ENTREVISTA EXCLUSIVA | ÚNICA GOVERNADORA DO PAÍS, FÁTIMA BEZERRA APOSTA EM ROMPER CICLOS PARA MUDAR POLÍTICA

.

ENTREVISTA EXCLUSIVA | ÚNICA GOVERNADORA DO PAÍS, FÁTIMA BEZERRA APOSTA EM ROMPER CICLOS PARA MUDAR POLÍTICA
Em entrevista exclusiva ao Brasil de Fato, governadora falou também sobre o papel das mídias não hegemônicas e caminhos para a esquerda / Foto: Pedro Stropasolas

Eleita pelo RN fala sobre representatividade, feminicídio, retrocessos sob Bolsonaro e estratégias de resistência

Vivian Fernandes e Alexandre Conceição | Brasil de Fato | São Paulo (SP) – Fátima Bezerra é a única mulher eleita governadora no último pleito do país, no ano passado. Pedagoga, venceu a primeira eleição para deputada estadual ainda em 1994 pelo Partido dos Trabalhadores (PT), ao qual é filiada desde 1981. Em sua trajetória política, também passou pela Câmara dos Deputados e pelo Senado antes de assumir o governo do Rio Grande do Norte. Para ela, a vitória para o atual mandato representou uma ruptura na tradição do poder do estado.

“A nossa chegada ao governo do Rio Grande do Norte representa um marco do ponto de vista político, porque quebramos um ciclo de mais de cinco décadas de governos de perfil conservador e oligárquico, voltados para atender os interesses de uns poucos privilegiados em detrimento dos interesses da maioria”, afirmou a governadora em entrevista exclusiva para o Brasil de Fato.

Na conversa, ela falou sobre representatividade e as visões de seu mandato para tratar de problemas sociais, explicou o que é e o que pretende o Consórcio Nordeste. Também comentou as políticas para a população do campo e a importância da mídia não hegemônica, além de percorrer os caminhos que acredita necessários para o setor democrático fazer frente aos retrocessos do governo de Jair Bolsonaro (PSL).

“É fundamental que nós tenhamos uma frente mais ampla, que agregue todos os setores que entendem a importância da democracia no respeito ao Estado democrático de direito, no resgate da liberdade e na garantia da cidadania do nosso povo”, afirmou a governadora, acrescentando que a defesa da liberdade do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva é fundamental para essa luta.

“Eu falo do ponto de vista de que a sociedade, cada vez mais, tem que abrir os olhos, porque defender a liberdade do Lula é defender o resgate da democracia. E isso não é chavão, não é proselitismo, não. É porque a prisão injusta do Lula, o julgamento injusto que a ele foi imposto, tudo isso ficou agora escancarado totalmente”, afirma, sobre as mensagens vazadas no caso da Vaza Jato.

Leia a entrevista:

Brasil de Fato: Governadora, nós temos acompanhado o Consórcio Nordeste desde o final de julho, com o lançamento e a série de movimentações que vocês, governadores da região, vêm realizando. O que é o consórcio, tanto dentro do âmbito econômico quanto dos programas sociais? De que forma a senhora e os governadores recebem as críticas negativas, ou seja, o enfrentamento que o governo Bolsonaro vem fazendo em relação a essa iniciativa pioneira?

Fátima Bezerra: Primeiro, é importante destacar que a tentativa de criação do Consórcio Nordeste já estava em curso. Graças a Deus, nós conseguimos, enfim, concretizar, mas isso era um debate que já vinha se dando há mais de quatro anos. É importante também destacar que não tem só o consórcio da região Nordeste. Inclusive, a partir da criação dele, outros também estão se formando, no Norte, no Centro-Oeste, na Amazônia Legal e, inclusive, no Sul.

O mais importante é o consórcio interestadual do desenvolvimento sustentável do Nordeste enquanto ferramenta de gestão no sentido de que nós possamos buscar a resposta para problemas comuns e desafiadores não mais de forma isolada. E o consórcio adquire um papel ainda mais importante diante desses tempos de crise que nós estamos vivendo.

Além das realidades de um plano estadual de muita dificuldade que nós estamos enfrentando, a conjuntura no plano nacional dispensa comentários. Estamos vendo a economia patinando e a desigualdade social sendo retomada e crescendo em nosso país. Enfim, ataques à democracia, restrição orçamentária, corte de recursos.

Mas, voltando para o consórcio interestadual, a importância dele reside exatamente em ser uma ferramenta de gestão. Nós vamos poder atuar de forma conjunta em diversas áreas como, por exemplo, nas políticas sociais.

Na área de segurança, é um grande desafio nosso entender como diminuir a criminalidade e violência que assola os nossos estados e como, por exemplo, enfrentar a situação da nossa juventude – principalmente negra, pobre e de periferia, que tem sido exatamente a mais atacada.

No campo da saúde, outro grande desafio que a gente tem, vamos pensar ações conjuntas, seja do ponto de vista das compras governamentais, seja do ponto de vista, por exemplo, de ter um programa que traga mais médicos para nossa população.

No âmbito do desenvolvimento econômico, o Nordeste como um todo tem um ativo de riquezas naturais extraordinário. O Rio Grande do Norte, por exemplo, é rico em petróleo, gás, sal, minério, e nós também lideramos a produção de energia eólica a nível nacional.

No campo do turismo e da agricultura familiar, também temos um potencial extraordinário. Mas, não só o Rio Grande do Norte, os outros estados do Nordeste também têm esse ativo de riqueza natural extraordinário, cada qual com sua especificidade. 05:20

Então, é desenvolver iniciativas para atrair investimentos e fomentar o desenvolvimento com vistas a gerar empregos dignos para nosso povo, aumentar a capacidade de arrecadação das nossas receitas e responder às demandas que nós temos nas áreas sociais.

Ainda quero destacar, no campo do Consórcio Nordeste, uma agenda internacional muito importante em curso. Nós estamos com várias missões e vamos fazer uma em novembro para a Europa, começando pela França. Temos tido um diálogo muito promissor com os chineses, que estão com quase R$ 500 bilhões para investir no Brasil. E, graças a Deus, eles estão tendo um olhar muito especial para o Nordeste. É a vez do Nordeste.

No Rio Grande do Norte, em setembro, nós teremos uma agenda internacional muito importante, que é o encontro Brasil e Alemanha. Enfim, o Consórcio Nordeste significa exatamente união, unidade. São os governadores dos estados imbuídos da responsabilidade de realizar um governo que tenha compromisso com desenvolvimento sustentável, geração de empregos, inclusão social e com a cidadania do nosso povo. 07:19

Os ataques que a educação no campo vem sofrendo por parte do governo federal são muito pesados. Eles querem, por exemplo, acabar com o Pronera [Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária]. No consórcio, vocês têm articulado iniciativas voltadas para a população do campo?

Nós pegamos o governo do Rio Grande do Norte em uma situação não só de calamidade fiscal-financeira, mas de colapso geral. Para se ter uma ideia, por exemplo, fazia mais de dois anos que os servidores públicos estaduais não tinham a mínima previsão de quando receberiam seus salários. Atraso com fornecedores, idem. E um colapso também do ponto de vista das políticas sociais: segurança, saúde, educação, enfim, a falta de apoio efetivo ao homem do campo e à agricultura.

O fato é que estamos encarando toda essa situação fazendo um governo pautado pelo diálogo e pela transparência, com muita responsabilidade. A nossa chegada ao governo do Rio Grande do Norte representa um marco do ponto de vista político, porque quebramos um ciclo de mais de cinco décadas de governos de perfil conservador e oligárquico, voltados para atender os interesses de uns poucos privilegiados em detrimento dos interesses da maioria.

Não é à toa que, pela primeira vez na história política do Rio Grande do Norte, você tem uma governadora que foge a esse padrão com perfil de origem social diferente. Origem popular: essa é a minha história de vida, é a nossa trajetória. Tenho absoluta consciência de que chego ao governo representando todo um anseio de mudanças por parte da maioria do povo que nos elegeu.

Formamos uma boa equipe e, para mim, o mais importante é nunca perder de vista o diálogo com o povo. Essa é a lição mais importante quando, de fato, queremos fazer um governo de perfil popular e comprometido com a luta pela cidadania do nosso povo.

Então, por exemplo, mesmo diante de toda essa calamidade financeira, sem poder criar nem um cargo a mais, nós fizemos um reordenamento administrativo. Criamos a Secretaria de Desenvolvimento Agrário em apoio à agricultura familiar, por ter clareza do quanto é necessário e importante ter políticas voltadas para o fomento, expansão e fortalecimento dessa área. Nesse aspecto, quero destacar exatamente o diálogo muito produtivo que nós temos com o MST [Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra], com a Fetraf [Federação dos Trabalhadores e Trabalhadoras na Agricultura Familiar], enfim, com mais organizações sociais dos trabalhadores nessa área.

Recentemente, eu tive muita alegria porque sancionei uma lei de autoria da deputada estadual Isolda Dantas [PT-RN] que estabelece, a partir de agora, o mínimo de 30% das compras governamentais provenientes dos produtos da agricultura familiar ou da economia solidária. E temos delineado um programa muito consistente e ousado para expansão e fortalecimento da agricultura familiar.

No diálogo com os movimentos, eu ressalto que nós publicamos um decreto disciplinando como deva se dar a atuação do Estado diante das ações de despejo, especialmente aquelas resultantes das chamadas ocupações coletivas que, por si só, são sensíveis. Portanto, isso deve impor ao governante que tem sensibilidade e compromisso com a luta do povo o devido cuidado e cautela.

Esse decreto obedece, primeiramente, à lei, tendo como parâmetro o protocolo que nós temos, a nível nacional, da Comissão Nacional de Direitos Humanos. Ele estabelece que, em situações como essa, nós temos que ter todo o diálogo necessário para agir não só no cumprimento da lei, mas também no respeito à luta legítima pela cidadania e pelo direito à terra. O secretário de Segurança, que representa a governadora, tem que ser cientificado dessas ações e isso está disciplinado em nosso estado.

No campo da educação, o desafio é imenso, porque, infelizmente, tem sido uma das áreas mais atacadas nos tempos de retrocessos que estamos vivendo. Os ataques à educação têm se dado de uma forma muito veloz, que nos assusta muito. Eu me sinto à vontade para falar sobre isso, porque tenho uma vida muito dedicada à luta em defesa da educação pública no nosso país. Mas não basta apenas constatar o retrocesso e as ameaças brutais nessa área. Nós temos que agir.

Você vê o MEC – em uma demonstração de desrespeito à lei e de mais um ato de truculência e autoritarismo — intervindo no Instituto Federal do Rio de Janeiro. Felizmente, a comunidade está resistindo. Mas o ataque é brutal: restrições orçamentárias, corte de recursos e desmonte das instâncias de interlocução social – os conselhos, por exemplo –, pondo em risco o funcionamento de universidades e institutos federais.

Nós também temos o desafio pela frente que é o Fundeb, a política de financiamento voltada para a educação básica, cuja vigência termina no ano que vem. Enquanto governadora, eu estou levando esse debate para o Fórum dos Governadores do Nordeste e, digo mais, para o Fórum dos Governadores do Brasil. Tanto é que eu estou coordenando o debate do novo Fundeb a nível do Fórum Geral dos Governadores.

Temos que partir para iniciativas. Por exemplo, o combate ao analfabetismo e a questão da educação no campo. O novo Fundeb também é fundamental e aqui eu quero conclamar o MST e as demais entidades – não só do campo educacional – para cerrar fileiras na luta em defesa dele.

Quando a gente fala do novo Fundeb estamos falando de milhares de vidas, das nossas crianças, dos jovens, de homens e mulheres que necessitam dele para garantir o funcionamento da rede de educação básica pelo país afora.

Os índices de analfabetismo em nosso país são muito preocupantes, mais ainda no Nordeste que, infelizmente, tem praticamente o dobro da taxa de analfabetismo em relação à média nacional. A nossa taxa ainda é acima de 12%, o que requer ações efetivas nessa área.

Nós lançamos uma campanha estadual de enfrentamento ao analfabetismo. Por que não ousar erradicar o analfabetismo? A sociedade civil está participando intensamente dessa campanha, o MST e as demais organizações sociais também. Nesse contexto, a ideia do Pronera é, sem dúvida nenhuma, interessante e vamos fazer esse debate no âmbito do Consórcio Nordeste.

Que análise a senhora faz da representatividade de ser a única governadora mulher do país, além de já ter uma vida na cena política dentro do Poder Legislativo? Que tipo de enfrentamento a senhora faz ao machismo e à invisibilidade no cenário político-institucional?

Eu me vejo, em primeiro lugar, com o sentimento de gratidão com o povo do Rio Grande do Norte. A maioria da população – inclusive as mulheres que tiveram uma participação bem expressiva na campanha eleitoral de 2018 – me elegeu governadora e, de fato, me fez a única governadora mulher do país.

Mas, por outro lado, eu sempre costumo ressaltar que isso deve remeter a uma reflexão extremamente necessária e que mostra, mais uma vez, o déficit de participação das mulheres na política do nosso país. Quer dizer, como assim 27 estados da federação e só tem uma governadora?

Tem uma coisa até curiosa: a única mulher a governar um estado do país é do Rio Grande do Norte. É um estado que tem protagonismo na luta pela participação das mulheres na política. Afinal de contas, foi do Rio Grande do Norte que saiu a primeira eleitora do país, três anos antes de ter sido estabelecida a lei que assegurou o voto para as mulheres em todo o Brasil.

É do Rio Grande do Norte também a primeira prefeita eleita da América Latina, exatamente na cidade de Lajes. Rio Grande do Norte é a terra também de Nísia Floresta. Eu coloco isso para dizer que é um estado com esse protagonismo mas, por outro lado, nós não podemos perder de vista, de maneira nenhuma, a sub-representação das mulheres na política. Nós ainda somos muito poucas ocupando os espaços importantes de decisão política nas mais variadas esferas, não só no Executivo, mas no Legislativo também.

De forma que o que me cabe, enquanto governadora, é não perder de vista a temática da igualdade de gênero. Eu tenho o dever de estar muito atenta a isso e quero também ressaltar que tivemos a sensibilidade de criar a Secretaria de Mulheres, da Igualdade Racial, da Juventude, dos Direitos Humanos e da Cidadania.

Nesse contexto, o nosso governo ousa em implementar políticas que façam esse debate, além de promover e incentivar a participação das mulheres na política, olhando também as outras dimensões que nos afligem muito como, por exemplo, a questão da violência. É assustador o crescimento do feminicídio em nosso país, inclusive, no nosso estado, infelizmente.

E que pese nós estarmos conseguindo uma façanha extraordinária, que é diminuir em 30% os índices de criminalidade e violência. Até o ano passado, o Rio Grande do Norte figurava como o estado mais violento do Brasil. Hoje, mesmo em meio a toda dificuldade orçamentária que nós temos, mas com uma gestão competente, preparada e muito integrada, passados seis meses, nós superamos, inclusive, a média nacional.

Mas, nesse contexto, o feminicídio resiste. Por isso, nós estamos focando em políticas voltadas para o combate à violência contra as mulheres, bem como políticas para autonomia econômica, empreendedorismo, economia solidária, entre outras. Enfim, nós queremos que as mulheres tenham o direito à participação expressiva na vida política nacional.

Neste momento que estamos vivendo, a disputa ideológica e os veículos de comunicação popular são fundamentais para romper a barreira da mídia comercial. No campo da comunicação, como seu governo pode ajudar a construir ideias mais humanistas, justas e solidárias?

Primeiro, eu quero parabenizar todo o trabalho que vocês têm realizado através do jornal Brasil de Fato. Eu sei que não é fácil, de maneira nenhuma, manter essa mídia. Isso exige muita ousadia e senso de dedicação. E, segundo, eu tenho clareza do quanto nós precisamos fortalecer as chamadas mídias alternativas, até porque vivemos em um país onde o monopólio da comunicação é muito acentuado.

A chamada grande mídia está nas mãos de três, quatro, cinco famílias. Não é uma coisa só a nível nacional, isso se reproduz pelo país afora. A questão da comunicação é fundamental e decisiva, mais do que nunca. Nós estamos vivendo a era da sociedade do conhecimento agora com o chamado mundo digitalizado e o papel das redes sociais.

Então, eu tenho orientado ao governo, em toda a área da comunicação social, o quanto é preciso estreitar o relacionamento com as chamadas mídias alternativas e que, graças a Deus, vêm cumprindo um papel muito importante, não só do ponto de vista de credibilidade, mas pelo alcance que estão tendo.

Hoje, nós temos não só o Brasil de Fato, mas vários sites – tanto no plano regional quanto no nacional – que viraram referência em matéria de comunicação pela seriedade e responsabilidade com a comunicação social. É fundamental diante dos tempos que nós estamos vivendo: infelizmente, tempo de violência em um governo que tem promovido ataques e mais ataques à democracia. O projeto instalado hoje a nível nacional é extremamente conservador, de ultradireita e que resgata, inclusive, a cartilha ultraneoliberal com toda fúria.

O que a gente está vendo são os direitos do nosso povo sendo atacados e ameaçados. É o incentivo ao racismo, ao machismo e à intolerância e valores que nós não podemos, de maneira nenhuma, cultuar. Muito pelo contrário, nós temos que proclamar, lutar e ter compromisso com o resgate da democracia.

É fundamental que nós tenhamos uma frente mais ampla, que agregue todos os setores que entendem a importância da democracia no respeito ao Estado democrático de direito, no resgate da liberdade e na garantia da cidadania do nosso povo.

Quais são os desafios e as bandeiras que o setor democrático deve enfrentar e erguer daqui para frente? 

Primeiro, a gente não pode esquecer a nossa Constituição. Eu, por exemplo, enquanto governadora e no âmbito do Fórum dos Governadores do Nordeste, nós temos muito claro o papel institucional que nós temos a desempenhar. Do mesmo jeito que o presidente foi eleito pela maioria do povo brasileiro, nós fomos eleitos legitimamente pela maioria do nosso povo e, portanto, sempre tenho dito que essa missão exerço com muita responsabilidade, alegria e altivez.

Eu não titubearei, em nenhum momento, em defender os interesses do povo do Rio Grande do Norte. E, tem mais, eu bato na porta dos ministérios, do governo federal, seja onde for e, quando eu vou, não vou em busca de favor. Não vou pedir favor, vou cobrar direitos, aquilo que é direito da população do Rio Grande do Norte.

E tenho feito isso com altivez, senso de compromisso e muita responsabilidade. No contexto mais geral, volto a colocar, o que nós precisamos, mais do que nunca, é ter esse senso de responsabilidade para construirmos essa frente de esquerda, essa frente mais ampla, para fazer frente aos imensos retrocessos que estão em curso no nosso país.

Nos preocupa não só a situação do ponto de vista econômico. O desemprego está aí, continua fazendo vítimas e mais vítimas pelo país afora. A economia patinando, insistem e insistem em um modelo de desenvolvimento econômico que a gente sabe qual é o resultado: é mais desigualdade social, mais miséria, menos direitos para as pessoas, é menos cidadania para a maioria do nosso povo.

E, nesse contexto ainda, evidente que tem um outro aspecto que nós temos que levar em consideração que é a prisão injusta do [ex-]presidente [Luiz Inácio] Lula [da Silva]. E aí eu falo sobre isso não apenas porque sou do PT, não apenas pelo imenso carinho que tenho pelo presidente Lula enquanto uma liderança política tão importante para nós do Partido dos Trabalhadores. Ou seja, quando eu falo do presidente Lula eu não estou falando apenas enquanto petistas que somos, enquanto companheiros que somos, não.

Eu falo do ponto de vista de que a sociedade, cada vez mais, tem que abrir os olhos, porque defender a liberdade do Lula é defender o resgate da democracia. E isso não é chavão, não é proselitismo, não. É porque a prisão injusta do Lula, o julgamento injusto que a ele foi imposto, tudo isso ficou agora escancarado totalmente.

As mensagens divulgadas através do trabalho do site The Intercept, a chamada Vaza Jato, comprovou tudo aquilo que o presidente Lula e nós dizíamos desde o início, que a prisão do Lula fazia parte daquela farsa do ponto de vista político-jurídico que se instalou no país desde a época do golpe de 2016, que cassou o mandato legítimo da presidenta Dilma.

Então, nós já denunciávamos aquilo. Na verdade, o que o The Intercept está trazendo hoje é a comprovação de todas aquelas denúncias que nós fazíamos. Ou seja, ficou claro o desrespeito ao Estado democrático de Direito quando o presidente Lula não teve, de maneira nenhuma, o direito a um julgamento imparcial e justo, conforme manda a lei.

Pelo contrário, está aí escancarada a parcialidade e seletividade desses setores do Poder Judiciário, que queriam prender o Lula a todo custo para interferir nos destinos do país. Um país que tinha uma agenda muito importante pelo meio, não de uma eleição qualquer, mas de uma eleição presidencial.

Então, eu encerro dizendo que, nesse contexto de defesa da democracia, é preciso a gente ter um compromisso muito forte com a defesa da liberdade do presidente Lula. Eu estou mais do que esperançosa, eu estou muito confiante de que a liberdade do Lula virá, porque eu acredito muito na luta em defesa da democracia.

Eu acho que as possibilidades de anulação do julgamento do presidente Lula, hoje, são reais, e essa mobilização social e popular que cada vez mais está crescendo em todo o país é fundamental para que a gente possa avançar nessa direção.

Edição: Aline Scátola

CIDADES DE 21 ESTADOS E DO DF TÊM PROTESTOS CONTRA LEI DE ABUSO DE AUTORIDADE E A FAVOR DA LAVA JATO

.

Manifestantes também citam apoio ao governo de Jair Bolsonaro. Também houve cartazes com críticas a ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).

Por G1

CIDADES DE 21 ESTADOS E DO DF TÊM PROTESTOS CONTRA LEI DE ABUSO DE AUTORIDADE E A FAVOR DA LAVA JATO

Protesto na Avenida Paulista às 15h deste domingo (25) — Foto: Rafaela Putini/G1

Os protestos, que foram convocados pelo grupo Vem pra Rua, entre outros, também citam apoio à Lava Jato e ao governo Bolsonaro. Pedem ainda a indicação do procurador Deltan Dallagnol à Procuradoria-Geral da República. Também houve cartazes com críticas a ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).

Manifestantes fazem protesto a favor da operação Lava Jato no Farol da Barra, em Salvador — Foto: Luana Assiz/TV BahiaManifestantes fazem protesto a favor da operação Lava Jato no Farol da Barra, em Salvador — Foto: Luana Assiz/TV Bahia

Abuso de autoridade

O projeto de lei sobre abuso de autoridade foi aprovado pelo Congresso Nacional em 14 de agosto. O texto define cerca de 30 situações que configuram o crime de abuso de autoridade, como:

  • Obter provas por meio ilícito,
  • Decidir por prisão sem amparo legal;
  • Decretar condução coercitiva sem antes intimar a pessoa a comparecer ao juízo;
  • Obter prova em procedimento de investigação por meio ilícito;
  • Pedir a instauração de investigação contra pessoa mesmo sem indícios de prática de crime;
  • Divulgar gravação sem relação com as provas que se pretende produzir em investigação, expondo a intimidade dos investigados;
  • Decretar a condução coercitiva de testemunha ou investigado de forma manifestamente descabida ou sem prévia intimação de comparecimento ao juízo.
  • Veja onde ocorreram protestos:

    Alagoas

    Em Maceió, o ato foi organizado pelo Movimento Brasil. A concentração ocorreu na Praça Vera Arruda por volta das 9h e, depois de duas horas, o grupo saiu em caminhada pela orla.

    MACEIÓ, 10h30: Manifestantes se reúnem na Praça Vera Arruda, na Jatiúca, neste domingo (25) — Foto: Arquivo Pessoal/Alessandro Gusmão

    Amazonas

    Em Manaus, os participantes se concentram no calçadão da Ponta Negra, na Zona Oeste da capital. A manifestação teve início por volta de 16h30, após uma forte chuva atingir a capital amazonense. Com grandes letreiros e muitas bandeiras, o grupo também contou com um carro de som no ponto turístico.

    Manifestantes fazem ato a favor da Lava Jato e contra a lei de abuso de autoridade em Manaus — Foto: Patrick Marques/G1 AM

    Bahia

    Vestidos de verde e amarelo, o grupo começou a chegar no Farol da Barra, em Salvador, às 9h. Guiados por um trio elétrico e com bandeiras do Brasil, os manifestantes seguiram por volta das 11h, em caminhada em direção ao Morro do Cristo, cerca de 1,2 km depois do Farol da Barra, na orla da cidade. Além de defender a Lava Jato, o grupo também pediu o impeachment do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes e do presidente do STF, ministro Dias Toffoli.

    SALVADOR (BA), 9h55: Manifestantes protestam contra a lei de abuso de autoridade — Foto: Luana Assiz/TV Bahia

    Ceará

    Manifestantes fizeram um ato na Praça Portugal, região nobre de Fortaleza. O protesto começou às 16h e terminou às 18h e contou com um trio elétrico.

    Bandeiras do Brasil, camisas verde-amarelas e com mensagens de apoio ao presidente Jair Bolsonaro predominavam no ato, em Fortaleza — Foto: José Leomar/Agência Diário

    Distrito Federal

    Manifestantes a favor de Bolsonaro fizeram um ato na manhã em Brasília. Os manifestantes ergueram bonecos infláveis no gramado em frente ao Congresso Nacional. Um dos personagens, segundo os organizadores, representava o ministro Sérgio Moro – vestido com roupas do “super-homem”.

    Três carros de som davam apoio ao ato. Com faixas nas cores verde e amarela, o grupo exibia frases que pediam o “fim da corrupção”. Outro cartaz, em francês, dizia “Não somos uma colônia francesa” – em referência às questões que envolvem queimadas na Amazônia.

    Ato neste domingo (25) em Brasília — Foto: Rafaella Viana/TV Globo

    Espírito Santo

    Manifestantes se reuniram nas cidade de Vitória e Vila Velha na tarde deste domingo. A concentração começou

    por volta das 15h, sendo um na Praia de Camburi, em Vitória, e o outro na Praia de Itaparica, em Vila Velha.

    Vestidos com roupas amarelas, os manifestantes seguram bandeiras do Brasil, cartazes e gritam palavras de ordem.

    Protesto a favor da Lava Jato em Vila Velha — Foto: Viviane Belo/VC no ES1

    Goiás

    Em Goiânia, o grupo começou a se reunir por volta das 15h em frente à sede da Polícia Federal, no Setor Pedro Ludovico. Vestidos de verde e amarelo, eles seguram bandeiras do Brasil e cartazes.

    Em Jataí, um grupo se reuniu no Lago Diacuí, no Setor Santa Maria. Os manifestantes vestiram camisetas verde e amarela e seguraram faixa pedindo veto total ao projeto de lei de abuso de autoridade.

    Goiânia (Goiás) - Manifestantes fazem ato a favor de Bolsonaro e contra a lei de abuso de autoridade por volta das 15h30 — Foto: Lis Lopes/G1

    Maranhão

    Um grupo de manifestantes se reuniu em São Luís durante um ato em apoio ao governo Bolsonaro. A concentração começou por volta das 10h, em frente a sede da Polícia Federal localizada no bairro Cohama, na capital. O ato foi encerrado por volta das 11h40.

    SÃO LUÍS, 11h30 - Manifestantes se concentram em frente a sede da Polícia Federal em São Luís em apoio ao governo Bolsonaro — Foto: Jessica Melo/TV Mirante

    Minas Gerais

    A Praça da Liberdade, em Belo Horizonte, foi ocupada, na manhã deste domingo por manifestantes que se dizem em prol da “reforma moral” do Brasil. A concentração começou por volta das 10h. Vestidas com camisas da seleção brasileira, as pessoas fizeram cartazes a favor do ministro Sérgio Moro e da operação Lava Jato.

    Manifestantes começaram a se concentrar na Praça da Liberdade, por volta das 10h — Foto: Raquel Freitas/G1

    Também houve ato em Uberlândia, onde a concentração começou por volta das 10h. O ato se encerrou às 12h. Participaram integrantes do “Nas Ruas”, “Vem Pra Rua”, “Movimento Direita Uberlândia (MDU)” e “Não Cruze os Braços”.

    Moradores de Juiz de Fora fizeram ato no Parque Halfeld, às 10h. O grupo fez uma caminhada pela cidade em apoio à Lava Jato, por veto à lei abuso de autoridade e pelo impeachment dos ministros do Supremo.

    JUIZ DE FORA, 11h30: participantes iniciam caminhada pelo calçadão — Foto: Telma Elisa/G1

    Pará

    Em Belém um grupo fez uma caminhada acompanhado por um trio elétrico. Os manifestantes saíram por volta das 10h30 do início da avenida Presidente Vargas, passando pela avenida Nazaré, em direção à avenida Doca de Souza Franco. Eles são contra a lei de abuso de autoridade, querem “Deltan na PGR”, pedem o “impeachment de Toffoli” e “Lula na cadeia”.

    Um manifestante caiu de um trio elétrico durante ato. Segundo a organização do ato, o homem foi socorrido, levado para um hospital particular de Belém e não teve ferimentos.

    Ato em Belém a favor do governo — Foto: Reginaldo Gonçalves/ TV Liberal

    Paraíba

    Em João Pessoa, um grupo se reuniu no Busto de Tamandaré, na orla da cidade. Os manifestantes ocuparam a rua vestidos com camisas do Brasil e com o apoio de um carro de som.

    Grupo faz manifestação em defesa do governo Bolsonaro e contra STF, em João Pessoa — Foto: Hebert Araújo/TV Cabo Branco

    Paraná

    Grupos fizeram atos em várias cidades do estado nesta tarde. Em Curitiba, a concentração na Boca Maldita, teve início por volta das 15h.

    Ocorreram manifestações também em Cascavel, em Londrina, em Maringá, Ponta Grossa e Foz do Iguaçu.

    Curitiba (PR), 15h: Os manifestantes se concentram na Boca Maldita, no Centro de Curitiba, desde as 15h deste domingo (25) — Foto: Marcelo Rocha/RPC

    Pernambuco

    No Recife, os manifestantes se reuniram na Zona Sul. Com bandeiras do Brasil e faixas com palavras de ordem, os manifestantes ocuparam a Avenida Boa Viagem.

    Recife (PE), 15h10: Manifestantes fazem caminhada na orla para pedir o veto ao projeto de lei de abuso de autoridade — Foto: Pedro Alves/G1

    Piauí

    Em Teresina, um grupo de pessoas se reuniu no vão da Ponte Estaiada, na Zona Leste. Os manifestantes usaram faixas e um carro de som para chamar a atenção de motoristas e pedestres que passavam pela Avenida Raul Lopes.

    Manifestação pede veto à lei de abuso de autoridade, em Teresina — Foto: G1 PI

    Rio Grande do Norte

    Em Natal, a concentração teve início por volta de 15h, na calçada do Midway Mall, na esquina das avenidas Salgado Filho e Bernardo Vieira, no bairro Tirol, na Zona Leste. Os manifestantes vestiram roupas nas cores verde e amarela.

    NATAL, 15h25: Manifestantes se preparam para sair em caminhada — Foto: Acson Freitas/Inter TV Cabugi

    Rio Grande do Sul

    Em Porto Alegre, o protesto foi concentrado no Parque Moinhos de Vento, o Parcão. Por volta das 15h os manifestantes iniciaram a manifestação, a maioria vestindo camisetas verde e amarela e levando bandeiras do Brasil.

    Já em Santa Maria, na Região Central do RS, o protesto foi na frente do prédio da Polícia Federal.

    Manifestantes se reuniram no Parcão, em Porto Alegre — Foto: Kelly Veronez/RBS TV

    Rio de Janeiro

    Manifestantes se reuniram na orla da Praia de Copacabana, na Zona Sul do Rio de Janeiro. O ato ocorreu na altura da Rua Miguel Lemos e, com o apoio de um carro de som, os manifestantes cantaram o Hino Nacional.

    Protesto aconteceu na Avenida Atlântica na altura da Rua Miguel Lemos, em Copacabana. — Foto: GloboNews

    Rondônia

    Em Porto Velho, o grupo se reuniu no fim da tarde, próximo a passarela do Espaço Alternativo, Zona Norte da capital.

    Alguns manifestantes se revezaram nas falas em um carro de som. Vestidos de verde e amarelo, pediram o veto da Lei de Abuso de Autoridade.

    Grupo com bandeiras do Brasil se reuniu no Espaço Alternativo — Foto: Diêgo Holanda/G1

    Santa Catarina

    Em Florianópolis, os manifestantes estão concentrados na avenida Beira-mar Norte e depois devem sair em caminhada até a sede da Polícia Federal (PF).

    Já em Balneário Camboriú, os manifestantes se concentraram na Praça Almirante Tamandaré. Em Blumenau, os manifestantes se concentraram em frente à prefeitura.

    Manifestantes estão concentrados na avenida Beira-mar Norte em Florianópolis — Foto: Ricardo Von Dorff/NSC TV

    São Paulo

    Na capital paulista, protesto começou às 13h42, com o hino nacional sendo tocado de um carro de som. O grupo está ao lado do Masp, e não sairá em caminhada.

    Em Ribeirão Preto, o ato durou duas horas pela manhã. Algumas pessoas carregavam bandeiras do Brasil, enquanto outras levavam cartazes com os dizeres “Pacote anticrime Já”, “Armas pela vida e pela segurança”, “Fora STF” e “O novo Brasil não cabe político velho”.

    Em Campinas, a concentração começou por volta das 10h e acabou 11h50. Em Araçatuba, o trânsito chegou a ser fechado por um grupo de manifestantes, mas foi liberado às 11h30. Já em Itapetininga, o ato começou às 11h e terminou por volta das 13h30.

    Manifestantes protestam vestidos de verde e amarelo — Foto: Michele Bacelar/TV TEM

    Sergipe

    Em Aracaju, manifestantes se reuniram na tarde deste domingo, no Bairro Jardins, na Zona Sul. O grupo usou bandeiras no ato, cartazes com palavras de ordem e contou e com o apoio de um carro de som.

    Tocantins

    Em Palmas, a manifestação começou por volta das 16h e ocorreu na Praça dos Girassóis. Com bandeiras, faixas e gritos de ordem, o grupo manifestou apoio ao presidente e ao ministro Sérgio Moro, além de demonstrar o descontentamento contra o Supremo Tribunal Federal (STF).

    Manifestação em apoio ao governo em Palmas — Foto: Lucas Machado/TV Anhanguera

 

A CONTA CHEGOU

.

A CONTA CHEGOU
Quantidade de incêndios dobra na área de atuação do 16º Subgrupamento de Bombeiros Militar em Amambai no Mato Grosso do Sul / Foto: Corpo de Bombeiros/MS

Redação | Brasil de Fato – Olá, a conta chegou, para espanto de quem achava que Bolsonaro moderar-se-ia na cadeira presidencial e seria controlado pelas instituições. Está acontecendo exatamente o contrário, como previam aqueles que não tiveram a visão cegada pelo ódio ao PT. E as consequências são catastróficas.

1. A Era do Fogo e das Trevas.

Não deveria surpreender. A desregulamentação total da legislação ambiental combinada com o estímulo ao agronegócio só poderia resultar no maior número de queimadas dos últimos cinco anos, um aumento de 83% nos focos de incêndio em comparação com o mesmo período do ano passado. Como mostra o El País, o fogo segue o rastro do agronegócio, em sua maioria em áreas privadas e invadindo reservas indígenas. Por trás de tudo, a certeza da impunidade. A Força Nacional, que ajudava o Ibama na fiscalização, foi retirada de Novo Progresso, município que “celebrou” o “dia do fogo”. Isso sem contar o ataque ao Inpe, a defesa do garimpo e as ameaças aos servidores de órgãos ambientais chanceladas pelo próprio governo.

As consequências dos incêndios chegaram em São Paulo, que anoiteceu no meio da tarde e teve a chuva contaminada, e ainda poderão causar redução de chuvas em outras regiões do país, na Argentina, Paraguai e Uruguai, afetando também a conta e o fornecimento de energia elétrica. O exército bolsonarista entrou em campo com sua frente de boataria, reproduzindo o discurso do próprio presidente e questionando até os satélites da Nasa. Portanto, só para deixar claro: pesquisadores sérios concluíram que o breu de São Paulo se tratava de partículas provenientes de queimadas ocorridas nas regiões Centro-Oeste e Norte, entre Paraguai e Mato Grosso, abrangendo trechos da Bolívia, Mato Grosso do Sul e Rondônia. Ou, nas palavras de um pesquisador do Inpe, especialista no estudo dos “rios voadores” da Amazônia, não há nenhuma dúvida de que São Paulo foi atingida pela pluma de fumaça e fuligem das queimadas amazônicas. Culpa das ONGs? Nem o governador do Amazonas, aliado de Bolsonaro, foi capaz de repetir a tolice, afirmando o óbvio: há um “discurso de permissividade” que parte do presidente da República que estimula as queimadas e o desmatamento.

A retórica da ignorância mobiliza o gado bolsonarista, mas a situação agora causou uma crise de proporções internacionais. Com a polêmica em torno do Fundo Amazônia, a agência alemã DW prevê que as relações comerciais entre Brasil e Alemanha devem sofrer um retrocesso. Na quinta (22) foi a vez do presidente francês Emmanuel Macron convocar o G7 para tratar o tema. A situação brasileira implodiu o acordo UE-Mercosul e a candidatura do país à OCDE também deverá ser duramente rechaçada. A imprensa alemã inclusive defende que o Brasil sofra sanções econômicas. Bolsonaro reagiu como sempre: atacou Macron, afirmou que o Brasil estava sob ataque e insinuou novamente que as ONGs estariam por trás dos incêndios, mas por fim cogitou a possibilidade de que sejam mesmo os fazendeiros os responsáveis, pedindo para que a população denunciasse os incendiários pelo Twitter.

Vale lembrar que a recém aprovada MP da “Liberdade Econômica” cria mais facilidades aos desmatamentos: autoriza desmatamento automático caso órgãos do meio ambiente atrasem a emissão de licenças ambientais e dispensam licenças que sejam considerados de baixo impacto. Enquanto isso, os governadores da Amazônia Legal, repetindo a ideia do consórcio Nordeste, pretendem negociar em bloco com Alemanha e Noruega para que os próprios estados passem a gerir o Fundo Amazônia. Protestos contra a política ambiental e pela preservação da Amazônia devem ocorrer em pelo menos 21 estados neste final de semana. A Rede Sustentabilidade, partido de Marina Silva, protocolou um pedido de impeachment do ministro Ricardo Salles, mas ao STF. Pressionado, Bolsonaro assinou um despacho na quinta (22) determinando que os ministérios adotem medidas de combate à série de queimadas.

2. A República do banana

Seria irônico, não fosse trágico. Os mesmos agentes públicos que passaram os últimos anos brincando de Batman contra a corrupção agora se mostram espantados com o governo que ajudaram a eleger controlando os órgãos de controle. A começar pela Receita Federal, onde as pressões de Bolsonaro levaram à troca do subsecretário-geral e devem provocar mais mudanças no alto escalão. O governo avançou também sobre o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), órgão que motivou passeatas contra a corrupção: a MP publicada na terça (20) no Diário Oficial transfere o Coaf para o Banco Central e muda o nome do organismo para Unidade de Inteligência Financeira. A mudança mais importante está na composição do órgão: o novo Coaf será integrado também por um conselho deliberativo, formado por “cidadãos brasileiros com reputação ilibada e reconhecidos conhecimentos”. Atualmente composto apenas por servidores efetivos de órgãos como BC, CVM e Receita, o órgão agora passará a ser formado pelo presidente da UIF e por entre oito e quatorze conselheiros. As indicações serão feitas pelo presidente do Banco Central, cargo atualmente ocupado por Roberto Campos Neto.

Nesta mesma toada deve entrar a nomeação do próximo Procurador Geral da República. O nome mais forte até agora é uma indicação de Flavio Bolsonaro: o subprocurador Antônio Carlos Simões Martins Soares, desconhecido dentro do próprio MP, réu por falsificação de assinatura e com a aposentadoria cancelada por “possíveis irregularidades”. Soares diz que cursou a Escola Superior de Guerra, mas não existe nenhum registro que comprove. Mas o que importa? Afinal, o que Bolsonaro e o filho precisam é de um engavetador geral que não prospere as denúncias contra o clã, lembra Bernardo Mello Franco. Os rumores da indicação soaram muito mal entre os procuradores e a Folha apurou que a nomeação geraria um cenário de “ingovernabilidade, com diversos grupos se digladiando diante de um procurador-geral sem um mínimo de autoridade“.

O desgaste se estende à Receita Federal, alvo das garras do presidente que não quer parecer um banana, e também na Polícia Federal, o que respinga em Sérgio Moro, que não passa uma semana sem ser desautorizado pelo presidente. A situação levou o site Antagonista, diário oficial da Lava Jato, a sugerir que Bolsonaro não tem coragem de demitir Moro. O ministro da Justiça, aliás, não deu um pio até agora sobre essas mudanças anunciadas ou executadas pelo chefe, silêncio que incomoda delegados da Polícia Federal. Nota no Painel da Folha desta sexta (23) diz que Bolsonaro ganhou pontos com políticos mais rodados ao interferir nos órgãos de controle, embora a postura tenha riscos, e que a Moro só cabe aguentar calado. Reportagem do Extra vai na mesma linha, informando que aliados de Moro dizem que o ministro não pensa em pedir demissão, deixando esse eventual desgaste para Bolsonaro.

3. Estranhas preocupações presidenciais

Parece que por trás destas mudanças há algo mais do que um presidente autoritário buscando controlar os órgãos de controle. Isso porque Bolsonaro demonstra uma atenção especial a repartições aparentemente pouco importantes no Rio de Janeiro. Pra começar, a demissão do superintendente da PF no Rio, Ricardo Saadi, teria relação direta com a falta de ingerência do delegado sobre investigações envolvendo a família Bolsonaro, em especial sobre o senador Flávio. De acordo com reportagem da Folha, a investigação dentro da PF sobre a operação-abafa no caso Marielle é um dos grandes mistérios em Brasília. “O que se sabe é que há uma montanha de sigilos telefônicos e fiscais quebrados à disposição dos investigadores”, diz o autor do texto, Igor Gielow, indicando que Saadi colaborou com essa investigação, tocada de Brasília. Além desse caso, está a investigação sobre gastos irregulares identificados pelo Coaf nas contas de Fabrício Queiroz. Além da superintendência da PF no Rio, Bolsonaro e seu entorno demonstram preocupação especial com a Receita Federal no Porto de Itaguaí, cujo delegado, José Nóbrega Oliveira, esteve ameaçado de exoneração nesta semana. Segundo a matéria do jornal O Globo, a região é dominada pela milícia. Os problemas mais graves no Porto de Itaguaí, diz a matéria, são a saída de drogas para a Europa e a chegada de armas dentro de contêineres provenientes da Ásia. Lembrando que, além da Receita e da Polícia Federal, Bolsonaro anda preocupado com as direções dos hospitais federais do Rio de Janeiro. Nesta semana, promoveu mudanças nas direções dos hospitais do Andaraí e de Bonsucesso. Como pano de fundo, resistências por parte dos antigos diretores de nomearem políticos aliados de Bolsonaro e uma estranha presença da milícia em particular no hospital de Bonsucesso, como aponta esta reportagem do O Globo.

A atuação de Bolsonaro tem duas faces. Como chama a atenção Kennedy Alencar, ao tirar credibilidade e enfraquecer instituições, fica mais fácil adotar medidas autoritárias. E, por outro, alerta Luís Nassif, a liquidação do Estado abre espaço justamente para ação de milícias. Não à toa o crime organizado e milícias atuam no tráfico de armas (beneficiadas pelos novos decretos) e na coleta de lixo, onde o atual Ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles atua como lobista.

Em tempo: vale prestar atenção na aproximação de Bolsonaro com as Polícias Militares. Ainda no dia 11, os comandantes das PMs nos Estados tiveram uma reunião com o presidente. A direção do ICMBio, por exemplo, já está repleta de policiais militares. Na mais recente nomeação, o tenente alagoano Wenderson Viana Guilherme vai para a chefia da Área de Proteção Ambiental da Costa dos Corais, indicado pelo presidente do órgão Homero di Giorge, uma semana depois de Homero ter transferido o antigo chefe da unidade que atuou quando o órgão multou o atual presidente da Embratur.

4. Milícia na cidade e no campo

No Rio, Bolsonaro e as milícias têm sua cara metade no governador Witzel. Levantamento do UOL mostra que, das 881 mortes registradas em operações policiais no primeiro semestre deste ano no Rio, nenhuma aconteceu em área de domínio da milícia. No período, 881 suspeitos foram mortos em operações policiais, o maior número nos últimos 17 anos.

Na quarta (21), a Câmara aprovou projeto que flexibiliza a posse de armas nas regiões rurais do país. O texto já passou pelo Senado e segue para a sanção presidencial. Antes a posse era autorizada nas áreas edificadas das propriedades. O projeto autoriza a posse de arma para “toda a extensão da área particular do imóvel, edificada ou não”. Para Lenin Pires, professor do Departamento de Segurança Pública da UFF, trata-se de uma resposta dos segmentos mais obscurantistas a um problema objetivo: a questão dos conflitos agrários. “Isso pode fomentar o estabelecimento de milícias particulares para dar conta dessa proteção extensiva, em função desses conflitos, que são históricos”, aponta.

5. Rumo ao iceberg 

A Bolsa de Valores registrou o pior saldo dos últimos anos. Mais de R$ 19 bilhões já foram retirados do país por investidores estrangeiros, a maior retirada desde 1996 e maior inclusive do que os saques em 2008, ano da crise financeira internacional. Com uma crise se aproximando, os investidores preferem apostar em mercados mais seguros do que os chamados emergentes, como o Brasil. Além disso, o país está há 62 meses sem conseguir retomar o crescimento, situação que indica colapso da capacidade de investimento, reforçada pela paralisia do Estado em relação a obras de infra-estrutura e o risco de apagão total de vários ministérios. Se o navio está entrando em uma tempestade, olhar para os timoneiros pode gerar pânico. Enquanto Bolsonaro se esforça para piorar as relações com a Europa, como falamos acima, a medida da liberação do FGTS se mostrou inócua, como previsto. Segundo o Itaú Unibanco, os efeitos da crise argentina são suficientes para cancelar o potencial dos saques do FGTS. E o que faz Paulo Guedes? Continua desmontando o navio. Nesta quarta (21),o governo anunciou a intenção de privatizar nove empresas estatais: a Telebras, a ABF, os Correios, o Porto de Santos, o Serpro, a Dataprev, a Emgea, o Ceitec e o Ceagesp. Antes do anúncio oficial, falava-se até em dezessete empresas. Na prática, o governo anunciou mesmo foi a inclusão das empresas no Programa de Parcerias e Investimentos, que produzirá um estudo sobre cada privatização e após aprovação do conselho de Ministros algumas ainda precisam ser aprovadas pelo Congresso, como os Correios. Mas Guedes deixou claro que ainda não foi agora, mas vai chegar a vez da Petrobras. A ideia do governo é “diminuir” a Petrobras antes da privatização, acabando com o monopólio no refino, no setor de gás e com a presença na revenda e transporte de combustíveis, relata Vinicius Torres Freire na Folha.

6. Vaza Jato, Lava Jato e Lula

As revelações das trocas de mensagens entre procuradores da Lava Jato perderam força na última semana em virtude do holocausto ambiental na Amazônia, mas não em razão da falta de relevância das informações reveladas. Em uma das mais recentes e mais graves, o Intercept e o El País mostraram que a Lava Jato aliviou para os grandes bancos implicados pela operação, optando por acordos financeiros a condenações, o que não valeu para as empreiteiras. A opção levava em conta o chamado “risco sistêmico”, conceito financeiro que supõe um possível efeito dominó para a economia. Neste meio tempo, lépido e fagueiro, Deltan Dallagnol dava palestras para a Febraban e para instituições financeiras. Palestras, aliás, parecem ser o calcanhar de Aquiles do menino Deltan. Nesta sexta (23), Intercept e Folha mostram que o procurador mudou os contratos de suas palestras e deixou de lado as doações à filantropia, amealhando pelo menos R$ 580 mil desde 2017. Não surpreende vindo de quem sonhou com um monumento exaltando o próprio trabalho.

Como já é costume, a Lava Jato voltou a esboçar reação. Na quarta (21), a Lava Jato desencadeou sua 63ª fase, mirando ex-executivos da Odebrecht. De acordo com o divulgado, a operação é baseada em suspeitas de pagamentos destinados ao PT por meio dos ex-ministros Antonio Palocci e Guido Mantega. A PF teria encontrado na casa do ex-diretor jurídico da Braskem, Mauricio Ferro, genro de Emílio Odebrecht, quatro chaves de criptografia que podem abrir duas pastas secretas do sistema de computador de controle de pagamentos de propina pela empreiteira. Além disso, a Justiça Federal condenou Fernando Haddad à prisão por crime de falsidade ideológica para fins eleitorais na disputa municipal de 2012. A sentença de 500 páginas, das quais mais ou menos um terço é dedicado a citações de livros e elucubrações sobre linguística. A defesa de Haddad respondeu dizendo que “não há razoabilidade ou materialidade” na decisão e que o juiz absolveu o petista de lavagem de dinheiro e corrupção, mas “condenou-o por crime do qual não foi acusado”.

Sobre Lula, as maiores expectativas da defesa estão na análise de dois recursos no STF: um que questiona a imparcialidade de Moro e outro que pede a suspeição da Força-Tarefa da Lava Jato. De acordo com reportagem da BBC Brasil, que dá um bom panorama da situação de todos os recursos em andamento, a grande questão que deve definir a soltura ou não de Lula é se os ministros que compõem a Segunda Turma (Cármen Lúcia, Gilmar Mendes, Celso de Mello, Edson Fachin e Ricardo Lewandowski), responsável por analisar os recursos do ex-presidente, vão considerar autênticas e válidas como prova a favor de Lula as conversas reveladas pelo The Intercept. Na segunda (19), ativistas lotaram um ato organizado pela Associação Brasileira de Juristas pela Democracia (ABJD) na USP, para lançamento da campanha “Moro Mente”.

7. E cadê a esquerda?

O tamanho real da oposição ao governo no Congresso é de apenas 76 deputados. Os cálculos são do vice-líder do PSB, Júlio Delgado, considerando o placar da votação da MP da Liberdade Econômica. Formalmente, a esquerda teria 131 deputados. Na prática e com a base governista desorientada, a esquerda assiste desde o início do ano Rodrigo Maia e o Centrão ocuparem o espaço de oposição. Um bom exemplo da falta de norte da esquerda foi a votação da autorização do uso da Base de Alcântara pelos Estados Unidos: PT e PSOL votaram contrários ao projeto, porém, PCdoB, PDT e PSB aderiram com ressalvas. No GGN, Aldo Fornazieri analisa a incapacidade da esquerda em responder às crises políticas. “Bolsonaro opera sobre o colapso do sistema político-partidário e institucional que emergiu da crise do governo Dilma, do golpe-impeachment e do fracasso do governo Temer. As esquerdas deveriam estabelecer uma contra-estratégia recuperando a capacidade de articulação e de organização da sociedade civil”, escreve. Os estudantes, única oposição nas ruas, além da defesa da educação, agora protestam também contra as nomeações que desrespeitam a vontade da comunidade universitária, como na Universidade Federal do Ceará e no CEFET do Rio do Janeiro.

Ponto final: nossas dicas de leitura e vídeos

 

    • Sobre as queimadas na Amazônia, o Opera Mundi lembra que a ditadura militar e a Volkswagen foram responsáveis pela maior destruição da floresta nos anos 1970. A montadora alemã recebeu benefícios para instalar uma fazenda na região do Araguaia e utilizou trabalho escravo e incêndios para desmatar a área para a criação de gado.

 

    • Em longa entrevista ao Sul 21, a professora Liane Bernardi analisa a ação e os projetos de movimentos do capital na Educação, como o Todos pela Educação: “Tudo tem a ver com essa lógica e com o objetivo de acessar o recurso público como um filão de mercado. Mas há também um projeto de sociedade por trás disso que busca definir o que é feito na educação do país. A ideia básica deles é ter um sujeito com o que eles chamam de competências emocionais e eu chamo de sujeito sob controle.

 

    • O site The Intercept conta a história dos três paraguaios extraditados por Sérgio Moro. Acusados de um sequestro, os três ex-militantes do Partido Patria Libre têm um álibi: dois dias antes de a refém ser libertada, os supostos sequestradores estavam justamente sequestrados pelo Estado paraguaio, mantidos em cativeiro e torturados para assumir o sequestro e uma associação com as FARC. A defesa dos militantes paraguaios não tem dúvidas de que a condição de refúgio foi cessada pelas relações políticas entre os presidentes dos dois países.

 

    • Em podcast, repórteres da Folha com experiência na cobertura da Lava Jato relatam as reações dos delegados da Polícia Federal às interferências anunciadas por Bolsonaro.

 

    • Neste vídeo do Valor, a colunista Maria Cristina Fernandes analisa a MP da “Liberdade econômica” e alerta que a capacidade de investimento do Estado será duramente atingida pela radicalização liberal, desmontando as ações de fiscalização, planejamento e ação econômica. A medida seria incompatível com a constituição ao reduzir o papel do Estado a mero subsidiário.

 

    • Em artigo no mesmo tom, a economista Laura Carvalho desmonta alguns mitos sobre a questão da carga tributária brasileira. “O problema não é o tamanho de nossa carga tributária, dada a nossa escolha quando da Constituinte por um Estado de bem-estar social, e sim sua distribuição injusta, que acaba praticamente anulando o efeito redutor de desigualdades dos gastos sociais e transferências”, escreve a economista, que alerta para a o risco de que a política de Paulo Guedes de corte de gastos vai aprofundar essa distorção e levar o Brasil à barbárie.

 

    • Um fenômeno relativamente novo, motivado pela crise econômica mundial, e importante para entender o perfil dos jovens que de certa forma vão a reboque da escalada autoritária, é o dos incels, sigla em inglês para “celibatários involuntários”. São jovens que se reúnem em fóruns escondidos na internet e afloram em atentados a escolas, tendo como alvo principalmente as meninas, fenômeno que chegou também ao Brasil. A revista Vice faz uma ampla reportagem para entender essa subcultura nascida na internet, que ajuda a pensar como lidar com esse público.

 

    • O jornalista Laurentino Gomes dá entrevista ao UOL sobre seu novo livro, “Escravidão: Do Primeiro Leilão de Cativos em Portugal até a Morte de Zumbi dos Palmares”, que descreve as atrocidades da escravatura num período que vai de 1444, data do primeiro registro sobre portugueses comercializando escravos africanos, até a morte do líder quilombola Zumbi dos Palmares, em setembro de 1695. “A escravidão e seu legado não estão confinados aos museus, livros didáticos e de história (…). São, em vez disso, parte de uma agenda cada vez mais urgente e decisiva na realidade brasileira e mundial de hoje”, diz o autor.

 

Mais uma vez, obrigado por ler o Ponto. Bom fim de semana.

*Ponto é uma newsletter semanal editada por Daniel Cassol e Miguel Enrique Stédile para o  Brasil de FatoClique aqui para se inscrever e receber em seu email.

Edição: Daniela Stefano

“DEVEMOS AO LULA UM JULGAMENTO JUSTO”, DIZ GILMAR MENDES

.


Ministro Gilmar Mendes, da 2ª Turma Imagem: Mateus Bonomi/Estadão Conteúdo

REUTERS – Por Ricardo Brito e Anthony Boadle | Em Brasília – O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Gilmar Mendes disse que a condenação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no processo do tríplex do Guarujá (SP) pode ser anulada caso se configure no processo a suspeição do então juiz da Operação Lava Jato e atual ministro da Justiça, Sergio Moro, e destacou que o petista merece um julgamento justo. Talvez a pena seja ainda maior.

“Anular a condenação (do Lula) se eventualmente ocorrer por questão de suspeição, isso leva a um novo processo. Eventualmente isso pode ocorrer”, disse.

“É importante fazer essa análise com todo o desprendimento. A mídia se tornou num determinado momento muito opressiva. O bom resultado não é só aquele que condena. Isso não é correto. A gente tem que reconhecer que devemos ao Lula um julgamento justo”, afirmou ele, em entrevista exclusiva à Reuters na quinta-feira em seu gabinete.

Em junho, Mendes chegou a defender que o ex-presidente aguardasse em liberdade o julgamento de um pedido de sua defesa para anular o processo do tríplex, sob a alegação de que Moro –responsável pela primeira condenação de Lula– teve uma atuação parcial. Na ocasião, a proposta dele foi derrotada pela 2ª Turma do Supremo, mas foi adiada, sem data marcada, a análise da suspeição de Moro.

Isso ocorreu num momento em que começavam a surgir as primeiras reportagens do site The Intercept Brasil, que cita supostas conversas de Moro e o chefe da força-tarefa

da operação no Ministério Público Federal, Deltan Dallagnol. Nos supostos diálogos, teria havido direcionamento de Moro a ações do MPF no caso de Lula, o que foi usado pela defesa do petista para reforçar o pedido de suspeição do ex-juiz.

Moro e o procurador negam irregularidades e afirmam que não podem atestar a autenticidade das mensagens divulgadas.

Questionado se Moro cometeu crime no episódio revelado pelas mensagens, Mendes disse que há “fortes indícios de muitas irregularidades que podem ser crimes em relação aos partícipes dessas conversas todas”. E preferiu não opinar se o ministro deveria se afastar do cargo durante as investigações do caso.

Escândalo

Principal crítico dos métodos da Lava Jato no Supremo, o ministro disse que, apesar de não ter um prognóstico sobre se as revelações da Vaza Jato favorecem o ex-presidente no futuro julgamento da liberdade dele, elas estão funcionando como um elemento de “deslegitimação” tanto das ações quanto das sentenças.

Para Mendes, nos vazamentos há “coisas bastante graves” que podem ter repercussão para o caso do ex-presidente. Ele disse que há dúvidas sobre se houve mesmo o cometimento do crime de corrupção, se esse delito está ligado à Petrobras, o que poderia retirar da vara federal da Lava Jato em Curitiba a competência sobre o julgamento, e ainda se houve uma “terrível coação” de delatores.

“Vamos ter esse debate, inclusive sobre a prova ilícita e a prova ilícita em relação a quem, em relação ao réu se isso eventualmente pode beneficiá-lo”, disse.

“Tudo é muito sério, tenho dito que, considerando a abrangência da operação e também o envolvimento do Judiciário e da Procuradoria, que esse é o maior escândalo envolvendo o Judiciário desde a redemocratização”, acrescentou, referindo-se às supostas mensagens vazadas.

Prestação de contas

Mendes disse que, em algum momento, os envolvidos no episódio das mensagens vão ter que passar por um espécie de “accountability” (prestação de contas), de dizer o que fizeram e não fizeram.

“Ok, vamos até condenar os hackers e tudo o mais, agora este ato foi praticado ou não foi? E tendo sido praticado, por que foi praticado?”, questionou.

Apesar das críticas, o ministro do STF reconhece “êxitos inequívocos” e “inegáveis” com a Lava Jato porque havia um quadro de “metástase da corrupção”.

“Há um capital inegável, não se pode negar a importância da Lava Jato, isso precisa ser reconhecido”, destacou.

Mendes não acredita no fim da operação, mas avalia que a chamada “vaza jato” trouxe um prejuízo simbólico imenso para a Lava Jato.

“A gente tem que ter muito cuidado. O combate ao crime não pode envolver o cometimento de crimes. A luta contra a corrupção prossegue, tem que prosseguir, com uma institucionalização maior”, disse. “A ideia do monopólio da luta contra a corrupção leva a situações como essa”, avaliou.

Segunda instância

Mendes disse esperar que, até outubro, o Supremo julgue o processo que discute a execução da pena após condenação em segunda instância. Ele admitiu que a possibilidade de o caso ter repercussão numa eventual liberdade de Lula fez com que o julgamento fosse adiado, mas defendeu que o STF enfrente a questão e que, se possível, ela ocorra em um momento distinto ao de pedidos da defesa do ex-presidente.

“O fato é que prejudica bastante o debate, até a racionalização dessa fulanização. ‘Ah, isso interessa ao Lula?` Isso interessa a todo mundo e, mesmo havendo uma decisão que exija o trânsito em julgado, temos meios para determinar prisão em determinados casos em segunda instância. Esse debate vamos ter que travar”, disse.

O ministro não quis arriscar qual é a posição majoritária da corte sobre esse tema hoje. Ele disse que o Supremo tinha se posicionado a favor de, em determinados casos, passar a executar a pena após a condenação em primeira instância. Contudo, criticou, “isso se tornou depois um imperativo categórico” e citou o fato que o próprio Tribunal Regional Federal da 4ª Região, corte que condenou Lula em segunda instância, ter uma súmula em relação a isso.

Para iniciar a execução da pena de prisão, Mendes tem defendido esperar ao menos uma apreciação de um recurso pelo Superior Tribunal de Justiça, espécie de terceira instância.

G7 VAI DESBLOQUEAR AJUDA DE EMERGÊNCIA DE US$ 20 MILHÕES PARA AMAZÔNIA

.

G7 VAI DESBLOQUEAR AJUDA DE EMERGÊNCIA DE US$ 20 MILHÕES PARA AMAZÔNIA
26.ago.2019 – Líderes do G7 se reuniram em Biarritz, na França Imagem: Carlos Barria/Reuters

Uol Noticias – O G7 decidiu desbloquear uma ajuda de emergência de 20 milhões de dólares para a Amazônia, principalmente destinado ao envio de aviões Canadair de combate a incêndios, anunciou a presidência francesa.

Além desta frota aérea, o G7 concordou com uma assistência de médio prazo para o reflorestamento, a ser apresentado na Assembleia Geral da ONU no final de setembro, para o qual o Brasil terá que concordar em trabalhar com ONGs e populações locais, disse o Palácio do Eliseu.

O presidente francês, Emmanuel Macron, atacou o presidente Jair Bolsonaro (PSL) e disse que o Brasil merece um mandatário que esteja à altura do cargo.

Segundo Macron, Bolsonaro fez comentários desrespeitosos sobre sua esposa, Brigitte Macron.

O francês disse que teve uma longa discussão sobre os incêndios na Amazônia com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

O americano não participou da reunião do G7 sobre o clima por causa de outros encontros bilaterais, mas disse apoiar a iniciativa do grupo, afirmou Macron.

(* Com informações de AFP e Reuters)

COM FUNDO INTERNACIONAL, G7 COSTURA UMA COALIZÃO PARA PRESERVAR AMAZÔNIA

.

COM FUNDO INTERNACIONAL, G7 COSTURA UMA COALIZÃO PARA PRESERVAR AMAZÔNIA
Corredor de fumaça na Amazônia no dia 16 de agosto (Reprodução/Nasa)

Reino Unido anunciou que irá dobrar contribuição para fundo climático, enquanto ministra francesa pediu criação de um mecanismo mundial para financiar ações. Mas tom de confronto de Macron foi amenizado diante de posições diferentes por parte dos demais governos. Os resultados serão anunciados nesta segunda-feira.

jamilchade.blogosfera.uol.com.br | GENEBRA – Uma coalizão internacional para garantir o reflorestamento da Amazônia, acompanhada por um fundo destinado a bancar essas ações. Essa é uma das opções que está em estudo para que seja anunciada pela cúpula do G7.

O encontro entre os sete líderes das economias ricas termina nesta segunda-feira, em Biarritz, e um anúncio será feito sobre o formato que ganhará a ajuda internacional. O presidente da França, Emmanuel Macron, já indicou no domingo que um compromisso havia sido encontrado entre os governos do G7 para ajudar a região sul-americana.

Na manhã desta segunda-feira, o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, anunciou que irá dobrar a contribuição de seu país a um fundo climático, para um total de 1,4 bilhã0 de libras esterlinas.

De acordo com diplomatas que acompanharam as reuniões, as medidas em debate poderiam incluir uma ajuda financeira milionária, objetivos claros e metas concretos de áreas a serem reflorestadas e preservadas. Os países da região estão sendo consultados, garantiram os europeus.

Mas, segundo negociadores, o formato final do mecanismo estaria sendo mais difícil de ser atingido que o presidente Emmanuel Macron esperava. Não por acaso, depois de sugerir que “medidas concretas” seriam tomadas, Paris modificou a forma de tratar do assunto. Garantiu que a soberania brasileira seria respeitada e que a ajuda poderia vir na forma de um “mecanismo de mobilização internacional”, uma formulação abrangente o suficiente e ambígua o suficiente para que todos possam estar dentro.

Ainda assim, Macron deixou claro que houve um acordo sobre a necessidade de uma ajuda à Amazônia.

A ação poderia ocorrer em dois tempos. Num primeiro momento, uma ajuda técnica e financeira poderia ser anunciada para combater o fogo e em estreita colaboração com os países sul-americanos.

Seria num segundo momento que viria a espécie de coalizão internacional. Numa coluna publicada no domingo na imprensa francesa, uma das ministras de

Macron, Annick Girardin, indicou a vontade de se criar um fundo internacional que substituiria o Fundo Amazônia. No fim de semana, entidades privadas também já se anteciparam, anunciando doações para preservar a floresta.

Uma primeira reunião dessa nova coalizão poderia ocorrer em setembro, em Nova Iorque, às margens da Assembleia Geral da ONU.

A criação de coalizões, apoiadas por ongs e pelo setor privado, não é inédito no G7. Em 2002, essa foi a fórmula encontrada pelo grupo para lançar uma iniciativa pela educação. Em 2009, em meio ao aumento da fome no mundo, esse também foi o modelo encontrado para lidar com a crise.

Tom Reduzido

Seja qual for o formato final que a proposta ganhará, o domingo viu Macron reduzir o tom de confrontação com Jair Bolsonaro. Não era por acaso. O francês ficou sem o apoio da Alemanha, da Espanha e viu Donald Trump reforçar suas relações comerciais com o Brasil. O Chile, país convidado por Paris ao encontro, também saiu ao resgate de Bolsonaro durante o encontro.

No fim de semana, a chanceler Angela Merkel deixou claro que não queria abrir uma frente de crise com o Brasil.

Sua preocupação em não isolar o País ficou evidente em poucos segundos que um cinegrafista captou uma conversa de Merkel com Macron, ao lado de outros líderes. A alemã, apesar de ter sido a responsável por cortar recursos para o Fundo Amazônia, deixou claro ao francês que os lideres internacionais precisavam telefonar a Bolsonaro para deixar claro que não se tratava de uma ação “contra” o brasileiro.

A diplomacia americana também agiu para impedir que o G7 fosse concluído com Bolsonaro como uma espécie de vilão internacional.

Mas aceitou que uma formulação final viesse num tom de cooperação e ajuda para que o Brasil possa enfrentar os incêndios.

O temor em Brasília, porém, é de que o apoio americano venha com um custo elevado. Em troca dessa ajuda, Washington poderia pressionar Bolsonaro a adotar uma linha mais dura contra o Irã. Quem não gostará disso serão os exportadores brasileiros do setor agrícola.

Se Bolsonaro qualificou a ação de Macron de “neocolonial”, o presidente da Colômbia, Ivan Duque, aplaudiu a iniciativa de tratar o assunto no G7. O colombiano pediu “meio e apoio científico” para preservar a floresta.

Mas ele também pedia que compromissos fossem assumidos pelo G7 para proteger a biodiversidade.

…..

AMAZÔNIA EM CHAMAS: IBAMA FOI ALERTADO 3 DIAS ANTES DO “DIA DO FOGO”, ACIONOU MORO, MAS FOI IGNORADO

.

AMAZÔNIA EM CHAMAS: IBAMA FOI ALERTADO 3 DIAS ANTES DO “DIA DO FOGO”, ACIONOU MORO, MAS FOI IGNORADO
Bolsonaro e o incêndio na floresta amazônica (Montagem)

Revista Fórum – Ato foi marcado via whatsapp por mais de 70 ruralistas da região de Altamira (PA) para mostrar ao presidente Jair Bolsonaro que apoiam suas ideias de “afrouxar” a fiscalização. Ibama pediu ajuda da Força Nacional, que à época foi autorizada por Moro para reprimir atos de estudantes.

Três dias antes do conluio por whatsapp entre mais de 70 ruralistas da região de Altamira, no Pará, para atear fogo na floresta amazônica em 10 de agosto, o Ibama, órgão do Ministério do Meio Ambiente, recebeu um alerta do Ministério Público Federal sobre a ação, chamada “Dia do Fogo”. As informações são de Carla Aranha, da revista Globo Rural, publicadas na noite deste domingo (25).

“A manifestação dos produtores rurais, caso levada a cabo, ensejará sérias infrações ambientais que poderá, até mesmo, fugir ao controle e impedir a identificação da autoria individual, haja vista a perpetração coletiva”, informou o MPF ao gerente executivo do Ibama em Santarém, Roberto Fernandes Abreu.

Segundo a reportagem, a resposta do Ibama ao MPF, datada do dia 12 e assinada por Roberto Victor Lacava e Silva, gerente executivo substituto do Ibama, informa que as ações de fiscalização estavam prejudicadas por “envolverem riscos relacionados à segurança das equipes em campo”. O documento diz ainda que já haviam sido “expedidos ofícios solicitando o apoio da Força Nacional de Segurança”, ignorados até então pelo ministro da Justiça, Sergio Moro.

Dia do Fogo

Reportagem publicada neste domingo (25) pelo site da revista Globo Rural revela que mais de 70 ruralistas, incluindo grileiros, combinaram por whatsapp incendiar simultaneamente as margens da BR163, na região de Altamira, no Pará, no dia 10 de agosto, que foi chamado “Dia do Fogo”.

O ato foi marcado para mostrar ao presidente Jair Bolsonaro que apoiam suas ideias de “afrouxar” a fiscalização do Ibama e quem sabe conseguir o perdão das multas pelas infrações cometidas ao Meio Ambiente.

Após a divulgação do ato, os ruralistas mudaram a versão e culpam organizações não governamentais (ONGs) pelo incêndio que consome a Amazônia, fazendo eco à versão propagada por Bolsonaro.

“Esse povo, se eles veem você, eles já vêm armado, já manda você parar, já toma seu celular. Você não pode fazer nada. As caminhonetes que eles andam fazendo esse terror todo, está escrito ICMbio. O presidente Bolsonaro tá certo quando diz que essas Ongs estão botando fogo”, disse a pecuarista Nair Brizola, de Cachoeira da Serra, ao jornalista Ivaci Matias, da Globo Rural, que fez a denúncia sobre o “dia do fogo” neste domingo (25).

…..

QUEIMADAS CRIMINOSAS | DIANTE DE CRISE AMBIENTAL, GOVERNO DESCONTINGENCIA R$ 38,5 MI PARA REGIÃO AMAZÔNICA

.

QUEIMADAS CRIMINOSAS | DIANTE DE CRISE AMBIENTAL, GOVERNO DESCONTINGENCIA R$ 38,5 MI PARA REGIÃO AMAZÔNICA
Registro de operação realizada pelo Ibama e a Funai na região do Parque do Xingu; órgãos têm sofrido ataques do governo Bolsonaro / Fotos Públicas/Ibama

Sete estados já pediram ajuda federal; presidente minimizou gravidade e disse que “não é floresta que está pegando fogo”

Redação* | Brasil de Fato | São Paulo (SP) – Após pedido da pasta da Defesa, o Ministério da Economia anunciou, no sábado (24), que vai desbloquear R$ 38,5 milhões que estavam contingenciados para combater as queimadas na região amazônica. No mesmo dia, o ministro da Justiça, Sergio Moro, autorizou o emprego da Força Nacional, “em caráter episódico e planejado”, para apoiar o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) no combate ao desmatamento ilegal da floresta amazônica no Pará e em Rondônia.

O governo também autorizou o envio das Forças Armadas para sete estados que já solicitaram apoio federal. As operações devem começar por Porto Velho (RO).

A medida está prevista no âmbito do decreto de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) anunciada pelo presidente Jair Bolsonaro em um pronunciamento em rede nacional na sexta-feira.

Entre os órgãos que atuam na identificação e combate aos casos de incêndios ilegais na região estão o Ibama e o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). Ambos vêm sendo alvo de ataques e cortes no governo Bolsonaro.

A portaria assinada por Moro no fim de semana será publicada no Diário Oficial nesta segunda-feira (26) e terá validade até 31 de outubro, autorizando a ação da Força Nacional “em atividades e serviços imprescindíveis à preservação da ordem pública e da incolumindade das pessoas e do patrimônio”.

As ações, segundo a pasta, deverão ser realizadas nos locais de alerta de desmatamento identificados pelo sistema Desmatamento em Tempo Real do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Deter/Inpe). Foi esse mesmo monitoramento que indicou a maior onda de queimadas dos últimos cinco anos no Brasil, dado questionado pelo presidente Jair Bolsonaro.

De janeiro a agosto deste ano, as queimadas no Brasil aumentaram 82% na comparação com o mesmo período do ano passado, segundo o Inpe.

Além do apoio da Força Nacional no combate ao desmatamento, o governo também anunciou a ampliação do envio de tropas federais para combater os incêndios na região amazônica. Além de Pará e Rondônia, outros cinco estados devem receber contingente das Forças Armadas: Roraima, Tocantins, Acre, Mato Grosso e Amazonas.

Em entrevista coletiva no sábado (24), os ministros da Defesa, Fernando Azevedo e Silva, e do Meio Ambiente, Ricardo Salles, afirmaram que a região amazônica, que já conta com cerca de 44 mil militares das Forças Armadas, poderá ter parte desse contingente empregado nas operações. O número efetivo de pessoal que deve ser enviado não foi definido e, segundo Azevedo e Silva, será estabelecido “por demanda”.

“Normalidade”

Sobre a crise ambiental, Bolsonaro minimizou o problema dos incêndios, afirmando que “floresta não está pegando fogo como o pessoal está dizendo”. “Fogo é onde o pessoal desmata”, declarou a jornalistas, acrescentando que a situação está “indo para a normalidade”.

No entanto, dados divulgados pelo Instituto Nacional de Pesquisa Espacial (Inpe) e coletados em parceria com a agência espacial dos Estados Unidos, a Nasa, indicam que o número de queimadas registradas neste ano na Amazônia é o maior desde 2010. Desde janeiro, o número de focos de incêndio no Brasil aumentou 82% com relação ao mesmo período do ano passado.

Um levantamento do Greenpeace indicou que, dos focos de incêndio registrados na última semana, um quarto ocorreu em unidades de conservação ou áreas indígenas, territórios que estão sendo ameaçados pelas políticas de expansão do agronegócio e de exploração mineral defendidas pelo governo Bolsonaro.

Internacionalmente, as queimadas no Brasil e as políticas ambientais do governo brasileiro estão sendo alvo de protestos tanto pela sociedade civilquanto pelas grandes economias do mundo.

*Com informações de G1, Folha de S. Paulo e O Globo

Edição: Aline Scátola

….

POLÍTICA | REAÇÃO DE RENAN ACUSA DESESPERO ANTE O CLAMOR POPULAR PELO VETO AO PL DE ABUSO DE AUTORIDADE

POLÍTICA | REAÇÃO DE RENAN ACUSA DESESPERO ANTE O CLAMOR POPULAR PELO VETO AO PL DE ABUSO DE AUTORIDADE

Reação de Renan acusa desespero ante o clamor popular pelo VETO ao PL de Abuso de Autoridade.

Jornal Cidade Online – Ele vai ao ataque, explorando o que mais sabe fazer: a mentira, a maledicência e a hipocrisia.

Diz o decadente “coroné”:

“Bolsominions defendendo queimadas na Amazônia, atacando instituições da democracia e pregando abuso de poder. Aonde chegará esse país?”

É efetivamente um devasso e sem escrúpulos.

Em sua infame tuitada desrespeita o povo brasileiro e mente quanto às intenções das pessoas de bem que se manifestaram nas ruas de todo o país.

O povo na realidade saiu em defesa das instituições, para que justamente tenham forças para investigar os crimes cometidos por aqueles que sempre abusaram do poder, que se chafurdaram na lama da corrupção e hoje temem padecer caso sejam levados a um julgamento justo.

Inadmissível que os inquéritos de corruptos com foro privilegiado continuem engavetados no STF.

O povo quer o fim da impunidade.

Chegará o dia em que até Renan será julgado.

 

…..

SOCIEDADE | 21 CAPITAIS DO PAÍS CONVOCAM ATOS EM DEFESA DA AMAZÔNIA. CONFIRA

.

SOCIEDADE | 21 CAPITAIS DO PAÍS CONVOCAM ATOS EM DEFESA DA AMAZÔNIA. CONFIRA
Carta Capital | Thaís Chaves – A região sofre queimadas ininterruptas há duas semanas. A Nasa detectou que em 2019 a desflorestação é 84% maior que no último ano.

A defesa da Floresta Amazônica se tornou a atenção do globo nesta semana. Isto porque a Nasa (Agência Espacial dos Estados Unidos) noticiou ter detectado uma fumaça na região que poderia ter sido ocasionada pelas queimadas. Grupos de representação indígena defendem que as queimadas no local ocorrem há 17 dias seguidos. Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas (Inpe), em 2019 mais de 53 mil focos de queimada foram registrados no Norte do País. Em 2018, esse número foi de 26,5 mil.

Diversas figuras públicas demonstraram preocupação com a Amazônia e se manifestaram nas redes sociais.  A ex-ministra do Meio Ambiente e presidenciável em 2018, Marina Silva (Rede), criticou o presidente Jair Bolsonaro e o atual ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, que têm negado a situação na região:

O deputado estadual Carlos Minc (PSB-RJ) também critica o presidente, que alega que a culpa das queimadas na Amazônia é de ONGs estrangeiras. Veja:

https://www.instagram.com/p/B1bi_Nfl6zj/?utm_source=ig_web_copy_link

 

O deputado estadual Carlos Minc (PSB-RJ) também critica o presidente, que alega que a culpa das queimadas na Amazônia é de ONGs estrangeiras. Veja:

https://www.instagram.com/p/B1cHHlEn76w/?utm_source=ig_web_copy_link

O ator e ambientalista estadunidense Leonardo DiCaprio também chamou atenção do fato em seu Instagram:

https://www.instagram.com/p/B1eBsWDlfF1/?utm_source=ig_web_copy_link

Ele escreveu: “O pulmão da Terra está em chamas. A Amazônia brasileira – lar de 1 milhão de indígenas e de 3 milhões de espécies – está queimando ininterruptamente há mais de 2 semanas. Ocorreram 74 mil queimadas na Amazônia brasileira desde o começo deste ano – chocantes 84% a mais que o mesmo período no ano passado, segundo a Nasa. Cientistas e ambientalistas atribuem a desflorestação acelerada ao presidente Jair Bolsonaro, que pautou um convite aos fazendeiros a limpar a terra após ter assumido o cargo em Janeiro. A maior floresta do mundo é parte essencial da solução para as mudanças climáticas do globo. Sem a Amazônia, não conseguimos manter o combate ao aquecimento global”. O ator depois discorre ações que os cidadãos podem tomar individualmente.

Com este cenário em vista, o 342 Amazônia, movimento organizado pela produtora musical Paula Lavigne, convocou atos em defesa da Amazônia por todo o País a partir desta sexta-feira 23. Confira:

REGIÃO SUDESTE

São Paulo (SP) – 23/8 (sexta-feira), às 18h, no MASP

Rio de Janeiro (RJ) – 23/8 (sexta-feira), às 17h, na Cinelândia e 25/8 (domingo), às 15h, na Praia de Ipanema

Belo Horizonte (MG) – 25/8 (domingo), às 14h, na Praça do Papa

Vitória (ES) – 24/8 (sábado), às 15h, na Praça do Papa

São Carlos (SP) – 24/8 (sábado), às 15h, na Praça São Benedito

Ribeirão Preto (SP) – 24/8 (sábado), às 14h, na Av. São Francisco Junqueira

Montes Claros (MG) – 24/8 (sábado), às 13h, na Praça Dr. Carlos Versiani

REGIÃO SUL

Curitiba (PR) – 23/8 (sexta-feira), às 17h30, na Praça da Mulher Nua

Florianópolis (SC) – 25/8 (domingo), às 15h, no Largo da Catedral

Porto Alegre (RS) – 24/8 (sábado), às 15h, no Parque Farroupilha

Atlanta (SC) – 23/8 (sexta-feira), às 9h, no Colégio Dr. Frederico Rolla

Joinville (SC) – 24/8 (sábado), às 15h, na Praça da Bandeira

Londrina (PR) – 23/8 (sexta-feira), às 15h, no Calçadão de Londrina

REGIÃO NORDESTE

Salvador (BA) – 23/8 (sexta-feira), às 14h, no Pelourinho

Recife (PE) – 24/8 (sábado), às 14h, na Rua da Aurora

Fortaleza (CE) – 24/8 (sábado), às 14h, na Praça da Gentilândia

Natal (RN) – 24/8 (sábado), às 15h, no Midway

São Luís (MA) – 24/8 (sábado), às 15h, na Praça Deodoro

Aracaju (SE) – 24/8 (sábado), às 15h, na Pça. General Valadão

Maceió (AL) – 24/8 (sábado), às 14h, na Orla

Juazeiro do Norte (CE) – 23/8 (sexta-feira), às 17h, na Praça do Giradouro

Mossoró (RN) – 24/8 (sábado), às 16h, no Memorial da Resistência

REGIÃO NORTE

Manaus (AM) – 24/8 (sábado), às 10h, na Praça do Congresso

Belém (PA) – 24/8 (sábado), às 8h, na Praça da República

Palmas (TO) – 24/8 (sábado), sem horário confirmado

REGIÃO CENTRO-OESTE

Brasília (DF) – 23/8 (sexta-feira), às 17h, na Rodoviária do Plano com destino a Esplanada dos Ministérios

Campo Grande (MS) – 24/8 (sábado), às 13h, na Av. Afonso Pena

Cuiabá (MT) – 24/8 (sábado), às 16h, na Praça Alencastro

Goiânia (GO) – 24/8 (sábado), às 14h, na Vaca Brava

 

 

………………..