VAZA JATO TRARÁ ÁUDIOS E VÍDEOS E GLENN PROVARÁ NA FOLHA QUE OS DIÁLOGOS DE MORO E DELTAN SÃO AUTÊNTICOS.

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VAZA JATO TRARÁ ÁUDIOS E VÍDEOS E GLENN PROVARÁ NA FOLHA QUE OS DIÁLOGOS DE MORO E DELTAN SÃO AUTÊNTICOS.

PLANTÃO BRASIL – Por Renato Rovai, na revista Fórum – A revista Fórum apurou que o site The Intercept fechou uma parceria para publicar em parceria com a Folha de S.Paulo reportagens com materiais que estão sendo analisados na Vaza Jato.

Segundo informações obtidas pela Fórum, as primeiras reportagens desta parceria devem ser divulgadas na edição deste domingo (23) do jornal, com o objetivo de comprovar a autenticidade das mensagens trocadas entre procuradores da Lava Jato e o ex-juiz e atual ministro da Justiça, Sergio Moro, além dos áudios e vídeos que estão em poder da equipe de Glenn Greenwald e, agora, da Folha de S.Paulo.

Segundo informações obtidas pela Fórum, as primeiras reportagens desta parceria devem ser divulgadas na edição deste domingo (23) do jornal, com o objetivo de comprovar a autenticidade das mensagens trocadas entre procuradores da Lava Jato e o ex-juiz e atual ministro da Justiça, Sergio Moro, além dos áudios e vídeos que estão em poder da equipe de Glenn Greenwald e, agora, da Folha de S.Paulo.

Nesta quinta-feira (20), Greenwald divulgou em seu Twitter que o site está trabalhando em parceria com outros jornais e revistas no arquivo da Vaza Jato.

“Já estamos trabalhando com outros jornais/revistas no arquivo. Significa: 1) mais revelações serão reportados mais rapidamente; 2) ninguém pode alegar que a reportagem tem um viés ideológico; 3) quem quiser prender os que divulgar este material terá que prender muitos jornalistas”, tuitou.

MORO E DALLAGNOL QUEBRARAM QUASE TODAS AS CONSTRUTORAS BRASILEIRAS

MORO E DALLAGNOL QUEBRARAM QUASE TODAS AS CONSTRUTORAS BRASILEIRAS

Brasil247 – Reportagem de Raquel Landim na Folha de S.Paulo deste sábado 22 aponta que, do chamado ‘clube’ das empreiteiras – apelido dado pela força-tarefa da Lava Jato às construtoras investigadas por crimes como fraude em licitações, superfaturamento e cartel -formado por 16 empresas, nove já pediram proteção à Justiça contra seus credores em pelo menos parte de seus negócios.

“Segundo levantamento feito pela Folha, estão nessa lista: Odebrecht, UTC, Mendes Junior, OAS, Iesa, GDK e Galvão Engenharia, além da Engevix, que solicitou recuperação judicial do seu estaleiro, e da Queiroz Galvão, que recorreu ao expediente para sua empresa de petróleo e gás”, diz a reportagem. Leia aqui a íntegra.

Nesta sexta-feira 21, circulou nas redes sociais o trecho de um vídeo em que o empresário Johnny Saad, dono do Grupo Bandeirantes, critica a Lava Jato a uma plateia de empresários, apontando para o fato de que a operação destruiu as empresas brasileiras em sua empreitada contra a corrupção, diferente de outros países, onde empresas que foram investigadas continuam funcionando. Assista:

Na última semana, o grupo Odebrecht entrou com pedido de recuperação judicial – com uma dívida de R$ 98,5 bilhões -, aceito pela Justiça de São Paulo, em uma consequência da Operação Lava Jato. A construtora, que já chegou ter 250 mil funcionários, está longe de ser a única a apresentar uma situação financeira nada saudável.

“Segundo levantamento feito pela Folha, estão nessa lista: Odebrecht, UTC, Mendes Junior, OAS, Iesa, GDK e Galvão Engenharia, além da Engevix, que solicitou recuperação judicial do seu estaleiro, e da Queiroz Galvão, que recorreu ao expediente para sua empresa de petróleo e gás”, diz a reportagem. Leia aqui a íntegra.

Nesta sexta-feira 21, circulou nas redes sociais o trecho de um vídeo em que o empresário Johnny Saad, dono do Grupo Bandeirantes, critica a Lava Jato a uma plateia de empresários, apontando para o fato de que a operação destruiu as empresas brasileiras em sua empreitada contra a corrupção, diferente de outros países, onde empresas que foram investigadas continuam funcionando. Assista:

Reportagem de Raquel Landim na Folha de S.Paulo deste sábado 22 aponta que, do chamado ‘clube’ das empreiteiras – apelido dado pela força-tarefa da Lava Jato às construtoras investigadas por crimes como fraude em licitações, superfaturamento e cartel -formado por 16 empresas, nove já pediram proteção à Justiça contra seus credores em pelo menos parte de seus negócios.

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MENTIRA FEIA A SENADORES: TESSLER DEIXA CASO LULA 2 DIAS APÓS MORO RECLAMAR.

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MENTIRA FEIA A SENADORES: TESSLER DEIXA CASO LULA 2 DIAS APÓS MORO RECLAMAR.

Laura Tessler: dois dias depois de Moro criticar seu desempenho, ela já não participava mais de processo que tinha Lula como réu.O ex-juiz escolhia os acusadores… (Foto: Reprodução)

Por: BLOG DO REINALDO AZEVEDO – Você vai constatar que a procuradora Laura Tessler foi afastada do caso que dizia respeito ao ex-presidente Lula DOIS DIAS DEPOIS DE SERGIO MORO RECLAMAR DE SEU DESEMPENHO.

Dallagnol sugeriu que eu fosse consultar os processos. E eu fui. E essa consulta torna ainda mais estúpida a sua nota. Não sei se ele engabelou os dois programas jornalísticos ou se houve uma parceria contra os fatos. Já chego ao produto da minha pesquisa nos autos. Antes, é preciso relembrar os diálogos e a data.

No mesmo dia, em seguida, Dallagnol procura Carlos Fernando: 12:42:34 Deltan Recebeu a msg do moro sobre a audiência tb? 13:09:44 Não. O que ele disse?
13:11:42 Deltan Não comenta com ninguém e me assegura que teu telegram não tá aberto aí no computador e que outras pessoas não estão vendo por aí, que falo 1
3:12:28 Deltan (Vc vai entender por que estou pedindo isso)
13:13:31 Ele está só para mim.
13:14:06 Depois, apagamos o conteúdo.
13:16:35 Deltan Prezado, a colega Laura Tessler de vcs é excelente profissional, mas para inquirição em audiência, ela não vai muito bem. Desculpe dizer isso, mas com discrição, tente dar uns conselhos a ela, para o próprio bem dela. . Um treinamento faria bem. Favor manter reservada essa mensagem. 1
3:17:03 Vou apagar, ok?
13:17:07 Deltan apaga sim 13:17:26 Apagado.
13:17:26 Deltan Vamos ver como está a escala e talvez sugerir que vão 2, e fazer uma reunião sobre estratégia de inquirição, sem mencionar ela
13:18:11 Por isso tinha sugerido que Júlio ou Robinho fossem também. No do Lula não podemos deixar acontecer. 1
3:18:32 Apaguei.

Resolvi seguir uma sugestão de Deltan Dallagnol, coordenador da Lava Jato, e, ora vejam, cheguei a novas evidências do teor mentiroso de sua nota malcriada, divulgada nesta sexta. Seja paciente, leitor. Leia a coisa até o fim. Você pode não descobrir exatamente como se fazem as salsichas. Mas vai saber como se fabricam certas notícias. Ou “notícias”, com aspas, como poderia escrever o buliçoso rapaz. Você vai constatar que a procuradora Laura Tessler foi afastada do caso que dizia respeito ao ex-presidente Lula DOIS DIAS DEPOIS DE SERGIO MORO RECLAMAR DE SEU DESEMPENHO.

Influente que é em certos meios, Dallagnol conseguiu emplacar a sua nota mistificadora no “Jornal Nacional” e no “Jornal da Globo”, que levaram ao ar contestações àquilo que ninguém disse, uma vez que não havia e não há resposta para aquilo que se disse. Explico tudo. Antes, um pouco de contexto.
É longo. Mas enfrente o texto até o fim.

O QUE AFIRMOU MORO AO SENADO E OS FATOS

Revelei neste blog e no programa “O É da Coisa”, da BandNews FM, que não procedia a afirmação do ministro Sérgio Moro, em depoimento à CCJ do Senado, na quarta, segundo a qual a sua restrição ao trabalho de Laura Tessler, revelada pelo site “The Intercept Brasil”, fora inócua. Como vocês devem se lembrar, em mensagem a Dallagnol, Moro reclamara do desempenho de Laura. A interferência é escandalosamente ilegal porque não cabe a um juiz orientar o trabalho da defesa ou da acusação. Ao fazê-lo, Moro se comportava como aquilo que ainda é: o real coordenador da força-tarefa.

Muito bem! Diálogo então inédito entre Dallagnol e o também procurador Carlos Fernando, publicado na quinta por este escriba, demonstrava que o coordenador oficial da força-tarefa passara a seu colega as críticas feitas por Moro ao trabalho de Laura e que os dois acertaram que ela ficaria fora do caso Lula. E ficou. E a ação foi fulminante.

A nota de Dallagnol, cujos trechos ganharam destaque nos dois noticiários da Globo, negava que a procuradora houvesse sido afastada da Lava Jato. Contestava-se o não-dito. Escrevi com todas as letras: “Laura Tessler não foi expulsa da Lava Jato”. Eram esforços conjugados para esconder os fatos.

Agressivo e grosseiro como de hábito, chamando-me de “blogueiro” — como se eu devesse tomar isso como ofensa (ele já me chamou de “jurista”, com aspas, em seus diálogos com Moro que incidem em ilegalidades) —, Dallagnol sugeriu que eu fosse consultar os processos. E eu fui. E essa consulta torna ainda mais estúpida a sua nota. Não sei se ele engabelou os dois programas jornalísticos ou se houve uma parceria contra os fatos. Já chego ao produto da minha pesquisa nos autos. Antes, é preciso relembrar os diálogos e a data.

OS DIÁLOGOS

No dia 13 de março de 2017, Moro escreve a Dallagnol:
Moro – 12:32:39. – Prezado, a colega Laura Tessler de vcs é excelente profissional, mas para inquirição em audiência, ela não vai muito bem. Desculpe dizer isso, mas com discrição, tente dar uns conselhos a ela, para o próprio bem dela. Um treinamento faria bem. Favor manter reservada essa mensagem.
No mesmo dia, em seguida, Dallagnol procura Carlos Fernando:
12:42:34 Deltan Recebeu a msg do moro sobre a audiência tb?
13:09:44 Não. O que ele disse?
13:11:42 Deltan Não comenta com ninguém e me assegura que teu telegram não tá aberto aí no computador e que outras pessoas não estão vendo por aí, que falo
13:12:28 Deltan (Vc vai entender por que estou pedindo isso)
13:13:31 Ele está só para mim.
13:14:06 Depois, apagamos o conteúdo.
13:16:35 Deltan Prezado, a colega Laura Tessler de vcs é excelente profissional, mas para inquirição em audiência, ela não vai muito bem. Desculpe dizer isso, mas com discrição, tente dar uns conselhos a ela, para o próprio bem dela. Um treinamento faria bem. Favor manter reservada essa mensagem.
13:17:03 Vou apagar, ok?
13:17:07 Deltan apaga sim
13:17:26 Apagado.
13:17:26 Deltan Vamos ver como está a escala e talvez sugerir que vão 2, e fazer uma reunião sobre estratégia de inquirição, sem mencionar ela
13:18:11 Por isso tinha sugerido que Júlio ou Robinho fossem também. No do Lula não podemos deixar acontecer.
13:18:32 Apaguei

Reitero: como resta escancarado, e foi o que informei na quinta, Deltan repassa a Carlos Fernando mensagem de Moro com críticas ao trabalho de Laura, e a dupla de procuradores começa a tomar providências para afastar a colega do caso. A reação foi rápida. E isso não tem contestação. Aquilo a que os dois jornalísticos da Globo deram destaque, em parceria com Dallagnol, contestava o que ninguém afirmou, mas buscava passar a impressão de que a força-tarefa estava desmentindo o jornalista — embora os noticiosos não tenham citado o autor da matéria. Atribuíram-na ao site “The Intercept Brasil”, o que é mentira. Também isso não muda o fato. Já foi o tempo em que comício em favor das diretas virava comemoração do aniversário de São Paulo…

REVELAÇÃO QUE NASCE DA CONSULTA AOS AUTOS: FATOS ANTECEDENTES

Como se nota acima, as trocas de mensagens ocorreram no dia 13 de março de 2017. Pergunta: o que teria acontecido antes para deixar o então juiz Sergio Moro descontente com Laura Tessler, levando Dallagnol e Carlos Fernando a temer por seu mau desempenho no caso Lula? É o que se vai ver agora.

FATOS ANTECEDENTES

No dia 10 de março de 2017, uma sexta-feira, Laura participou de uma audiência relativa ao “caso do tríplex” (Processo nº 5046512-94.2016.404.7000), em que figura como acusado, entre outros, o ex-presidente Lula. Na ocasião, foram ouvidas duas testemunhas de defesa do petista: Henrique Meirelles e Luiz Fernando Furlan. Os depoimentos de ambos foram favoráveis ao ex-presidente. A procuradora não fez perguntas às testemunhas. NOTEM: LAURA FAZIA, SIM, PARTE DO CASO DO TRÍPLEX.

No dia 13 de março, data da troca de mensagens de Moro com Dallagnol e deste com Carlos Fernando, Laura havia participado de audiência relativa a outro processo, nos quais figuram como acusados, dentre outros, Antônio Palocci, João Vaccari Neto e Marcelo Odebrecht (Processo nº 5054932-88.2016.404.7000).

A audiência começou às 9h30. Foram, então, ouvidas como testemunhas de defesa Emilio Odebrecht, José Eduardo Cardozo, Marcio Faria, Ivo da Motta Corrêa e Newton de Souza.

Segundo a ata, Laura se manifestou pela publicidade dos depoimentos de Emilio e de Faria, o que contrariou Moro, que decidiu “colher os depoimentos, mas manter o sigilo sobre eles até que nova deliberação ou até o levantamento do sigilo pelo Egrégio Supremo Tribunal Federal, seguindo, neste ponto, recente decisão tomada pelo Min. Herman Benjamim no Tribunal Superior Eleitoral”.

Encerrada essa audiência, o então juiz pegou o seu celular, entrou no Telegram e detonou o trabalho de Laura em conversa com Dallagnol.

Depois da mensagem, Laura participou, sim, de audiências no processo envolvendo Palocci, Vaccari, Marcelo Odebrecht e outros (Processo nº 5054932-88.2016.404.7000) — E NINGUÉM DISSE O CONTRÁRIO —, mas jamais voltou a participar de audiências do Processo nº 5046512-94.2016.404.7000: o do tríplex.

AÇÃO FULMINANTE

No caso do processo contra Lula, foram realizadas audiências em 15/03/2017 (dois dias depois da mensagem de Moro), 20/04/2017, 26/04/2017, 04/05/2017 e 10/05/2017 — quando se deu o interrogatório do ex-presidente. O MPF foi representado em todas elas por Júlio Noronha e Roberson Pozzobon, como havia sido combinado entre Deltan Dallagnol e Carlos Fernando. Este último fez questão de estar presente ao depoimento do petista. Para que nada fugisse do controle.

E quem presidia a sessão? Ora, Sergio Moro, aquele que chegou a combinar com Dallagnol até o conteúdo da reação do Ministério Público Federal à peça apresentada pela defesa.

Como se nota pelas datas, dois dias depois da mensagem de Moro, Laura já estava fora do caso.

PROVA PROVADA

Porque se comporta como um militante político e tem o apoio acrítico, quando não ignorante, de parte considerável da imprensa, Dallagnol acha que aqueles que não rezam segundo a sua cartilha —que atenta contra a ordem legal — também estão fazendo política.
Laura Tessler atuava no Processo nº 5046512-94.2016.404.7000, que diz respeito ao tríplex. Depois das críticas de Sérgio Moro, foi afastada por Deltan Dallagnol. E ele cortou a cabeça da colega sem demora: 48 horas depois, estava fora do caso.
Esses são os fatos. Quem sabe o Jornal Nacional e o Jornal da Globo se interessem por eles. Mesmo que não ocorra, a verdade segue sendo a verdade, a exemplo daquele comício das diretas…

ENCERRO

Está aí a evidência de que, à diferença do que disse Moro ao Senado, a procuradora de quem ele reclamou foi excluída do caso Lula dois dias depois.

Estamos diante da prova cabal de que, no caso, Moro escolheu o acusador em busca do melhor efeito. Mas qual? Um juiz que age assim não pretende que tal acusador o ajude na elucidação da verdade, na busca da verdade material. Seu objetivo, desde sempre, é a condenação do réu.

Não é um juiz isento, mas um juiz de condenação.
Fim de papo.

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LAVA JATO DEFENDIA VAZAMENTOS ILEGAIS, MOSTRA NOVA #VAZAJATO DO THE INTERCEPT

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LAVA JATO DEFENDIA VAZAMENTOS ILEGAIS, MOSTRA NOVA #VAZAJATO DO THE INTERCEPT

Jornal GGN – Antes de serem alvos dos vazamentos, os procuradores da forca-tarefa da Lava Jato defendiam que jornalistas têm o direito de publicar materiais obtidos por vias ilegais, porque fortaleceria a democracia. Hoje, os mesmo procuradores criminalizam as mensagens divulgadas pelo The Intercept Brasil como ilegais e que seriam “FakeNews”.

É o que mostra a mais nova #VazaJato divulgada pelo jornal: Deltan Dallagnol dizia a seus colegas, em um grupo chamado PF-MPF Lava Jato 2, em novembro de 2015, que “jornalista que vaza não comete crime”.

“Jornalistas não cometem crimes ao apurar e publicar reportagens baseadas em informações obtidas ilegalmente, mas sim contribuem para o fortalecimento das instituições e da cultura democrática; aqueles que detêm poder público sacrificam sua privacidade em nome da transparência”, concluiu o jornal na nova #VazaJato.

Antes de serem alvos dos vazamentos, os procuradores da força-tarefa da Lava Jato defendiam que jornalistas têm o direito de publicar materiais obtidos por vias ilegais, porque fortaleceria a democracia. Hoje, os mesmo procuradores criminalizam as mensagens divulgadas pelo The Intercept Brasil e que seriam “FakeNews”.

É o que mostra a mais nova #VazaJato divulgada pelo jornal, por meio de newsletter a seus leitores: Deltan Dallagnol dizia a seus colegas, em um grupo chamado PF-MPF Lava Jato 2, em novembro de 2015, que “jornalista que vaza não comete crime”.

Ainda, logo após meses de defesa dos procuradores de Curitiba se valerem do vazamento à imprensa para obter o apoio da opinião pública à Operação, seja as informações divulgadas antecipadamente e seletivamente a alguns jornais da grande imprensa ou mesmo ilegais,  os procuradores criaram um grupo no Telegrama chamado “Liberdade de expressão CF”, em maio de 2018.

Na ocasião, Dallagnol disse: “Autoridades Públicas estão sujeitas a críticas e tem uma esfera de privacidade menor do que o cidadão que não é pessoa pública.”

Anteriormente, em outro grupo do Telegram que faziam parte a força-tarefa da Lava Jato, chamado “BD”, uma procuradora chamada Monique Chequer, que não integra a equipe mas apoia, disse que o países que tem maior exito em combater a corrupção valorizam e protegem as fontes que expõe a corrupção, que são os chamados “whistle-blowers”.

“Saiu o índice de percepção da corrupção de 2016. Brasil caiu 3 posições. Aliás, 2/3 dos países caíram de posições. Dinamarca ainda liderando. É a matéria que saiu ontem”, compartilhou a procuradora, concluindo: “ Esse artigo antigo explica o sempre sucesso da Dinamarca e atribui uma das causas ao fato do país incentivar os “whistle-blower”: http://budapesttimes.hu/2013/03/19/why-denmark-always-finishes-on-top/”.

“Infelizmente, estamos muito, muito longe do modelo da Dinamarca”, respondeu outra procuradora, Livia Tinoco. “Enquanto aqui no Brasil há “complexa” discussão se o delator é imoral ou não”, continuou Monica.

Hoje, as defesas feitas pela própria Lava Jato e equipe de Deltan Dallagnol se voltam contra eles mesmos: “Nós concordamos em absoluto com os princípios defendidos, em ambientes privados no Telegram, por Deltan e seus colegas”, escreveu o The Intercept Brasil.

“Jornalistas não cometem crimes ao apurar e publicar reportagens baseadas em informações obtidas ilegalmente, mas sim contribuem para o fortalecimento das instituições e da cultura democrática; aqueles que detêm poder público sacrificam sua privacidade em nome da transparência”, concluiu o jornal na nova #VazaJato.

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INTERCEPT VAZA DIÁLOGOS INÉDITOS DE DELTAN DALLAGNOL; CONFIRA

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INTERCEPT VAZA DIÁLOGOS INÉDITOS DE DELTAN DALLAGNOL; CONFIRA

O Intercept divulgou neste sábado (22) trechos inéditos de diálogos do procurador Deltan Dallagnol que versam sobre a liberdade de imprensa. O site fundado por Glenn Greenwald afirma que ele e seus editores concordam com o coordenador da força-tarefa Lava Jato acerca de um ponto de vista: “jornalista que vaza não comete crime”.

De acordo com a reportagem de hoje, Deltan e os procuradores da Lava Jato, antes de serem alvos de vazamentos, enfatizavam – em chats privados com seus colegas – que jornalistas têm o direito de publicar materiais obtidos por vias ilegais, e que a publicação desses materiais fortalece a democracia.

O Intercept buscou uma conversa de Deltan ocorrida em novembro de 2015 para alertar seus colegas de MPF que utilizar o poder processual para investigar jornalistas que tenham publicado material vazado não seria apenas difícil mas “praticamente impossível”, porque “jornalista que vaza não comete crime”.

O Intercept divulgou neste sábado (22) trechos inéditos de diálogos do procurador Deltan Dallagnol que versam sobre a liberdade de imprensa. O site fundado por Glenn Greenwald afirma que ele e seus editores concordam com o coordenador da força-tarefa Lava Jato acerca de um ponto de vista: “jornalista que vaza não comete crime”.

De acordo com a reportagem de hoje, Deltan e os procuradores da Lava Jato, antes de serem alvos de vazamentos, enfatizavam – em chats privados com seus colegas – que jornalistas têm o direito de publicar materiais obtidos por vias ilegais, e que a publicação desses materiais fortalece a democracia.

O Intercept buscou uma conversa de Deltan ocorrida em novembro de 2015 para alertar seus colegas de MPF que utilizar o poder processual para investigar jornalistas que tenham publicado material vazado não seria apenas difícil mas “praticamente impossível”, porque “jornalista que vaza não comete crime”.

“Deltan estava certo”, concordam os jornalistas do The Intercpet Brasil para quem “cometem crime os funcionários públicos que vazam informações que deveriam eles mesmos proteger – policiais, procuradores, juízes… – e não os jornalistas que as publicam.”

O site Intercept também recorda que, em maio de 2018, Deltan e seu time redigiram e publicaram um manifesto em defesa das virtudes da liberdade de expressão – elaborado para proteger um dos procuradores. Ele estava sendo ameaçado de punição por ter publicado um artigo com duras críticas à Justiça Eleitoral. Os procuradores criaram um grupo de chat no Telegram – até agora inédito – chamado Liberdade de expressão CF.

“Durante a redação do manifesto, Deltan ressaltou um ponto crucial para eles à época, e que é central ao trabalho jornalístico que nós estamos realizando sobre as condutas da força-tarefa e de Moro”, escreve o TIB:

17:15:22 Deltan: “Autoridades Públicas estão sujeitas a críticas e tem uma esfera de privacidade menor do que o cidadão que não é pessoa pública.”

Para Greenwald e seus colegas jornalistas, o argumento de Deltan é precisamente correto – ainda que para o procurador ele deixe de valer quando a autoridade pública em questão é ele próprio. Curiosamente, o ministro do STF Luiz Fux discorda do Deltan de hoje.

Enfim, a reportagem do Intercept põe em discussão o falso dilema “autoridade pública” x “pessoa física” no que diz respeito ao direito de privacidade. Para o site, Cidadãos privados têm direito à privacidade absoluta. “as aquelas pessoas que detém o poder – como juízes, procuradores e ministros – “estão sujeitas a críticas e tem uma esfera de privacidade menor.” Esse é um princípio no qual acreditamos enfaticamente e que vem norteando nossa reportagem desde que começamos a trabalhar nesse arquivo”, justificam os editores.

Os trechos divulgados hoje pelo Intercept limitam-se a mostrar as contradições de Deltan Dallagnol, da força-tarefa Lava Jato, com o princípio constitucional da liberdade de expressão. Ou seja, quando essa norma os favorece, vale, mas quando ela serve para questioná-los, são relativizados.

O site Intercept resolveu divulgar esse trecho em que procuradores se mostram “apaixonados” pela liberdade de imprensa porque, após a #VazaJato, eles, incluindo o ministro Sérgio Moro, os defensores da operação vêm adotando uma postura de criminalização do jornalismo, tendo o próprio ministro se referido ao Intercept como “site aliado a hackers criminosos”.

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EUGÊNIO ARAGÃO SOBRE MORO: “JUIZ PROPÕE ALTERAÇÃO DA ORDEM DE OPERAÇÕES E AINDA SE PERMITE EXCLUIR PROMOTORA”

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EUGÊNIO ARAGÃO SOBRE MORO: “JUIZ PROPÕE ALTERAÇÃO DA ORDEM DE OPERAÇÕES E AINDA SE PERMITE EXCLUIR PROMOTORA”

O ex-ministro Eugênio Aragão discute os procedimentos de Sérgio Moro quando era juiz do caso Lula no Twitter:

O juiz sugere testemunhas, propõe alteração da ordem de operações, pede pressa em mais delas e ainda se permite excluir promotora q a seu ver não se saíra bem na inquirição de testemunhas. Esse pode muito mais q o PGR. Ele é dono da persecução penal… só q não pertence ao MP.

O ex-ministro Eugênio Aragão discute os procedimentos de Sérgio Moro quando era juiz do caso Lula no Twitter:

O juiz sugere testemunhas, propõe alteração da ordem de operações, pede pressa em mais delas e ainda se permite excluir promotora q a seu ver não se saíra bem na inquirição de testemunhas. Esse pode muito mais q o PGR. Ele é dono da persecução penal… só q não pertence ao MP

https://twitter.com/eugenio_aragao/status/1142208820535615489

FOLHA FECHA PARCERIA COM INTERCEPT E DECIDE ENTRAR COM PESO NA VAZA JATO

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FOLHA FECHA PARCERIA COM INTERCEPT E DECIDE ENTRAR COM PESO NA VAZA JATO

Brasil247 – Em sigilo, o jornal da família Frias destacou uma equipe para também produzir novas revelações sobre a atuação do ex-juiz Sergio Moro e da força-tarefa da Lava Jato, em parceria com o site de Glenn Greenwald; é a segunda parceria de peso, depois que parte do material foi compatirlhada com Reinaldo Azevedo e com a BandNews, cujo dono, Johnny Saad, fez críticas à Lava Jato.

Com a Folha, fecha-se uma nova parceria, no momento em que setores da mídia mais próximos à Lava Jato, tentam criminalizar a atividade de Greenwald. Ontem, o jornalista chegou até a dizer que ‘se quiserem prender, terão que prender muitos jornalistas’.

Em sigilo, o jornal da família Frias destacou uma equipe para também produzir novas revelações sobre a atuação do ex-juiz Sergio Moro e da força-tarefa da Lava Jato, em parceria com o site de Glenn Greenwald; é a segunda parceria de peso, depois que parte do material foi compatirlhada com Reinaldo Azevedo e com a BandNews, cujo dono, Johnny Saad, fez críticas à Lava Jato

O jornalista Glenn Greenwald e a equipe do site Intercept estão trabalhando, neste momento, na apuração de novos fatos relacionados à chamada Vaza Jato, o escândalo dos grampos de Sergio Moro e Deltan Dallagnol, que revelaram a fraude processual contra o ex-presidente Lula, em parceria com o jornal Folha de S. Paulo.

É uma novidade importante porque, até ontem, Glenn e sua equipe vinham trabalhando sozinhos, contando apenas com a repercussão de outros veículos. Nesta quinta-feira, no entanto, a primeira parceria produziu seus frutos, quando o jornalista Reinaldo Azevedo e a BandNews divulgaram que Moro escalou qual seria o time da acusação, definindo procuradores que deveriam atuar, ou não, na inquirição de Lula.

Com a Folha, fecha-se uma nova parceria, no momento em que setores da mídia mais próximos à Lava Jato, tentam criminalizar a atividade de Greenwald. Ontem, o jornalista chegou até a dizer que ‘se quiserem prender, terão que prender muitos jornalistas’.

No caso da Band, o dono da empresa, Johnny Saad criticou duramente a destruição econômica causada pela Lava Jato nos últimos anos. Em relação à Folha, a expectativa é que sejam divulgados novos capítulos da Vaza Jato neste fim de semana.

Confira, abaixo, um tweet recente relacionados ao caso:

DONO DA BAND CRITICA DESTRUIÇÃO ECONÔMICA CAUSADA PELA LAVA JATO A ELITE ACORDOU PARA A TRAGÉDIA QUE É A LAVA JATO?

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DONO DA BAND CRITICA DESTRUIÇÃO ECONÔMICA CAUSADA PELA LAVA JATO A ELITE ACORDOU PARA A TRAGÉDIA QUE É A LAVA JATO?

Donos de grandes grupos de comunicação começam a quebrar o silêncio em relação à destruição de riquezas provocada pelo ex-ministro Sergio Moro e pela equipe do procurador Deltan Dallagnol na Lava Jato. Confira, abaixo, o comentário de Johnny Saad, dono do grupo Bandeirantes, no tweet do deputado Paulo Pimenta (PT-RS):

O empresário Johnny Saad, da Bandeirantes, quebrou o silêncio da mídia em relação à destruição de milhões de empregos pela Lava Jato e à quebra de grandes empresas nacionais; ontem, a Band realizou uma parceria com o The Intercept e divulgou novos detalhes da fraude processual contra o ex-presidente Lula

Brasil247 – Donos de grandes grupos de comunicação começam a quebrar o silêncio em relação à destruição de riquezas provocada pelo ex-ministro Sergio Moro e pela equipe do procurador Deltan Dallagnol na Lava Jato. Confira, abaixo, o comentário de Johnny Saad, dono do grupo Bandeirantes, no tweet do deputado Paulo Pimenta (PT-RS):

 

MAGISTRADO DA “MÃOS LIMPAS”: COMBINAÇÕES ENTRE JUIZ E PROMOTORES DEVEM GERAR ANULAÇÃO DE PROCESSOS

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MAGISTRADO DA “MÃOS LIMPAS”: COMBINAÇÕES ENTRE JUIZ E PROMOTORES DEVEM GERAR ANULAÇÃO DE PROCESSOS

Gherardo Colombo. Foto: Moreno Carbone/Reprodução

Diário do Centro do Mundo – Publicado originalmente no site Bem Blogado – Entrevista feita para  o Bem Blogado pela jornalista Paola Ligasacchi, com produção de Ricardo Moreira e edição de Washington Luiz de Araújo –

– Mas como lhe dizia eu conheço muito pouco, conheço a operação muito indiretamente, através daquilo que  a imprensa publica. Mas aquilo que conheço muito bem é a operação Mãos Limpas, as investigações que nós fizemos. Na Itália, o juiz deve ser imparcial. Porque se não é imparcial não serve para a função de magistrado.

Integrante da  Operação Mãos Limpas, o ex-juiz Gherardo Colombo deixa claro em entrevista ao blog Bem Blogado de que as denúncias  de “combinações” entre o então juiz Sérgio Moro e procuradores do Ministério Público (levadas a público pelo site Intercept), levariam à nulidade dos processos contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. “Na Itália, caso existissem relações entre o juiz e o Ministério Público que não estivessem dentro da investigação, as críticas sobre essas relações seriam corretas. (…) As violações das regras provocam os efeitos que podem levar nulidade dos atos ou mesmo podem ter efeitos com conseqüências disciplinares. Ou seja, a violação das regras provoca até efeitos penais”, afirmou o juiz em entrevistas concedidas nos dias 19 e 20 de junho, em Roma.

Tudo pode acontecer. Até as regras podem ser violadas. Mas se as regras são violadas, as conseqüências existem. As violações das regras provocam os efeitos que podem levar a nulidade dos atos ou mesmo podem ter efeitos com conseqüências disciplinares. Ou seja, a violação das regras provoca até efeitos penais. Como lhe disse, Mãos Limpas, no tempo da sua atividade, juízes e magistrados que quebraram as regras foram presos. Mas atenção: algo que gostaria de dizer e que tem uma certa importância é que o problema do devido (correto) processo legal lembra a consistência das provas, não é ? Nós, durante a operação Mãos Limpas, as provas que procurávamos e que  encontramos tinham uma enorme consistência. Nós fizemos mais de 700 interrogatórios internacionais para pedir assistência a juízes de outros 29 países para conseguir documentação bancária e documentação societária.

Integrante da  Operação Mãos Limpas, o ex-juiz Gherardo Colombo deixa claro em entrevista ao blog Bem Blogado de que as denúncias  de “combinações” entre o então juiz Sérgio Moro e procuradores do Ministério Público (levadas a público pelo site Intercept), levariam à nulidade dos processos contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. “Na Itália, caso existissem relações entre o juiz e o Ministério Público que não estivessem dentro da investigação, as críticas sobre essas relações seriam corretas. (…) As violações das regras provocam os efeitos que podem levar nulidade dos atos ou mesmo podem ter efeitos com conseqüências disciplinares. Ou seja, a violação das regras provoca até efeitos penais”, afirmou o juiz em entrevistas concedidas nos dias 19 e 20 de junho, em Roma.

– Mas como lhe dizia eu conheço muito pouco, conheço a operação muito indiretamente, através daquilo que  a imprensa publica. Mas aquilo que conheço muito bem é a operação Mãos Limpas, as investigações que nós fizemos. Na Itália, o juiz deve ser imparcial. Porque se não é imparcial não serve para a função de magistrado.

– Desde 09 de julho último, vem sendo publicadas denúncias (via o site Intercept) de que o ex-juiz Sérgio Moro, hoje ministro da Justiça, participou de várias “combinações” com promotores para condenar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Na Operação Mãos Limpas houve um cuidado para que houvesse total independência entre acusação e juízo? Em algum momento na Operação Mãos limpas aconteceu algo parecido com o que está sendo denunciado contra a Operação Lava Jato?

– Das notícias publicadas pela imprensa se entende que existia uma relação fora do processo entre o Ministério Público e o juiz e pareceria que havia certa influência. Nós aqui estivemos muito atentos na Mãos Limpas na relação entre os juízes e o Ministério Público.  Eu vejo que a relação entre as duas instâncias e a lei assim o estabelece deve ser totalmente transparente, no sentido de que se fala através das petições de ofício (na Itália, Carta processual é o instrumento de comunicação entre o juiz e as partes, que também pode ser nomeado como petição de ofício).

– Mas no caso brasileiro o que aconteceu foi um intercâmbio de mensagens, via Telegram.  Isso pode acontecer num processo? Ou necessariamente a comunicação entre o juiz e o Ministério Público deve obedecer ao intercâmbio  de cartas processuais ( petições de ofício)?

– Exatamente. A comunicação deve ser feita através das petições de ofício. Se o Ministério Público tem que fazer uma pergunta ao juiz , deve fazê-la por meio de petição de ofício. Caso o juiz tenha de fazer alguma observação sobre a investigação do Ministério Público a faz através das petições de ofício. Se o Ministério Público pede a prisão de uma pessoa , até o momento  que o juiz decida, essas cartas serão secretas. Depois que o juiz decidiu, se tornam públicas. No final do processo, quando se faz a disputa, quando se dá o juízo, tudo deve ser público. Ou seja, tudo se torna público no final do processo. Na Itália, em um caso contrário, caso existissem relações não dentro da investigação entre o juiz e o Ministério Público, as críticas  sobre essas relações seriam corretas.

– Então, se esse tipo de denúncia vazada nos últimos dias sobre a comunicação entre Moro e Dellagnol acontecesse aqui na Itália, isso não seria permitido num processo?

Tudo pode acontecer. Até as regras podem ser violadas. Mas se as regras são violadas, as conseqüências existem. As violações das regras provocam os efeitos que podem levar a nulidade dos atos ou mesmo podem ter efeitos com conseqüências disciplinares. Ou seja, a violação das regras provoca até efeitos penais. Como lhe disse, Mãos Limpas, no tempo da sua atividade, juízes e magistrados que quebraram as regras foram presos. Mas atenção: algo que gostaria de dizer e que tem uma certa importância é que o problema do devido (correto) processo legal lembra a consistência das provas, não é ? Nós, durante a operação Mãos Limpas, as provas que procurávamos e que  encontramos tinham uma enorme consistência. Nós fizemos mais de 700 interrogatórios internacionais para pedir assistência a juízes de outros 29 países para conseguir documentação bancária e documentação societária.

– Qual é a sua opinião sobre casos em que promotores se aliam a juízes no sentido de condenarem uma pessoa? Isso seria um exemplo de prática de Lawfare?

– Sucede que as pessoas possam ser condenadas quando existam as provas através de um processo justo. Se exige que o juiz e também o Ministério Público aqui na Itália sejam independentes. Digo também o Ministério Público porque o Ministério Público aqui na Itália é obrigado a encontrar as provas do imputado(réu). Se o Ministério Público e o juiz na Itália se colocassem de acordo para condenar uma pessoa com ausência de provas ou com provas equivocadas, isso não poderia acontecer porque na Itália é obrigatório que para se condenar uma pessoa seja necessário que a responsabilidade dela seja provada, além de qualquer dúvida razoável.

– Isso significa que se não existe prova material não se pode condenar uma pessoa aqui na Itália. No caso brasileiro, falo sobre a condenação ao ex-presidente Lula, que  sempre afirma que foi condenado sem provas. Já as palavras, que usaram a acusação e o juízo para justificar a condenação foi a de que se basearam em “convicções e pelo conjunto da obra”.  Como o senhor avalia essa posição?

Eu não posso avaliar o processo Lava Jato porque deveria conhecer todos os crimes obviamente. E então as minhas são apenas impressões que dependem das notícias da imprensa que trazem um desenho muito diferente daquilo que está no processo. E então seria bom que os juízes brasileiros pudessem verificar se as regras do processo foram respeitadas.

– Mas no caso da Constituição brasileira se diz que alguns artigos não foram respeitados pela operação Lava Jato…

– Mas como lhe dizia eu conheço muito pouco, conheço a operação muito indiretamente, através daquilo que a imprensa publica. Mas aquilo que conheço muito bem é a operação Mãos Limpas, as investigações que nós fizemos. Na Itália, o juiz deve ser imparcial. Porque se não é imparcial não serve para a função de magistrado.

–  O senhor, que foi um dos protagonistas da operação que sacudiu o mundo político italiano nos anos 90, diz sempre que se deve parar de comparar a Operação Lava  Jato com a Mãos Limpas, apesar dos integrantes da Lava Jato sempre terem afirmado que a Lava Jato se inspirou na operação italiana. As operações podem ser comparadas?

Gherado Colombo – Eu creio que existem diferenças notáveis até onde pude conhecer da operação Lava Jato. Porque veja, nossas investigações envolveram cerca de cinco mil pessoas, dos quais quatro ex-primeiros ministros, uma dúzia de ministros, cerca de 200 parlamentares, integrantes da Receita Federal, magistrados (inclui procuradores), prefeitos, vereadores e tantos empreendedores.  Na Itália, o juiz deve se abster se tem qualquer interesse privado na causa. Se exprime a sua opinião na causa fora daquilo que faz no processo, se comenta o objeto do processo fora, se o juiz não se abstém, os advogados podem acusá-lo, podem pedir que seja afastado do processo. O Ministério Público também deve se abster pelas mesmas circunstâncias, e tudo isso  é feito para garantir a imparcialidade, seja do juiz, seja do Ministério Público.

– Então, o senhor está de acordo com o fato de que no Brasil não aconteceu a imparcialidade necessária para a execução do processo?

– Aquilo que eu pude ler a partir das notícias de imprensa, não apenas recentemente, mas também já há algum tempo, talvez os processos da operação Lava Jato não estejam alinhados com as regras que se usam na Itália.

–  E como o senhor avalia a decisão do principal coordenador da Operação Lava Jato abandonar a magistratura e imediatamente aceitar ser ministro da Justiça do governo Bolsonaro?  Moro, na época, fez uma comparação com a atitude que tiveram o juiz Falcone e com Antonio Di Pietro.

– Giovani Falcone nunca exerceu atividade política, nunca abandonou a magistratura para exercer atividade política. Giovani Falcone foi dirigente do Ministério da Justiça, desenvolvendo atividade administrativa, atividade absolutamente técnica. O ministro é uma outra pessoa. Decisões políticas são tomadas por um ministro. É inexato dizer que Giovani Falcone se dedicou à política, isso não é verdade.

Antonio di Pietro deixou passar quase um ano e meio  do momento em que deixou as investigações da operação Mãos Limpas até o momento que assumiu o cargo de ministro de Obras Públicas, não de ministro da Justiça. Antonio di Pietro nunca foi ministro da Justiça.  E deixou passar um tempo bastante consistente, que para mim deveria ser a regra.

Se tivesse me acontecido, quando eu era magistrado de me dedicar à política, a minha regra seria a de deixar a magistratura para sempre e deixar passar um tempo consistente desde o momento que a deixei até o momento de assumir uma responsabilidade política. Pietro esteve fora um tempo que eu considero relevante, quase um ano e meio, um ano e três ou quatro meses. Passou um tempo considerável. Eu creio que a regra deve ser essa.

– O senhor fala dessa regra que me parece um tanto subjetiva…

– Sim, de fato a lei na Itália não impede que se faça sem um intervalo, pois permite que se concorra às eleições parlamentares e a lei prevê que se pode assumir um cargo político ministerial também. Atenção, pois existem as regras que não são estritas, mas que tem uma influência importante; ou melhor, as regras que estão dentro da nossa constituição e podem ser interpretadas.

Eu acredito que seja necessário manter efetivamente a independência da magistratura, é muito importante. Não apenas ser independente, mas parecer independente. Ou seja, é necessário que o cidadão não pense que uma certa atividade no exercício da função judiciária  ocorreu por causa de interesses pessoais ou de outros interesses. E, então, para que tudo isso possa ser verificado, é necessário que se demita definitivamente da magistratura. E a lei não o diz. Segundo, se deixe passar um tempo tão consistente quanto se exige para o cargo de notoriedade como é o cargo de um juiz.

– Com a operação Mãos Limpas mudou um pouco a cultura da sociedade italiana em relação à corrupção? Mas no caso do Brasil parece que querem mudar a cultura jurídica para poder condenar e não seguir o devido processo legal, entende…

– Coisas como pessoas que haviam cometido atos criminosos e não foram punidas aconteceram na Itália, pois foi interposta a prescrição. O tempo da prescrição para os casos de corrupção se tornou muito breve. Muitas pessoas saíram do processo, onde se declarou a ação extinta por meio da prescrição. As ações foram redimensionadas. O falso orçamento que possibilitava descobrir o movimento financeiro que depois formavam a prova dos pagamentos das propinas foi tão reduzido que muitas pessoas acabaram sendo absolvidas porque o fato não era mais previsto como ação. Enquanto no início, a “Mãos Limpas” tinha uma estatística de absolvição que ficava em torno de 4,5%, no final entre absolvição e prescrição chegamos, sem danos no processo, a cerca de 60% das pessoas envolvidas.

– A Operação Lava Jato diz ser importante o apoio da imprensa para os casos de investigação de corrupção. O senhor acha que a imprensa deve apoiar incondicionalmente, sem críticas, esse tipo de trabalho? No Brasil, parte da chamada grande imprensa fechou os olhos para as ações erradas e ilegais da Lava Jato.

– Eu acredito que o trabalho da imprensa seja um trabalho crítico. Os veículos de informação devem ser muito atentos às atividades que dizem respeito à coisa pública. Trate-se de juízes ou de membros do parlamento. Devo dizer que na Itália aconteceu algo similar nos tempos das Mãos Limpas. Todos estavam felizes por causas das nossas descobertas. Todos continuavam a falarem de uma maneira muito positiva sobre a Mãos Limpas. Por cerca de dois anos, dois anos e meio, as coisas foram adiante dessa maneira.

Ao mesmo tempo, progressivamente, estivemos submetidos a inspeções ministeriais, a procedimentos disciplinares, fomos denunciados como se tivéssemos desrespeitados a Constituição. Mas obtive um certificado depois. Tudo isso terminou muito bem. Não fizemos nada de errado.

E depois, lá na frente, a imprensa se tornou muito, muito crítica contra nós. Apesar de que não vi motivo para isso. A Operação Mãos Limpas acabou porque, progressivamente, as provas levaram a descobrir não apenas altos níveis de corrupção. Mas, progressivamente, as provas nos levaram também à corrupção miúda, como o fato do vigia (fiscal) urbano fazer as compras alimentares de graça e em troca não controlar os impostos da venda de frios. O fiscal do trabalho que, por uma pequena propina, não se preocupa que faltam os cintos de segurança no canteiro de obras ou quando alguém morre no hospital e a enfermeira chama primeiro uma empresa específica para que fature o funeral.

Conforme descobríamos essas pequenas coisas, mudava um pouco a atitude de todos. Ao invés de manter as investigações, além daquilo que era justo, a crítica se tornou muito, muito, para mim, excessiva. E ainda continua.

 

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UM PLAYBOY NO BNDES

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UM PLAYBOY NO BNDES

Valor Econômico – A nomeação, no entanto, é creditada à notória ligação com os filhos de Bolsonaro. Amigo pessoal do novo chefão do BNDES, Eduardo Bolsonaro inclusive estava presente num ruidoso episódio que escancara o estilo de vida do presidente recém-nomeado, sempre em concorridas baladas e rodeado por belas mulheres. É aí que pode morar o problema.

O novo presidente do BNDES, Gustavo Montezano , 38 anos, nomeado após a saída de Joaquim Levy no último domingo (16), certamente reúne predicados para a função. Engenheiro formado pelo IME, tem mestrado em economia pelo Ibmec-RJ, foi sócio do BTG Pactual e diretor de operações da antiga Pactual Commodities. Seu perfil de jovem banqueiro bem-sucedido combina com o de outros escolhidos pelo ministro Paulo Guedes, como o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, e da CEF, Pedro Guimarães.
A nomeação, no entanto, é creditada à notória ligação com os filhos de Bolsonaro. Amigo pessoal do novo chefão do BNDES, Eduardo Bolsonaro inclusive estava presente num ruidoso episódio que escancara o estilo de vida do presidente recém-nomeado, sempre em concorridas baladas e rodeado por belas mulheres. É aí que pode morar o problema.

Foi em outubro de 2015, quando Montezano envolveu-se em uma briga no edifício em que morava no bairro do Itaim Bibi, em São Paulo. Ele desejava comemorar seu aniversário madrugada a dentro, sem ser importunado. Era a terceira festa de arromba em 80 dias como morador do local. Repreendido, ele discutiu com o zelador e arrombou portões do edifício. Câmaras de segurança registraram a confusão.

O condomínio registrou uma queixa-crime e processou o executivo por danos materiais e morais, numa ação em que foi condenado em duas instâncias. A defesa alegava que era uma reunião com parentes e amigos, e não uma festa. O juiz, na sentença, foi taxativo: a explicação não convencia. Em sua defesa, o executivo argumentou que “parece existir um preconceito velado de alguns condôminos contra seu estilo de vida e de seus amigos, o que é inaceitável, principalmente na moderna sociedade brasileira em que vivemos hoje em dia”. Ao fim, foi fechado um acordo e Montezano teve de desembolsar R$ 28 mil.

Reprodução – Ao se defender do incidente no condomínio, executivo criticou “preconceito velado contra seu estilo de vida”

O Ministério da Economia informa que o processo já está encerrado, com débitos quitados, mas profissionais experientes do mercado já questionam se o jovem executivo tem estatura para comandar o banco de fomento.

A pergunta que se faz é: escolhido por razões ideológicas, Montezano, afeito a noitadas regadas a festas sem hora para acabar, teria qualificação à altura do imenso desafio que encontrará pela frente? Além da excelência técnica, essa é uma função que exige grande experiência no trato político com as diferentes esferas de governo, órgãos de controle e com diferentes interesses empresariais.

Reprodução – Para comemorar aniversário, Montezano discutiu com zelador, arrombou portão e teve apoio de Eduardo Bolsonaro

A saída intempestiva de Levy pegou o mercado de surpresa. A crise foi motivada pela demora em trazer resultados e pela nomeação de um diretor que havia participado da gestão petista. “Acho que o diagnóstico está errado. As dificuldades que o Levy enfrentou são da burocracia estatal. O BNDES não é uma fintech, é um transatlântico. Tem regras. São temas tecnicamente desafiadores”, diz Zeina Latif, economista-chefe da XP Investimentos.

“É uma cortina de fumaça para o que vai mal na economia”, criticou o economista Paulo Rabello de Castro, ex-presidente da instituição.

Desafios da gestão 

Entre as missões de Montezano estão a devolução ao Tesouro de empréstimos feitos para financiar projetos estimulados nos anos petistas. Outra cobrança se refere ao estímulo às privatizações. O novo presidente trabalhava exatamente nessa área, sob a chefia de Salim Mattar, mas o governo Bolsonaro até o momento tem tido grande dificuldade em fazer deslanchar as privatizações.

Parte dos obstáculos se devem a um problema que o próprio Montezano vai enfrentar na gestão do banco. Há um arcabouço legal e dificuldades burocráticas que dificultam as desestatizações e exigem habilidade e conhecimento da máquina pública. A venda acelerada de ações de empresas que o banco detém também pode gerar questionamentos legais.

Outra demanda tem a ver com uma promessa de campanha de Bolsonaro: a abertura da “caixa-preta” do BNDES. Nesse caso, a tarefa também não será trivial. O próprio Levy já havia iniciado o processo de aumentar a transparência do banco. Rabello de Castro nega enfaticamente que o BNDES tenha cometido irregularidades. “Como é que aqueles advogados do banco iriam entrar em conluio para declarar coisas ilegais? Só uma mente estúpida pode falar isso. O banco segue normas do Banco Central, da CVM”, diz.

Apesar de públicos, os dados dos empréstimos ainda geram dúvidas. Venezuela, Cuba e Moçambique já devem mais de R$ 2 bilhões. O presidente da CPI do BNDES, Vanderlei Macris (PSDB-SP), diz que já foram identificados US$ 3,3 bilhões em irregularidades, ou 47% do valor das operações auditadas (80% delas). “Descobrimos que países sem garantia para contratos, como a Venezuela, tiveram seu nível de risco de 7 — o pior do mundo —, modificado para 1, como se fosse igual aos EUA e o Canadá”.

Reprodução – Montezano tem missões bem definidas no comando do BNDES

Segundo ele, mesmo com o seguro e o BNDES registrando lucro, o contribuinte paga no final. Para a CPI, o BNDES foi agente financiador que não avaliava o que estava sendo financiado. Imagina a festa. Pelo menos de festa Montezano entende.

As missões de Montezano 

1 . “Caixa-preta” – Abertura dos dados de empréstimos da era petista a países como Venezuela, Cuba e Moçambique

2. Devoluções ao Tesouro – Acelerar o retorno de recursos emprestados ao banco de fomento nos governos do PT

3. Privatizações  – Aumentar investimentos em infraestrutura e apoiar a reestruturação de estados

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