VEJA ASSUME QUE ERROU AO TER TRATADO MORO COMO HERÓI: “DIÁLOGOS VIOLAM O DEVIDO PROCESSO LEGAL”

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VEJA ASSUME QUE ERROU AO TER TRATADO MORO COMO HERÓI: “DIÁLOGOS VIOLAM O DEVIDO PROCESSO LEGAL”

Ao contrário do que dizem Moro e Dallagnol, a revista afirma ainda que “todas as comunicações são verdadeiras — palavra por palavra”

REVISTA FÓRUM – revista Veja, que chega às bancas nesta sexta-feira (5), faz um mea culpa em seu editorial “Carta ao Leitor”, onde afirma que, apesar de ter tratado o ministro da justiça Sérgio Moro como um herói nacional várias vezes em suas capas – agora reconhece que a conduta do então juiz da Lava Jato era bastante problemática e que a condução dos processos da Lava Jato não se deu de acordo com a lei.

A Veja publica explosiva reportagem de capa, feita em parceria com o The Intercept, onde mostra que o ministro da Justiça, Sérgio Moro, cometeu, sim, irregularidades enquanto atuava como juiz da Lava Jato.

No texto, os editores da Veja explicam que, após analisarem o arquivo por semanas em conjunto com os jornalistas do Intercept, a narrativa de Moro como herói nacional ou como juiz imparcial torna-se insustentável. Para a revista, “fica evidente que as ordens do então juiz eram cumpridas à risca pelo Ministério Público e que ele se comportava como parte da equipe de investigação, uma espécie de técnico do time — não como um magistrado imparcial”.

O editorial da Veja também refuta a estratégia que vem sendo empregada por Moro, Dallagnol e os demais procuradores da Lava Jato de insinuar que o material publicado pode ser editado ou falso:

“Assim como a Folha de São Paulo, também parceira do site, analisamos dezenas de mensagens trocadas entre membros do nosso time ao longo dos anos e os procuradores. Todas as comunicações são verdadeiras — palavra por palavra (o que revela fortíssimos indícios de veracidade do conjunto).”

Na sua “Carta ao Leitor”, a Veja reconhece seu papel na construção da imagem de Moro como uma espécie de super-herói da ética, um mito que, como demonstra a matéria, não tem base na realidade. Acima do texto, a revista traz imagens de cinco capas publicadas nos últimos anos (foto), todas elogiando as virtudes de Moro, acompanhadas da legenda:

“TRATADO COMO HEROI – O ex-juiz Sergio Moro foi capa de VEJA em diversas oportunidades, a maioria a favor: embora tenha sido fundamental na luta contra a corrupção, não se pode fechar os olhos antes às irregularidades cometidas.”

A revista reconhece que “Poucos veículos de mídia celebraram tanto o trabalho do ex-juiz na luta contra a corrupção (veja capas acima). O que mudou foi que a revista tomou conhecimento da conduta antiética e imprópria de Moro na Lava Jato, e que é, portanto, a responsabilidade jornalística da revista revelar e expor – não esconder ou justificar – essa conduta.

“Mas os diálogos que publicamos nesta edição violam o devido processo legal, pilar fundamental do Estado de Direito — que, por sinal, é mais frágil do que se presume, ainda mais na nossa jovem democracia. Jamais seremos condescendentes quando as fronteiras legais são rompidas (mesmo no combate ao crime). Caso contrário, também seríamos a favor de esquadrões da morte e justiceiros. “

A revista encerra com um apelo à defesa do Estado de Direito: “Na Lava-Jato ou nas operações que virão no futuro, é fundamental que a batalha contra a corrupção seja feita de acordo com o que diz o regime constitucional. Esta é a defesa de todos os brasileiros contra os exageros do Estado”.

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SAIU A VAZA JATO: VEJA ACABA COM A CARREIRA DE MORO E MOSTRA QUE ELE FOI PARCIAL EM VÁRIOS CASOS

SAIU A VAZA JATO: VEJA ACABA COM A CARREIRA DE MORO E MOSTRA QUE ELE FOI PARCIAL EM VÁRIOS CASOS

PLANTÃO BRASIL – No material que o Intercept diz ter recebido de uma fonte anônima, há quase 1 milhão de mensagens, totalizando um arquivo com mais de 30?000 páginas. Só uma pequena parte havia sido divulgada até agora — e ela foi suficiente para causar uma enorme polêmica.

Em parceria com o site, VEJA realizou o mais completo mergulho já feito nesse conteúdo. Foram analisadas pela reportagem 649?551 mensagens. Palavra por palavra, as comunicações examinadas pela equipe são verdadeiras e a apuração mostra que o caso é ainda mais grave. Moro cometeu, sim, irregularidades.

Fora dos autos (e dentro do Telegram), o atual ministro pediu à acusação que incluísse provas nos processos que chegariam depois às suas mãos, mandou acelerar ou retardar operações e fez pressão para que determinadas delações não andassem. Além disso, revelam os diálogos, comportou-se como chefe do Ministério Público Federal, posição incompatível com a neutralidade exigida de um magistrado.

Na privacidade dos chats, Moro revisou peças dos procuradores e até dava bronca neles. “O juiz deve aplicar a lei porque na terra quem manda é a lei. A justiça só existe no céu”, diz Eros Grau, ex-ministro do Supremo Tribunal Federal, falando em tese sobre o papel de um magistrado. “Quando o juiz perde a imparcialidade, deixa de ser juiz.”

Dentro da relação estabelecida pela dupla, chama atenção também o momento em que Dalla­gnol dá dicas ao “chefe” sobre argumentos para garantir uma prisão. Isso aconteceu em 17 de dezembro de 2015, quando Moro informa que precisa de manifestação do MPF no pedido de revogação da prisão preventiva de José Carlos Bumlai, pecuarista e amigo de Lula. “Ate amanhã meio dia”, escreve. Dalla­gnol garante que a ação será feita e acrescenta: “Seguem algumas decisões boas para mencionar quando precisar prender alguém…”. À luz do direito, é tão constrangedor quanto se Cristiano Zanin Martins fosse flagrado passando a Moro argumentos para embasar um habeas­-corpus a favor de Lula.

Não seria um escândalo se um magistrado atuasse nas sombras alertando um advogado de que uma prova importante para a defesa de seu cliente havia ficado de fora dos autos? Pois isso aconteceu na Lava-Jato, só que em favor da acusação. Uma conversa de 28 de abril de 2016 mostra que Moro orientou os procuradores a tornar mais robusta uma peça. No diálogo, Deltan Dalla­gnol, chefe da força-tarefa em Curitiba, avisa à procuradora Laura Tessler que Moro o havia alertado sobre a falta de uma informação na denúncia de um réu — Zwi Skornicki, representante da Keppel Fels, estaleiro que tinha contratos com a Petrobras para a construção de plataformas de petróleo, e um dos principais operadores de propina no esquema de corrupção da Petrobras.

Uma das obsessões de Moro envolvia manter os casos da Lava-Jato em seu poder em Curitiba, a exemplo dos processos de Lula do tríplex do Guarujá e do sítio de Atibaia. Nesse esforço, o magistrado mentiu a um ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) ou, na hipótese mais benigna, ocultou dele uma prova importante, conforme mostra um dos diálogos.

A conversa em questão se refere ao caso de Flávio David Barra, preso em 28 de julho de 2015, quando presidia a AG Energia, do grupo Andrade Gutierrez. Sua detenção ocorreu na Operação Radioatividade, relacionada a pagamentos de propina feitos por empreiteiras, entre elas a Andrade Gutierrez, a Othon Luiz Pinheiro da Silva, da Eletronuclear, responsável pela construção da usina nuclear Angra 3.

Em 25 de agosto, a defesa de Barra pede ao ministro do STF Teori Zavascki a suspensão do processo tocado pela 13ª Vara de Curitiba, alegando que Moro não tinha competência para julgar o caso por haver indício de envolvimento de parlamentares, entre eles o então senador Edison Lobão (MDB-MA).

Diante da reclamação, Zavascki cobra explicações de Moro, que diz não saber nada sobre o envolvimento de parlamentares.

A relação entre Moro e Dalla­gnol era tão próxima que abre espaço para que eles comemorem nas conversas o sucesso de algumas etapas da Lava­-Jato, como se fossem companheiros de trabalho festejando metas alcançadas.

Em 14 de dezembro de 2016, Dallagnol escreve ao parceiro para contar que a denúncia de Lula seria protocolada em breve, enquanto a de Sérgio Cabral já seria registrada no dia seguinte (o que de fato ocorreu). Moro responde com um emoticon de felicidade, ao lado da frase: “ um bom dia afinal”. A proximidade rendeu ainda lances curiosos.

Em 9 de julho de 2015, Dallagnol saúda o colega: “bem vindo ao telegram!!”. Cinco meses depois, dá dicas ao juiz de como usar o programa no desktop, enviando no chat um link para o download. “Se puder me mandar no e-mail, agradeço. O tico e o teco da informática aqui não são muito espertos”, responde Moro. Em março de 2017, Dallagnol escreve ao juiz para tirar uma dúvida: ele assina o primeiro nome com ou sem acento? O motivo é que o procurador estava revisando um livro sobre Moro.
“Não uso normalmente o acento”, responde o juiz. Em julho de 2018, Dallagnol atua como assessor de imprensa, perguntando a Eduardo El Hage, um colega do Ministério Público Federal no Rio, detalhes de um pedido de participação de Moro em um programa do canal fechado HBO: “Eles contataram o Moro aqui e ele queria ter o contexto e informações que possam ser úteis pra ele decidir se atende”.

Em um dos períodos mais tensos da operação, o que se seguiu à ação do juiz que torna público o famoso trecho do grampo telefônico em que Dilma Rousseff envia o “Bessias” para entregar a Lula o termo de posse em seu ministério, Dallagnol combina em um dos chats com procuradores uma nota de apoio a Moro e repassa ao grupo uma sugestão do próprio juiz para o texto. Na mesma época, Moro também recebe um afago e conselho de um interlocutor no Telegram (tudo indica, o procurador Carlos Fernando dos Santos Lima). “O movimento seria nas sombras, como você mesmo disse”, escreve, referindo-se ao convite de Dilma para Lula. “O seu capital junto à população vai proteger durante um tempo. As coisas se transformam muito rápido.”

Na terça 2, Moro (que, por sinal, não faz mais parte da Lava-Jato) ficou sete horas no Congresso respondendo a parlamentares sobre o caso. Repetiu o que tem dito nas últimas semanas: os diálogos divulgados foram fruto de um roubo, podem ter sido editados e, mesmo verdadeiros, não apontam nenhum tipo de desvio.

A cada nova revelação, fica mais difícil sustentar esse discurso. Na sentença em que condenou Lula, o ex­-juiz anotou que “não importa quão alto você esteja, a lei ainda está acima de você”. A frase cabe agora perfeitamente em sua situação atual.

Levado ao Ministério da Justiça para funcionar como uma espécie de esteio moral da gestão Bolsonaro, ele ainda goza de grande popularidade, mas hoje depende do apoio do presidente para se manter no cargo. Independentemente do seu destino, o caso dos diálogos vazados representa uma oportunidade para que o país discuta os excessos da Justiça e o fortalecimento dos direitos do cidadão. Um país onde as instituições funcionam não precisa de nenhum Super-Homem.

DELTAN DALLAGNOL: “AHA, UHU, O FACHIN É NOSSO”

DELTAN DALLAGNOL:

Brasil247 –  Um dos diálogos mais escandalosos entre Sérgio Moro e Deltan Dallagnol da reportagem publicada pela revista Veja em parceria com o Intercept nesta sexta-feira (5) é uma referência ao ministro Edson Fachin, do Supremo: “Em 13 de julho de 2015, Dallagnol sai exultante de um encontro com o ministro Edson Fachin e comenta com os colegas de MPF: ‘Caros, conversei 45 m com o Fachin. Aha uhu o Fachin é nosso’.

A relação da operação Lava Jato com ministros do STF é um dos aspectos mais sensíveis do material do Intercept em parceria com diversos veículos de comunicação. Na divulgação realizada no último dia 12 por Reinaldo Azevedo na Bandnews, foi revelada a frase que passou a perseguir Moro: “In Fux we trust”. Outro episódio relacionado ao STF que aparece no material Intercept-Veja é a incrível mentira de Moro ao ministro Teori (leia aqui).

Leia o caso “in Fux we trust”:

Em um grupo de procuradores, Dallagnol conta ter conversado “mais uma vez com Fux hoje, reservado, é claro”. “O ministro Fux disse quase espontaneamente que Teori Zavascki fez queda de braço com Moro e se queimou, e que o tom da resposta de Moro foi ótimo”, escreveu, em referência à repreensão feita por Teori a Moro pelos grampos de Dilma Rousseff.

“Fux disse para contarmos com ele para o que precisarmos, mais uma vez. Só faltou, como bom carioca, chamar-me para ir à casa dele rs”, acrescentou. “Mas os sinais foram ótimos, falei da importância de nos protegermos como instituições, especialmente no novo governo”, completou.

As mensagens foram encaminhadas por Dallagnol para o então juiz Sérgio Moro, que respondeu, em tom de intimidade. “Excelente, in Fux we trust”, escreveu Moro, em inglês, o que pode ser traduzido como “no Fux a gente confia”.

 

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FAUSTÃO, DA GLOBO, ORIENTOU COMUNICAÇÃO DE MORO E PROCURADORES

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FAUSTÃO, DA GLOBO, ORIENTOU COMUNICAÇÃO DE MORO E PROCURADORES

(Foto: Reprodução | Lula Marques | ABr)

Brasil247 –  A reportagem Intercept-Veja que veio à luz nesta sexta revela chega às bancas nesta sexta-feira revela que o apresentador Fausto Silva orientou a comunicação de Moro e dos procuradores da Lava Jato; numa mensagem, Moro diz a Dallagnol, que Fausto Silva havia aconselhado os integrantes da operação a usarem “linguagem mais simples”, “para o povão”

No diálogo transcrito das mensagens do aplicativo Telegram, datado do dia 7 de maio de 2016, Moro, diz ter sido procurado por Faustão que queria cumprimentá-lo pelo trabalho da Lava Jato. Na ocasião, Moro destaca que o apresentador aconselhou que os integrantes da operação mudassem a linguagem “para todo mundo entender”.

“Ele [Fausto Silva] disse que vcs nas entrevistas ou nas coletivas precisam usar uma linguagem mais simples. Para todo mundo entender. Para o povão. Disse que transmitiria o recado. Conselho de quem está a (sic) 28/anos na TV. Pensem nisso”, escreveu Moro.

Segundo a reportagem, o apresentador Fausto Silva confirmou o encontro e o teor da conversa mantida com Moro.

 

OPOSIÇÃO CONVOCA SOCIEDADE A LUTAR PARA QUE O PLENÁRIO BARRE A REFORMA DA PREVIDÊNCIA

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OPOSIÇÃO CONVOCA SOCIEDADE A LUTAR PARA QUE O PLENÁRIO BARRE A REFORMA DA PREVIDÊNCIA

Após sessão eletrizante, governo e aliados comemoram aprovação do texto-base, sob protestos da oposição / Pablo Valadares/Câmara dos Deputados

Aprovado em comissão especial, parecer contou com articulação de Rodrigo Maia, “centrão” e Palácio do Planalto

Cristiane Sampaio – Brasil de Fato | Brasília (DF) – A aprovação do texto-base da reforma da Previdência nesta quinta (4), na Câmara dos Deputados, incendiou, mais uma vez, a disputa entre aliados do governo e críticos da proposta.

Logo após a divulgação do placar, que terminou em 36 votos favoráveis e 13 contrários ao texto, opositores reafirmaram as críticas à medida, que agora irá a plenário.  Paralelamente, aliados governistas agitaram o colegiado com gritos de vitória, como geralmente ocorre em disputas muito acirradas. O resultado consagra a articulação feita entre partidos do chamado “centrão”, situados no espectro da direita liberal, e interlocutores do governo de Jair Bolsonaro (PSL).

“É como se fosse sapateando em cima do túmulo de classes sociais empobrecidas que estão nas ruas, desempregadas, e eles ficam rindo.  Isto aqui é a perda de uma dura conquista constitucional. O texto constitucional [atual] foi votado com muita luta, com muita dureza de décadas”, bradou a líder da minoria, Jandira Feghali (PCdoB-RJ), diante da comemoração da tropa de choque.

Na avaliação da líder, o confronto agora precisará de uma maior aglutinação entre a oposição no parlamento e os segmentos sociais que se posicionam contrariamente à medida, considerada a pauta mais impopular da agenda do presidente Jair Bolsonaro (PSL).

“Eu acho que, neste momento, a gente tem que ter muita serenidade, mas muita luta lá fora. Ainda tem uma etapa de plenário. A sociedade tem que ir pra cima”, convocou a parlamentar carioca.

No encaminhamento da votação, orientaram seus membros a votarem a favor do texto os líderes das siglas PSL, PP, PL, PSD, MDB, PRB, PSDB, DEM, Solidariedade, PTB, Podemos, Pros, Cidadania, Novo, Avante e Patriota.

O parecer contou com oposição dos partidos PSB, PDT, PT, Psol, PCdoB, PV e Rede.

A proposta foi apreciada pela comissão após dias de instabilidade em relação à data de votação, que sofreu adiamentos constantes por conta do intenso jogo de poder que se desenrolou nos bastidores de Brasília nas últimas semanas. A disputa envolve diferentes grupos de interesse, com destaque para carreiras policiais, mercado financeiro e o presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), principal articulador da aprovação da matéria.

“Quem ganha com essa reforma é o capital financeiro. É para pagar juros da dívida pública e amortizações. É para comprar a confiança do mercado”, protestou o líder do Psol, Ivan Valente (SP), minutos antes da votação.

Vitória parcial

Formulado pelo deputado Samuel Moreira (PSDB-MG), relator da reforma, o parecer aprovado no colegiado resguarda aspectos fundamentais da proposta inicial do governo, como é o caso da fixação de uma idade mínima para aposentadoria.

O texto determina 62 anos para mulheres e 65 para homens dos setores público e privado. Também fixa em 25 anos, para ambos os sexos, o tempo de contribuição no setor público, enquanto exige 20 anos para homens do setor privado e 15 para trabalhadoras da área. Esses são alguns dos principais alvos de reclamação.

No desenrolar da tramitação, o parecer também teve subtraídos trechos que estavam entre os mais criticados, como é o caso do sistema de capitalização, da desconstitucionalização das regras previdenciárias e de alterações no Benefício de Prestação Continuada (BPC). Foi retirada ainda, por exemplo, uma norma que alterava regras relativas a recursos do BNDES e que, na avaliação de opositores, iria travar investimentos de médio e longo prazos em infraestrutura, área cujas obras contribuem para geração de emprego e renda.

“Hoje fica demonstrada a necessária função de uma oposição qualificada, que impede mais retrocessos e tenta garantir avanços”, avaliou o líder da oposição na Casa, Alessandro Molon (PSB-RJ).

Plenário

Na disputa que será travada no plenário, o governo precisará de 308 votos favoráveis à PEC em dois turnos de votação. Em declaração dada na quarta à noite, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou que o grupo já teria quantidade suficiente de apoios para passar a reforma adiante.

“Não gosto de falar em número, mas há mais votos do que eu imaginava”, disse. Questionado se a projeção seria de mais de 325 deputados, ele respondeu apenas que haveria “um pouco mais”.

“Eu acho que há sempre um pouco de blefe nessas frases. Normalmente, se quer passar uma imagem de que se tem um número muito grande de votos, quando a gente sabe que a realidade não é bem essa. Se o governo tivesse tanta segurança, não precisava ficar trocando membros no dia da votação”, comentou Molon, em referência a mudanças feitas pelos aliados do Planalto na composição da comissão nesta quinta (4) e também na quarta (3).

A modificação seria uma tentativa de adquirir maior margem de segurança na votação dos destaques (sugestões de alteração no texto), uma vez que, para o texto-base, a configuração de placar esperada seria semelhante com os novos nomes.

Ainda no que se refere à votação em plenário, Maia e aliados reafirmam que esperam votar a reforma antes do recesso parlamentar, que se inicia no próximo dia 18. O prazo, no entanto, pode ser dilatado, assim como ocorreu com a votação na comissão, em virtude das diferentes variáveis que cercam a disputa.

Pressa

Na quarta-feira (3), a sessão da comissão se deu também sob um clima eletrizante. Em constante protesto, a oposição se queixou da pressa da tropa governista ao tentar encaminhar a votação do parecer. Ao todo, o grupo apresentou seis requerimentos, sendo cinco de adiamento da votação – que solicitavam a postergação por um prazo entre um e cinco dias – e um de retirada de pauta.

Tais pedidos compõem o que se convencionou chamar, nos bastidores do Poder Legislativo, de “kit obstrução”, instrumento previsto no regimento e utilizado por opositores em ocasiões em que o grupo se coloca de forma contrária a uma pauta e, por isso, tenta diminuir o ritmo de tramitação da matéria, inclusive para tentar aprofundar a discussão.

Ao contexto de críticas constantes à PEC se somaram ainda protestos de opositores sobre a falta de acesso prévio ao novo texto do relator, que foi modificado pela segunda vez pouco antes da sessão de quarta.

“Estamos obstruindo pra ver se a gente consegue pelo menos conhecer o relatório. Não é possível que não se tenha urbanidade pra fazer um debate de conteúdo aqui”, argumentou Alice Portugal (PCdoB-BA), vice-líder da minoria, na ocasião.

Em um aceno ao mercado, partidos como DEM, MDB, PSDB, PMN, Novo, Pros, PSC, Cidadania (novo nome do PPS), Avante e Patriota defenderam a agilidade da votação, afirmando que o país teria pressa para aprovar a reforma e reforçando o discurso de que a PEC pretende salvar a economia nacional.

“Estão querendo passar um trator na comissão hoje começando essa votação. E nós estamos vendo uma cantilena enfadonha que foi usada quando foi aprovada também a reforma trabalhista, que seria pra gerar empregos, e agora estamos num mar de desempregos no Brasil. O mesmo discurso também da PEC 55 [Teto dos Gastos], e agora com a reforma da Previdência, que é antipovo. Isso daqui, na verdade, não é remédio. É um veneno”, reagiu Fernanda Melchiona (Psol-RS), vice-líder do Psol, durante a sessão.

Nos seis requerimentos apresentados na quarta, a oposição perdeu a disputa em todos eles por uma média de 35 votos a 12, num placar que já anunciava o possível resultado da votação do parecer.

Edição: Rodrigo Chagas

DESMONTE SOB BOLSONARO PODE LEVAR DESMATAMENTO DA AMAZÔNIA A PONTO IRREVERSÍVEL, DIZ FÍSICO QUE ESTUDA FLORESTA HÁ 35 ANOS

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DESMONTE SOB BOLSONARO PODE LEVAR DESMATAMENTO DA AMAZÔNIA A PONTO IRREVERSÍVEL, DIZ FÍSICO QUE ESTUDA FLORESTA HÁ 35 ANOS

Camilla Veras Mota – Da BBC News Brasil em São Paulo – Sem pressão internacional como a que Alemanha e França fizeram sobre o governo brasileiro durante a reunião do G20, o desmatamento na Amazônia vai acelerar a trajetória crescente que se desenha desde 2013.

Com o ritmo atual de desmonte da estrutura de fiscalização e da legislação ambiental demonstrado durante os seis primeiros meses deste governo, a destruição da floresta pode atingir um limite irreversível em 4 ou 8 anos, prevê o cientista Paulo Artaxo, doutor em física atmosférica pela Universidade de São Paulo (USP) e estudioso da Amazônia desde 1984, quando viajou para lá pela primeira vez como parte de sua pesquisa de doutorado.

Trabalhos científicos recentes mostram que, desmatada uma área de 40% da floresta original, o restante não consegue sustentar o funcionamento de um ecossistema de uma floresta tropical chuvosa e, nesse cenário, parte da floresta poderia não ter condições de se sustentar. A Amazônia já perdeu até agora cerca de 20% da cobertura original.

“Reduzir o desmatamento é uma questão absolutamente crucial para a estabilidade do clima do planeta – assim como reduzir as emissões de combustíveis fósseis dos países desenvolvidos”, explica Artaxo.

Hoje em dia, ele vai à região frequentemente para supervisionar suas pesquisas, que ocorrem dentro do Projeto LBA, incluindo uma torre de 325 metros (torre ATTO) que investiga a atmosfera amazônica e que permitiu ao cientista ajudar a desvendar a formação das nuvens de chuva na Amazônia.

Artaxo é um dos 12 brasileiros que fazem parte da lista dos 4.000 cientistas mais influentes do mundo, feita com base em números de citações em artigos acadêmicos pela Highly Cited Researchers 2018. Também é membro, desde 2003, do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC).

O pesquisador conversou com a BBC News Brasil na última quinta-feira (27), quando começou a ser noticiada a resposta do presidente Bolsonaro aos comentários feitos pela chanceler alemã Angela Merkel sobre a política ambiental do Brasil – ao chegar ao Japão para a cúpula do G20, o presidente afirmou que a Alemanha tinha muito o que aprender com o país e que não tinha ido ao encontro para “ser advertido”.

Para Artaxo, é justamente a pressão vinda de outros países um dos principais instrumentos que podem frear o atual processo de desmonte da fiscalização e da legislação ambiental em curso no Brasil. Usar temas econômicos como moeda de troca, como foi o caso do acordo entre Mercosul e União Europeia, poderia ser uma estratégia eficiente nesse sentido.

Enquanto isso, o cenário que era de mudança climática se encaminha cada vez mais para o de “emergência climática” global.

Nos atuais patamares de emissões, o planeta pode se aquecer em média 3,5ºC. No caso do Brasil, “podemos ver partes do Nordeste entrando em um processo de desertificação nos próximos 30 anos, podemos observar alterações profundas no bioma amazônico e mudanças climáticas sem precedentes nos últimos milênios”.

“Estamos na direção do desequilíbrio climático. O que nós podemos fazer é minimizar esse cenário.”

Leia trechos da entrevista AQUI.

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PAPA LANÇA VÍDEO MUNDIAL POR JUÍZES “SEM FAVORITISMOS” E COM INTEGRIDADE

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PAPA LANÇA VÍDEO MUNDIAL POR JUÍZES

Brasil247 –  O Papa Francisco emitiu uma dura mensagem contra violações do Judiciário no momento em que vem sendo revelado um conluio de Sérgio Moro com procuradores; num vídeo lançado mundialmente nesta quinta-feira, o Papa diz que juízes devem ser “isentos de favoritismos e de pressões que possam contaminar as decisões que devem tomar”; “Os juízes devem seguir o exemplo de Jesus, que nunca negocia a verdade” ; assista ao vídeo.

O Papa Francisco emitiu uma dura mensagem contra violações do Judiciário no momento em que vem sendo revelado um conluio de Sérgio Moro com procuradores. Num vídeo lançado mundialmente nesta quinta-feira, o Papa diz que juízes devem ser “isentos de favoritismos e de pressões que possam contaminar as decisões que devem tomar”; “Os juízes devem seguir o exemplo de Jesus, que nunca negocia a verdade”.

No Brasil, a primeira divulgação do vídeo foi feita na página do Instituto Lula, no final da manhã. Assista ao vídeo logo abaixo.

O “Vídeo do Papa” é uma iniciativa global da Rede Mundial de Oração do Papa para divulgar a intenções mensais de oração de Francisco relacionadas com os desafios da humanidade e a missão da Igreja. Mensalmente, o Papa Francisco lança um víveo mundialmente.

Este vídeo, com o título “Integridade da Justiça” é 44º já lançado pelo Papa desde fevereiro de 2016, quando a iniviativa começou. Já houve vídeos dedicados aos refugiados, aos trabalhadores, aos desempregados e aos jornalistas.

“Dos juízes dependem decisões que influenciem os direitos e os bens das pessoas. Sua independência deve ajudá-los a serem isentos de favoritismos e de pressões que possam contaminar as decisões que devem tomar”, afirma o Pontífice.

“Os juízes devem seguir o exemplo de Jesus, que nunca negocia a verdade. Rezemos para que todos aqueles que administram a justiça operem com integridade e para que a injustiça que atravessa o mundo não tenha a última palavra”, acrescentou o Papa.

Assista ao vídeo:

UM MILHÃO DE FRANGOS COM SALMONELA BARRADOS NA EUROPA RETORNAM PARA SER VENDIDOS LEGALMENTE NO BRASIL

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UM MILHÃO DE FRANGOS COM SALMONELA BARRADOS NA EUROPA RETORNAM PARA SER VENDIDOS LEGALMENTE NO BRASIL

A informação é fruto de uma investigação do jornal inglês The Guardian e da ONG brasileira Repórter Brasil – (Foto: Reprodução/Pixnio)

Rede TV! – Com leis mais rigorosas do que as nossas, o Reino Unido vetou, nos últimos dois anos, cerca de um milhão de aves congeladas exportadas pelo Brasil ao país europeu. O motivo é o fato de os alimentos, contaminados pela salmonela, estarem fora dos padrões sanitários da região. Aqui, contudo, esses frangos foram vendidos normalmente, dentro dos padrões legais.

A informação é fruto de uma investigação realizada entre abril de 2017 e novembro de 2018 pelo jornal inglês The Guardian, e pela ONG de jornalismo investigativo Repórter Brasil. Segundo apuração das instituições, enquanto que, no Brasil, uma carne contendo 18% de salmonela pode ser vendida legalmente, já que nossa regulamentação permite até 20% da substância no frango, na Europa, é tolerado apenas 3,3%.

Por isso, a reportagem mostrou que, mesmo depois de ter despontado na mídia a Operação Carne Fraca, a qual revelou uma série de problemas no controle da qualidade de carnes produzidas e vendidas pelo Brasil, os portos europeus continuam vetando o produto. De volta à nação brasileira, essa carne é então processada e acaba preenchendo as prateleiras dos supermercados normalmente.

A volta da mercadoria ao Brasil foi comprovada ao The Guardian e ao Repórter Brasil por meio de documentos internos obtidos junto à Food Standards Agency, agência britânica de padrões alimentícios. A informação ainda foi confirmada pelo Ministério da Agricultura e pela Associação Brasileira de Proteína Animal, as quais esclareceram os procedimentos por quais os frangos passam para serem vendidos em nossos supermercados.

Após retornar ao Brasil, se a quantidade de salmonela presente no frango rejeitado pelos europeus apresentar risco potencial à saúde humana, o que acontece em menos de 1% dos casos, a carne é cozida e processada para a fabricação de subprodutos, como nuggets, salsichas, linguiças e mortadelas de origem de frango.

Mas se a bactércia presente na carne não apresentar risco à saúde, ela é vendida “in natura” nos supermercados e açougues, do jeito que chega da Europa.

Segundo a diretora do Departamento de Inspeção dos Produtos de Origem Animal (Dipoa), do Ministério da Agricultura, Ana Lucia Viana, o cozimento dessa carne que chega da Europa é suficiente para matar os micro-organismos, eliminando assim qualquer risco à saúde.

Risco potencial à saúde

Diversas associações, contudo, que conversaram com o The Guardian e o Repórter Brasil disseram que é um desrespeito aos brasileiros vender esse tipo de carne de má qualidade, que pode sim ter consequências negativas para a saúde da população, como é a opinião da nutricionista Ana Paula Borboletto, do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec).

Além disso, o baixo número de fiscais continua sendo um grande problema no Brasil, e, por isso, não dá para saber se as recomendações sanitárias estão sendo sempre adotadas pelas granjas e frigríficos. Segundo o presidente da Associação de Fiscais Agropecuários do Paraná, por exemplo, as granjas do estado, que foi o mais afetado pelo embargo europeu aos frigoríficos do Brasil, estão “cheias de salmonela”.

DESCRENTES COM POLÍTICA ECONÔMICA, INDUSTRIAIS MINAM PAULO GUEDES

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DESCRENTES COM POLÍTICA ECONÔMICA, INDUSTRIAIS MINAM PAULO GUEDES

André Barrocal – www.cartacapital.com.br – Queixas acumulam-se em conversas de bastidor e já há quem torça pela saída do ministro

Não foi só com Jair Bolsonaro que cresceu a insatisfação, conforme nova pesquisa Ibope. Cresceu também com Paulo Guedes. No caso do ministro da Economia, cresceu entre uns endinheirados: os industriais. Alguns destes torcem pela saída de Guedes, autor da seguinte declaração após a eleição de Bolsonaro: “Vamos salvar a indústria apesar dos industriais brasileiros”.

As queixas com o ministro têm sido feitas, por exemplo, em conversas a portas fechadas com parlamentares. Um destes, que é da oposição, diz ter se reunido recentemente com um executivo do setor automotivo e outro da indústria química e ouvido comentários parecidos. Guedes tem cabeça de banqueiro e não tem um plano para depois da eventual votação da reforma da Previdência.

Segundo o assessor do presidente de uma entidade industrial, a reforma virou um “escudo” protetor de Guedes. O que virá depois dela é pura incerteza. “O governo aposta no capital estrangeiro, mas tenho feito reuniões com esse tipo de investidor e eles estão desconfiados com o Brasil. Há muita instabilidade. O Lula vai ser solto? O caso Queiroz vai atingir o Bolsonaro? É o que os estrangeiros perguntam”, afirma esse assessor.

No time de Guedes, há quem ache injusto apontar falta de planos. Um projeto de reforma tributária está no forno (embora os deputados já toquem um projeto por conta própria). Também há discussões com governadores sobre um novo pacto federativo que libere verbas para os governadores.

Nesse time, já se reconhece que a reforma da Previdência não fará milagres. “Com a Previdência passando vai melhorar o PIB (deste ano)? Claro que vai, mas de 1% para 1,6%. Ainda é uma realidade muito ruim”, disse recentemente ao Estadão o secretário de Política Econômica, Adolfo Sachsida. “Temos de agir para a coisa não ficar pior ainda.”

Além de não ter poderes divinos, a reforma anda de forma arrastada entre os deputados. Por obra do ministro da Economia, inclusive. “O Guedes é um Bolsonaro sofisticado”, disse a alguns deputados o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ). Ou seja, o “posto Ipiranga” não tem tato e enxerga o Congresso dominado por uma “velha política”, a exemplo do presidente.

Maia: “O Guedes é um Bolsonaro sofisticado” (Créditos: EBC)

Uma frase anti-Congresso atribuída ao ministro azedou o humor do grupo político que dá as cartas na Câmara, o chamado “centrão”, bem na véspera da apresentação do relatório final da reforma da Previdência na comissão especial que examina o tema. Um azedume que empurrou a tentativa de votação mais uma semana para a frente. “O Congresso é uma máquina de corrupção”, foi a frase.

Guedes de fato a pronunciou, em uma reunião com o governador do Ceará, Camilo Santana (PT), e assessores de ambos, na terça-feira 25. A informação circulou entre deputados e aborreceu-os antes que o ministério da Economia divulgasse uma nota a dizer que as palavras tinham sido tiradas de contexto.

O presidente da comissão da reforma, Marcelo Ramos (PL-AM), tem dito que não tem “mais respeito por ele (Guedes)”. “Sinto que o ministro está sem interlocução e vai ficar isolado cada vez mais, talvez a ponto de não ter mais condições de continuar no governo”, afirma um deputado que conversa com empresários. “Ele pode ser demitido, o Bolsonaro não.”

Desemprego, um ingrediente explosivo

O desemprego é um ingrediente capaz de minar o “posto Ipiranga” juntamente com o empresariado. No governo Bolsonaro a taxa subiu. Era de 11,6% em dezembro de 2018 e chegou a 12,3% em maio, dado recém divulgado pelo IBGE. São 800 mil pessoas a mais sem vaga. Na nova pesquisa Ibope, o governo é desaprovado por 55% no tema “combate ao desemprego”.

Nos bastidores, os empresários têm estimulado dois políticos a assumir um papel de liderança nacional alternativa a Bolsonaro: os governadores João Doria Jr (PSDB), de São Paulo, e Ronaldo Caiado (DEM), de Goiás. O tucano pertence ao estado de maior PIB e indústria. O outro é ruralista.

A preferência por Doria acaba de ser escancarada pelo suplente do senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), o empresário Paulo Marinho. Gustavo Bebbiano, secretário-geral da Presidência por dois meses com Bolsonaro, comandante do PSL na eleição, é outro que começa a defender o tucano.

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O SOCORRO DE CONDENADO À LAVA JATO É SINAL DE DESESPERO. DE AMBOS.

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O SOCORRO DE CONDENADO À LAVA JATO É SINAL DE DESESPERO. DE AMBOS.

O Tijolaço – Fernando Brito – O processo judicial, no Brasil, virou uma imundície faz tempo.

É preciso ser muito cínico para não ver que os acordos de delação premiada tornaram-se uma máquina de chantagem que pouco ou nada têm a ver com a busca da verdade.

O caso OAS-Léo Pinheiro acaba de produzir outro destes momentos.

Ontem, a Folha noticiou que seu acordo de delação premiada estava parado há cinco meses no gabinete da Procuradora Geral da República, esperando para ser enviado para o ministro Luiz Edson Fachin.

É possível imaginar o desespero de alguém que vê suas expectativas de liberdade paradas assim, juntando poeira, não é?

Aí está, evidentemente, a motivação para a curiosa “cartinha” do empresário mandada à Folha de S. Paulo.

No seu desespero e transformado em instrumento indispensável para a condenação do ex-presidente Lula, o senhor Léo Pinheiro faz afirmações que os próprios fatos tornam inacreditáveis.

Diz que suas alegadas confissões são “uma forma de passar a limpo erros” e não por ” pressão das autoridades”.

Claro, um processo de “conversão espiritual”, nada a ver com estar com uma pena de quase três décadas de prisão.

Escreve mais, afirmando que nunca mudou seus depoimentos.

O noticiário da própria Folha, mostra que não é verdade.

Em junho de 2016 o jornal diz que “Delação de sócio da OAS trava após ele inocentar Lula“, quando afirmava que fizera obras no triplex do Guarujá para oferecer o apartamento a Lula, “mas a família de Lula não se interessou pelo imóvel”.

Pinheiro estava sob intensa pressão já à época:

Condenado em agosto do ano passado por corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa, Pinheiro corre para fechar um acordo porque pode voltar para a prisão neste mês, quando o TRF (Tribunal Regional Federal) de Porto Alegre deve julgar o recurso de seus advogados. O risco de voltar à prisão deve-se à mudança na interpretação da lei feita pelo Supremo Tribunal Federal em fevereiro deste ano, de que a pena deve ser cumprida a partir da decisão de segunda instância. Ele ficou preso por cerca de seis meses.

A corrida era, segundo o jornal, acelerada pelas informações de que os procuradores só aceitariam uma delação, a dele ou a da Odebrecht.

É claro que não se pode imaginar que, ainda dependurado na “boa vontade” do Ministério Público para sair da cadeia, não resta a Léo Pinheiro senão vir em socorro dos procuradores que têm as chaves de sua cela.

O fato, porém é que, além de uma manobra de esperteza de sua defesa, o episódio pode ter sido uma encomenda para confrontar as revelações devastadoras feitas sobre a circunstâncias de sua delação, primeiro recusada e só aceita quando os depoimentos foram mudados para acusar Lula.

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