“Esse número mostra que, como país, não estamos conseguindo conter o vírus”, diz Ester Sabino, que fez parte do grupo que fez o mapeamento genético do coronavírus no Brasil.
A médica, que é PROFESSORA DA FACULDADE DE MEDICINA DA USP, alerta que o surto brasileiro ainda está longe do fim. “Se nada mudar e continuarmos com mais de mil mortes por dia, o total de mortes vai chegar a 200 mil em no máximo cem dias.”
Por isso, é fundamental compreender quais foram os equívocos que levaram o Brasil a este ponto — e qual é a lição que a pandemia deixou para o país até agora.
‘Nossa incompetência’
Mas, enquanto os números de mortes diárias vêm caindo em diversas partes do mundo, estes números continuam muito altos por aqui.
As mortes diárias variaram entre 541 (em 2/8) e 1.437 (em 5/8) na última semana, e estabelecemos há muito pouco tempo um novo recorde nacional em toda a pandemia: em 29 de julho, 1.595 novos óbitos foram confirmados.
É em meio a uma epidemia ainda bem intensa que passamos do marco simbólico das 100 mil mortes, que escancara o fracasso do Brasil em evitar uma tragédia sem precedentes.
“Chegar a 100 mil é um sinal da nossa incompetência. Certamente, poderíamos ter feito melhor”, diz Natália Pasternak, doutora em microbiologia pela Universidade de São Paulo (USP) e presidente do Instituto Questão de Ciência, dedicado à divulgação científica.
A visão é compartilhada por líderes, pesquisadores e profissionais de saúde com quem a BBC News Brasil conversou para entender os erros do país no combate à covid-19.
“Esse número mostra que, como país, NÃO estamos conseguindo conter o vírus”, diz Ester Sabino, que fez parte do grupo que fez o mapeamento genético do coronavírus no Brasil.