RELATOR ESPECIAL DA ONU EXPLICA COMO MULTINACIONAIS ALIMENTAM A ULTRADIREITA

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RELATOR ESPECIAL DA ONU EXPLICA COMO MULTINACIONAIS ALIMENTAM A ULTRADIREITA

As 500 empresas multinacionais privadas têm 52% do PIB do mundo, que monopolizam um poder econômico-financeiro, ideológico e político que jamais um imperador ou papa teve na história da humanidade.

As 500 empresas multinacionais privadas têm 52% do PIB do mundo (todos os setores reunidos, bancos, serviços e empresas). Elas monopolizam um poder econômico-financeiro, ideológico e político que jamais um imperador ou papa teve na história da humanidade. Eles escapam de todos os controles de estado, parlamentares, sindicais ou qualquer outro controle social. Eles têm uma estratégia só: maximização dos lucros, no tempo mais curto e não importa a qual preço humano.

Elas são responsáveis, sem dúvida, por um processo de invenção científica, eletrônica e tecnológica sem precedentes, e de fato extraordinário. Até o fim da URSS, um terço dos habitantes do mundo vivia sob algum tipo de regime comunista. Havia a bipolaridade da sociedade dos Estados. O capitalismo estava regionalmente limitado.

A partir de 1991, o capitalismo se espalhou como fogo de palha por todo o planeta e instaurou uma só instância reguladora: a mão invisível do mercado. Isso também produziu uma ideologia que totalmente alienou a consciência política dos homens. Há, hoje, uma ideologia que dá legitimidade a uma só instância de regulação: o neoliberalismo. Esse sistema sustenta que não são os homens, mas os mercados que fazem a história e que as forças do mercado obedecem às leis da natureza.

Relator especial da ONU explica como as “sociedades multinacionais privadas” tornaram-se as verdadeiras donas do mundo, e impedem qualquer Estado, cidadão ou política social de conter fome, pobreza e as crises humanitárias

Jean Ziegler é uma ave rara na cena política suíça, encarnando há quase meio século a figura do intelectual público de projeção global. Seu ativismo político e atuação internacional, como relator especial da ONU, rendeu-lhe uma extensa gama de inimigos, não só entre os bancos, empresários e lideranças conservadoras, mas até mesmo no campo mais progressista. Mas Ziegler continua um observador ativo, e nota que os cidadãos das grandes democracias vivem um “desespero silencioso e secreto”.

Ele, porém, não perde a esperança e insiste que a resposta à atual crise está no fortalecimento de uma sociedade civil planetária. Para Ziegler, os acontecimentos nos últimos anos e a impotência do sistema político em dar respostas mostram que a “democracia representativa está esgotada”.

Eis a entrevista

Vemos em diferentes partes do mundo uma reação popular contra partidos tradicionais e contra a política. Também vemos a vitória de políticos como Orban, Trump, Salvini e Bolsonaro. Por qual motivo o sr. acredita que estamos vendo essa onda?

O mundo se tornou incompreensível para o cidadão, que não mais consegue ler o mundo. As 500 empresas multinacionais privadas têm 52% do PIB do mundo (todos os setores reunidos, bancos, serviços e empresas). Elas monopolizam um poder econômico-financeiro, ideológico e político que jamais um imperador ou papa teve na história da humanidade. Eles escapam de todos os controles de estado, parlamentares, sindicais ou qualquer outro controle social. Eles têm uma estratégia só: maximização dos lucros, no tempo mais curto e não importa a qual preço humano.

Elas são responsáveis, sem dúvida, por um processo de invenção científica, eletrônica e tecnológica sem precedentes, e de fato extraordinário. Até o fim da URSS, um terço dos habitantes do mundo vivia sob algum tipo de regime comunista. Havia a bipolaridade da sociedade dos Estados. O capitalismo estava regionalmente limitado.

A partir de 1991, o capitalismo se espalhou como fogo de palha por todo o planeta e instaurou uma só instância reguladora: a mão invisível do mercado. Isso também produziu uma ideologia que totalmente alienou a consciência política dos homens. Há, hoje, uma ideologia que dá legitimidade a uma só instância de regulação: o neoliberalismo. Esse sistema sustenta que não são os homens, mas os mercados que fazem a história e que as forças do mercado obedecem às leis da natureza.

E qual é a implicação disso para o cidadão?

As forças do mercado trabalham com as forças da natureza e o homem é dito que não é mais o sujeito da história. No neoliberalismo, não é mais o homem que é o sujeito da história. Cabe ao homem se adaptar a esse mundo.

De fato, entre o fim da URSS no começo dos anos 1990, e o ano de 2000, o PIB mundial dobrou. O volume do comércio se multiplicou por três e o consumo de energia dobrou em quatro anos. Isso é um dinamismo formidável. Mas isso tudo ocorreu de uma forma concentrada e nas mãos de um número reduzido de pessoas.

Se considerarmos a fortuna pessoal dos 36 indivíduos mais ricos do mundo, segundo a Oxfam, ela é igual à renda dos 4,7 bilhões de pessoas mais pobres da humanidade. A cada cinco segundos, uma criança com menos de dez anos morre de fome ou de suas consequências imediatas.

E no mesmo relatório sobre a insegurança alimentar no mundo da FAO (Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura) diz: no atual estado de seu desenvolvimento, a agricultura mundial poderia alimentar normalmente 12 bilhões de seres humanos. Ou seja, quase o dobro da humanidade – somos 7,7 bilhões de pessoas hoje. Não há fatalidade. A fome é feita pelas mãos do homem e pode ser eliminada pelos homens. Uma criança que morre de fome é assassinada.

Isso é sustentável?

De forma alguma. A desigualdade não é só moralmente vergonhosa. Mas ela também faz com que o estado social seja esvaziado. Os mais ricos não pagam impostos como deveriam. Os paraísos fiscais, o sigilo bancário suíço – que continua – isso tudo ainda permite uma enorme opacidade. Empresas são contratadas para criar estruturas que impedem que os reais donos do dinheiro sejam encontrados em sociedades offshore. Os documentos revelados pelos Panama Papers mostram muito bem isso. Portanto, podemos dizer que as maiores fortunas do mundo e as maiores multinacionais pagam os impostos que querem.

E qual a consequência disso?

O fato que os mais ricos pilham o país e não pagam impostos gera duas situações: esvaziam a capacidade social de resposta dos governos e impedem contribuições obrigatórias dos países mais ricos às organizações especializadas da ONU que lutam contra a miséria no mundo. Portanto, esse sistema mata.

No fundo, essa ditadura do mercado faz com que os cidadãos entendam que não é o governo pelo qual eu votei que tem o poder de definir o destino. Isso cria uma insegurança completa e a desigualdade não é controlável. Se não bastasse, o cidadão é informado que seu emprego passa por um período profundo de flexibilização. A França, a segunda maior economia da Europa, tem 9 milhões de desempregados e três quartos dos empregos no setor privado são contratos de duração limitada (CDD, contrato de duração determinada). Outros milhões vivem de forma precária, como a maioria dos aposentados.

Quem são, portanto, os atores que influenciam o destino econômico de um país?

Vou dar um exemplo. As sociedades multinacionais privadas são as verdadeiras donas do mundo. Nos EUA, sob a administração Obama, foi criado uma lei que proibia o acesso ao mercado americano de minerais que tenham sido extraídos por crianças em suas minas, principalmente do Congo. O cobalto, por exemplo, foi um deles.

Essa lei gerou a mobilização de Glencore, RioTinto e tantas outras, denunciando que era inaceitável, pois era contra a liberdade dos mercados. Uma das primeiras medidas que Donald Trump tomou ao assumir o governo, em janeiro de 2017, foi a de acabar com essa lei. Como este, existem muitos outros exemplos no meu livro.

Em quais setores?

A agricultura é outro. Em 2011, três semanas antes da reunião do G7 em Cannes, o então presidente da França, Nicolas Sarkozy, foi à televisão e declarou que iria propor que a especulação nas bolsas e no mercado financeiro fosse proibida, principalmente sobre o arroz, milho e trigo e outros produtos agrícolas de base. Isso seria uma forma de lutar contra o aumento de preços dos alimentos básicos, especialmente nos países mais pobres.

Faltando poucos dias para o G7, a França retirou sua proposta, depois de ter sido pressionada pelas grandes empresas do setor, como Unilever, Nestlé e outras. Essa mobilização impediu uma ação do presidente da França.

Portanto, voltando ao ponto inicial: o capitalismo é o modo de produção que mais mostrou vitalidade nos avanços tecnológicos e de inovação e tem uma produtividade muito superior a qualquer outro do passado, incluindo o da escravidão. Mas, ao mesmo tempo, o modelo capitalista escapa de todo o controle político, sindical ou da ONU. Eu insisto: ele funciona sob apenas um princípio, que é o da maximização dos lucros, no tempo mais curto possível e a qualquer preço.

E o que isso significa para uma democracia?

É um sistema que priva o cidadão, mesmo numa democracia, de todo tipo de resposta efetiva à precariedade, à desigualdade que destrói o estado social. E é nesse contexto que se cria uma espécie de desespero silencioso e secreto entre os cidadãos. E, como sempre ocorreu na história e como ocorreu nos anos 30 na Alemanha, é neste momento que vêm os grupos de extrema-direita com sua estratégia de criar um bode expiatório.

De que forma?

O discurso é simples. Eles chegam a declaram ao cidadão: sim, sua situação é insuportável. Você tem razão. Não falam como outros que tentam dar esperanças ou dizer que as coisas vão melhorar. Mas, num segundo momento, o que fazem? Apresentam um bode expiatório para essa crise. Na Europa, eles são os imigrantes e os refugiados.

Justamente, em comum, esses movimentos denunciam a entrada de estrangeiros em seus países. Como o senhor avalia?

São governos europeus que cometem crimes contra a humanidade, ao recusar de examinar os pedidos de asilo dos refugiados. O direito a pedir asilo é uma convenção internacional de 1951, ratificada por todos os países, e os governos são obrigados a receber os pedidos.

Os eslovacos, por exemplo, aceitaram apenas 285 refugiados, sob a condição de que sejam cristãos. Em outros locais, como na Hungria, crianças estão na prisão. Mas mesmo assim esses governos continuam sendo sancionados pela UE, que continua a lhes enviar dinheiro. Só Viktor Orban (primeiro-ministro húngaro) recebeu 18 bilhões de euros no ano passado em fundos de solidariedade da Europa. As sanções, portanto, são inexistentes.

E qual tem sido o resultado dessa estratégia desses grupos populistas na Europa?

Eles mudam de paradigma e ganham força. Basta ver os resultados do partido Alternativa para a Alemanha (AfD). Hoje, eles têm o mesmo número de representantes no Parlamento que o tradicional SPD, o partido social democrata alemão que já nos deu políticos como Willy Brandt. O mesmo ocorreu com Matteo Salvini na Itália, Viktor Orban na Hungria, e ainda na Holanda, na Áustria. A estratégia do bode expiatório é uma estratégia que tem funcionado. Além disso, a consciência coletiva está sendo cimentada por uma ideologia neoliberal de que o homem não é mais o sujeito da história e que apenas pode se adaptar à situação e às forças do mercado, que obedecem às leis naturais.

Mas, voltando ao ponto da representatividade, tal cenário não ameaça minar a própria democracia?

Jean Jacques Rousseau publicou seu livro O Contrato Social em 1762, que foi a Bíblia para a revolução francesa. Ele descreveu a soberania popular e o fato de dar a voz a alguém para me representar. A delegação é um pilar do contrato social. Mas esse contrato social, que é a fundação da República, está esgotado. Essa democracia representativa está esgotada.

O povo não acredita mais nela. O povo vê que, ao votar em um deputado, não é ele que toma decisões, mas a ditadura mundial das oligarquias do capital financeiro globalizado. Portanto, há uma percepção de que ela não serve para nada. Não é ele quem vai garantir meu trabalho.

Ao mesmo tempo, esse povo não está disposto a abrir mão de seu poder e nem de sua capacidade de intervenção. No caso dos Coletes Amarelos, na França, um dos pontos principais é o apelo por um referendo popular como mecanismo. O que eles estão dizendo: o Parlamento faz o que quer. Queremos ter o direito de propor leis, de votar por elas. Hoje, a democracia representativa não funciona, num período de total alienação.

Quais são as respostas possíveis?

Retirar essa placa de cimento das consciências, que foi imposta. Liberar a consciência dos homens que é, por natureza, uma consciência de identidade. Se uma pessoa, seja de qual classe social ele for ou de qualquer religião, vir diante dele ou dela uma criança martirizada, algo de si afunda. Ele se reconhece imediatamente nela. Somos a única criatura na terra com essa consciência de identidade. E é por isso que milhões de jovens na Europa e na América do Norte se mobilizam em imensos cortejos, todas as semanas, pela sobrevivência do planeta e contra o capitalismo. O que eles estão dizendo aos seus governos? Que assim não podemos continuar. Façam algo contra essa ordem canibal do mundo.

A questão climática pode ser decisiva nesse contexto para modificar a forma de pensamento?

Pelo Acordo de Paris, cada um dos 190 estados que assinaram assumiu obrigações precisas para limitar as emissões de CO2 na atmosfera. 85% do CO2 emitido vem de energias fósseis. O acordo pede que as cinco maiores empresas de petróleo reduzam 50% de suas emissões até 2030 e de dar parte dos lucros ao desenvolvimento de energia alternativas, como solar, eólica e outras.

Mas o que é que ocorreu desde 2015? As cinco grandes empresas de petróleo do mundo aumentaram, em média, sua produção em 18%. E financiaram energias alternativas somente em 5%. Os jovens dizem: isso não funcionará.

Então, existe esperança?

Por anos, fui membro do Conselho Executivo da Internacional Socialista. Seu presidente, Willy Brandt, dizia a nós jovens, como eu, Brizola e Jospin: não se preocupem. A cada votação, vamos avançar aos poucos e as pessoas vão se dar conta. Lei por lei, vamos instaurar uma democracia social, igualdade de oportunidades e justiça social. Mas isso não ocorreu. No lugar do progresso da democracia social, o que vimos foi a instauração da ditadura mundial de oligarquias do capital financeiro globalizado que dá suas ordens, mesmo aos estados mais poderosos.

Desde a queda do Muro de Berlim em 1989, a liberalização do mercado e a perda do poder normativo dos estados avançou mais que nunca e, ao mesmo tempo, a desigualdade social aumentou. Mas Brandt também nos dizia: quando vocês falarem publicamente, é necessário dar esperança. O discurso deve ser analiticamente exato. Mas ele precisa ser concluído com uma afirmação de esperança. Caso contrário, é melhor ficar em casa.

Mas onde está essa esperança?

É a sociedade civil planetária. É a misteriosa fraternidade da noite, a miríade de movimentos sociais – Greenpeace, Anistia Internacional, movimento antirracista, de luta pela terra – que lutam contra a ordem canibal do mundo, cada qual em seu domínio. São entidades que não obedecem a um comitê central ou a uma linha de partido, e que funcionam por um só princípio: o imperativo categórico.

Emmanuel Kant dizia: “a desumanidade infligida a um outro humano destrói a humanidade em mim”. Eu sou o outro e outro sou eu. Essa consciência, em termos políticos, cria uma prática de solidariedade entre os indivíduos e reciprocidade entre povos. Mas essa sociedade é invisível. Não tem uma sede. Ela é visível cinco dias por ano, no Fórum Social Mundial, organizado pelos brasileiros em Porto Alegre.

O escritor francês George Bernanos escreveu: “Deus não tem outra mão que seja a nossa”. Ou somos nós que mudaremos essa ordem canibal do mundo, ou ninguém o fará.

Notas:
[1] Jean Ziegler ocupa hoje a vice-presidência do Comitê Consultivo do Conselho de Direitos Humanos da ONU.

[2] Em seu novo livro – Le capitalisme expliqué à ma petite-fille (en espérant qu’elle en verra la fin) – O capitalismo explicado à minha neta (com a esperança que ela veja o fim), da editora Seuil, o sociólogo tenta dissecar o sistema atual de produção e suas consequências para a cidadania.

[3] Ziegler já foi deputado federal, professor da Universidade de Genebra e professor da Universidade Paris Sorbonne. No início do século XXI, ele foi ainda o primeiro relator da ONU para o direito à alimentação.

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RICOS JÁ ENTENDERAM QUE BOLSONARO NÃO RESOLVE

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RICOS JÁ ENTENDERAM QUE BOLSONARO NÃO RESOLVE

Presidente do Instituto Vox Populi, o sociólogo Marcos Coimbra constata que os mais ricos “já entenderam que Bolsonaro não resolve” a questão econômica do País e que tal sentimento chegará na base da sociedade; “Até o fim desse semestre, o que existe de bolsonarismo vai diminuir a cada dia”, projeta o analista; assista.

Brasil247 – Presidente do Instituto Vox Populi, empresa que realiza pesquisas de opinião, o sociólogo Marcos Coimbra constata, em participação no programa “Giro das 11”, na TV 247, que os mais ricos “já entenderam que Bolsonaro não resolve” a questão econômica do País e que tal sentimento chegará na base da sociedade. “Até o fim desse semestre, o que existe de bolsonarismo vai diminuir a cada dia”, projeta o analista.

Ao observar os atos pró-Bolsonaro ocorridos neste domingo (26), Coimbra considera que “para a manifestação ter consequência significativa, ela teria que ser muitas vezes maior do que foi”. “Do jeito que aconteceu, não mudou em nada”, ressalta.

“Participaram do ato, como bem lembrou o jornalista Juca Kfouri, ‘gente gorda e branca’, pessoas que gostam de teses fascistas, que não aceitam divergências. Essas pessoas foram às ruas aplaudir o presidente e não para defender as reformas propostas pelo governo, como foi divulgado pela mídia”, elucida.

Ao analisar a queda brusca de popularidade do capitão reformado, Coimbra considera que Bolsonaro fez duas promessas que não serão alcançadas em apenas um ano. “Ele prometeu segurança aos mais pobres e o equilíbrio da economia aos mais ricos, isso é algo impossível”, aponta.

O analista considera que a oposição deve ser propositiva em relação ao governo. “Não é correto ficar nesse revanchismo porque a oposição perdeu a eleição, mas sim porque Bolsonaro é um péssimo presidente e está cercado de incompetentes”, pondera.

Assista o vídeo.

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CONGRESSO REVIDA COM CASSAÇÃO DE MANDATO DE BOLSONARO

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CONGRESSO REVIDA COM CASSAÇÃO DE MANDATO DE BOLSONARO

O k-suco promete ferver nesta semana em Brasília. O Congresso Nacional planeja o revide com a revogação do mandato do presidente Jair Bolsonaro (PSL).

As manifestações de domingo (26), apesar de centrar fogo no parlamento, não intimidaram os congressistas. Ao menos 70% se sentiram atingidos pelas críticas bolsonaristas.

Uma das possibilidades de retaliação é com a aprovação do “recall” para o mandato de Bolsonaro e o fim da reeleição para presidente da República.

A PEC (Proposta de Emenda Constitucional) já pronta e será analisada nesta terça (28) pelo colégio de líderes. A iniciativa conta com a simpatia de parlamentares do DEM, PSDB, MDB e PP. Ela é relatada pelo senador Antonio Anastasia (PSDB-MG).

O objetivo do Congresso –e do Centrão– é poder remover o presidente sem a necessidade do processo de impeachment. A ideia consiste na coleta de 10% de assinatura dos eleitores que compareceram às urnas na eleição presidencial (cerca de 16 milhões de eleitores). O próximo passo seria convocado um referendo popular para decidir se revoga ou não o mandato de Bolsonaro.

Se aprovado pelo Senado, onde tramita, a PEC ainda precisaria passar pelo crivo da Câmara. A casa é presidida por Rodrigo Maia (DEM-RJ), alvo preferencial de correligionários do capitão nesse domingo.

BOLSONARO DESPENCA 72 PONTOS, DIZ PESQUISA XP

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BOLSONARO DESPENCA 72 PONTOS, DIZ PESQUISA XP

Pesquisa da XP Investimentos divulgada nesta segunda-feira (27) revela que o presidente Jair Bolsonaro (PSL) despencou 72 pontos em aprovação, durante quatro meses, entre agentes do mercado.

De acordo com o levantamento, realizado entre os dias 22 e 24 de maio (antes, portanto, das manifestações de domingo), a percepção ótima ou boa do governo do pesselista despencou de 86% em janeiro para atuais 14%.

Na prática, o mercado está dizendo que já abandonou Bolsonaro e não acredita mais na ladainha da reforma da previdência (fim da aposentadoria) proposta pelo demissionário ministro da Economia, Paulo Guedes.

“No sentido oposto, o nível de ruim ou péssimo saltou de 1% para 43% no mesmo intervalo”, diz a pesquisa da XP, que sondou 79 investidores institucionais, entre gestores de recursos, economistas e consultores de grupos nacionais e estrangeiros.

Apesar do pessimismo do mercado, Jair Bolsonaro ainda tem um “piso” de apoio aproximado de 20% da população — como demonstrou o ativista social Milton Alves, de Curitiba, em seu artigo no Blog do Esmael.

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O TIRO SAIU PELA CULATRA

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O TIRO SAIU PELA CULATRA

Brasil247 – Por Alex Solnik – As manifestações de hoje contra o Congresso e o STF não chegaram nem aos pés das do dia 15, contra a destruição da educação. Se a ideia de Bolsonaro foi dar uma demonstração de força, o tiro saiu pela culatra: foi uma demonstração de fraqueza.

A maior aglomeração deu-se na praia de Copacabana. Ainda assim, quem pedia a cabeça de Rodrigo Maia era uma minoria. O Rio tem tradição de direita desde os anos 30, quando os integralistas de Plinio Salgado marchavam no Flamengo e promoviam quebra-quebras no centro.

Manifestações sem povo, apenas a classe média compareceu. Números inexpressivos. Vinte mil em Belo Horizonte, 10 mil em Brasília, no Rio um pouco mais. Nenhum entusiasmo, nenhuma animação, nenhum jovem. Os jovens se guardaram para a próxima passeata contra os desmandos do governo autoritário.

Colocar gente na rua num domingo é moleza. As pessoas não têm o que fazer. E fazia tempo não tiravam da gaveta suas camisetas da seleção falsificadas. Nem assim Bolsonaro conseguiu arrastar a multidão que esperava.

As ruas confirmaram o que as pesquisas já apontavam: Bolsonaro está caindo e a sua agenda de extrema-direita só tem apoio de uma minoria que faz barulho na internet.

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MANIFESTAÇÃO PRÓ-BOLSONARO USA CAMINHÕES DO EXÉRCITO PARA CONVOCAR POPULAÇÃO NO PARANÁ.

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MANIFESTAÇÃO PRÓ-BOLSONARO USA CAMINHÕES DO EXÉRCITO PARA CONVOCAR POPULAÇÃO NO PARANÁ.

As Forças Armadas são proibidas de participar de manifestações populares ou de fazer convocações para esse tipo de ato

Caminhões caracterizados com símbolos e cores do Exército foram usados, no sábado (25), para convocar a população da cidade de Foz do Iguaçu, no Paraná, a participar das manifestações pró-Bolsonaro, neste domingo (26).

A Folha de S. Paulo recebeu de um leitor um vídeo no qual mostra dois caminhões aparentemente do Exército desfiando pelas ruas do município, com faixas chamando para o ato.

No vídeo, é possível ouvir a voz de uma pessoa dizendo: “Vocês não podem fazer isso”, em alusão ao fato de que não é permitido ao Exército participar de manifestações populares ou fazer convocações para esse tipo de ato.

A Folha encaminhou o vídeo à assessoria de imprensa do Exército, questionando a utilização dos caminhões para esse fim. A resposta foi que a manifestação não foi feita por integrantes da corporação e que as viaturas militares mostradas no vídeo são antigas.

“Com autorização, as unidades militares promovem leilões de veículos destinados a colecionadores. As vendas costumam ocorrer quando as viaturas são consideradas não úteis, ou seja, quando o custo de manutenção chega quase ao valor total do veículo”.

PROTESTOS BOLSONARISTAS OCUPARAM 55 CIDADES; MANIFESTAÇÕES CONTRA CORTES NA EDUCAÇÃO DE BOLSONARO ENCHERAM 146 MUNICÍPIOS.

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PROTESTOS BOLSONARISTAS OCUPARAM 55 CIDADES; MANIFESTAÇÕES CONTRA CORTES NA EDUCAÇÃO DE BOLSONARO ENCHERAM 146 MUNICÍPIOS.

Paulista: Dia 26 x Dia 15. Foto: GloboNews/Mídia Ninja

Neste domingo, por volta de 14h, 55 cidades em 12 estados e no Distrito Federal tinham tido protestos a favor de Bolsonaro, pelo fechamento do Congresso, dissolução do STF e Reforma da Previdência.

No dia das manifestações em defesa da educação, às 13h07, 146 cidades de todos os 26 estados e do Distrito Federal tinham registrado atos.

Essas informações são do G1, portal da Globo. Entidades pró-educação falaram em mais de um milhão de pessoas nas ruas no dia 15. O dia 30 de maio pró-Bolsonaro é um fracasso.

Está com dúvida? Veja as imagens acima. A superior é da manifestação do dia 30 na Paulista, hoje. A de baixo é do Mídia Ninja em 15 de maio.

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LEITORES DENUNCIAM ESQUEMA PROFISSIONAL EM PROTESTOS PRÓ-BOLSONARO

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LEITORES DENUNCIAM ESQUEMA PROFISSIONAL EM PROTESTOS PRÓ-BOLSONARO

As bandeiras iguais distribuídas pela organização – Foto: Reprodução/GloboNews

REVISTA FÓRUM – Em diversas capitais, os atos contaram com a participação de coordenadores, equipes de apoio com água e alimentação, grupos de filmagens e panfletagens, em uma evidente demonstração de que dezenas de pessoas foram contratadas pela organização.

Vários leitores procuraram a Fórum, na manhã deste domingo (26), para denunciar a existência de um esquema para tentar maquiar o fracasso das manifestações favoráveis ao governo de Jair Bolsonaro.

Em várias capitais, nos semáforos de cruzamentos importantes, se posicionavam cerca de dez pessoas com faixas durante todo o tempo dos atos. Havia coordenadores, equipe de apoio com água e alimentação, grupos de filmagens e panfletagens, em uma clara demonstração de que dezenas de pessoas foram contratadas.


A tentativa de inflar os atos não deu certo, pois na maioria dos lugares houve baixa adesão popular – Foto: Reprodução/GloboNews

O objetivo é tentar inflar os atos, que, na verdade, tiveram pouca adesão popular. Até mesmo as bandeiras utilizadas pela “militância” eram iguais, ou seja, foram compradas pela organização e distribuídas para as pessoas em diferentes capitais. Além das bandeiras, buzinas e camisetas amarelas foram entregues aos participantes.

https://twitter.com/RosaSkarlate/status/1132654932367216641

MANIFESTAÇÕES PRÓ-BOLSONARO PROGRAMADAS PARA PERÍODO DA MANHÃ SÃO UM FRACASSO

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MANIFESTAÇÕES PRÓ-BOLSONARO PROGRAMADAS PARA PERÍODO DA MANHÃ SÃO UM FRACASSO

PLANTÃO BRASIL – Em Brasília, por exemplo, por volta de 10h30, as estimativas apontavam para uma adesão entre mil e 2 mil pessoas na Esplanada

Jair Bolsonaro não passou no teste de força que representaram as manifestações de rua favoráveis ao seu governo. Pelo menos, no período da manhã deste domingo (26), os atos foram um fracasso, em quase todas as cidades.

Em Brasília, por volta das 9 horas, parte do grupo se concentrou no Museu da República, região central da capital federal, e outra parte foi para o gramado do Congresso Nacional. De acordo com estimativas, às 10h30, apenas entre mil e 2 mil pessoas estavam na Esplanada.

No Rio, a manifestação se concentrou na Avenida Atlântica, orla de Copacabana. Manifestantes usavam, principalmente, roupas com verde e amarelo e carregavam bandeiras do Brasil. Até 11h30 não havia sido divulgada estimativa de público.

Interior de SP

No interior de São Paulo, a adesão também foi baixa. Em Campinas, por exemplo, manifestantes se dirigiram ao Largo do Rosário, na região central. Às 10h15, a Polícia Militar (PM) estimava a participação de 500 pessoas.

Em São Carlos, os manifestantes se reuniram na Praça do Mercadão. Segundo a PM, por volta das 10h30, cerca de 300 pessoas participavam do ato.

Foram registrados atos também em São Paulo, Salvador, Belo Horizonte, Belém, São Luís, Recife entre outras cidades.

https://twitter.com/jairmearrependi/status/1132625752749432833

 

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