Se Bolsonaro e companhia são capazes de mentir tão compulsivamente ou se equivocar diante de fatos tão evidentes, o que se pode esperar diante de dados mais distantes do escrutínio popular nos campos da economia, do meio ambiente e da disputa semântica sobre interferir ou não na Polícia Federal?
Carlos Alberto Decotelli deixou o governo Bolsonaro cinco dias após ser anunciado como o novo ministro da Educação. Seu ex-futuro-chefe está de parabéns, como tentaram emplacar no Twitter os seus seguidores.
O presidente, que se gaba de ter um sistema de informações paralelo para saber tudo o que acontece, foi informado pela imprensa que o escolhido não tinha doutorado nem pós-doutorado como havia informado.
As inconsistências curriculares que levaram à queda seriam um escândalo se este não fosse um governo que fez da mitomania a sua pedra fundamental. Não por acaso, seu chefe é chamado de “mito”.
O caminho foi longo, mas as paredes do edifício farsesco começaram a ser erguidas há quase dois anos, quando o então candidato Presidência, em entrevista ao Jornal Nacional, mostrou às câmeras o livro “Aparelho Sexual e Cia”, do suíço Philippe Chappuis e da francesa Hélène Bruller –parte, segundo afirmou, do projeto Escola sem Homofobia, que ele e seus apoiadores apelidaram pejorativamente de “kit gay”.