JUÍZES SÃO DEMITIDOS NOS EUA POR TROCAREM MENSAGENS COM PROMOTORES

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JUÍZES SÃO DEMITIDOS NOS EUA POR TROCAREM MENSAGENS COM PROMOTORES

Imagem: CharlesKochInstitute

Nos Estados Unidos, país idolatrado por Sergio Moro, juízes foram demitidos após trocarem mensagens com promotores. Situações caracterizam aquilo que os norte-americanos chamam de ‘ex parte communications’.

 

Pragmatismo – Antonio Vieira, Conjur – O sistema de Justiça dos EUA também já se deparou com casos envolvendo troca de mensagens de texto entre promotores e juízes, durante julgamentos criminais. Essas situações caracterizam aquilo que os norte-americanos chamam de ex parte communications, em que a comunicação de uma das partes com o juiz, sem a presença e/ou conhecimento da outra, já pode ter a capacidade de afetar a percepção sobre a imparcialidade judicial e, consequentemente, a higidez dos julgamentos.

Há registro de que em pelo menos dois casos a situação foi grave e exigiu a adoção de medidas drásticas por parte dos órgãos de controle e das demais instâncias do sistema de Justiça.

Um exemplo foi a situação de desvio de conduta atribuído à juíza Ana Gardiner e ao promotor Howard Michael Scheinberg [1]. O caso aconteceu no condado de Broward, na Flórida, em 2007, e chocou a comunidade jurídica local. Gardiner e Scheinberg foram punidos depois que se descobriu que eles, secretamente, haviam trocado 949 telefonemas e 471 mensagens de texto, durante o julgamento de um processo em que ambos atuavam[2]. A conduta imprópria, caracterizada pelas conversações mantidas sem o conhecimento da defesa e dos jurados, teve lugar durante os cinco meses, durante a fase mais relevante do julgamento de Omar Loureiro — State v. Loureiro, No. 04-15633CF10A (Fla. 17th Cir. Ct.) —, um réu acusado de assassinato e para quem a Promotoria pleiteava e obteve a condenação à pena de morte. Conquanto Scheinberg e Gardiner tivessem negado que as conversas tivessem relação com o processo em andamento [3], a condenação de Loureiro foi anulada e lhe foi assegurado o direito a um novo julgamento [4].

Em razão do ocorrido, a juíza Gardiner teve que se demitir (resign). No acordo celebrado com a Judicial Qualifications Comission – JQC, ela se comprometeu a jamais voltar a concorrer ao cargo de juíza [5]. Além disso, ela foi processada pela Florida BAR Association e, por decisão da Suprema Corte do Estado da Flórida, perdeu definitivamente a licença para o exercício de atividades jurídicas (disbarred) [6]. Na decisão, proferida em 2014, a corte considerou Gardiner culpada por má conduta profissional e assentou que o comportamento da magistrada manchou todo o processo judicial. Invocando o precedente In re Adams, 932, So. 2d 1025, 1027 (Fla. 2006) — o tribunal considerou que a sua conduta desonesta comprometeu a percepção da comunidade jurídica e do público em geral de que os juízes são absolutamente imparciais quando julgam as causas. A corte ainda destacou o fato de que Gardiner, por estar presidindo o julgamento, tinha a grande responsabilidade de preservar a integridade do processo judicial e de assegurar ao réu um julgamento justo, circunstância que recomendava a aplicação de uma sanção rigorosa.

Já o promotor Scheinberg teve sua licença para a prática de atividades jurídicas suspensa por dois anos [7]. Na decisão, a Suprema Corte da Flórida deixou consignado que era evidente que as comunicações mantidas entre a juíza e o promotor não eram casuais ou protocolares, como costuma ser o tipo de comunicação que acontece quando um advogado e juiz se cruzam pelos corredores do fórum, e que, com a descoberta das extensas conversações, criou-se uma aparência de impropriedade em relação ao julgamento, servindo para comprometer a percepção acerca da imparcialidade judicial, no caso. Para o tribunal, ademais, a natureza grave da má conduta e o dano causado à administração da Justiça (pois as comunicações indevidas impuseram a anulação do primeiro julgamento do acusado) justificavam a aplicação de uma sanção severa.

Um outro exemplo foi o caso da juíza que ficou conhecida como “the texting judge” [8].

Elizabeth J. Coker era juíza no Condado de Polk, no Texas, até que foi forçada a se demitir [9], num acordo celebrado na Comissão Estadual de Conduta Judicial [10]. Na origem de tudo estava o fato de que, durante um julgamento criminal, a juíza Coker havia mandado uma mensagem de texto para o telefone celular da promotora assistente Kaycee L. Jones, orientando e sugerindo uma determinada linha de arguição a ser utilizada pelo Ministério Público.

O episódio ocorreu num processo (State v. David M. Reeves) em que o réu era acusado de agressão a um bebê. No momento em que a promotora Beverly Armstrong interrogava o acusado, a juíza Coker enviou uma mensagem de texto para a promotora assistente Kaycee Jones, na qual tentava ajudar e orientava a atuação da promotoria. Na mensagem, dizia a juíza à promotora: “O bebê defecou no acusado. Isto deixou ele furioso. Ele acabou de declarar que o bebê defecou nele. Se ele jogou o cachorro da cama por ter o cachorro urinado na cama, o que ele faria se o bebê tivesse defecado nele??????”.

A promotora Jones, que não conduzia a acusação naquele dia e que lá estava apenas assistindo ao julgamento, prontamente respondeu: “Boa questão”. E a juíza prosseguiu: “Conte a Beverly” [11], com o que pediu que a sugestão fosse repassada para a promotora que conduzia o interrogatório. Jones então usou um bloco de papel para transcrever a orientação da juíza e pediu que David Wells — um investigador da promotoria que estava sentado próximo — repassasse a anotação à promotora que fazia as perguntas. No topo do bilhete, Jones escreveu “Judge says” (“A juíza disse”), com o que pretendia mostrar à colega que se tratava de uma sugestão da própria juíza. O investigador Wells repassou a anotação para a promotora, mas antes leu a mensagem e percebeu do que se tratava.

A promotora Beverly Armstrong, por alguma razão, sequer chegou a formular a pergunta sugerida e tampouco utilizou a linha de raciocínio recomendada. Apesar do esforço da juíza Coker para ajudar a promotoria a obter um veredicto condenatório, o réu Reeves terminou absolvido da acusação que lhe faziam [12]. Ainda assim, a tentativa de ajudar a acusação através de mensagens de texto enviadas sem o conhecimento da defesa (ex parte text-message communications) custou caro para a magistrada.

Após o julgamento, o investigador Wells fez uma carta [13] reportando o caso de desvio ético aos seus superiores, tendo anexado ao documento uma cópia do bilhete que havia retido. O caso foi considerado um escândalo e teve enorme repercussão nos meios de comunicação locais [14]. E tanto a juíza Coker quanto a promotora Jones enfrentaram processos disciplinares.

Mesmo não tendo havido a condenação do réu naquele caso, a conduta da juíza foi considerada antiética e tendenciosa, a ponto de comprometer a imparcialidade que deve caracterizar a atuação judicial nos processos penais. Como destacou o juiz texano Gary Bellair, o episódio caracterizou uma indiscutível afronta ao sistema adversarial de justiça, que tem na sua base o princípio da imparcialidade judicial [15].

Depois que um parlamentar do Texas representou pela abertura de um processo de impeachment, a Comissão de Conduta Judicial abriu uma investigação que durou alguns meses e que só foi encerrada quando a juíza Coker concordou em se demitir. O acordo impôs a Coker a proibição de voltar a atuar como juíza no estado do Texas, ficando-lhe vedado se candidatar ou ser indicada para exercer qualquer tipo de função judicial no Texas, inclusive a celebração de casamentos [16].

Em razão da sua cumplicidade com a má conduta da juíza, a promotora Kaycee Jones também teve que responder por professional misconduct. No processo perante o Conselho Disciplinar do The Texas Bar Association, ela reconheceu o erro e se disse profundamente arrependida. Num documento enviado ao órgão, Jones escreveu: “Aquilo foi errado e eu tinha condição de saber. Meu chefe, o promotor Lee Hon, discutiu esse incidente comigo e nós concordamos que aquilo não devia ter acontecido e que não irá acontecer novamente”. E concluiu: “Agora compreendo plenamente a importância da imparcialidade de um juiz em um julgamento e minhas responsabilidades como advogada de não participar de tal conduta. Eu estava errada e nada disso acontecerá novamente” [17].

O processo contra Jones também terminou em acordo, com a aplicação das penalidades de censura pública e sanção pecuniária[18]. As reprimendas impostas a Jones foram mais leves (do que as impostas a Coker) graças ao entendimento de que sua participação foi menos grave: ela não era a promotora encarregada do caso; teria se limitado a encaminhar a mensagem da juíza; a pergunta sugerida sequer chegou a ser feita; e, por fim, como o réu foi absolvido, seu comportamento não teria contribuído para uma condenação injusta. Ainda assim, os fatos foram suficientemente graves para que se concluísse ter havido quebra da imparcialidade judicial, à medida que a juíza havia se aliado à promotoria para ajudar a obter a condenação do acusado[19].

Ainda que se possa discordar da (pouca) gravidade das sanções aplicadas e até mesmo do fato de os processos disciplinares também serem resolvidos por uma espécie de plea bargaining, o certo é que episódios como esses — na Justiça criminal dos Estados Unidos, ao menos — estão longe de serem compreendidos como algo que está dentro da normalidade.

A percepção de que é necessário anular eventuais condenações (obtidas em processos em que haja um comprometimento da condição de imparcialidade do juiz) e proporcionar aos réus novos julgamentos, por si só, já revela que o sistema de justiça não pode se conformar com essas situações de má conduta dos sujeitos processuais, especialmente quando restem afetados valores essenciais à Justiça.

E a adoção de providências — seja em relação à renovação de julgamentos, seja em relação à punição dos agentes da lei envolvidos nos casos de comportamento impróprio — materializa um importante efeito dissuasório (deterrent effect) para inibir novos casos de official misconduct, com a consequente perda da credibilidade do sistema de justiça. Pois, como disse o justice William O. Douglass — quando do julgamento, pela Suprema Corte americana, do caso Brady v. Maryland — “Society wins not only when the guilty are convicted, but when criminal trials are fair. Our system of the administration of justice suffers when any accused is treated unfairly” [20].

Leia o artigo completo

*Texto reduzido, com supressão de trechos e referências, com o fim de atendimento de critérios editoriais de publicação na internet

 

MORO SE ENROLA EM DEPOIMENTO NO SENADO E CONFESSA OUTRO CRIME

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MORO SE ENROLA EM DEPOIMENTO NO SENADO E CONFESSA OUTRO CRIME

PLANTÃO BRASIL – O senador Humberto Costa perguntou a Sérgio Moro porque ele protegeu FHC, e o ex-juiz se complicou. Primeiro ele disse que não se lembra completamente do teor das mensagens, mas depois disse que não haveria problema interferir pois o processo não era dele.

O problema é que também é crime que um juiz se interfira em processos que não são de sua alçada. É prevaricação com agravantes. Ainda pior, pois Sérgio Moro agiu como chefe da procuradoria ao dizer o que os procuradores deveriam fazer até em processos que não são de sua alçada.

Após a réplica do senador, que apontou que a situação piora se o processo não estava sob cuidados do ex-juiz, Sérgio Moro decidiu não responder e apelou para o direito de permanecer calado.

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OPERADOR DO PSDB REPASSOU R$ 740 MIL A INTEGRANTES DO PCC

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OPERADOR DO PSDB REPASSOU R$ 740 MIL A INTEGRANTES DO PCC

Brasil247 – Ex-diretor da Dersa, Paulo Vieira de Souza, apontado como operador de propinas do PSDB, teria repassado cerca de R$ 740 mil a integrantes do PCC, grupo do crime organizado que atua a partir dos presídios paulistas; acusação é fruto de uma investigação aberta em 2016 e que ainda não foi concluída.

O ex-diretor da Dersa, Paulo Vieira de Souza, apontado como operador de propinas do PSDB, teria repassado cerca de R$ 740 mil a integrantes do Primeiro Comando da Capital (PCC), grupo do crime organizado que atua a partir dos presídios paulistas. A acusação é fruto de uma investigação aberta pelo Ministério Público de São Paulo (MP-SP) em 2016 e que ainda não foi concluída.

Paulo Preto, como Vieira e conhecido, foi diretor da Dersa – estatal que cuida das rodovias do Estado de São Paulo – teria agido como operador de propinas do PSDB durante a gestão de José Serra (2007 -2010).

Segundo reportagem do UOL, pelo menos 37 pessoas ligadas ao crime organizado nas regiões do Jardim São Francisco e do Jardim Oratório, na zona Sul de São Paulo, e da Vila Iracema, em Barueri, na região metropolitana, teriam recebido indenizações referentes à desapropriação para a realização de obras do trecho Sul do Rodoanel Mário Covas e do prolongamento da avenida Jacu-Pêssego, entregues em 2010.

Das 37 pessoas que teriam sido beneficiadas indevidamente, 13 possuem passagem pela cadeia por crimes como homicídio, tráfico de drogas e roubo. As investigações apontam, ainda, que uma das indenizações foi paga quando um dos beneficiados já estava preso e um outro quando era considerado foragido da Justiça. Nenhum deles teria direito a receber os R$ 20mil pagos à título de indenização.

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PARLAMENTARES PROTOCOLAM PEDIDO DE EXONERAÇÃO DE MORO

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PARLAMENTARES PROTOCOLAM PEDIDO DE EXONERAÇÃO DE MORO

PLANTÃO BRASIL – Parlamentares do PSB protocolaram nesta quarta-feira (19) um pedido para que o presidente Jair Bolsonaro exonere imediatamente o ministro da justiça Sérgio Moro.

Os deputados Gervásio Maia (PB), Marcelo Nilo (BA), Bira do Pindaré (MA) e Lídice da Mata (BA), todos do PSB, alegam que Moro cometeu grave desvio ético e legal, não reunindo mais as condições ético-jurídicas para o exercício do cargo, e por isso indicam que a Câmara se posicione no sentido de exigir a demissão.

Para eles, as conversas publicadas pelo site The Intercept Brasil, demostram que Moro agiu politicamente para prejudicar o então candidato a presidente, Lula (PT).

“A gravidade das denuncias pede que o presidente aja urgentemente na exoneração”, asseverou o deputado Gervásio Maia, em entrevista ao Brasil 247.

“O Ministério da Justiça possui uma relevância histórica sem precedentes. Foi o primeiro Ministério a ser criado, em 03 de julho de 1822, pelo príncipe regente D. Pedro. Exige, na sua condução, dirigente que tenha honradez e reputação ilibadas e acima de qualquer suspeita”, escreveram os parlamentares.

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REQUIÃO: “FALTA A MORO A INDIGNAÇÃO DE QUEM FOI INJUSTAMENTE ACUSADO”

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REQUIÃO: “FALTA A MORO A INDIGNAÇÃO DE QUEM FOI INJUSTAMENTE ACUSADO”

Plenário do Senado Federal durante sessão deliberativa ordinária. Em discurso, senador Roberto Requião (PMDB-PR). Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado

O ex-senador Roberto Requião (MDB), pelo Twitter, avaliou o depoimento do ministro Sérgio Moro na CCJ do Senado.

Para o emedebista, falta ao ex-juiz da Lava Jato a santa indignação para quem foi injustamente acusado.

Requião também percebeu que Moro foi bem treinado por profissionais de media training.

Sérgio Moro depõe no CCJ do Senado para esclarecer a série de reportagens do site Intercept. Segundo a publicação do jornalista Glenn Greenwald, o ex-juiz agiu em conluio com o Ministério Público Federal para agravar acusação contra seus adversários políticos e ideológicos (leia-se Lula e PT).

O autor do requerimento do depoimento, senador Ângelo Coronel (PSD-BA), desafiou Moro a autorizar o aplicativo de mensagens Telegram a quebrar o sigilo nas nuvens. Mas o ministro não assentiu.

As marcações da defesa de Moro na CCJ consistem: 1- ataque de hackers; 2- ele (ex-juiz) é vítima de organização criminosa; 3- conluio seria “embargos auriculares”; 4- reportagens do Intercept seriam “sensacionalistas”; e 5- fugir dos conteúdos divulgados, mas não negá-los.

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HUMBERTO DESMASCARA O GOLPE DE MORO: VOCÊ CASSOU O VOTO DE MILHÕES DE BRASILEIROS

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HUMBERTO DESMASCARA O GOLPE DE MORO: VOCÊ CASSOU O VOTO DE MILHÕES DE BRASILEIROS

O senador Humberto Costa (PT-PE) participou de uma sabatina com o ministro da Justiça, Sérgio Moro, na manhã desta quarta-feira (18), onde cobrou do ministro esclarescimentos por sua conduta escusa com os procuradores da operação Lava Jato. Durante sua fala, o parlamentar pediu a demissão de Moro e disparou: “você cassou o voto de milhões de brasileiros”.

Brasil247 – O senador Humberto Costa (PT-PE) participou de uma sabatina com o ministro da Justiça, Sérgio Moro, na manhã desta quarta-feira (18), onde cobrou do ministro esclarescimentos por sua conduta escusa com os procuradores da operação Lava Jato. Durante sua fala, o parlamentar pediu a demissão de Moro e disparou: “você cassou o voto de milhões de brasileiros”.

Ele rebateu as falas de Moro “de que estava sendo vítima de sensacionalismo”. “Sensacionalismo? Mais sensacionalismo do que ocorreu durante a Lava Jato? Com os vazamentos para a imprensa?”, indagou.

Costa também defendeu a condura de Gleen Greenwald, editor do site The Intercept e responsável pelo vazamento das mensagens. “O jornalista não é nenhum foca e já ganhou um prêmio pulitzer, lidava com Edward Snowden , com a NSA ‘(Agência de Segurança Nacional’ estadunidense)” , relembra.

O parlamentar seguiu com seus questionamentos: “ele chefiou a Lava Jato, ele trocou procuradores, cobrou operações, selecionou quem deveria ser perseguido, ele rasgou leis, códigos de éticas e condutas, transgrediu tudo. A que projeto político o ex-juiz servia?”.

“ALGUMAS COISAS EU POSSO TER DITO”, DIZ MORO SOBRE VAZAMENTO DE MENSAGENS

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“ALGUMAS COISAS EU POSSO TER DITO”, DIZ MORO SOBRE VAZAMENTO DE MENSAGENS

Falando Verdades – O ministro Sergio Moro (Justiça e Segurança Pública) contestou hoje a autenticidade das mensagens publicadas pelo site The Intercept Brasil, mas confirmou que “algumas coisas” podem ter sido ditas por ele nas conversas com o procurador Deltan Dallagnol, chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato.

Em audiência na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça do Senado), Moro relatou ter sido usuário do aplicativo de troca de mensagens Telegram por um “determinado período” em 2017, mas excluído o aplicativo depois que a imprensa norte-americana noticiou supostas invasões hackers no curso da corrida presidencial nos Estados Unidos, vencida por Donald Trump no ano anterior.

Por esse motivo, de acordo com o ministro, ele não teria o histórico de mensagens para confirmar ou não a autenticidade.

“O que eu vejo ali, nas mensagens que foram divulgadas, tem algumas coisas que, eventualmente, eu possa ter dito. Tem algumas coisas que me causam estranheza.”

Além de colocar em dúvida a veracidade das mensagens vazadas, Moro reafirmou que há trechos que podem ter sido “total ou parcialmente alterados”.

“Mas o fato é que ainda que tenha alguma coisa verdadeira, essas mensagens podem ser total ou parcialmente adulteradas, às vezes até com mudança de trecho ou palavra para caracterizar uma situação de escândalo que, no fundo, é inexistente.”

 

GLENN GREENWALD REFUTA DEPOIMENTO DE SÉRGIO MORO

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GLENN GREENWALD REFUTA DEPOIMENTO DE SÉRGIO MORO

Blog do Esmael – Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) realiza audiência pública interativa para ouvir o ministro de Estado da Justiça e Segurança Pública, sobre informações e esclarecimentos a respeito das notícias veiculadas na imprensa relacionadas à Operação Lava Jato. rrÀ mesa, ministro de Estado da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro.rrFoto: Pedro França/Agência Senado

O fundador do site de notícias The Intercept Brasil, jornalista Glenn Greenwald, rebateu pontos do depoimento do ministro Sérgio Moro na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado.
O editor do Intercept destacou a pergunta do senador Weverton Rocha (PDT-MA) a Moro. O parlamentar quis saber o que o ministro da Justiça está fazendo para investigar as impropriedades financeiras de Flavio e as conexões do[s] Bolsonaros com milicianos, e o escândalo laranja do PSL.

“Moro continua tentando insinuar que as conversas que estamos publicando podem ser alteradas, mas ele não sabe, porque afirma que não as tem mais. Mas Deltan os tem. LJ [Lava Jato] tem eles. Se eles foram alterados, eles poderiam facilmente provar isso. Mas eles não fizeram e nunca vão”, comentou Gleen Greenwald.

O fundador do Intercept informa que parte dos materiais que o site tem está sendo trabalhado com outros veículos de comunicação.

“Além disso, já começamos a trabalhar com outros jornais, revistas e jornalistas com esses materiais. Ninguém jamais alegou, e muito menos provou, que qualquer coisa que publicamos foi alterada. Isso porque todos – especialmente Moro e LJ – sabem que são autênticos”, disse o jornalista.

Assista ao vivo:

POR QUE POLÍCIA QUER CELULAR DE NAJILA E NÃO O DE NEYMAR?

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POR QUE POLÍCIA QUER CELULAR DE NAJILA E NÃO O DE NEYMAR?

Imagem: Denis Balibouse/Reuters

A diferença no tratamento tem um motivo: o atacante entregou o celular; Najila prometeu fazer o mesmo e não cumpriu.

esporte.uol.com.brA Polícia Civil chegou a recorrer à Justiça para obter um mandado de busca e apreensão do celular de Najila Trindade, modelo que acusa Neymar de estupro. Mas em nenhum momento houve manifestação a respeito do telefone do jogador. A diferença no tratamento tem um motivo: o atacante entregou o celular; Najila prometeu fazer o mesmo e não cumpriu.

Durante seu depoimento, Neymar apresentou seu celular à delegada que coordena as investigações, Juliana Bussacos. Ele permitiu que os policiais civis tivessem acesso a todas as conversas e fotos que envolviam Najila Trindade. Os agentes puderam examinar os diálogos e tirar dúvidas. Por este motivo, não existe pressão sobre o atleta.

O caso da modelo é o oposto. Maior interessada no assunto, era de se esperar que Najila entregasse o aparelho à 6ª Delegacia de Defesa da Mulher porque em sua memória haveria um vídeo incriminando Neymar. Ocorre que no dia de seu depoimento a modelo não apresentou o celular aos investigadores.

A promessa de fornecer o telefone foi incluída no documento: “No momento [Najila] prefere não entregar seu telefone celular, pois gostaria de primeiro fazer um backup de todos os seus dados e arquivos, contudo se compromete a entregá-lo através do seu advogado”

O dia marcado para a entrega foi 10 de junho, a segunda-feira da semana passada. A data chegou, o celular não. A modelo voltou à delegacia sem ser convocada ontem. Foi prestar novo depoimento e mais uma vez não entregou o aparelho. Justificou que ele foi extraviado.

A Polícia Civil aproveitou a presença dela para cumprir o mandado de busca e apreensão. A casa da modelo foi vasculhada, mas o telefone não foi encontrado. Ou seja: até agora nada do vídeo ou das conversas. O que se conhece são 66 segundos de imagens em que aparece a modelo agredindo o atacante.

Tablet também sumiu

A situação com celular se soma ao tão citado iPad rosa de Najila. Ele também conteria as imagens, mas não foi levado à delegacia. A razão alegada é que houve um arrombamento no apartamento em que ela morava e desde então o tablet não foi mais visto.

O sumiço do iPad, inclusive, motivou a saída de Danilo Garcia de Andrade, terceiro advogado de Najila, do caso. Ele afirmou que foi acusado de roubar o tablet. O atual advogado, Cosme Araújo Santos, minimiza a importância de ambos os aparelhos, celular e tablet, para a investigação. E mantém o entendimento de que há elementos suficientes para indiciamento por estupro.

“Neste tablet e neste celular dela não tem muita coisa além do que já foi mostrado”.

LAVA JATO FINGIU INVESTIGAR FHC DO PSDB PARA PASSAR AR DE IMPARCIALIDADE

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LAVA JATO FINGIU INVESTIGAR FHC DO PSDB PARA PASSAR AR DE IMPARCIALIDADE

Um trecho do chat privado entre Sergio Moro e o procurador Deltan Dallagnol revela que o ex-juiz discordou de investigações sobre o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso na Lava Jato porque, nas palavras dele, não queria “melindrar alguém cujo apoio é importante”. O diálogo ocorreu em 13 de abril de 2017, um dia depois do Jornal Nacional ter veiculado uma reportagem a respeito de suspeitas contra o tucano.

Naquele dia, Moro chamou Deltan Dallagnol em um chat privado no Telegram para falar sobre o assunto. O juiz dos processos da Lava Jato em Curitiba queria saber se as suspeitas contra o ex-presidente eram “sérias”. O procurador respondeu acreditar que a força-tarefa – por meio de seu braço em Brasília – propositalmente não considerou a prescrição do caso de FHC e o enviou ao Ministério Público Federal de São Paulo, segundo ele, “talvez para [o MPF] passar recado de imparcialidade”.

À época, a Lava Jato vinha sofrendo uma série de ataques, sobretudo de petistas e outros grupos de esquerda, que a acusavam de ser seletiva e de poupar políticos do PSDB. As discussões haviam sido inflamadas meses antes, quando o então juiz Moro aparecera sorrindo em um evento público ao lado de Aécio Neves e Michel Temer, apesar das acusações pendentes de corrupção contra ambos.

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