‘SAÍ DO CORTE DE CANA PARA ME TORNAR PROFESSOR’: INCRA QUER ACABAR COM A ESCOLA DO MST QUE MUDOU MINHA VIDA

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The Intercept Brasil | Greisson Izidorio | Foto: Breno Lima/The Intercept Brasil – LEMBRO DE QUANDO meu pai, minha mãe e meus quatro irmãos íamos juntos para o corte de cana. Acordávamos cedo, 4 horas da manhã, e a mãe acordava antes ainda para preparar a comida. A gente cortava cana em um engenho próximo de nossa casa em Ribeirão, no interior do Pernambuco — uma região à mercê da oligarquia da cana de açúcar, imposta há séculos por senhores de engenho e usinas açucareiras.

Andávamos dois quilômetros a pé até o corte. Quando a gente chegava no canavial, meus pais procuravam um canto com sombra onde meus irmãos pequenos pudessem ficar, debaixo de uma árvore ou pé de goiabeira. Aí eu e meu irmão mais velho ajudávamos no trabalho. Era o tempo da ‘cana amarrada’: a gente juntava e amarrava a cana que meus pais cortavam. Contávamos dez ou 12 canas para caber em um fecho, e isso agilizava a produção dos meus pais.

Nessa época, saíamos cedo de casa e ajudávamos nossos pais até 10 ou 11 horas da manhã, que era o tempo de voltar para casa, tomar um banho e ir pra escola na cidade. Então, enquanto nossos coleguinhas dormiam até às 9 horas da manhã, a essa hora já estávamos amarrando fechos de cana, e nosso rendimento escolar era baixo por conta disso. A gente ia para o colégio marcar presença, e eu não via outra perspectiva que não fosse viver do corte de cana.

Geralmente, um bom cortador de cana produz até 7 toneladas em um dia. É um trabalho degradante com uma exploração muito pesada, em que pessoas são forçadas a trabalhar em seu limite máximo. As usinas costumam pagar cerca de 7 reais por tonelada de cana cortada  e, ainda assim, há fraudes nessas pesagens. O ‘cabo’, empregado do engenho responsável por pesar e pagar pela quantidade cortada, às vezes rouba medidas para satisfazer a vontade do patrão e dar menos ao trabalhador.

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