ITAMARATY USA “DADOS ERRADOS, DISTORÇÕES E MEIAS-VERDADES” PARA DEFENDER AGRONEGÓCIO, DIZ OBSERVATÓRIO DO CLIMA

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ITAMARATY USA “DADOS ERRADOS, DISTORÇÕES E MEIAS-VERDADES” PARA DEFENDER AGRONEGÓCIO, DIZ OBSERVATÓRIO DO CLIMA

Ernesto Araújo, Ministro de Relações Exteriores (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Revista Fórum – Por Lucas Rocha – Entidade formada por 37 organizações de defesa do meio ambiente mostra que o Ministério das Relações Exteriores abastece diplomatas com fake news para que eles defendam as políticas ambientais do governo Bolsonaro.

Em análise publicada nesta segunda-feira (3), o Observatório do Clima (OC), entidade formada por 37 organizações de defesa do meio ambiente, afirmou que o Ministério das Relações Exteriores fornece dados errados, informações distorcidas e meias-verdades para diplomatas defenderem a política ambiental do governo no exterior. A constatação veio através de checagem de nota produzida pelo Itamaraty.

Segundo o OC, o governo Federal “tenta vender a sustentabilidade do agronegócio brasileiro usando uma série de dados errados, distorções e meias-verdades”. A nota checada pela entidade tem como objetivo fornecer dados para diplomatas responderem sobre a política ambiental do governo Bolsonaro e foi produzida pelo Itamaraty na última quarta-feira (29), dia em que o chanceler Ernesto Araújo participava de comissão na Câmara sobre o tema e desqualificava o aquecimento global para defender o agronegócio.

Além das falácias presentes no texto, a instituição também denunciou que várias das medidas que o documento usa como argumento para defender a política ambiental do Brasil estão “sendo abandonadas ou ativamente desconstruídas pelo governo de Jair Bolsonaro”. Entre os exemplos está a questão climática, criticada por Araújo e pelo ministro Ricardo Salles, do Meio Ambiente.

Outro pronto exaltado no texto é o Código Florestal brasileiro, que, segundo o Itamaraty “estabelece normas gerais sobre a proteção da vegetação nativa, incluindo Áreas de Preservação Permanente (APPs), e institui, entre outros, áreas de uso restrito e Reservas Legais dentro de propriedades rurais privadas”. O Código, no entanto, tem sido alvo dos ruralistas no Congresso , que busca uma anistia no desmatamento. O senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) chegou a propor um projeto de extinção da reserva legal.

O OC ainda destaca que esse desmonte foi denunciado por oito dos nove ex-ministros do Meio Ambiente que ainda estão vivos e ainda será apurado pelo Tribunal de Contas da União (TCU), após solicitação do Ministério Público.

Acesse a análise completa feita pelo Observatório do Clima

TARSO GENRO COMPARA SITUAÇÃO DO BRASIL COM O CONTEXTO DA ASCENSÃO DO NAZISMO

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TARSO GENRO COMPARA SITUAÇÃO DO BRASIL COM O CONTEXTO DA ASCENSÃO DO NAZISMO

De acordo com o ex-ministro, desemprego, falta de organização social e ataques às universidades foram características que permitiram a ascensão do nazismo na Alemanha e que podem ser observadas no Brasil atual; “Intelectualidade de segunda categoria é representada pelo governo”.

Ex-ministro da Educação, da Justiça e das Relações Internacionais em governos petistas, Tarso Genro fez uma análise de conjuntura política e falou sobre a crise no Ministério da Educação do governo de Jair Bolsonaro em entrevista ao programa Fórum 21 na noite desta segunda-feira (3).

Para Tarso, que também foi governador do Rio Grande do Sul, “não há precedente na história do país de um ministro que tenha o porte e a tipicidade” de Abraham Weintraub.

“É um ministro contra a educação pública, não tem concepção qualquer de projeto educacional, é hostil à academia, não respeita a pluralidade, cria factóides e não tem nada a dizer para o país a respeito da educação”, afirmou.

Classificando a atual gestão do MEC como uma “tragédia”, o ex-ministro ainda comparou a situação atual do Brasil com aquela que permitiu a ascensão do nazismo na Alemanha.

“As condições que permitiram a ascensão do nazismo, que permitiram a intervenção radical dentro da universidade, existiam em condições muito parecidas com essa que vemos no Brasil hoje. Aceleração do desemprego, base social fragmentada e não organizada em torno das estruturas de representação. Enquadraram [na Alemanha] as universidades através, inclusive, da força material, através das milícias que entravam nas organizações e batiam em todo mundo e impunham suas convicções fascistas”, disse.

“Há uma parte da intelectualidade brasileira que transitou pela intelectualidade de segunda categoria, que não tem formação iluminista, que despreza a Revolução Francesa, a conquista das mulheres, os direitos das minorias. Mas é uma intelectualidade que existe, então vai ser uma luta política difícil porque esse grupo que está representado pelo governo Bolsonaro”, completou o ex-governador.

Na entrevista, Tarso ainda falou, entre outros assuntos, sobre a proposta do homeschooling, que institui o ensino escolar doméstico, que tramita no Congresso, e sobre pautas ligadas à pasta da Justiça, como a nova Política Nacional de Drogas do governo que impõe a internação compulsória a dependentes químicos.

Assista a íntegra.

 

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MPF DENUNCIA ROMERO JUCÁ E SÉRGIO MACHADO POR CORRUPÇÃO NA TRANSPETRO

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MPF DENUNCIA ROMERO JUCÁ E SÉRGIO MACHADO POR CORRUPÇÃO NA TRANSPETRO

O Ministério Público Federal (MPF) informou que enviou denúncia à Justiça contra o ex-senador Romero Jucá (MDB-RR) e o ex-presidente da Transpectro Sérgio Machado por envolvimento em esquema de corrupção na empresa; de acordo com procuradores, o emedebista teria recebido ao menos R$ 1 milhão em propina somente em 2010

Brasil247 – O Ministério Público Federal (MPF) informou nesta terça-feira (4) que enviou denúncia à Justiça contra o ex-senador Romero Jucá (MDB-RR) e o ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado por envolvimento em esquema de corrupção na empresa. De acordo com procuradores, o emedebista teria recebido ao menos R$ 1 milhão em propina somente em 2010.

O ex-parlamentar conseguiu dinheiro ilegal com quatro contratos e sete aditivos celebrados entre a Galvão Engenharia e a Transpetro.

Segundo o MPF, Sérgio Machado arrecadava propinas para os padrinhos políticos, garantia a continuidade dos contratos e a emissão de futuros convites para licitações a empreiteiras.

Procuradores informaram que a Galvão Engenharia fazia o pagamento de propinas no percentual de 5% do valor de todos os contratos da Transpetro a membros do MDB integrantes do núcleo que sustentava Machado como presidente da empresa, subsidiária da Petrobras.

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JOÃO PEDRO STEDILE: ‘A DISPUTA SERÁ NAS RUAS’

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JOÃO PEDRO STEDILE: 'A DISPUTA SERÁ NAS RUAS'

Integrante da direção nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), João Pedro Stedile entende que os principais impactados pelos cortes na educação serão os residentes no campo; ele elogia as manifestações ocorridas durante o mês de maio e enfatiza: “Estamos num processo em que a disputa ideológica será dada nas ruas”.

Brasil de Fato – Integrante da direção nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), João Pedro Stedile entende que os principais impactados pelos cortes na educação serão os residentes no campo. Para ele, o atual governo não tem compromisso com nenhum nível da educação pública brasileira. Por isso, iniciativas como o Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (Pronera) são alvos prioritários.

O dirigente falou ao Brasil de Fato RN durante a missa de inauguração da capela Nossa Senhora Aparecida e da Bodega da Reforma Agrária, ocorrida na última sexta-feira (31) no município de São Miguel do Gostoso, no Litoral Norte do Rio Grande do Norte. Na ocasião, Stedile também avaliou as manifestações ocorridas contra e favor do governo e comentou as perspectivas do movimento em um cenário de sonegação de direitos.

Confira a entrevista completa:

Brasil de Fato: Qual a importância da inauguração da bodega da Reforma Agrária? O que ela representa?

João Pedro Stédile: Eu acho que a atividade realizada aqui neste espaço, o antigo Acampamento Maria Aparecida, foi muito importante para trazermos a solidariedade de pessoas de todo o RN, de diversas personalidades e, sobretudo, do arcebispo Don Jaime. Isso não é apenas inaugurar uma capela, é também selar um compromisso do trabalho pastoral da igreja católica com os trabalhadores.

Como você avalia os cortes na educação?

Esse governo é irresponsável, estão cortando todos os direitos da classe trabalhadora, para, na visão deles, “reduzir o máximo custo da mão de obra”. Os trabalhadores não têm mais direito à educação, saúde, moradia e reforma agrária, o governo quer transformar esses serviços públicos em meras mercadorias, onde só tem direito a acessá-los quem tem dinheiro. Então, na educação é da mesma forma. Foi como disse o professor Paulo Arantes: “depois do corte, é a privatização da educação”.

E como esses cortes podem afetar os programas de educação no campo?

O que está em jogo é que eles não querem a educação pública em nenhum nível, nem no ensino médio, nem no ensino superior e nem na pós-graduação e, evidentemente, os trabalhadores rurais que, no governo Lula e Dilma tinham acesso à universidade pelo Pronera, foram os primeiros a serem cortados e assim será feito com outros programas da educação básica.

Qual a sua avaliação sobre as manifestações do dia 30?

Estamos num processo em que a disputa ideológica será dada nas ruas. Nós fizemos uma gigantesca manifestação dia 15, que pegou a burguesia de surpresa, pois eles não esperavam tanta gente. Inclusive, eu soube que em Natal (RN) ocorreu uma das maiores mobilizações. Eles tentaram dar o troco, com o dia 26, mas foi um fracasso. As duas cidades que compareceram mais pessoas foram em São Paulo, com 50 mil, e no Rio de Janeiro, com 20 mil, o que não é nada. Portanto, quem esteve às ruas no dia 26 foi apenas a classe média, de alta renda e racista, que já vinham se manifestando com pautas reacionárias desde a campanha presidencial. Então, o apoio ao governo se reduziu aquele núcleo ideológico chamado de bolsonarista, e se perdeu a uma base social que votou nele.

Agora, no dia 30, nós tínhamos uma expectativa de poder dar o troco, mas a conjuntura mudou de uma cidade a outra. Em algumas, diminuiu o número de pessoas, mas em outras aumentou, como em São Paulo e Rio de Janeiro, de modo que a disputa das ruas nós ganhamos.

As mobilizações, da juventude e dos professores, nos dão ânimo para uma Greve Geral, de fato, no dia 14. A classe trabalhadora precisa se mexer e parar o trabalho, a produção, a circulação de pessoas e mercadoria, para que os capitalistas, que são os donos desse governo, saibam que se continuarem a retirar direito, a classe trabalhadora não vai aceitar.

Brasil de Fato 

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EM CARTA ABERTA, EX-MINISTROS DA JUSTIÇA CONDENAM DECRETO DE ARMAS DE BOLSONARO

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EM CARTA ABERTA, EX-MINISTROS DA JUSTIÇA CONDENAM DECRETO DE ARMAS DE BOLSONARO

Ex-ministros da Justiça de diferentes governos anteriores assinaram carta aberta condenando o decreto de armas do governo de extrema-direita de Jair Bolsonaro e defendendo a tese central de que ampliar o acesso às armas não é solução para garantir a segurança da população.

Brasil247 – Ex-ministros da Justiça de diferentes governos anteriores, Aloysio Nunes Ferreira, Eugênio Aragão, José Carlos Dias, José Eduardo Cardozo, José Gregori, Luiz Paulo Barreto, Miguel Reale Jr., Milton Seligman, Raul Jungmann, Tarso Genro e Torquato Jardim, assinaram carta aberta condenando o decreto de armas do governo de extrema-direita de Jair Bolsonaro e defendendo a tese central de que ampliar o acesso às armas não é solução para garantir a segurança da população.

“Nós, ex-ministros da Justiça e da Segurança Pública, que em diferentes momentos da história fomos responsáveis por conduzir a política de segurança pública no âmbito federal, demonstramos nossa profunda preocupação com os retrocessos no controle de armas e munições e com o impacto dos decretos federais no desmantelamento dos principais pilares desta agenda”, diz op documento publicado no jornal Folha de S.Paulo.

“O controle de armas e munições no Brasil é uma agenda central para o enfrentamento do crime organizado e para a redução dos homicídios. Por essas razões, seus ganhos não podem ser colocados em risco. Precisamos trabalhar para o seu fortalecimento, impedindo retrocessos”, enfatizam os ex-ministros.

“Independentemente dos partidos que estavam no poder e da orientação dos governos dos quais fazíamos parte, nosso compromisso sempre foi o de fortalecer avanços que consolidassem o Brasil como uma referência de regulação responsável de armas e munições para a América Latina e para o mundo”, diz o documento, evidenciando o contraste dessas políticas com os retrocessos propostos pelo governo de extrema-direita de Jair Bolsonaro.

Confira a íntegra.

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OS “VALLE DO LARANJAL” E A BOMBA-RELÓGIO DO “FILHO 01”

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OS “VALLE DO LARANJAL” E A BOMBA-RELÓGIO DO “FILHO 01”

Bolsonaro, como se viu, não era apenas uma família, mas uma franquia de mandatos para resolver as necessidades da troupe.

POR FERNANDO BRITO – Publicado originalmente no blog Tijolaço

Juliana Dal Piva, em O Globo, publica hoje um extenso relato da vida da família Valle, da qual faz parte Ana Cristina Siqueira Valle, ex-mulher do presidente Jair Bolsonaro. Não teriam interesse algum se a família Valle não tivesse nove parentes contratados no gabinete dele e de Flávio Bolsonaro, no período em que este foi deputado estadual na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro.

Aparentemente, trata-se de gente com vida modesta, até com dificuldades para sobreviver, unidos apenas pelo fato que nunca foram, de fato, assessores de coisa alguma.

Dificilmente pode ter embolsado tudo sem fazer nada, durante anos, sem ter enriquecido. Uma década recebendo quase R$ 9 mil, morando nos fundos da casa dos pais e tendo de fazer faxinas para viver?

Juliana foi atrás de todos eles. Foi atrás, porque todos fogem do assunto, porque não tem uma “história plausível” para contar.

De pouco adiantará o silêncio, agora que seu sigilo bancário foi quebrado e transferências ou saques em dinheiros sistemáticos serão documentados.

O ex-sogro de Bolsonaro, um dos parentes que bateu o telefone à repórter, chegou a dizer que vai “acabar em pizza”.

Certamente não para Fabrício Queiroz, dificilmente para Flávio Bolsonaro. E é bom Jair já ir torcendo para não haver sido deixado algum “rabo de palha” para ele.

Bolsonaro, como se viu, não era apenas uma família, mas uma franquia de mandatos para resolver as necessidades da troupe.

O “ZeroZero” também vai dizer que não sabia que seu filho sustentava toda a família de sua ex-mulher?

Que é uma bomba-relógio, todos estão vendo. Que vai estourar, também. Só resta saber o seu potencial destrutivo.

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JUIZ DO STM AFIRMOU, EM 1988: “ESTE CAPITÃO BOLSONARO NÃO É DE MUITAS LETRAS”. OUÇA O ÁUDIO

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JUIZ DO STM AFIRMOU, EM 1988: “ESTE CAPITÃO BOLSONARO NÃO É DE MUITAS LETRAS”. OUÇA O ÁUDIO

Foto: Reprodução

“Este capitão Bolsonaro não é capaz de escrever Duque de Caxias”, disse um dos juízes que participou na ocasião do seu julgamento

Revista Fórum – Durante julgamento do então capitão Jair Bolsonaro, em 1988, no Supremo Tribunal Militar (STM), o ministro José Luiz Clerot, praticamente chama Bolsonaro de analfabeto. Ele afirma, entre outras coisas, que “este capitão Bolsonaro, que não é de muitas letras, não é capaz de escrever Duque de Caxias”.

“Este capitão Bolsonaro, que não é de muitas letras, dizer-se que não é capaz de escrever Duque de Caxias. Escreve ‘caxias’ com letra minúscula, não é verossímil. Ele começa os períodos com letra minúscula, tá na carta dele: ‘aqui nego’, ‘não’, ‘considero’, tudo com letrinha pequena. Uma carta dele de próprio punho, um exame mais aprofundado leva este capitão às profundezas do inferno de Dante.”

Na ocasião, o STM considerou Bolsonaro inocente por nove votos a quatro, mesmo depois de uma comissão interna do Exército, chamada de Conselho de Justificação, tê-lo excluído do quadro da Escola Superior de Aperfeiçoamento de Oficiais (ESAO), na zona norte do Rio de Janeiro. O conselho também considerou que as explicações dadas por Bolsonaro não foram satisfatórias.

Entre 1987 e 1988, Bolsonaro foi julgado duas vezes por diferentes Conselhos de Justificação, sob a acusação de “ter tido conduta irregular e praticado atos que afetam a honra pessoal, o pundonor militar e o decoro da classe”.

O processo tinha dois objetos: um artigo que ele escreveu em 1986 para a revista “Veja” para pedir aumento salarial para a tropa, sem consulta aos seus superiores, e a afirmação, meses depois, pela mesma publicação, de que ele e outro oficial haviam elaborado um plano para explodir bombas-relógio em unidades militares do Rio.

Os documentos informam que, pela autoria do artigo, Bolsonaro foi preso por 15 dias ao “ter ferido a ética, gerando clima de inquietação na organização militar” e “por ter sido indiscreto na abordagem de assuntos de caráter oficial, comprometendo a disciplina”.

 

 

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SERVIÇOS DE APLICATIVOS ATUALIZAM NOVAS PRÁTICAS DE ESCRAVIDÃO

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SERVIÇOS DE APLICATIVOS ATUALIZAM NOVAS PRÁTICAS DE ESCRAVIDÃO

A foto de uma moça em uma bicicleta, indo entregar comida, viralizou nas redes; no post, o desembargador Jorge Luiz Souto Maior critica as novas relações de trabalho que apenas traduzem as novas facetas de exploração do capitalismo;  “Há quem diga que isso é oportunidade, empreendedorismo ou criatividade do brasileiro. Eu tenho outros nomes: servidão e escravidão”

Brasil247 – A foto de uma moça em uma bicicleta, indo entregar comida, viralizou nas redes. Junto com a foto, o post de autoria do desembargador Jorge Luiz Souto Maior critica as novas relações de trabalho que apenas traduzem as novas facetas de exploração do capitalismo.

Confira a íntegra do artigo: 

Nesta foto vemos uma jovem pedalando sem capacete, sem nenhum vínculo empregatício e sem nenhum direito trabalhista entregando comida de um restaurante que não é onde ela trabalha para alguém que a pediu por um aplicativo milionário que também não é onde ela trabalha.

Usando uma bicicleta que não é sua e pela qual ele paga para usar a um banco bilionário que também não é onde ela trabalha.

Na verdade, ela não trabalha em nenhum lugar, porém trabalha muito (e provavelmente recebe pouco). Mas acredite: há quem diga que isso é “oportunidade”, “empreendedorismo” ou “criatividade do brasileiro”. Eu tenho outros nomes: servidão e escravidão.

Servidão pois, CONSCIENTEMENTE, na teoria, ela concordou em servir o sistema capitalista em troca de um valor. Escravidão pois, diante das circunstâncias, ela,INCONSCIENTEMENTE, na prática, se escravizou em troca de um valor.

Se ela:

– cair,

– se machucar,

– for roubada,

– for estuprada numa emboscada,

– for atropelada, enfim,

– morrer, …

…azar o dela. Ninguém mais será responsável e muito menos arcará com os prejuízos pela fatalidade. E, repito, há quem acha isso “normal” e ainda incentiva: “força de vontade”.

Thomas Hobbes afirmou em Leviatã (1651) que o “homem é o lobo do homem” (“homo homini lupus”). Segundo Hobbes, em um estado natural, o individualismo humano o compele a viver em guerra uns com os outros. Portanto, para ele, é de nossa natureza usurpar e explorar outros seres humanos. Isso revela que o homem é o predador do próprio homem, sendo um vilão para ele próprio.

Em essência, ainda estamos em 1651.”

 

SAMUEL GUIMARÃES: BOLSONARO CAI ATÉ JULHO E NÃO HAVERÁ DITADURA MILITAR COM MOURÃO

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SAMUEL GUIMARÃES: BOLSONARO CAI ATÉ JULHO E NÃO HAVERÁ DITADURA MILITAR COM MOURÃO

O embaixador Samuel Pinheiro Guimarães Neto, ex-secretário-geral do Itamaraty durante o governo Lula, tem uma avaliação incisiva do atual cenário: o governo Bolsonaro não deve passar de julho e uma eventual Presidência de Mourão não deve causar receios de uma nova ditadura militar; “No cardápio político, hoje em dia, Bolsonaro está sendo servido. O prato alternativo que se pode escolher é Mourão”

Brasil247 – O embaixador Samuel Pinheiro Guimarães Neto, ex-secretário-geral do Itamaraty durante o governo Lula, tem uma avaliação incisiva do atual cenário político brasileiro: o governo Jair Bolsonaro não deve passar de julho e uma eventual Presidência do general Hamilton Mourão não deve causar receios de uma nova ditadura militar. “No cardápio político, hoje em dia, Bolsonaro está sendo servido. O prato alternativo que se pode escolher é Mourão”, afirma.

Em entrevista ao site Intercept, Guimarães descartou a hipótese de uma eventual Presidência de Mourão colocar o país em rota de uma nova ditadura militar: “[Os militares] passaram 30 anos tentando limpar os aspectos negativos da ditadura para eles. Veio o Bolsonaro e o tempo todo relembra a ditadura. Eles ficam horrorizados com isso”. Para ele, o núcleo duro do governo não é militar: “Mas o núcleo duro, por assim dizer, é militar”.

Leia as respostas do embaixador Samuel Guimarães a partir de sua cogitação de um impeachment de Bolsonaro no mês de julho:

O que, em julho? Um impeachment? E aí assume Mourão.

Naturalmente. No cardápio político, hoje em dia, Bolsonaro está sendo servido. O prato alternativo que se pode escolher é Mourão. Outros pratos, como revolução socialista e proletária, estão em falta. Assembleia nacional constituinte? Também não está sendo servido. O que tem é o Mourão. Você pode não gostar, achar que é a volta dos militares, achar o que quiser.

Não o preocupa uma eventual volta dos militares ao poder?

De forma alguma. Por várias razões. Primeiro porque temos um governo ideológico e que divide o país, promove o antagonismo social todos os dias. Agora, liberou as pessoas a transitarem com armas carregadas. É uma coisa inacreditável. Temos 63 mil mortes por ano, em toda a Guerra do Vietnã os EUA não perderam o que morre no Brasil por ano. É um governo que promove ódio racial, todo tipo de confronto na sociedade. Isso é uma coisa muito perigosa. O governador do Rio subiu num helicóptero para acompanhar uma ação em que sujeitos iam matar pessoas. Isso é uma loucura. O general Mourão, desde que tomou posse – antes, não – só fala a coisa certa. Até julho o governo tem que aprovar a [reforma da] previdência, alguma coisa tem que aprovar, porque estão achando que vai ser um milagre, se aprova a previdência e tudo vai se resolver.

Vamos supor que Bolsonaro de fato deixe o cargo, sofra um impeachment. Não é arriscado termos os militares de volta no comando do país?

Não. Em qualquer país do mundo que se respeite, os militares fazem parte da sociedade, não são contra a sociedade. Nos EUA, você acha que o establishment critica os militares? Na França? Na Alemanha? Na Inglaterra? Mas aqui criou-se essa ideia de sociedade civil de um lado e os militares do outro. Foi o príncipe dos sociólogos quem fez isso (irônico, se referindo ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso). Isso criou uma situação em que, primeiro, se tirou a responsabilidade dos civis que apoiaram a ditadura e que muito se beneficiaram, mais do que os militares, que ficaram com a culpa, mas não ficaram ricos. A Globo se criou durante a ditadura, são multimilionários. Os bancos, a mesma coisa. Esse conceito permitiu dizer: “Olha, a ditadura foi uma coisa militar. Aqui estamos nós, os civis, que nunca nos beneficiamos com ela, nunca enriquecemos nela.” Enriqueceram, e muito. Com aquele crescimento muito alto (da economia nos primeiros anos da década de 1970, época do chamado “milagre econômico” brasileiro) com arrocho salarial, eles ficaram milionários, empresários como Gerdau ficaram milionários.

O senhor não vê nenhum risco de uma “recaída” dos militares, um novo AI-2 (o segundo ato institucional decretado pela ditadura, de 1965, que acabou com as eleições diretas para presidente, extinguiu partidos políticos e permitiu uma intervenção do poder Executivo no Judiciário)?

Para quê? Não vale a pena. [Os militares] Passaram 30 anos tentando limpar os aspectos negativos da ditadura para eles. Veio o Bolsonaro e o tempo todo relembra a ditadura. Eles ficam horrorizados com isso. As pesquisas de opinião mostram que os militares são um dos grupos que têm mais confiança da população brasileira. Conseguiram isso, e o Bolsonaro passa o tempo todo lembrando da ditadura, do [ditador chileno Augusto] Pinochet, do [ditador paraguaio Alfredo] Stroessner, do [coronel Carlos Alberto] Brilhante Ustra (um dos principais comandantes da tortura de adversários do regime militar).

Mourão também fez elogios a ele.

Antes de ser vice-presidente. De lá para cá, ele é monitorado pelo alto-comando. Ele não fala por ele, tanto que não é contestado, reparou? Não há nenhum general, da ativa ou da reserva, que tenha contestado Mourão publicamente. Pode ser que eles discutam [internamente], mas publicamente não vi nenhuma declaração. Porque eles sabem que [um eventual fracasso do governo Bolsonaro] vai bater lá neles, entende? Essa confusão que o Bolsonaro está armando, esse caldo de antagonismo, vai bater neles. E não interessa a eles [uma nova ditadura], porque não é mais moda no mundo, não é? Teve a moda das ditaduras militares na América Latina, Brasil, Argentina, toda parte. Hoje em dia, não é mais assim.

Vamos supor que Bolsonaro de fato deixe o cargo, sofra um impeachment. Não é arriscado termos os militares de volta no comando do país?

Não. Em qualquer país do mundo que se respeite, os militares fazem parte da sociedade, não são contra a sociedade. Nos EUA, você acha que o establishment critica os militares? Na França? Na Alemanha? Na Inglaterra? Mas aqui criou-se essa ideia de sociedade civil de um lado e os militares do outro. Foi o príncipe dos sociólogos quem fez isso (irônico, se referindo ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso). Isso criou uma situação em que, primeiro, se tirou a responsabilidade dos civis que apoiaram a ditadura e que muito se beneficiaram, mais do que os militares, que ficaram com a culpa, mas não ficaram ricos. A Globo se criou durante a ditadura, são multimilionários. Os bancos, a mesma coisa. Esse conceito permitiu dizer: “Olha, a ditadura foi uma coisa militar. Aqui estamos nós, os civis, que nunca nos beneficiamos com ela, nunca enriquecemos nela.” Enriqueceram, e muito. Com aquele crescimento muito alto (da economia nos primeiros anos da década de 1970, época do chamado “milagre econômico” brasileiro) com arrocho salarial, eles ficaram milionários, empresários como Gerdau ficaram milionários.

O senhor não vê nenhum risco de uma “recaída” dos militares, um novo AI-2 (o segundo ato institucional decretado pela ditadura, de 1965, que acabou com as eleições diretas para presidente, extinguiu partidos políticos e permitiu uma intervenção do poder Executivo no Judiciário)?

Para quê? Não vale a pena. [Os militares] Passaram 30 anos tentando limpar os aspectos negativos da ditadura para eles. Veio o Bolsonaro e o tempo todo relembra a ditadura. Eles ficam horrorizados com isso. As pesquisas de opinião mostram que os militares são um dos grupos que têm mais confiança da população brasileira. Conseguiram isso, e o Bolsonaro passa o tempo todo lembrando da ditadura, do [ditador chileno Augusto] Pinochet, do [ditador paraguaio Alfredo] Stroessner, do [coronel Carlos Alberto] Brilhante Ustra (um dos principais comandantes da tortura de adversários do regime militar).

Mourão também fez elogios a ele.

Antes de ser vice-presidente. De lá para cá, ele é monitorado pelo alto-comando. Ele não fala por ele, tanto que não é contestado, reparou? Não há nenhum general, da ativa ou da reserva, que tenha contestado Mourão publicamente. Pode ser que eles discutam [internamente], mas publicamente não vi nenhuma declaração. Porque eles sabem que [um eventual fracasso do governo Bolsonaro] vai bater lá neles, entende? Essa confusão que o Bolsonaro está armando, esse caldo de antagonismo, vai bater neles. E não interessa a eles [uma nova ditadura], porque não é mais moda no mundo, não é? Teve a moda das ditaduras militares na América Latina, Brasil, Argentina, toda parte. Hoje em dia, não é mais assim.