudo aos direitos territoriais já garantidos em terras indígenas completamente demarcadas regularizadas á luz da Constituição Federal de 1988 e que esse governo vem a todo e momento tentando retroceder.”

*Com informações do Congresso em Foco. Atualizado em 28/08/2019 às 15h08

Edição: Luiz Felipe Albuquerque e Daniela Stefano

 

.

MULHERES NEGRAS DENUNCIAM NAS RUAS O RACISMO POR TRÁS DE PAUTAS DO GOVERNO BOLSONARO

.

MULHERES NEGRAS DENUNCIAM NAS RUAS O RACISMO POR TRÁS DE PAUTAS DO GOVERNO BOLSONARO

Centenas de mulheres e homens presenciaram um ato realizado em São Paulo (SP), na praça da República / Foto: Rute Pina

Rute Pina | Brasil de Fato | São Paulo (SP) – Movimento autônomo afirma que pacote “anticrime” e reforma da Previdência vão impactar mais na vida da população preta. Com nove grandes temas e reivindicações, mulheres negras fizeram um ato na contra o racismo em São Paulo (SP) nesta quinta-feira (25), Dia Internacional da Mulher Negra Latino-americana e Caribenha.

A 4ª Marcha das Mulheres Negras de São Paulo percorreu ruas do centro da capital paulista com o mote “sem violência, racismo, discriminação e fome! Com dignidade, educação, trabalho, aposentadoria e saúde!”.

::Os Brasis de Sebastiana e Isabella: duas gerações de mulheres que resistem ao racismo

As mulheres foram puxadas pelo bloco afro Ilú Oba de Min e fizeram trajeto até o Largo do Paissandú, onde encerraram a manifestação na frente da Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos.

Entre as diversas pautas, elas pontuaram os impactos da reforma da Previdência para as mulheres negras e ressaltaram como uma “política racista” o pacote anticrime do ministro da justiça Sérgio Moro. Além pontuar luta pela extinção do feminicídioLGBTfobia, mortalidade materna, violência obstétrica e racismo religioso e ambiental.

A sambista e deputada estadual Leci Brandão (PCdoB) nota que o slogan deste ano da marcha é grande. Segundo ela, porque as mulheres negras são as primeiras a sentirem as políticas impopulares.

::Entrevista: É importante ver a sociedade por uma lente negra, diz fundadora do Black Lives Matter

“Quando a gente olha o manifesto, a gente observa que aumentou os tópicos porque aumentou o sofrimento, a demanda, as injustiças”, disse a deputada. “Todo mundo sabe que, quando o bicho pega e tudo fica ruim, a coisa fica pior para a mulher negra.”

Outro tema inserido neste ano pela marcha é a volta da fome, que, segundo o manifesto, vitima principalmente mulheres negras empobrecidas pelo país. Nesta semana, o presidente Jair Bolsonaro negou que exista fome no país.

A ativista Neon Cunha integrar afirmou que a marcha é também o momento de centralizar as demandas das periferias das grandes cidades. “As mulheres encarceradas, as mulheres que estão recolhendo lixo, as domésticas, as invisíveis; e mais do que isso,  as mulheres que movimentam as nossas periferias, as faveladas, as mães das vítimas do Estado, que movem a estrutura dessa sociedade”, afirmou.

Veterana do movimento negro, Regina do Movimento Negro Unificado (MNU) afirmou que, desde a década de 1970, as entidades pautam a “tríplice exploração e discriminação da mulher negra”. “Nós chamamos à luta contra o feminicídio porque são as nossas mulheres, jovens e negras, que estão morrendo”, assevera.

Já a escritora Nilma Bentes, uma fundadoras do Centro de Estudos e Defesa do Negro do Pará, falou sobre a importância do reconhecimento da negritude pelas jovens: “As mulheres negras que estão fazendo uma revolução com seus crespos estão, de fato, fazendo uma descolonização da rebeldia. O que o colonizador queria e quer é que a gente se sinta inferior e não avance. Ao a gente assumir a nossa negritude de uma forma digna e ir para luta de forma equitativa, estamos alterando a rebeldia.”

À frente da marcha, um bloco das religiões de matrizes africanas explicitou as formas de atuação do racismo religioso. A ialorixá (mãe de santo) Claudia Rosa, da Rede Nacional de Religiões Afro-brasileira e Saúde, diz que a luta da religiões de matrizes africanas é contra a intolerância.

“Tudo o que está acontecendo com nossas religiões não é porque cultuamos os orixás. Toda a intolerância e racismo vem pelo fato que essa é uma religião vinda dos negros, que veio nos navios, veio acorrentada”, explica.

No ato, a prisão da liderança Preta Ferreira e outros militantes do movimento de moradia também foi lembrada nas falas políticas durante o ato. Ela foi presa há um mês, no dia 24 de junho.

Além da capital paulista, a marcha desta quinta ocorreu em Salvador e Belém. A data também celebra o Dia Nacional de Teresa de Benguela, líder quilombola que organizou a resistência à escravidão, no século 18. No Rio de Janeiro, a mobilização ocorre no domingo (28).

Edição: Rodrigo Chagas

.

IMAGENS MOSTRAM AVANÇO DO GARIMPO ILEGAL NA AMAZÔNIA EM 2019

IMAGENS MOSTRAM AVANÇO DO GARIMPO ILEGAL NA AMAZÔNIA EM 2019

Frentes de garimpo ilegal de ouro na Terra Indígena Kayapó, no Pará, em julho de 2019; manchas claras indicam atividade mais recente.

João Fellet e Camilla Costa – Da BBC News Brasil em São Paulo e Londres – Imagens de satélite analisadas pela BBC News Brasil revelam uma expansão recente nos focos de garimpo ilegal em terras indígenas da Amazônia ocorrida desde janeiro deste ano.

Indígenas e ambientalistas atribuem o avanço – verificado em diferentes pontos do Pará e de Roraima – a declarações do presidente Jair Bolsonaro em favor da exploração mineral em terras indígenas e ao que consideram um afrouxamento do combate a crimes ambientais pelo governo.

O crescimento dos focos de garimpo ocorre num momento em que o Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) mostra uma alta nos índices de destruição na Amazônia e tem seu trabalho contestado pelo presidente, para quem a divulgação de dados de desmatamento pode prejudicar o país em negociações internacionais.

As imagens avaliadas pela BBC são da Planet Labs, empresa americana que mantém mais de cem satélites em órbita e fazem fotografias diárias de todo o globo.

A atividade foi monitorada em três das terras indígenas brasileiras que mais sofrem com garimpos ilegais de ouro: a Kayapó, a Munduruku (ambas no Pará) e a Yanomami (em Roraima e no Amazonas). Somados, os três territórios ocupam uma área equivalente à do Estado de São Paulo e abrigam alguns dos trechos mais preservados da Amazônia brasileira.

A BBC comparou fotos de garimpos – identificados pela BBC ou por grupos que monitoram a atividade – feitas no início do ano e nas últimas semanas. Nos três territórios monitorados houve um aumento das manchas que indicam a ação de garimpeiros. O fenômeno ocorreu tanto em garimpos antigos, alguns criados há mais de uma década, quanto em garimpos recentes.

Uma ferramenta permite contrastar as fotografias, arrastando para a direita ou para a esquerda as setas no centro da imagem. As diferenças na coloração das imagens se devem a fatores climáticos ou ao uso de fotos feitas por satélites diferentes, com graus distintos de resolução.

As fotografias foram enviadas a dois especialistas em imagens de satélite: o geólogo Carlos Souza Jr., do Imazon, e o geógrafo Marcos Reis Rosa, da Arcplan. Ambos confirmaram se tratar de focos de garimpo em expansão. Algumas frentes de garimpo retratadas ocupam áreas tão extensas quanto dezenas de campos de futebol.

Procurados pela BBC, o Ministério do Meio Ambiente, a Funai e a Polícia Federal não se pronunciaram sobre o avanço da atividade nem sobre as críticas à atuação dos órgãos até a publicação da reportagem.

Ouro yanomami

Em junho, a BBC publicou uma reportagem mostrando que o ouro se tornou em 2019 o segundo produto mais exportado por Roraima, embora o Estado não tenha nenhuma mina operando legalmente.

Autoridades investigam se o metal vem sendo extraído ilegalmente do território yanomami, onde, segundo indígenas, ao menos 10 mil garimpeiros estariam operando atualmente.

CLICÁVELGarimpo na Terra Indígena Kayapó

Julho de 2019

Terra Indígena Kayapó em julho de 2019

Janeiro de 2019

Terra Indígena Kayapó em janeiro de 2019

Coordenadora executiva da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), Sonia Guajajara diz que indígenas de diferentes partes da Amazônia têm relatado “um aumento absurdo nas invasões” de garimpeiros desde o início do governo Bolsonaro.

Ela afirma que declarações do presidente em defesa da extração de minérios em terras indígenas estão estimulando os garimpeiros. Enquanto era deputado federal e quando concorria à Presidência, Bolsonaro disse várias vezes ser favorável à exploração econômica desses territórios para melhorar as condições de vida das comunidades indígenas.

Em abril, ao receber um grupo de indígenas de Roraima favoráveis à mineração, o presidente afirmou que “o índio não pode continuar sendo pobre em cima de terra rica”.

CLICÁVELAvanço do garimpo ilegal na Terra Indígena Munduruku entre fevereiro e julho de 2019

Julho de 2019

Terra Indígena Munduruku em julho de 2019

Fevereiro de 2019

Terra Indígena Munduruku em fevereiro de 2019

A Constituição de 1988 prevê a exploração mineral em terras indígenas desde que ela seja regulamentada por leis específicas. Como as leis jamais foram aprovadas, a atividade é ilegal.

Desde 1996, tramita no Congresso um projeto de lei para regulamentar a mineração em terras indígenas. O governo Bolsonaro tenta agora destravar a pauta.

Segundo Sônia Guajajara, porém, a grande maioria das comunidades indígenas brasileiras é contrária à regulamentação da atividade por temer seus impactos sociais e ambientais.

No fim de 2018, a Rede Amazônica de Informação Socioambiental Georreferenciada (Raisg), que reúne oito ONGs ambientalistas latino-americanas, publicou um relatório sobre ameaças à Amazônia. O documento identificou garimpos ilegais em 18 terras indígenas no Brasil.

CLICÁVELAvanço do garimpo na Terra Indígena Yanomami entre janeiro e julho de 2019

Julho de 2019

Terra Indígena Yanomami em julho de 2019

Janeiro de 2019

Terra Indígena Yanomami em janeiro de 2019

Em alguns territórios, balsas reviram o leito dos rios em busca de metais preciosos. Em outros, além das balsas, há frentes de garimpo com escala quase industrial, onde retroescavadeiras e dragas cavam crateras na mata. É o caso de boa parte dos garimpos da região do Tapajós, no Pará, onde imagens de satélite mostram grandes “cicatrizes” abertas na floresta. .

Além da derrubada de árvores, a atividade provoca assoreamento de rios, desvia cursos fluviais e cria lagos artificiais que servem como criatórios de mosquitos. Não por acaso, a malária é comum em zonas de garimpo na Amazônia.

Em algumas áreas reviradas pelas máquinas, os danos são permanentes, sem possibilidade de regeneração completa.

Outro problema é a poluição com mercúrio, usado por garimpeiros para facilitar a aglutinação de grãos de ouro. Quando despejado nos rios, o mercúrio contamina peixes e quem se alimenta deles, alojando-se em toda a cadeia alimentar.

Garimpo no TapajósDireito de imagemPLANET LABS

Image caption”Cicatrizes” causadas pelo garimpo na região do Tapajós, no Pará, em imagem feita em julho de 2019

A intoxicação pela substância pode provocar danos neurológicos e malformação em bebês. Em 2016, um estudo da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e do Instituto Socioambiental (ISA) revelou que, em algumas aldeias yanomami, o índice de pessoas contaminadas por mercúrio chega a 92%.

O garimpo também é associado ao aumento de conflitos, de prostituição e de doenças nas áreas indígenas onde se instala.

Em maio, o líder yanomami Davi Kopenawa afirmou em uma conferência sobre mudanças climáticas na Universidade Harvard (EUA) que Bolsonaro quer “que os garimpeiros continuem até estragar nossos rios”.

“Queria que o governo tomasse as providências para a retirada dos invasores do garimpo da terra demarcada e homologada”, afirmou.

Fragilização dos órgãos ambientais

Para o engenheiro florestal Paulo Barreto, pesquisador associado do Imazon, o desmatamento na Amazônia tem sido estimulado não só pelas declarações de Bolsonaro, mas também pela fragilização dos órgãos fiscalizatórios.

“Criou-se um clima de vale tudo, e as pessoas acham que não serão punidas se desmatarem”, ele afirma à BBC.

Por ordem do ministro do Meio Ambientel, Ricardo Salles, o orçamento anual do Ibama – principal agência ambiental federal – foi reduzido em R$ 89 milhões neste ano, um quarto do valor total.

Salles diz que a redução foi um contigenciamento (suspensão temporária) exigida de vários órgãos do governo, e que o Ibama está remanejando recursos para não prejudicar suas operações em campo.

Garimpo KayapóDireito de imagemIBAMA

Image captionTerra Indígena Kayapó, no Pará, abriga frentes de garimpo com área equivalente à de dezenas de campos de futebol

Em entrevistas, o ministro tem rejeitado a avaliação de que houve um afrouxamento no combate a crimes ambientais.

Para ambientalistas, porém, Salles vem minando o órgão não só com cortes, mas também com seus posicionamentos. No início de julho, madeireiros incendiaram um caminhão-tanque do Ibama em Rondônia. Duas semanas depois, o ministro viajou ao Estado e se reuniu com madeireiros, a quem chamou de “pessoas de bem que trabalham neste país”.

“O que acontece hoje no Brasil, infelizmente, é o resultado de anos e anos e anos de uma política pública da produção de leis, regras, de regulamentos que nem sempre guardam relação com o mundo real”, disse Salles na reunião, segundo a Folha de S. Paulo. “O que estamos fazendo agora é justamente aproximar a parte legal do mundo real que acontece em todo o país de norte a sul.”

Bolsonaro já se queixou várias vezes do Ibama e se comprometeu a acabar com o que considera uma “indústria da multa” promovida pelo órgão.

Em 2012, o próprio Bolsonaro foi multado em R$ 10 mil pelo Ibama por pescar em uma área de proteção ambiental em Angra dos Reis (RJ). A multa foi anulada em dezembro de 2018, poucos dias antes de Bolsonaro assumir a Presidência.

Garimpo em Mato Grosso

Direito de imagemSEMA-MT

Image captionCratera de garimpo ilegal em Mato Grosso

Nesta semana, o presidente voltou a ser criticado por ambientalistas ao contestar práticas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), órgão federal responsável por monitorar o desmatamento na Amazônia.

Segundo Bolsonaro, a divulgação de informações pelo órgão pode dificultar negociações do Brasil com outros países – como as relacionadas ao acordo comercial entre o Mercosul e a União Europeia. Líderes europeus têm expressado preocupação quanto ao aumento do desmatamento no Brasil e às ações de Bolsonaro no setor ambiental.

Em abril, uma carta publicada na revista Nature e assinada por 607 cientistas e duas organizações indígenas criticou o governo Bolsonaro por “trabalhar no sentido de desmantelar as políticas contra o desmatamento”. Segundo o documento, “a nova administração do Brasil ameaça direitos dos indígenas e as áreas naturais que eles protegem”.

Aumento do desmatamento

Algumas semanas antes da crítica de Bolsonaro ao Inpe, o ministro do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência, general Augusto Heleno, disse que os índices de desmatamento da Amazônia são “manipulados”.

No início do mês, o Inpe divulgou que houve um aumento de 88% no índice de desmatamento da Amazônia em junho em comparação com o mesmo mês de 2018.

Um portavoz do órgão associou o resultado ao aumento nas grilagens de terra e nas atividades agrícolas e minerárias na região.

POVO INDÍGENA ALERTA UE SOBRE AMAZÔNIA: “VOCÊS ESTÃO FINANCIANDO CRIME”

.

POVO INDÍGENA ALERTA UE SOBRE AMAZÔNIA: “VOCÊS ESTÃO FINANCIANDO CRIME”

CARTA CAPITAL – GIOVANNA GALVANI – ‘O solo onde essa produção de grãos se dá é uma terra necrosada’, diz líder indígena Ailton Krenak.

O negócio bilionário cresceu aos olhos do governo assim que se concretizou diante do mundo. O acordo entre a União Europeia e o bloco que era tão criticado pelo presidente, o Mercosul, foi apresentado por Jair Bolsonaro como um dos “mais importantes de todos os tempos”, com “benefícios enormes” para a economia do País. O preço, porém, pode ser perverso. Líderes indígenas e entidades ambientalistas denunciam, ao outro bloco econômico signatário, o rastro de destruição deixado pelo agronegócio em terras invadidas, o vício em veneno por parte produtores brasileiros e o desprezo pelos povos em suas terras. “O que o povo indígena e seus aliados estão fazendo é exatamente alertar a Europa: vocês estão financiando o crime.”

Ailton Krenak, autor da fala acima, é uma das figuras mais importantes do movimento indígena no Brasil. Escritor e professor da Universidade Federal de Juiz de Fora, ficou ainda mais conhecido há 30 anos, quando pintou o rosto em uma fala história na Assembleia Constituinte de 1988.

“Um povo que habita casas cobertas de palha, que dorme em esteiras no chão, não deve ser identificado de jeito nenhum como o povo que é inimigo do Brasil, inimigo dos interesses da nação e que coloca em risco qualquer desenvolvimento”, disse Krenak à época. A Constituição incluiu os direitos dos índios em seu texto, mas a financeirização global parece ter outras prioridades – e o movimento sabe disso.

Em junho, antes do acordo UE-Mercosul, a coordenadora da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) e ex-candidata à vice-presidência pelo PSOL Sônia Guajajara, anunciou em coletiva de imprensa na Alemanha que as lideranças dos povos brasileiros irão visitar empresas de cinco países e tentar participar de reuniões no Parlamento Europeu para denunciar o que eles estão prestes a comprar às toneladas: índices históricos de desmatamento e de aprovação de agrotóxicos, além de cerceamento de instituições reguladoras, como o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade) e da própria Funai (Fundação Nacional do Índio).

Guajajara estava na cidade de Bonn participando da primeira semana de negociações da COP25, a Conferência de Mudanças Climáticas da ONU – que deveria ser no Brasil este ano se não fosse pela atuação bem sucedida de Bolsonaro em descreditar a importância da reunião e tirar o país da lista de concorrentes.

A pressão dos indígenas brasileiros não é solitária. Na Europa, ambientalistas classificaram o acordo como “inaceitável”. Políticos franceses assinaram uma carta na qual chamam o acordo de “um erro econômico e um horror ecológico”, e os líderes Emmanuel Macron, da França, e Angela Merkel, da Alemanha, também mostraram-se preocupados com os impactos ambientais de tal comércio expansivo, mas não é a primeira vez que eles são avisados.

“Começamos a alertar a Europa que eles estavam comprando madeira roubada das terras indígenas e unidades de conservação na Amazônia há 20 anos”, relatou Ailton Krenak. “Essa campanha obrigou um maior controle de certificação sobre a madeira que saia dos portos do Brasil, e, durante mais de uma década, se constituiu em um importante mecanismo de diminuir o desmatamento o o roubo de madeira nas terras indígenas”, analisou.

Em relatório inédito sobre como as relações entre empresas norte-americanas e europeias com negócios não sustentáveis se costuram nas florestas brasileiras, a Apib relatou dados importantes. Os autores do estudo analisaram as principais multas por desmatamento ilegal cometidas por 56 empresas brasileiras que foram autuadas pelo Ibama desde 2017, e identificaram as negociantes com tais partes, o que comprova que o amplo mercado da carne no Brasil, por exemplo, só é possível por conta da destruição de territórios do Cerrado e da Amazônia.

Cerca de 41% das importações de carne bovina da UE foram provenientes do Brasil em 2018, e os números poderiam refletir uma realidades diferente caso houvesse pressão econômica por parte dos importadores nos produtores nacionais. “Se não der prejuízo, não muda a tendência. Só vão parar de jogar veneno, comer floresta e comer terra se eles tiverem prejuízo”, critica Krenak.

No Brasil, o relatório da Apib destacou a importância de investidores e comerciantes de commodities globais, que analisam os riscos de negócios e influenciam aonde vai parar o capital no final das contas. O movimento indígena também luta por esta via: um dos advogados da Apib, Luiz Henrique Aloy, do povo Terena (MS), participou da reunião anual da Blackrock, a maior gestora de investimentos do mundo – que possui mais de 6 trilhões de dólares em ativos. Aloy pediu para que os executivos boicotassem commodities provenientes de invasões ilegais. Neste ano, a Blackrock ja reduziu ações da mineradora Vale após a tragédia de Brumadinho, um movimento claramente em direção aos negócios. Resta saber se há alguma sensibilidade em Wall Street com pressão por parte do mercado europeu.

Uma parceria entre a ONG WWF e a Fundação Getúlio Vargas também analisou, em 2017, as responsabilidades do mercado financeiro na cadeia de desmatamento nos solos nacionais. Um dos investidores entrevistados apontou que “riscos reputacionais” poderiam comprometer a capacidade das empresas em atuar em certos países, e destacou também o exemplo da multinacional IOI Group, que perdeu cerca de 20% do valor de mercado após descobertas relacionadas à extração de óleo de palma e desmatamento.

“Terra necrosada”

Em janeiro, uma operação da Policia Federal apreendeu mais de 40 contêineres de madeira ilegal no porto de Manaus – cerca de 50% do total seria destinado à Europa e aos Estados Unidos. “O material apreendido até o momento, se colocado de forma linear, cobriria um percurso de 1.500 quilômetros, o que equivaleria à distância entre Brasília e Belém, aproximadamente”, informou a PF em comunicado. Desde março de 2019, houve um aumento de 150% nas invasões ilegais em todo o País, de acordo com a APIB. A principal vítima é a Amazônia – e não há fiscalização.

Para além dos números distorcidos apresentados pelo ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, e pela ‘musa do veneno’ e chefe da pasta da Agricultura, Tereza Cristina, Ailton Krenak define a linha de aviso a quem se interesse em fazer negócios no Brasil. “O solo onde essa produção de grãos se dá é uma terra necrosada. E os europeus estão comendo essa necrose. Se eles quiserem continuar financiando o agronegócio, eles podem comprar o próprio veneno deles.”

 

..

“MORO VAI TENTAR JOGAR NAS COSTAS DO GLENN UMA RECEPTAÇÃO”

.

“MORO VAI TENTAR JOGAR NAS COSTAS DO GLENN UMA RECEPTAÇÃO”

CARTA CAPITAL – ANDRÉ BARROCAL – Opinião é de Eugenio Aragão, ex-ministro da Justiça. Em Porto Rico, ‘Moro’ renuncia por caso similar.

Opinião é de Eugenio Aragão, ex-ministro da Justiça. Em Porto Rico, ‘Moro’ renuncia por caso similar

Em 13 de julho, um consórcio de jornalistas de Porto Rico divulgou conversas privadas obtidas via Telegram pelo governante da ilha caribenha. Ricardo Roselló aparecia com comentários machistas e sexistas em chats com onze homens. A revelação levou a uma onda de protestos populares, e Roselló não aguentou. Em 24 de julho, anunciou que deixará o cargo em 2 de agosto.

É uma história parecida com aquela iniciada em 9 de junho pelo Intercept, noticiador de diálogos tidos no Telegram por Sérgio Moro, ministro da Justiça, reveladores da violação do dever de imparcialidade que os magistrados precisam ter. Com uma diferença: a maioria dos brasileiros até reprova a conduta do ex-juiz, conforme o Datafolha, mas não acha que ele deveria sair do cargo.

om Moro no Ministério da Justiça e a Polícia Federal (PF) sob seu comando, quem tem a temer é Glenn Greenwald, do Intercept. “Moro é uma pessoa inescrupulosa. Ele não para diante de limites legais”, diz Eugênio Aragão, ministro da Justiça em 2016. “Não há dúvida de que Glenn é alvo do Moro. O que o Moro vai tentar fazer? Vai tentar jogar nas costas do Glenn uma receptação.”

GLENN GREENWALD, O ALVO DO IMPARCIAL SÉRGIO MORO

Receptação, explica Aragão, subprocurador da República aposentado, é adquirir algo que, pelas circunstâncias, a pessoa sabe ser produto de crime. O risco da imputação do ilícito a Greenwald está no surgimento de 627 mil reais apontados como movimentação bancária atípica de um casal preso temporariamente em 24 de julho sob a suspeita de hackear Moro e outras autoridades.

Gustavo Henrique Elias Santos e Suelen Priscila de Oliveira tinham renda conjunta de 5 mil reais mensais. A movimentação de 424 mil por ele entre abril e junho de 2018 e de 203 mil por ela entre março e maio de 2019 estaria fora do padrão de renda do casal. Mas também foge de uma hipótese difundida por Moro em 2 de julho, em uma audiência pública na Câmara dos Deputados.

“Alguém com muitos recursos está por trás dessas invasões e o objetivo principal seria invalidar condenações da Operação Lava Jato e impedir novas investigações. Alguém com recursos porque não é uma tentativa de ataque a um celular, mas de vários, em alguns casos talvez com sucesso. O que não parece corresponder à atividade de um adolescente com espinhas na frente do computador”, disse.

O perfil dos quatro presos está mais para hacker com espinhas. Elias Santos, de 28 anos, é ex-DJ e ex-condenado por posse ilegal de armas. Suelen, de 25, “malemá” fez curso de informática, disse o pai à Folha. Danilo Cristiano Marques é motorista de Uber, faz curso de eletricista, já foi preso por roubo e depôs à polícia acompanhado de uma defensora pública, não por um advogado caro.

Walter Delgatti Neto é o personagem que chama a atenção no caso. Já foi preso por falsificar documentos e por tráfico de drogas, depôs igualmente acompanhado por um defensor público e confessou ter hackeado Moro. Era filiado ao DEM e, segundo seu defensor, queria vender ao PT o material que viesse a obter. Na tarde desta quinta-feira 25, ele confessou à PF que entregou o material ao Intercept sem cobrar por isso.

Para um policial federal especialista em cybercrimes, o que se sabe até agora do quarteto revela um método “tosco” ao alcance de qualquer primeiro anista da faculdade de tecnologia da informação. Segundo ele, o golpe só deu certo pois as vítimas não adotavam cuidados simples de segurança. Longe, portanto, de um grupo sofisticado pago com “muitos recursos”, como Moro havia teorizado.

O ex-juiz tem necessidade de ligar o quarteto ao Intercept, a fim de jogar para o segundo plano a questão relevante: sua violação do Código de Processo Penal quando cuidava da Lava Jato em Curitiba. “Essa operação (da PF contra os hackers) é sobretudo para salvar a carreira do Moro, sua ‘credibilidade’, seu futuro político”, diz Eugênio Aragão.

Uma operação, batizada de Spoofing, precedida de três estranhezas. O delegado da PF responsável pelo caso foi trocado, pois o original não produzia os resultados esperados por Moro. A assessora de imprensa do ministro pediu demissão dias depois – Moro antes pregava o “largo uso da imprensa”, agora briga com a mídia. Na semana anterior à operação, o ex-juiz havia saído de férias.

Ao Congresso, o ministro disse ter deixado o Telegram em 2017. Nas conversas divulgadas pelo Intercept, há material sobre 2018 e 2019. Moro foi vítima de hackers em 4 de junho. Ali Greenwald já tinha conversas do ex-juiz. Mandara um e-mail à Globo em 29 de maio numa tentativa de firmar uma parceria. Informação divulgada em um comunicado da própria emissora em 12 de junho.

………….

ASSISTA AO VÍDEO EM QUE DELTAN FAZ PROPAGANDA PARA EMPRESA DELATADA QUE LHE PAGOU R$ 33 MIL

.

ASSISTA AO VÍDEO EM QUE DELTAN FAZ PROPAGANDA PARA EMPRESA DELATADA QUE LHE PAGOU R$ 33 MIL

Brasil247 – O procurador Deltan Dallagnol exaltou a companhia de tecnologia Neoway, delatada na Operação Lava Jato, de acordo com reportagem do site Intercept; “A tecnologia é essencial para podermos avançar contra a corrupção”, disse ele em vídeo; “Isso nos faz precisar, se queremos investigar melhor, usar sistemas de Big Data”, afirmou; assista.

O procurador da Lava Jato exaltou a companhia de tecnologia Neoway, delatada na operação, de acordo com nova reportagem do site Intercept Brasil.

“A tecnologia é essencial para podermos avançar contra a corrupção. Lidamos com uma imensa massa de dados em investigações e que pode ser usada para avaliar potencial fornecedores. Isso nos faz precisar, se queremos investigar melhor, usar sistemas de Big Data”, afirmou o procurador em vídeo.

“Se queremos um País com menos corrupção, precisamos caminhar na direção da formação de um consenso e caminhar no sentido de que todos nós busquemos autar contra a corrupção não só coletivamente, mas também individualmente dentro das empresas promovendo ética e integridade”, acrescentou.

A matéria do Intercept destaca: “Quando finalmente percebeu que havia recebido dinheiro e feito propaganda grátis para uma empresa investigada pela operação que comanda no Paraná, o procurador confessou a colegas: ‘Isso é um pepino para mim’. Mas só escreveu à corregedoria do Ministério Público Federal para prestar ‘informações sobre declaração de suspeição por motivo de foro íntimo’ quase um ano depois, quando o processo foi desmembrado no STF e uma parte foi remetida à Lava Jato de Curitiba”.

De acordo com a reportagem, o “procurador Deltan Dallagnol foi pago para dar uma palestra para uma empresa investigada por corrupção pela Lava Jato, operação que ele comanda em Curitiba. Dallagnol recebeu R$ 33 mil da Neoway, uma companhia de tecnologia, quando ela já estava citada numa delação que tem como personagem central Cândido Vaccarezza, ex-líder de governos petistas na Câmara que foi preso em 2017, e em negociatas na BR Distribuidora, subsidiária da Petrobras privatizada na terça-feira”.

“Não ficou só na palestra, realizada em março de 2018. Deltan também aproximou a Neoway de outros procuradores com a intenção de comprar produtos para uso da Lava Jato. Ele chegou a gravar um vídeo para a empresa, enaltecendo o uso de produtos de tecnologia em investigações – a Neoway vende softwares de análise de dados”.

Segundo a matéria, “a primeira citação à Neoway nos chats secretos da Lava Jato aconteceu dois anos antes da palestra de Deltan, em 22 de março de 2016, em um grupo no Telegram chamado Acordo Jorge Luz. O grupo fora criado para que os procuradores da Lava Jato discutissem os termos de delação de Jorge Antonio da Silva Luz, um operador do MDB que tentava negociar uma delação com a força-tarefa. Dallagnol participava ativamente do grupo”.

“Naquele dia, o procurador Paulo Galvão mandou um documento que trazia a primeira versão do que viria a ser o depoimento de Luz sobre diversas empresas, entre elas a Neoway. No documento, o candidato a delator narrava: ‘Lembro-me ainda de um projeto de tecnologia para Petrobras com a empresa Neoway que recorri ao Vandere Vaccarezzapara me ajudarem agendando uma reunião na BR Distribuidora. Houve esta reunião e recebi valores por esta apresentação e destas repassei parte para eles. Posteriormente a tecnologia foi contratada sem minha interferência ou dos deputados'”.

.

………………

DIA DO TRABALHADOR RURAL | COMO O GOVERNO BOLSONARO IMPACTA A VIDA NO CAMPO

.

DIA DO TRABALHADOR RURAL | COMO O GOVERNO BOLSONARO IMPACTA A VIDA NO CAMPO

Presidente da Contag e dirigente do MST criticam políticas de Bolsonaro para os trabalhadores rurais / Foto: MDA

Alinhado ao agronegócio, capitão reformado promove uma avalanche de medidas que precarizam o trabalho dos camponeses

Igor Carvalho – Brasil de Fato | São Paulo (SP) – O Dia do Trabalhador Rural é comemorado no Brasil em 25 de julho, com base no Decreto-Lei nº 4.338, de 1º de Maio de 1964. Em 2019, as organizações e entidades ligadas ao tema aproveitam a data para chamar a atenção para os retrocessos promovidos pelo governo Jair Bolsonaro (PSL). Nos primeiros sete meses de mandato, o presidente tem demonstrado alinhamento com setores do agronegócio, propondo medidas que ameaçam de diferentes formas a vida de famílias camponesas.

Principal bandeira econômica da gestão Bolsonaro, a reforma da Previdência é uma das maiores preocupações dos trabalhadores rurais. No último dia 12 de julho, ela foi aprovada em primeiro turno na Câmara dos Deputados.

Na avaliação do presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), Aristides Santos, o texto original continha uma série de armadilhas, preparadas pela equipe do ministro da Economia, Paulo Guedes, que dificultariam a aposentadoria dos trabalhadores rurais. Na Comissão Especial, que preparou o documento final para ser votado em segundo turno no retorno do recesso parlamentar, em agosto, foram feitos “reparos” importantes, após a intervenção de diversos parlamentares e dos movimentos populares e sindicais.

“Nós, enquanto categoria, estamos amenizando bastante os efeitos dela [reforma da Previdência] para o trabalhador rural, mas ela continua perversa para a maioria da classe trabalhadora”, afirma Santos.

No texto final, ficou garantida a idade miníma para aposentadoria de 60 anos para homens e 55 para mulheres. Porém, a proposta original pedia que houvesse equidade na idade, de 60 anos para homens e mulheres.

O mesmo ocorre com relação ao tempo de contribuição. No texto do governo, homens e mulheres deveriam contribuir por 20 anos para se aposentar. Na versão final da reforma, homens contribuem por 20 anos e mulheres por 15 anos.

O que Paulo Guedes não admitiu no texto original era taxar o agronegócio. Porém, a oposição conseguiu inserir na versão final uma taxa de 2,6% sobre a comercialização e exportação de produtos rurais. O novo imposto pode representar R$ 84 bilhões ao ano para os cofres públicos.

Alexandre Conceição, integrante da coordenação nacional do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), alerta que a reforma da Previdência pode impactar negativamente a economia brasileira: “Os camponeses vão perder força no seu orçamento. Além de perder força, não vão se aposentar no limite da idade de contribuição. Portanto, os mais de dois mil municípios desse país que sobrevivem da aposentadoria rural, do pequeno agricultor, serão afetados. O município, o comércio local e as famílias serão afetados”.

Precarização do trabalho

Criado em 26 de novembro de 1930, o Ministério do Trabalho foi extinto por Bolsonaro. Para o presidente da Contag, esse episódio é “desastroso”.

“Isso é exatamente para facilitar a vida dos patrões, para precarizar mais as relações [de trabalho], para aumentar o trabalho escravo. E isso tem impacto na questão do registro sindical, que sai do Ministério do Trabalho e vai para o Ministério da Justiça”, explica o sindicalista.

O fim do ministério coincide com a diminuição dos mecanismos de prevenção e controle do trabalho análogo à escravidão. De acordo com a Secretaria do Trabalho, subordinada ao Ministério da Economia, foram 54 operações de combate ao trabalho escravo de janeiro a junho de 2019 – 57% a menos em relação ao mesmo período de 2018.

Violência no campo

O projeto que libera a posse de armas em toda a extensão de propriedades rurais está na fila de pautas da Câmara dos Deputados. O texto, que já foi aprovado no Senado, deve ser votado ainda neste ano e, caso aprovado, pode gerar mais violência no campo.

Conceição, do MST, entende que Bolsonaro procura incentivar a guerra no campo. “Nós sempre declaramos que somos contra armas, porque com esse decreto só poderá se armar quem tem grana, ou seja, os ricos, não os pobres. Não existe massacre de latifundiário, existe massacre do povo trabalhador. Portanto, quanto mais arma no campo, mais perigo corremos. Somos contra o armamento e a favor da reforma agrária e da paz no campo”, afirma.

O texto reduz a exigência de idade mínima para o porte da arma de 25 para 21 anos. Para ter acesso ao armamento, é necessário um comprovante de residência em área rural, além de um atestado de bons antecedentes.

Meio ambiente

Em sete meses, o governo Bolsonaro fez mais liberações de novos agrotóxicos do que a União Europeia (UE) nos últimos oito anos. Foram 290 autorizações no Brasil contra 229 na UE, desde 2011. O estrago provocado na refeição dos brasileiros é “incalculável”, segundo Conceição. A liderança do MST afirma que “o Brasil está entrando na contramão da história do mundo, de proteção do meio ambiente e produção de um alimento saudável”.

Em entrevista ao Brasil de Fato, o ex-presidente da Associação Brasileira da Reforma Agrária (ABRA), Gerson Teixeira, afirmou que a avalanche de liberação dos agrotóxicos tem motivação econômica. “A estratégia deles é viabilizar uma oferta grande de venenos e, com isso, fazer baixar o preço deles, independente se isso vá resultar em uma maior contaminação do meio ambiente ou do alimento”.

Dados recentes mostram que a exposição ao agrotóxico é prejudicial para os trabalhadores rurais e suas famílias. Em dezembro de 2018, no município de Espigão do Alto (PR), 96 pessoas foram contaminadas com Paraquete, um veneno proibido na Europa desde 2007. Entre os afetados, 52 eram crianças que estudavam em uma escola rural na região.

No dia 20 de julho de 2018, a ONG Human Rights Watch divulgou um estudo denunciando a contaminação de trabalhadores rurais e crianças que estudam em escolas rurais. A entidade afirma que o Brasil utiliza 1,5 milhão de toneladas de veneno. Entre os dez produtos mais utilizados no país, quatro são proibidos na Europa devido à alta intensidade de contaminação.

Educação e reforma agrária

Desde sua fundação, o Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (Pronera) funciona pela interação entre três polos: Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), universidades e movimentos populares. Quando surge uma demanda dos movimentos ligados à terra, universidades públicas se organizam para criar cursos de graduação e pós-graduação que atendam o público-alvo. Então, o Incra libera a verba e realiza a fiscalização.

O programa já contou com orçamento de R$ 40 milhões, durante os governos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Porém, quando estava na presidência, Michel Temer (MDB) derrubou para R$ 7 milhões o investimento no projeto. De acordo com Conceição, há 60 cursos paralisados. Outros 90, que estavam aprovados, não foram contratados.

“O dinheiro continua lá, no orçamento público, mas parado, porque a linha desse governo é atacar a educação como todo, mas sobretudo a educação no campo, para a formação do intelectual do povo no campo”, afirma o dirigente do MST. Ele acredita que na Lei Orçamentária Anual (LOA), que deve ser apresentada pelo governo em agosto deste ano, já não constará nenhum valor destinado para o Pronera.

O governo demonstra desprezo não apenas pelos programas educacionais no campo, mas pela reforma agrária. Segundo os entrevistados, o Incra, na gestão de Bolsonaro, tornou-se uma secretaria subordinada ao Ministério da Agricultura, que é comandado por Tereza Cristina – um dos expoentes do agronegócio brasileiro.

Em seis meses, Bolsonaro suspendeu por duas vezes a reforma agrária no país. A primeira, em janeiro, logo após assumir a Presidência. Na segunda, em março, a ordem chegou em carta enviada aos coordenadores regionais do Incra, com a determinação de “expressa suspensão” de todos os processos de vistoria de imóveis rurais, por falta de orçamento.

“Sem reforma agrária, não há desenvolvimento sustentável no campo brasileiro e nem democracia. A democracia requer a gente fazer a melhor distribuição da terra. É importante para a geração de ocupação, emprego e renda no campo e de produção de alimentos acima de tudo. Então, é muito ruim essa compreensão do governo que não precisa de reforma agrária no Brasil”, encerra Santos, presidente da Contag.

Para Conceição, Jair Bolsonaro quer acabar com a agricultura familiar. “O que mais me preocupa é o próprio governo, porque ele está modificando uma linha, que era uma linha de avanço da agricultura familiar, que produz alimentos. Mais de 70% do alimento que vai na mesa do trabalhador. E esse governo, com esses pontos todos, com essas medidas, tende a piorar a situação no campo”, argumenta.

Edição: Daniel Giovanaz

.

PADRE QUE ROUBAVA DINHEIRO DE FIÉIS É DESCOBERTO APÓS SOFRER ACIDENTE

.

PADRE QUE ROUBAVA DINHEIRO DE FIÉIS É DESCOBERTO APÓS SOFRER ACIDENTE

Paróquia da Ressurreição – Santa Rosa / Reprodução 

Padre confessou fazer parte de esquema que roubava dinheiro de fiéis

Ultimo Segundo – ig.com.br – Um padre da arquidiocese de Santa Rosa, na Califórnia, foi suspenso de atividades sacerdotais após sofrer um acidente de carro e ser encontrado, ferido, com dinheiro roubado de fiéis.

Segundo o canal norte-americano Fox News, o padre Oscar Alejandro Diaz, de 56 anos, quebrou o quadril em uma colisão e, ao ser levado para o hospital, foi perguntado pelos paramédicos se precisava que algo do veículo fosse transportado com ele. O padre disse que precisava de bolsas que continham o seu “salário”.

Nas bolsas com o “ salário ” do padre, foram encontrados US$ 18 mil (equivalente a R$ 67 mil). “Como o volume de dinheiro era muito grande, a polícia foi contatada no mesmo dia do acidente, quando um funcionário, que estava desconfortável com a quantidade de dinheiro trazida ao hospital junto com o padre, chamou a polícia”, afirmou memorando enviado pelo bispo Robert Vasa à imprensa.

Desconfiado, o bispo decidiu visitar a paróquia comandada por Oscar , que exercia a função de padre desde 1994. Lá, ele encontrou mais US$ 10 mil (cerca de R$ 35 mil). Dentro da casa paroquial onde o padre vivia, foi encontrado mais dinheiro, somando mais de US$ 95 mil (cerca de R$ 350 mil).

Leia também: Fugitivos deixam pedido de desculpas a padre após banho em igreja no Paraná 

O padre foi confrontado e confessou que roubou o dinheiro que os fiéis deixavam para ajudar a igreja. “A total extensão do roubo ainda não é conhecida e talvez nunca seja completamente descoberta, mas a Arquidiocese está comprometida em determinar a extensão do roubo nessa e em outras paróquias”, afirmou a nota.

Acusações oficiais não foram prestadas na polícia por serem consideradas desafiantes aos protocolos da igreja . O padre foi suspenso, mas o seu futuro ainda é incerto.

.

CORPO DE HOMEM DESAPARECIDO HÁ 10 ANOS É ENCONTRADO EM LOJA NA QUAL TRABALHAVA

.

CORPO DE HOMEM DESAPARECIDO HÁ 10 ANOS É ENCONTRADO EM LOJA NA QUAL TRABALHAVA

Larry estava desaparecido há uma década e corpo dele foi encontrado atrás de freezer – Polícia de Iowa 

Ultimo Segundo – ig.com.br – O corpo de um homem desaparecido desde novembro de 2009 foi encontrado atrás de um freezer do supermercado no qual ele trabalhava no estado de Iowa, nos Estados Unidos.

Larry Ely Murillo-Moncada foi declarado como desaparecido após uma briga com os pais. Segundo os familiares, ele estava sob medicação e agia “descontroladamente”. Na época em que o desaparecimento foi registrado, a polícia procurou por Larry em centros de detenção e até mesmo em um centro de deportação, mas não obteve sucesso.

Após confirmação de DNA e autópsia realizada nos restos mortais de Murillo, nenhum sinal de trauma foi encontrado, o que reforça a teoria de que o rapaz caiu no vão entre o freezer e a parede e morreu ali.

Segundo investigadores, os funcionários do supermercado que queriam “ desaparecer ” durante o expediente costumavam se esconder na área das prateleiras e freezers, que servia de estoque de publicidade.

A suspeita é de que o rapaz tenha se desequilibrado e caído em um vão de pouco menos de 50 centímetros entre a parede e o freezer. O barulho no local teria escondido os pedidos de socorro.

EXISTE OU NÃO UMA MANEIRA CORRETA PARA LIMPAR O BUMBUM? MÉDICO RESPONDE

Uma das questões mais enigmáticas (e silenciosas) da saúde foi respondida por um gastroenterologista americano. Saiba se você está fazendo certo

Você sabe como  limpar o bumbum? Ok, parece uma pergunta idiota, já que você provavelmente está limpando o seu por mais tempo do que você foi capaz de escrever seu próprio nome. Mas se todo mundo faz da forma certa, então por que algumas pessoas já se depararam com calcinhas sujas?

papel higiênico

Se você teve um incidente embaraçoso com essas marcas, é hora de reavaliar sua técnica para a limpeza “debaixo”.

Afinal, existe uma forma certa de limpar o bumbum?

Joel Krachman, chefe de gastroenterologia do AtlantiCare Regional Medical Center, de Nova Jersey (EUA), diz que não há  regras rígidas e rápidas  quando se trata de limpar o bumbum – exceto que não se deve fazer isso com rapidez.

Para cima ou para baixo, papel dobrado ou amontoado… Todos os métodos são válidos. No entanto, ele diz, “algumas pessoas limpam tão vigorosamente que irritam a área anal”. Isso, por sua vez, pode causar condições dolorosas como hemorróidas ou abscessos anais. Quando isso acontece, ele recomenda o uso de lenços umedecidos.

Na verdade, um número crescente de pessoas desistiu do papel higiênico para adotar os  lenços umedecidos . Contudo, se você optar por este tipo de limpeza, certifique-se de dar uma boa olhada nos ingredientes.

Isso porque muitas marcas populares contêm o conservante metilisotiazolinona (MI). “Trata-se de um ingrediente que pode causar reação alérgica em muitas pessoas”, diz o farmacologista Joe Graedon, co-fundador do site de defesa do consumidor The People’s Pharmacy (EUA).

Mas limpar o bumbum com toalhas úmidas é muito mais eficaz do que com papel?

Ryan Meegan, um dos co-criadores da marca de lenços Dude Wipes (EUA), usa essa analogia para explicar: “Se você se sujasse de chocolate no braço ou na mão, não usaria apenas um papel seco, certo?” ele diz. “Você usaria um papel úmido ou lenço umidecido para ter certeza de que absorve toda a substância.” Então, a resposta é sim!

 

.