66 ANOS DE PETROBRAS: A IMPORTÂNCIA DA ESTATAL PARA O DESENVOLVIMENTO DO BRASIL

 

RECONTA AÍ – A Petrobras foi criada em 1953, durante o governo Vargas, fruto das campanhas pelo “petróleo é nosso”. É responsável pela descoberta do pré-sal e alvo de interesses escusos

Há 66 anos, nascia uma das maiores estatais brasileiras: a Petrobras. Criada em 03 de outubro de 1953, durante o governo de Vargas, é fruto das campanhas pelo “petróleo é nosso”, que ecoavam nos anos 40.

É dela a responsabilidade pela construção do maior parque de refino da América Latina, pelo desenvolvimento da indústria nacional e também pela descoberta do pré-sal (2010) que, com pouco mais de 10 anos de atividade, já é responsável por 60% de todo o petróleo produzido no país.

Tecnologia de ponta para exploração do petróleo

A empresa já recebeu por três vezes o prêmio internacional OTC Distinguished Achievement Award for Companies, Organizations and Institutions, considerado o Oscar do setor. Foi premiada por desenvolver tecnologia de ponta para explorar petróleo em águas profundas e ultraprofundas.

Diante de feitos tão grandiosos, é de se esperar que ela seja também alvo de grandes interesses nacionais e estrangeiros. E ao falarmos de um setor estratégico, que motiva guerras em todo o mundo, é fundamental para o desenvolvimento do País que a empresa se mantenha pública.

Professor Willian Nozaki falou sobre questões geopolíticas e econômicas do petróleo

O petróleo é nosso

A sanha privatista seguida pelo governo de Jair Bolsonaro usa de artifícios como a devassa produzida pela Operação Lava Jato e uma construída e mentirosa falta de lucro para justificar o fatiamento e a venda da Petrobras. Esse falso argumento não se sustenta: no segundo trimestre de 2019, a empresa registrou lucro recorde de R$18,87 bilhões.

Números que impressionam: Dados do Relato Integrado 2018/ Última atualização: abril de 2019

A importância das subsidiárias da Petrobras

A Petrobras jamais teria a liderança no segmento se não tivesse subsidiárias que apoiam sua produção. Atualmente, a empresa possui 20 subsidiárias principais. Além da exploração de petróleo e gás também produz energia elétrica, produção petroquímica, refino de petróleo e gás, produção de biocombustíveis, distribuição, transporte e comercialização.

Paulo Guedes, ministro da Economia, já leva a cabo seu plano de privatização da empresa com a venda dessas refinarias: foram 4 somente em setembro. Roberto Castello Branco, presidente da Petrobras, segue a mesma linha: quer que oito sejam vendidas até 2021.

Falta combinar com os russos

Falar em privatização das maiores estatais brasileiras se torna um cabo de guerra entre governo e povo. Pesquisa Datafolha realizada em 29 e 30 de agosto mostra que a maior parte da população é contra as privatizações. Quando o assunto é especificamente a Petrobras, temos 65% dos entrevistados contra a venda.

O enfraquecimento da estatal só interessa ao mercado financeiro e aos grandes tubarões do setor petroleiro, que podem adquirir a preços baixos o patrimônio brasileiro.

 

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SOBERANIA | AOS 66 ANOS, PETROBRAS PODE DEIXAR A ELITE ESTRATÉGICA DO SETOR DE PETRÓLEO MUNDIAL

 


Nos últimos cinco anos, de todo patrimônio estatal privatizado no Brasil, metade pertencia à Petrobras / FUP

Privatização fragmentada da empresa líder em produção na América Latina vai tirá-la do time das grandes estatais

Juca Guimarães | Brasil de Fato | São Paulo (SP) – A presença do Estado, tanto no consumo como na produção do petróleo, é um ponto estratégico para a ampliação da soberania das nações. A variação do preço do combustível e seus derivados é crucial na economia global.

Entre as dez maiores produtoras de petróleo no planeta, oito são empresas estatais – responsáveis por 88,3% dos 34,4 milhões de barris de petróleo extraídos por dia.

A sétima maior produtora mundial, com 1,9 milhões de barris diários, é a estatal brasileira Petrobras, que completa nesta quinta-feira (3) 66 anos de atividades.

Fundada em outubro de 1953, a petrolífera brasileira vive ameaça de perder essa condição por conta processo de privatização fragmentada a que vem sido submetida. No final de mês setembro, o conselho da Petrobras anunciou uma mudança na sua visão estratégica e definiu que o foco será “a geração de valor para os acionistas”.

A estatal foi o ponto-chave da campanha ‘O petróleo é nosso’, durante o governo Getúlio Vargas, para o monopólio da extração e refino do petróleo. Agora, em 2019, o governo Jair Bolsonaro (PSL)  coloca a empresa sexagenária na mira da privatização total, movimento que já vem acontecendo com a venda de subsidiárias.

Nos últimos cinco anos, de todo patrimônio estatal privatizado no Brasil, 50% pertencia à Petrobras.

Foram privatizados, entre outros, a BR Distribuidora, a Petroquímica Suape (PE), a Termoelétrica Celso Furtado (BA) e sete sondas de perfuração.

O economista e assessor técnico do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) Iderley Colombini, é especialista no setor. Ele explica que a posição da Petrobras no mercado mundial, principalmente na última década, permitiu ao país proteger a economia das flutuações de preços internacionais que geraram crises econômicas.

“Com a descoberta do pré-sal e a continuidade da produção da bacia de Campos, durante os anos 2000, a produção do petróleo ficou suficiente para o mercado doméstico. Isso deu uma condição de autonomia em relação ao combustível. Isso possibilitou não ficar refém dos mercado internacional e fazer a nossa própria política de preços”, assinala o assessor do Dieese.

O desmonte da Petrobras preocupa os trabalhadores da empresa, que afirmam estar preocupados não somente com o futuro de seus empregos, mas com o futuro do país. É o que diz Gerson Castellano, diretor de Comunicação da Federação Única dos Petroleiros (FUP).

“Cada R$ 1 bilhão que a Petrobras investe na exploração e produção de petróleo, gera R$ 1,8 bilhão para o PIB [Produto Interno Bruto] e mais de 27 mil empregos. E cada R$ 1 bilhão que se investe em refino gera R$ 1,27 bilhão para o PIB, além de 33 mil empregos. [Com a política de privatizações], o governo brasileiro está na contramão de algo que o mundo inteiro faz”, disse Castellano.

O ex-presidente da Petrobras entre 2005 a 2012, Sérgio Gabrielli, acredita que o petróleo não é uma “mercadoria qualquer”.

“O controle do acesso da sua descoberta e o controle do processo de produção é um elemento fundamental da estratégia de segurança de longo prazo de qualquer país que tenha petróleo”, opina.

Para Gabrielli, o controle do Estado sobre o petróleo dá ao país uma série de vantagens, além de poder de negociação internacional.

“Uma empresa estatal na área de petróleo, se o país é produtor, dá a esse país a possibilidade de administrar o crescimento da sua produção nacional, de se apropriar da maior parte da renda gerada nos momentos de preços altos, de criar uma integração com as refinarias e petroquímicas. Dá portanto uma capacidade de negociação internacional, a depender das suas reservas”, explica.

Depois de ter privatizado 35 campos de exploração terrestre de petróleo, o Brasil, agora sob a tutela de Jair Bolsonaro (PSL) pretende privatizar cerca de 70 campos em terra e no mar, oito refinarias e mais de 2,2 mil quilômetros de dutos, segundo a FUP.

A Petrobras foi procurada pelo Brasil de Fato para comentar os assuntos tratados nesta reportagem, mas, até o momento da publicação, não respondeu às perguntas.

 

 

Edição: Rodrigo Chagas

 

OPOSIÇÃO RESISTE AO FECHAMENTO DO CONGRESSO E MERGULHA O PERU EM GRAVE CRISE POLÍTICA

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Seguidores de Martín Vizcarra em frente ao Congresso na noite de terça-feira. (REUTERS)

Dissolução do Parlamento está prevista em lei e foi decretada pelo presidente para evitar a nomeação de mais juízes pelo fujimorismo

EL PAÍS | JACQUELINE FOWKS | Lima – O choque entre instituições mergulhou o Peru em uma profunda crise política. A disputa entre o presidente Martín Vizcarra e o Congresso, dominado por uma maioria oposicionista, precipitou-se na noite da segunda-feira. O bloqueio do Parlamento levou o mandatário a dissolvê-lo e a convocar novas eleições legislativas. Invocou para isso um mecanismo previsto no artigo 134 da Constituição, que pode ser ativado quando a Câmara se recusa a considerar dois projetos de lei do Governo. O Exército se alinhou com Vizcarra, enquanto a bancada partidária fujimorista e seus aliados da direita votaram por suspender o presidente de suas funções.

A decisão de Vizcarra procurava, basicamente, impedir a oposição de nomear mais juízes para o Tribunal Constitucional e de controlar essa instância judicial. Foi tomada, além disso, após meses de bloqueio legislativo. Entretanto, as forças da oposição não acatam o fechamento do Congresso e chegaram a qualificar a medida como “golpe de Estado”, nas palavras do presidente do Congresso, Pedro Olaechea.

A pressa dos partidos Força Popular e Aprista em assegurar a maioria de votos no Tribunal Constitucional se deve ao fato de seus principais líderes estarem sendo investigados por dois grandes casos de corrupção. O primeiro é vinculado a pagamentos ilegais da empreiteira brasileira Odebrecht na forma de recursos de campanha e subornos. E o segundo tem relação com uma trama ilegal apelidada de Colarinhos Brancos do Porto.

Keiko Fujimori, a líder da oposição, está em prisão preventiva desde outubro de 2018 enquanto é investigada por lavagem de dinheiro, como consequência de supostos subornos da Odebrecht à sua campanha eleitoral de 2016. A defesa de Fujimori espera uma decisão do Tribunal Constitucional para anular a prisão preventiva, mas também o resto da oposição pretende recorrer a esse tribunal para poder continuar fazendo política e evitando as investigações tributárias.

O Executivo apresentou na segunda-feira ao Congresso uma moção de confiança sobre um projeto de lei. Tratava-se de acrescentar a uma norma existente os critérios de transparência, pluralidade e participação popular na seleção de candidatos ao Tribunal Constitucional, já que a oposição convidou 11 postulantes – 10 deles seus simpatizantes – para formarem a lista tríplice que seria posteriormente votada em plenário. O Parlamento, entretanto, não votou a moção de confiança e submeteu a escolha dos magistrados a votação. Conseguiu nomear um, já que horas mais tarde Vizcarra deu por rechaçada a confiança, dissolveu do Legislativo e convocou novas eleições.

Mobilizações populares encheram as ruas de 15 cidades para respaldar a decisão do presidente. Entretanto, seus rivais não se deram por vencidos, e já na noite de segunda o presidente do Congresso nomeou como a vice-presidenta Mercedes Aráoz como chefa interina do Poder Executivo. Antes disso, os deputados destituíram o mandatário através de uma moção. Na prática, a Câmara suspendeu Vizcarra de suas funções e enviou a ordem ao Palácio do Governo, mas o documento não foi recebido.

Na manhã de terça, Olaechea informou que a oposição realizava consultas jurídicas sobre os passos a seguir. “No momento sou presidente da comissão permanente”, afirmou. Segundo a Constituição, esse órgão do Congresso permanece ativo até que sejam escolhidos os novos deputados. Segundo o decreto de dissolução publicado na noite de segunda-feira pelo Diário Oficial, o pleito ficou marcado para 26 de janeiro.

Vizcarra já tinha advertido na tarde de segunda que talvez dissolvesse o Congresso. A Defensoria do Povo disse que a interpretação da lei feita pelo chefe do Governo “se afasta da Constituição”, dado que o plenário não chegou a votar contra a questão de confiança, apenas a discutiu.

Depois das 22h de segunda-feira (hora local), os comandantes gerais das Forças Armadas, o chefe do Comando Conjunto e o diretor-geral da Polícia Nacional se reuniram com Vizcarra para lhe manifestar seu respaldo e divulgaram um comunicado em que o reconheciam como “chefe supremo” dessas corporações.

A primeira reação de uma entidade multilateral sobre a crise política no Peru foi a da Organização de Estados Americanos. “É um passo construtivo que as eleições tenham sido convocadas conforme os prazos constitucionais e que a decisão definitiva recaia sobre o povo peruano, no qual radica a soberania da nação. É conveniente que a polarização política que o país sofre seja resolvida pelo povo nas urnas”. Mas a OEA espera que o Tribunal Constitucional se pronuncie “em relação à legalidade e legitimidade das decisões institucionais adotadas, assim como sobre as diferenças que pudessem existir na interpretação da Constituição”.

Enquanto no Peru continua uma batalha de opiniões sobre o atual cenário político, Vizcarra nomeou o deputado governista Vicente Zeballos para presidir o Conselho de Ministros. Zeballos já era o ministro da Justiça e um dos mais importantes conselheiros políticos do presidente.

Nas próximas horas o chefe de Estado dará posse a alguns novos ministros. Zeballos voltará a prestar juramento na pasta da Justiça, e foi confirmado que os titulares de Relações Exteriores, Néstor Popolizio, e Economia, Carlos Oliva, não permanecerão no gabinete, porque estavam em desacordo com o fechamento do Parlamento e têm mais afinidade com a maioria opositora.

 

 

MÍDIA | DOCUMENTÁRIO EXPÕE O ESQUEMA QUE FRAUDOU A DEMOCRACIA BRASILEIRA

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O documentário francês, “Driblando a Democracia”, dirigido por Thomas Huchon, descreve com detalhes a trama que envolve as fake news do fascismo.

Portal Vermelho – O vereador Carlos Bolsonaro, “o zero dois” do clã de Jacarepaguá, que comanda o chamado “gabinete do ódio” de Bolsonaro, deverá ser convocado para a CPI que investiga o uso criminoso das redes sociais, conhecida como CPI das fake news. Este método ilegal de falsificar notícias foi usado em algumas eleições mundo afora e, inclusive no Brasil, criando o que o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, considera um “mundo que viraliza o ódio às instituições”.

Formalmente já foi convocada para depor Rebecca Félix, assessora do Palácio do Planalto que, antes de assumir esse cargo, exerceu a função de coordenação de mídias da campanha de Jair Bolsonaro. Foram chamadas também para prestar esclarecimentos as provedoras Claro, Nextel, Oi, Tim e Vivo.

Já a lista das empresas de serviços convocadas traz a AM4, CA Ponte, Croc Services, Deep Marketing, Enviawhatsapp, Kiplix, Quickmobile, SMS Market e Yacows. Todas elas trabalham com comunicação direcionada por meio de mídias digitais. Algumas delas estiveram vinculadas à campanha bolsonarista de 2018.

Teias internacionais

As teias internacionais desse esquema criminoso e fraudulento de roubo e manipulação de dados pessoais, que adulterou o processo político nos Estados Unidos e na Inglaterra, só para citar os dois exemplos mais conhecidos, e no Brasil também, deverão ser investigadas, já que há empresas e pessoas, entre elas Steve Bannon, que estão presentes nos bastidores de todos esses processos, inclusive como “conselheiro” da campanha de manipulação da opinião pública ocorrida no Brasil.

O documentário francês, “Driblando a Democracia”, dirigido por Thomas Huchon, descreve com detalhes a trama que envolve as fake news e o uso de dados de milhões de pessoas pela misteriosa Cambridge Analytica, para fraudar eleições. Ele mostra também a ação de poderosos empresários americanos de extrema direita no processo de manipulação da opinião pública com vistas a alterar resultados eleitorais e impor seus pontos de vista reacionários ao mundo.

Acima, o bilionário direitista Robert Mercer e seus três funcionários, Kellianne Conway, Setve Bannon e David Bossie 
(foto: reprodução do vídeo Driblando a Democracia)

Neste documentário, alguns protagonistas obscuros transitam com desenvoltura pelo submundo das fraudes eleitorais. O primeiro deles é Robert Mercer, um engenheiro bilionário, oriundo da IBM, que enriqueceu usando “algoritmos” para manipular o mercado financeiro, através de seu fundo especulativo “Renaissance Technology”.

Com fórmulas matemáticas secretas, ele se especializou em dar golpes e transformou esse fundo no mais rentável do mundo. Em dez anos, ele passou a obter taxas de crescimento de 30 a 35% ao ano.

Bilionário fascista comanda a fraude

Sebastian Mallaby, o único jornalista a entrevistar Robert Mercer, quando do lançamento de seu livro “Mais rico que Deus” sobre os hedge founds, afirmou que Mercer disse que se pudesse passaria a vida inteira sem falar com ninguém.

A declaração revela que o bilionário não passa de um egocêntrico reacionário que, ainda por cima, tem a maior coleção de armas de fogo dos EUA. “Preferia a companhia de animais a de seres humanos”, contou Mallaby.

Mercer e sua “fundação” abastecem regularmente com recursos milionários organizações fascistas nos EUA e no mundo.

Entidades reacionárias recebem fortunas da Mercer Family Foundation. Balanços de 2012 a 2015 desta fundação revelam alguns dos beneficiados do bilionário. A Heritage Foundation recebeu US$ 1,5 milhão. A Media Research Center, que, como Bolsonaro, denuncia a “influência” da esquerda na mídia, recebeu US$ 12 milhões. O Government Accountbility Institute, que aponta suposta corrupção sempre culpando os setores progressistas, recebeu US$ 4 milhões, e assim por diante.

O outro personagem do grupo é o seu funcionário e lugar tenente na fábrica de fake news, o jornal direitista Braitbart News, Steve Bannon. Bannon é um ex-operador da Goldman Sachs, ex-produtor de Hollywood, admirador do nazismo e coordenador de campanha de Trump.

Formam também o núcleo duro do grupo de Mercer, Kellyanne Conwei e David Bossie, esses dois, assim como fez Rebeca Félix no Brasil, passaram a ocupar postos de assessoria no governo.

Especialidade é fraudar eleições

Nos primórdios de seu plano de ação macabro, Robert Mercer apresentou um recurso junto à Suprema Corte americana para mudar a lei de financiamento de campanhas eleitorais. Robert Mercer foi vitorioso e começou a montar seu esquema de fraude para a eleição de 2016.

Através do decreto chamado Citizen United, os candidatos passaram a poder financiar as campanhas por dois métodos. Um pela campanha oficial, que apresenta limites definidos, e outro, por “comitês de apoio”, que podem arrecadar e gastar recursos sem nenhum controle. Mercer passou então a agir mais intensamente.

Mercer é fascista e financia órgãos fascistas (foto: reprodução facebook)

Ele inicialmente entrou na campanha do republicano Ted Cruz, mas, diante de sua derrota nas prévias, trocou de cavalo. Criou o comitê de apoio a Trump (Make America number one) injetando de cara US$ 15 milhões. Fez isso, mas exigiu que seu braço direito, Steve Bannon, assumisse a coordenação da campanha.

Num primeiro momento Trump resistiu, mas quando saiu o resultado do Brexit – sobre a saída da Inglaterra da União Europeia -, em 23 de junho de 2016, e ele soube que Mercer tinha colocado a Cambridge Analytica no plebiscito inglês, convenceu-se e, não só contratou a empresa, como colocou Steve Bannon na sua coordenação de campanha.

Os recursos não entravam principalmente pela conta da campanha. O financiamento se deu de forma ilegal e oculta, por parte do comitê de apoio formado por empresários. Muito parecido com os apoios secretos dos donos da Havan, Localiza, e outros picaretas por aqui, na campanha de Bolsonaro.

O dinheiro começou a entrar na “Glittering Steel produção audiovisual”, de propriedade de Steve Bannon. A empresa fica no mesmo endereço do jornal Braitbart News, em Los Angeles. Aqui no Brasil o “zero dois” comandou um esquema parecido nas redes sociais.

Steve Bannon é empregado de Mercer. Sua função é produzir as fake news (reprodução facebook)

A entidade “Centro Legal de Campanha”, órgão de acompanhamento eleitoral americano, denunciou esse esquema como prática de contribuições ocultas por parte da campanha de Trump. O mesmo esquema foi denunciado no Brasil, como os pagamentos milionários feitos a empresas como Enviawhatsapps, AM4, Quickmobile, Croc Services, SMS Market e Yacows.

Os crimes visando manipular a opinião pública começaram com a compra ilegal de dados das redes sociais, principalmente do Facebook, por parte de empresas controladas por Robert Mercer e Steve Bannon. Conforme se admitiu, 87 milhões de perfis e dados pessoais de seus usuários foram apropriados por essas empresas.

O método criminoso usado pela Cambridge Analytica de bombardeios com fake news é conhecido também no Brasil porque ele foi usado intensamente na campanha de Bolsonaro. Fabricação de fake news aos milhões com ataques a adversários. Envio de fake news às pessoas cujo perfil era determinado por “estudos” psicométricos obtidos ilegalmente.

Essas fake news são enviadas exclusivamente para as pessoas que são os alvos da campanha. Elas chegam ao seu destino, influenciam as pessoas com mentiras, ameaças e convocações. A mensagem é sintonizada com a psicologia da pessoa. Depois de vistas, as mensagens desapareciam sem deixar rastros. Por isso, pareciam surgir do nada as ondas de ódio provocadas pelas mentiras produzidas na campanha de Bolsonaro.

Esta empresa só passou a ter esse nome quando chegou aos EUA. Na Inglaterra ela se chamava SCL (Group Strategic Communication Laboratories). Nos EUA ela associou a Robert Mercer e Steve Bannon assumiu sua direção.

Empresa presta serviço para a NSA

Há 25 anos no “mercado”, a SCL presta serviços ao setor militar, comercial e ao setor de eleições. Trabalham com “op-psys”, termo do jargão militar para operações psicológicas. Operações psicológicas são operações para transmitir informações e indicadores selecionados às audiências para influenciar suas emoções, motivos e raciocínio objetivo. Por fim, com esses métodos, os usuários de seus serviços passam a ter controle sobre o comportamento de governos, organizações, grupos e indivíduos.

Em seu laboratório, agentes usam supercomputadores e compilam e analisam bilhões de informações sobre os indivíduos a fim de melhor compreendê-los. A meta é influenciar o comportamento humano para poder obter ganhos. Entre os clientes desta empresa estão a OTAN, o Ministério da Defesa Britânico, a NSA (agência de espionagem americana) e o Departamento de Estado dos EUA.

A SCL se gaba, em sua propaganda, de ter ajudado os EUA na invasão do Afeganistão. Diz também que organizou manifestações na Nigéria em 2007 para influenciar a eleição.

Ex-funcionário denunciou esquema criminoso

Christopher Wylie, um gênio da informática e ex-funcionário da Cambridge Analytica, foi o primeiro a denunciar os crimes da empresa. Ele esteve no centro da operação de captura dos 87 milhões de perfis de cidadãos norte-americanos por parte da empresa. Percebendo que a ação na eleição de Trump era criminosa, ele decidiu sair da empresa e denunciar seus crimes.

Wylie relatou que o processo de manipulação das pessoas por parte da Cambridge Analytica foi possível graças ao uso do aplicativo de Alexander Kogan, o cientista de dados, que desenvolveu o sistema que permitiu à Cambridge Analytica coletar e analisar os dados pessoais de 87 milhões de usuários do Facebook. Foram esses dados que, segundo ele, permitiram desenvolver os algoritmos. Um milhão de dólares foram investidos neste projeto.

Depois do Brexit, Trump aceita indicar Bannon para coordenador da campanha (foto: AFP)

A jornalista americana Carole Cadwalladr, revelou alguns detalhes do esquema montado pelo império de Robert Mercer para influenciar eleições. O Breitbart News, site na internet especializada em Fake News, associada com a Glittering Steel produção audiovisual, formaram o bunker para eleger Tump.

Eles compilaram milhões de informações do comportamento da população americana deixadas por sua vivência digital. De cada pessoa eram obtidas de 4 a 5 mil informações. Informações sensíveis como abertura, consciência, extroversão, amabilidade e neuroses eram avaliadas.

Esses dados pessoais foram comprados pela Cambridge Analytica. Ela os obtinha também junto aos bancos, sociedades de crédito, Previdência Social, além do Facebook, Google e Twitter. Eles passaram a saber exatamente a mensagem que deviam enviar a cada pessoa.

Essas informações todas foram criadas pelo Facebook através de testes banais que as pessoas respondem na internet. Além disso, são captadas informações comportamentais através dos sites e buscas pelos quais as pessoas navegam.

Esses dados pessoais captados são vendidos. A partir desses testes e dessas informações, são feitos algoritmos para definir os perfis psicológicos detalhados. Assim são formadas as bases psicométricas sobre as quais agem os criminosos como Bannon.

Manipulação de pessoas

A Cambridge Analyitica aplicou um teste psicológico para 300 mil pessoas nos EUA, que foram, inclusive, remuneradas para isso. A empresa teve acesso também aos amigos dos entrevistados. Foi assim que eles chegaram a 87 milhões de pessoas. Depois de capturados esses dados, eles foram transformados em planilhas com a interpretação psicométrica da personalidade de cada um para chegar aos perfis de tendência política.

No Brasil, o estupro à democracia por parte de Bolsonaro e Steve Bannon também será investigado pela CPI das Fake News. Entre os 86 requerimentos já feitos, estão convites para que acadêmicos, ativistas, jornalistas e autoridades participem de sessões, embasando os trabalhos da CPI em suas diversas frentes. A comissão também convidou personalidades que foram vítimas de ataques virtuais e de notícias falsas, como as atrizes Giovanna Ewbank, Carolina Dieckmann e Taís Araújo, a produtora cultural Paula Lavigne, o cantor Caetano Veloso e a ex-deputada Manuela D’Ávila (PCdoB-RS).

Foi aprovada também uma audiência pública com a participação de executivos de Google, Twitter e Facebook. Na semana passada, a CPI já havia aprovado a convocação dos representantes dessas empresas, bem como do Instagram, do WhatsApp e do Telegram, para prestarem depoimento. A audiência também contará com a InternetLab e a SaferNet Brasil, duas entidades não-governamentais que atuam na área da responsabilidade da internet. Começa a ruir mais um esquema criminoso.

 

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AMÉRICA LATINA | ELEIÇÕES NA AMÉRICA LATINA PODERÃO TRAZER ARES DA NOVA ESPERANÇA

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Presidente Evo Morales, que disputa a reeleição, enfrenta ataques da direita em razão dos incêndios que atingiram a Bolívia Presidente Evo Morales, que disputa a reeleição, enfrenta ataques da direita em razão dos incêndios que atingiram a Bolívia

O resultado do outubro eleitoral impactará substancialmente nos rumos da região.

Portal Vermelho | Por Mateus Fiorentini* – Desde a eleição de Maurício Macri, na Argentina, e Bolsonaro, no Brasil, a avaliação que compreende que o ciclo de governos progressistas na América está encerrado ganhou força. A partir de então inúmeros debates sobre o fim ou não desse processo ou a natureza cíclica dos fenômenos políticos no continente foram resgatados. Contudo, a eleição de Lopez Obrador, no México, trouxe a perspectiva de que possa ser apenas um período transitório para uma nova onda de transformações. Diante disso, o outubro eleitoral em que argentinos, uruguaios e bolivianos irão às urnas assume caráter decisivo para o contexto latino-americano.

Esses processos eleitorais ocorrem em um momento de desgaste dos projetos conservadores e neoliberais na região. A narrativa construída pela direita apontava os governos de esquerda como culpados pela crise econômica, pela corrupção e todas as mazelas que atingem o planeta. Entretanto, uma vez que estes governos não conseguem dar respostas que permitam a seus países encontrar saídas para a crise perdem crédito junto à sociedade. A situação econômica e social da Argentina tornou-se exemplo do que não fazer e transformou Macri em referência negativa comum a todos os pleitos. Bolsonaro, por outro lado, é a imagem do pior que pode acontecer, tanto em matéria econômica e social, quanto em termos de seu conservadorismo político e ideológico. Tal fenômeno tem levado setores da direita regional a se descolar do presidente brasileiro. Sebastian Piñera não sabia onde se esconder diante dos elogios de Bolsonaro a Pinochet, uma vez que a direita chilena foge da imagem do ditador como o diabo foge da cruz. O discurso da direita nesses países busca vincular as candidaturas da esquerda como chavistas, apoiadores da “ditadura de Maduro” valendo-se da campanha e do desgaste contra a Venezuela. Outro elemento a ser considerado diz respeito à atualização programática bem como a reconfiguração das alianças conformadas.

O primeiro pleito ocorrerá no dia 20 na Bolívia, seguido de Uruguai e Argentina, ambos em 27 de outubro.

Bolívia

O caso boliviano merece destaque pelo cenário econômico e social do país. Tradicional referência de subdesenvolvimento e alvo de piadas, inclusive por parte da esquerda brasileira, a Bolívia sustenta um desenvolvimento sólido. O país andino garantiu um crescimento de 5%, ao ano, em média, nos últimos 10 anos. No ano de 2014, cresceu 5,5%, em 2015 4,9% e 4,3% no ano de 2016. Estes números chamam ainda mais a atenção diante do contexto dos demais países já que, em 2016, os EUA cresceram 1,5% e a média da América Latina ficou em 0,9%. É esperado que o país governado por Evo Morales conclua o ano de 2019 com um crescimento de 4% e 3,9% em 2020, segundo o FMI. A projeção do Ministério da Economia para 2019, contudo, é de 4,5%. Além disso, Evo liderou um processo que reduziu pela metade os índices de pobreza, atingindo números similares aos da Argentina. E, possui a menor taxa de desemprego da região.

Diante disso, a oposição ficou sem argumentos para contrapor o projeto em curso. Apoia-se no desgaste de Evo após reafirmação da candidatura contrariando resultado do plebiscito realizado anteriormente. Por outro lado, a direita boliviana tem buscado culpar o governo pelos incêndios provocados na região amazônica. Tal estratégia da direita para desmoralizar Evo junto aos movimentos indígenas, sobretudo, tem sido frequente.

Assim sendo, na campanha Evo aponta para a necessidade de cinco anos mais para concluir esse processo. Em tom que combina afirmação e autocrítica, defende que a Bolívia mudou muito mas que mudaram também seus líderes que aprenderam com seus erros. Nesse contexto, Evo lidera as pesquisas com 33% seguido de Carlos Mesa (26%) e Oscar Urtiz (7%). Segundo analistas, o melhor cenário para Evo seria a vitória em primeiro turno, em um eventual segundo turno, a pesquisas apontam vitória de Mesa com 44% contra 39% da candidatura do atual presidente pelo Movimento para o Socialismo (MAS).

Uruguai

Devido a sua condição o Uruguai talvez seja o país onde mais repercutem os acontecimentos de Brasil e Argentina. Ao mesmo tempo, um dos países onde produziu-se um frutífero debate em torno da atualização do projeto da esquerda. Tendo como pano de fundo o cenário de crescimento das forças de direita na região a Frente Ampla dedicou-se a intenso debate interno. Tal fenômeno está inserido na tradição dessa organização, que esgota os debates até às últimas consequências para produzir a atuação unitária. Desde o congresso que comemorou seus 45 anos de fundação a FA apontou para a reafirmação de princípios e a necessidade de atualização organizativa e programática.

Pode-se dizer que a direita saiu na frente ao unificar todas as tendências do Partido Nacional em torno de Lacalle Pou após intensa disputa interna com o que chamou-se de “Bolsonaro oriental”. Na Frente Ampla esse processo custou mais tempo e a agremiação unificou-se em torno do prefeito de Montevidéu. No país de Pepe Mujica, portanto, a disputa se dá entre Daniel Martinez da Frente Ampla e Lacalle Pou do Partido Nacional.

A direita apoia-se na difícil situação econômica do país e o crescente sentimento de insegurança e desemprego para apontar o esgotamento dos governos da Frente Ampla. Os frenteamplistas, por sua vez, identificam Lacalle Pou com o desastre macrista na Argentina e o obscurantismo patológico de Bolsonaro, tendo a figura de Trump como exemplo maior. Para tanto, apoiam-se nas conquistas alcançadas nos últimos anos como a aprovação do casamento homoafetivo, aborto legal e legalização da maconha. Ao mesmo tempo, sustenta-se no estruturado Estado de Bem-Estar construído no país. Ao longo dos governos da Frente Ampla, o Uruguai atingiu o maior nível de salários da região,  reduziu a pobreza de 38 para 8% e a indigência de 4,5 para 0,1%, universalizou o sistema de saúde público, atingiu o investimento de 4,2% do PIB em educação, entre outras conquistas frenteamplistas.

As pesquisas mais recentes apontam Daniel Martinez (FA) com 34% das intenções de voto, seguido de Lacalle Pou com 26% e Ernesto Talvi (Partido Colorado) com 12%.

Argentina

Devido ao peso econômico e social e seu papel geopolítico na região, o cenário argentino é um dos mais observados dentre os pleitos mencionados. O processo que inaugurou a implantação de governos de direita na região se vê diante de uma situação de extrema gravidade. A Argentina de Macri chega a esse pleito com um incremento da taxa de desemprego de 10%, redução do poder aquisitivo em 12% e um aumento da pobreza de 32%, segundo dados da CEPAL.

Diante disso, peronistas e kirchneristas retomaram a dianteira política após as eleições primárias realizadas recentemente e deram ampla vantagem para o candidato apoiado por Cristina Kirchner. Segundo a maioria dos prognósticos essa posição deve sofrer poucas alterações. Em pesquisa divulgada pela “Oh! Panel” 82% dos eleitores deve manter o mesmo voto das primárias contra 9% que cogita mudar e outros 9% de indecisos. Aliado a isso o estudo aponta que 57% acreditam que Alberto Fernandez pode resolver o problema da inflação, ainda que 75% entenda que este não será resolvido a curto prazo.

Para 75% da população o país voltará a crescer a partir do fortalecimento de políticas sociais e incremento do consumo interno mais que pela atração de investimentos estrangeiros. Assim, 64% identificam que o país está na direção errada e a avaliação negativa de Macri atingiu 61%. Esse contexto leva a 69% população acreditar que o candidato peronista vencerá as eleições de 27 de outubro.

Esse ambiente constituiu uma polarização entre o que Cristina Kirchner chama de “Estado promotor” e os defensores do livre mercado. Em outras palavras, poderia se dizer que há uma disputa entre um Estado de Bem-estar contra a instauração do Mad Max e a guerra de todos contra todos. Nesse sentido, a candidatura de Alberto Fernandez vai consolidando-se como a provável vitoriosa das eleições no país vizinho. Entretanto, como sabemos bem, entrar em campo de salto alto é o primeiro passo para a derrota. Para tanto, Macri e a direita argentina buscam instrumentos para sangrar a candidatura de Fernandez. O principal deles diz respeito a “revitalização” do caso dos “Cuadernos” que envolvem denúncias contra a ex-presidenta, a atual senadora e candidatada a vice-presidente na chapa de Fernandez, Cristina Fernandes Kirchner, de desvios de recursos de campanha.

Entretanto, a consolidação da candidatura de Alberto Fernandez não resulta apenas da difícil situação da Argentina. Responde também à atualização da tática peronista ampliando o espectro das alianças.  Esse ajuste tático se expressa na própria composição da frente, se antes Cristina elegeu-se pela “Frente para la Victoria”, Fernandez lidera a “Frente de Todos”. É possível afirmar que a chapa Alberto Fernandez-Cristina Kirchner expressa uma composição com os setores localizados mais ao centro do espectro peronista. Além disso, a reaproximação de Sergio Masa, que concorreu à presidência nas últimas eleições apresentando-se como uma dissidência do kirchnerismo, joga importante papel na construção da unidade dos setores progressistas.

Segundo a pesquisa de “Oh! Panel” Alberto Fernandez lidera com 52% das intenções de voto seguido de Maurício Macri (Juntos por el cambio) com 32%. Confirmando esse resultado Fernandez elegeria-se no primeiro turno e imporia derrota fragorosa à direita argentina.

O resultado desse outubro eleitoral impactará substancialmente nos rumos da região. Poderá determinar o encerramento do dito ciclo progressista na América Latina. Por outro lado, pode representar a retomada do protagonismo político dos setores democráticos, patrióticos populares e de esquerda para uma nova onda de transformações. A esperança é latino-americana.

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Mateus Fiorentini é Mestre em Integração da América Latina pela USP com a pesquisa intitulada “Caminho uruguaio ao socialismo: o pensamento de Rodney Arismendi e a unidade da esquerda (1955-1971). Professor de História formado pela PUC-SP, Diretor de Relações Internacionais da ANPG e membro da Fundação Maurício Grabois.

 

 

PARTIDOS COMUNISTAS REPUDIAM RESOLUÇÃO DO PARLAMENTO EUROPEU QUE EQUIPARA COMUNISMO E NAZISMO

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REDAÇÃO OPERA MUNDI | São Paulo (Brasil)Reprodução | Texto ‘manifesta preocupação’ com uso de ‘símbolos nazistas e comunistas’; Partido Comunista Português chamou a atitude de ‘deplorável’

Partidos comunistas da Europa repudiaram uma resolução aprovada pelo Parlamento Europeu na última semana a “memória para o futuro da Europa” que equipara o comunismo e o nazismo. Em nota publicada na última quinta-feira (19/09), o Partido Comunista Português (PCP) chamou a atitude de “deplorável” e denunciou a “intencional ausência de referências na resolução”.

“O texto agora aprovado promove as mais reacionárias concepções e falsificações da História contemporânea, numa deplorável tentativa de equiparar fascismo e comunismo, minimizando e justificando os crimes do nazi-fascismo e silenciando as coniventes responsabilidades das grandes potências capitalistas – como o Reino Unido ou a França – que abriram caminho ao início da Segunda Guerra Mundial na esperança de empurrar as hordas nazis contra a URSS”, diz a nota.

Segundo o PCP, “a resolução adotada pela maioria do PE omite importantes comportamentos de tolerância, cumplicidade e alinhamento das grandes potências capitalistas com o ascenso do fascismo em vários países europeus, motivados pelo combate ao ideal comunista e às enormes realizações e conquistas econômico e sociais alcançadas pelos trabalhadores e os povos da URSS”.

“A resolução adotada pela maioria do PE não só apaga o conluio dos grandes monopólios alemães com Hitler, como procura apagar o contributo decisivo dos comunistas e da União Soviética para a derrota do nazi-fascismo e para a libertação dos povos do jugo colonial após a Segunda Guerra Mundial”, aponta o PCP.

Por sua vez, o Partido Comunista da Grécia (KKE) também condenou a atitude do Parlamento Europeu e classificou a resolução como “propaganda anti-comunista”.

“Está provado que a União Europeia proclamou o anti-comunismo como sua ideologia oficial. Isso leva, junto com um governo burguês, ao banimento da atividade dos Partidos Comunistas e dos símbolos comunistas, a perseguição contra os comunistas e contra a ideologia comunista”, afirmou o partido.

Ainda segundo o KKE, “o Parlamento Europeu se provou ser um porta-voz do anti-comunismo, que é a ideologia oficial da União Europeia, um bastião e um complemento necessário para mascarar as políticas anti-populares que são impostas junto com os governos burgueses dos seus países-membros”.

Resolução do Parlamento Europeu

O texto aprovado pela Parlamento Europeu no dia 18 de setembro sobre “a importância da memória europeia para o futuro da Europa” compara a ideologia nazista com a comunista e pede aos países do continente que se manifestem “claramente […] sobre os atos de agressão perpetrados pelo regime comunista totalitário e pelo regime nazista”.

Além de comparação no campo ideológico, a resolução ainda “manifesta preocupação” com o uso de “símbolos nazistas e comunistas” e demonstra intenções de realizar um revisionismo histórico quando dá a entender que a União Soviética e a Alemanha Nazista mantiveram parcerias durante a Segunda Guerra Mundial e oculta o fato do Exército Vermelho ter sido grande responsável pela derrota do nazismo na Europa.

 

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O FIM DO ANTIFASCISMO EUROPEU

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Uma estátua de Lenin e outros monumentos no Szoborpark, em Budapeste. (Szoborpark / Wikimedia Commons)

Jacobin | David Broder | Giuliana Almada – O Parlamento Europeu condenou o comunismo como equivalente ao nazismo. Com base numa leitura fantasiosa da história, essa resolução criminaliza o “radicalismo” como se fosse “totalitarismo” — e desvaloriza a superioridade moral daqueles que lutaram contra o fascismo.

Em maio de 1945, enquanto a fumaça ainda pairava sobre as ruínas do império de Adolf Hitler, o instituto de pesquisa de opinião francês IFOP perguntou aos cidadãos que país eles acreditavam ter contribuído mais para a derrota da Alemanha nazista. 57% dos entrevistados consideram a União Soviética o ator decisivo, em comparação com 20% para os Estados Unidos e 12% para a Grã-Bretanha. No entanto, quando o instituto realizou a mesma pesquisa em 1994, após o colapso da URSS, verificou que as percepções haviam mudado radicalmente. Cinco décadas depois, apenas 25% acreditavam que a URSS havia contribuído mais para a causa aliada, em comparação com 49% para os Estados Unidos e 16% para a Grã-Bretanha.

A memória histórica pode ser bastante inconstante. Isso não acontece apenas porque a história se afasta à medida que a imagem do passado enfraquece. Na verdade, a memória histórica é algo que muda através de um processo ativo no qual cada geração reinterpreta o mundo transmitido a ela. Nesse caso, é fácil ver como as mudanças na visão ocidental dominante da URSS após 1945 — a Guerra Fria, o repúdio de Stalin por Nikita Khrushchev, as revoltas no bloco oriental e seu colapso final — abalaram o prestígio que esse estado havia desfrutado no final da Segunda Guerra Mundial, tendo sido o ator principal nessa causa nobre.

Mais do que simples mudanças, a memória histórica é remodelada ativamente pelas representações da cultura popular, bem como pelas forças políticas ativas. É assim que devemos entender a aprovação, em 18 de setembro, de uma resolução do Parlamento Europeu “sobre a importância da memória europeia para o futuro da Europa”. Apoiada pelo S&D (centro esquerdo), Renovar a Europa (liberal), Partido Popular Europeu (Democrata-Cristão) e Reformistas e Conservadores Europeus (conservador), a resolução é apresentada como uma condenação a todos os tipos de “totalitarismo”, tomando o Pacto Molotov–Ribbentrop de agosto de 1939 como o ponto de partida de cinco décadas de uma opressão encerrada pelo projeto europeu e pela OTAN.

Há uma história bastante duvidosa aqui. O pacto foi, de fato, o gatilho imediato da invasão da Força de Defesa Alemã na Polônia — provocando a declaração de guerra franco-britânica contra a Alemanha nazista. Ele também incluía cláusulas secretas nas quais Berlim e Moscou dividiam zonas de domínio na Europa Oriental, que duraram até a invasão alemã da URSS em junho de 1941. Do lado de Stalin, essa não era apenas uma “margem de manobra” para construir as defesas soviéticas, mas um ato característico de extremo cinismo em relação às populações da Europa Oriental; isso também foi um choque para os comunistas de toda a Europa, induzidos nos anos anteriores por uma oposição militante ao hitlerismo.

No entanto, ainda podemos duvidar que o pacto “tenha causado a eclosão da Segunda Guerra Mundial” ou que a guerra não tenha passado de uma divisão nazista-soviética da Europa. E o fato de Hitler ter planejado a guerra ainda na década de 1920, ou a realidade — brevemente comprovado por eventos não mencionados na resolução — de que a URSS era a maior vítima de sua política de guerra (27 milhões de mortos) assim como o principal ator no combate ao nazismo? E os eventos da década de 1930, em que os conservadores britânicos e franceses “apaziguaram” o líder nazista — deixando que ele infringisse a proibição do Tratado de Versalhes ao rearmamento alemão, entregando-lhe “concessões” territoriais na Europa central e fechando os olhos para sua intervenção armada na Espanha — enquanto recusavam a aliança antinazista proposta por Stalin?

Anticomunismo Sem Comunismo

Esses argumentos históricos são bem conhecidos. Mas mais importante para nossos propósitos é a pergunta invocada no título da resolução — ou seja, o que essa versão específica da história diz sobre o “futuro da Europa”. Essa é, afinal, uma radicalização do anticomunismo convencional. Como Primo Levi disse uma vez, nem Alexander Solzhenitsyn descreveu algo similar a Treblinka ou Chelmno — mas essa resolução apresenta o “comunismo” como claramente genocida. Com base no anticomunismo húngaro e polonês, bem como na “filosofia antitotalitária”, a resolução do Parlamento Europeu condena não apenas atrocidades stalinistas, mas toda a experiência do socialismo estatal — e até mesmo os comunistas que se opunham a Stalin — como equivalentes aos nazistas e seus campos de extermínio.

Isso, pelo menos, serve ao propósito de retratar até o mais severo nacionalismo polonês ou húngaro em termos de vitimização e redenção. Parece que os nazistas já foram condenados o suficiente, mas não os comunistas. De acordo o Partido polonês Lei e Justiça (PiS), “os judeus foram compensados pelos eventos da Segunda Guerra Mundial, os poloneses nunca” (uma posição que nitidamente descarta a “polonidade” dos judeus assassinados). No entanto, a resolução também retrata o comunismo como um câncer que compromete a democracia europeia, mesmo em países onde quase não existem forças comunistas reais. Como nos Estados Unidos Macarthista, o “anticomunismo” ataca muito mais do que apenas comunistas.

Isso é particularmente notável na Polônia, onde o pedido contínuo da PiS pelo expurgo de “comunistas” serve como elo de um nacionalismo ressentido. Enquanto na revolução anticomunista de 1989, o líder Jarosław Kaczyński se apresentava como um democrata-cristão centrista, ele é hoje uma figura de extrema-direita que trava a batalha “anticomunista”, mesmo contra forças distantes da esquerda política. A chamada campanha de “lustração” (ou “descomunização”) alega que os ex-comunistas nunca foram expurgados adequadamente — e quando o Tribunal Polonês derrubou as medidas de “lustração” do PiS como inconstitucionais e antidemocráticas, seus juízes foram retratados  como meros patetas comunistas.

Podemos identificar desenvolvimentos semelhantes na Hungria, onde o líder de extrema direita Viktor Orbán (que em 1989 era um liberal) está travando uma guerra contra o “comunismo” década adentro. Em 2011, ele introduziu uma nova constituição centrada no espírito arcaico da “Santa Coroa da Hungria”, nos valores familiares e no cristianismo, ao mesmo tempo que retirava a palavra “república” do nome do país. Assim, ele substituiu até a constituição de 1990, alegando que ela preservava uma estrutura “comunista”, dada suas notas republicanas e seculares. Na Hungria, todos os símbolos comunistas (incluindo a estrela vermelha, o martelo e a foice) são proibidos; a luta contra o “comunismo” é rotineiramente usada para deslegitimar qualquer oposição.

Isso corresponde ao que Richard Seymour denominou “anticomunismo sem comunismo” — a prática pela qual líderes como o brasileiro Jair Bolsanaro e o italiano Matteo Salvini (e antes dele, Silvio Berlusconi) travam uma guerra cultural contra o “comunismo”, mesmo onde a esquerda já deixou de existir ou se converteu em posições centristas e neoliberais. Na ausência de comunistas reais, a extrema direita os substitui por algum outro “demônio” (especialmente minorias raciais) ou simplesmente apresenta valores democrático-republicanos como inimigos da “cultura nacional” e do “senso comum”. A luta contra o “marxismo cultural” desempenha um papel semelhante no discurso alt-right americano.

Esta versão do anticomunismo também é impulsionada pela resolução do Parlamento Europeu e sua maneira específica de invocar a ameaça “stalinista”. Na ausência de formações políticas comunistas de massa, até mesmo onde elas já governaram, esse histórico é armado contra outro grande bicho-papão — a Rússia — que é acusada de “distorcer fatos históricos e encobrir crimes cometidos pelo regime totalitário soviético” como parte de sua “guerra de informação contra a Europa democrática com o objetivo de dividir a Europa”. Trocando alhos por bugalhos, os memoriais de guerra soviéticos erguidos após 1945 são retratados como veículos da “ideologia totalitária” que a Rússia aparentemente estaria nos empurrando até hoje.

Por esse motivo, a resolução representa uma estranha combinação de interesses entre os centristas liberais do Ocidente e as forças nacionalistas dos países do Grupo de Visegrado, para quem o grande inimigo é a “Rússia”, em uma Guerra Fria renovada. Para quem enxerga uma mão russa na vitória de Trump, no Brexit, ou nos ataques ao príncipe Andrew, parece mais heróico pensar em si próprio como um cavaleiro contra o “totalitarismo”. No entanto, essa obsessão antirussa também leva a um apagamento sem precedentes do antifascismo, mesmo por partidos como o Democrata italiano (um partido em grande parte descendente do Partido Comunista Italiano) e o Partido Trabalhista do Reino Unido, tendo ambos votado a favor da resolução do Parlamento Europeu.

A história da Segunda Guerra Mundial não é uma jogada de moralidade. Winston Churchill foi um grande oponente de Hitler na defesa do Império Britânico; uma figura venerada da resistência alemã, tal qual Claus von Stauffenberg, apoiou o uso do trabalho escravo polonês e a defesa das conquistas territoriais de Hitler. Quem estiver suficientemente motivado pode com toda a certeza encontrar casos de assassinatos injustos cometidos por combatentes da resistência comunista; também houve crimes não mencionados nesta resolução, como os estupros em massa cometidos pelas tropas do Exército Vermelho (e ocidentais, em menor grau).

Esses fatos merecem uma investigação histórica adequada, como de fato receberam. Mas eles não causam a relativização da história de ideologias que promovem abertamente a guerra racial, a conquista e a subjugação ou escravização de mulheres e minorias. No entanto, a comparação do comunismo ou mesmo de “ideologias radicais” em geral ao nazismo feita pelo Parlamento Europeu, faz exatamente isso. Ninguém compararia o Holocausto às condições sob o regime socialista do pós-guerra na Polônia como tentativa de fazê-lo parecer terrível — a acusação polêmica está inevitavelmente focada na direção oposta, na alegação de que os comunistas “não eram melhores” que os nazistas.

Demonizando a Esquerda

Além do analfabetismo histórico, a resolução do Parlamento Europeu também é motivada por um objetivo bem diferente: determinar quem são os legítimos combatentes da liberdade. A julgar pelos promotores da resolução, parece que essa categoria se estende de Emmanuel Macron a Viktor Orbán, mas não aos oponentes de esquerda do neoliberalismo e da OTAN. A esse respeito, é notável a referência explícita à OTAN como o alicerce da “liberdade” e da “família europeia”, juntamente com as “reformas e o desenvolvimento socioeconômico, com a assistência da UE” realizada nos países da Europa Central e Oriental. Aqui, não apenas o projeto europeu em geral, mas a OTAN e a reestruturação neoliberal são retratadas como a barreira ao totalitarismo.

Após 1945, muitos países democráticos proibiram o ressurgimento de partidos fascistas ou nazistas — o expurgo do antigo pessoal desses regimes ocorreu em maior ou menor grau dependendo país. Após o colapso do bloco oriental, esse processo foi imitado em muitos países do centro-leste da Europa, que por sua vez baniram os partidos comunistas. No entanto, se hoje a ameaça “stalinista” é puramente imaginária, Salvini, Orbán e Kaczyński estão usando o “antitotalitarismo” para condenar a esquerda, negando serem fascistas.

Em um convincente artigo sobre a “herança do totalitarismo”, Owen Hatherley evoca o Szoborpark em Budapeste, um “cemitério” de monumentos ao stalinismo húngaro. Lá estão as botas da estátua de Stalin, derrubada pela revolução de 1956, mas também os memoriais de guerra soviéticos e até mesmo o tributo às Brigadas Internacionais, social-democratas e comunistas que foram combater o fascismo na Espanha — agora condenados como tantos totalitários. Em 1989, Orbán elogiou Imre Nagy, o líder comunista executado em 1958 por ter enfrentado a União Soviética — em 2018,sua estátua foi demolida como apenas mais um monumento ao totalitarismo. Se o comunismo realmente fosse equivalente ao nazismo, teria sido como queimar cópias da Lista de Schindler.

É por isso que se opor à resolução do Parlamento Europeu sobre o “totalitarismo” não tem a ver com a defesa de Stalin, com a negação de crimes como o massacre de Katyn ou com a alegação de que o Pacto Molotov-Ribbentrop era apenas um acordo de paz. Trata-se de se opor à reformulação impensada da história para os mais rasos fins políticos, nos quais o Holocausto nazista é relativizado simplesmente para fazer a Rússia parecer má. Os liberais geralmente gostam de afirmar que estão defendendo “os fatos” contra as alegações de figuras como Orbán e Salvini, que estão tentando debilitar nossa democracia. Se eles realmente estiverem tão comprometidos com essa causa, podem começar recusando a visão de extrema direita da história.

 

 

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O POLÊMICO SUPLENTE DO MAJOR OLIMPIO – AGÊNCIA PÚBLICA

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Anna Beatriz Anjos – O discreto cargo eletivo de suplente ao Senado Federal se ajustou perfeitamente ao perfil do empresário paulista Alexandre Luiz Giordano, de 46 anos. Descrito como alguém “sem boa oratória nem afinidade com falas públicas”, sua atuação política se concentra nos bastidores de diretórios partidários e corredores de gabinetes.

“Fantasioso”, “galanteador quando quer negociar” e “vendedor de fumaça” são expressões ouvidas de ex-sócios e amigos que falaram à Agência Pública sobre o empresário. Entre os relatos, uma característica é quase unânime: o suplente do Major Olimpio (PSL-SP) gosta de ostentar riqueza. A exibição do luxo se dá por relógios da marca suíça Rolex, ternos da grife Camargo Alfaiataria e uísques caros. E pelo uso preferencial, em algumas ocasiões, de helicóptero como meio de transporte. Mas, apesar da exposição na mídia nos últimos tempos, seus negócios não são conhecidos pelo público.

Giordano entrou em evidência no noticiário nacional quando teve seu nome exposto pela imprensa paraguaia no final de julho. A repórter Mabel Rehnfeldt, do jornal ABC Color, revelou que o empresário fez ao menos duas viagens ao Paraguai, em abril e em junho deste ano, para negociar às escuras a compra de energia excedente da usina hidrelétrica de Itaipu. Participantes da reunião disseram que ele falou em nome da família do presidente Jair Bolsonaro (PSL) para beneficiar a Léros, uma empresa de energia até então tão pouco conhecida como o suplente do major.

Giordano esteve também no Palácio do Planalto em 27 de fevereiro, um dia após o retorno do presidente Jair Bolsonaro de uma agenda oficial em Foz do Iguaçu, cidade sede da hidrelétrica de Itaipu. A informação foi divulgada pela Carta Capital.

A história se tornou ainda mais nebulosa com a revelação, feita no dia 13 deste mês pela Agência Sportlight, de que o próprio Major Olimpio esteve no Paraguai em 11 de abril passado, enquanto ocorria uma das reuniões mais importantes de Giordano no país. Questionado pela Pública sobre a coincidência, o senador acabou se confundindo com as datas. “Consta que ele esteve no Paraguai dia 9, eu não sabia que ele fez essa viagem, eu estive dia 11 e 12 de abril”, respondeu, por meio de um assessor, no WhatsApp. Desfeito o engano, Major Olimpio disse que, apesar de os dois terem estado no Paraguai no mesmo dia, “não sabia onde ele estava ou por onde andava” e que “não houve contato nenhum” entre eles. O senador informou também que foi ao país para participar do Encontro de Católicos com Responsabilidade Políticas ao serviço dos povos latino-americanos do Cone Sul e de uma agenda sobre segurança pública.

Se Giordano e Olimpio, de fato, não se encontraram no Paraguai, não foi por falta de proximidade, que vai além do fato de o primeiro ser suplente do major da Polícia Militar de São Paulo. Os dois se conheceram na zona norte da capital paulista e são amigos há pelo menos 10 anos, como disse Olimpio em longa entrevista à Pública, em Campinas, horas antes da publicação da Sportlight, comentada posteriormente por ele. O foco da entrevista era a relação do major, conhecido por defender o combate à corrupção – em nome da qual enfrentou seu próprio partido, o PSL, nos casos Flávio Bolsonaro e CPI da Lava Toga –, com seu inusitado suplente, um empresário que coleciona processos judiciais – de não pagamento de imóveis à invasão de terreno, passando por dívidas trabalhistas.

Major Olimpio disse que o escolheu para a suplência porque ele se colocou à disposição do partido para auxiliar na organização do diretório paulista – presidido por Eduardo Bolsonaro – na primeira grande disputa eleitoral da legenda. Ele transformou seu escritório — localizado no mesmo prédio onde funcionava o diretório estadual do PSL até julho deste ano – no comitê de campanha do major. É assim que o senador explica a transferência de R$ 6,6 mil reais por locação de imóveis para uma das empresas do suplente, a Enermade, que consta na prestação de contas da campanha.

 

Facebook/ Reprodução

 

 

OPINIÃO | CARÍSSIMA TEREZA CRISTINA: SE A SENHORA ASSIM PREFERE, QUE SE ENVENENE

 

A ministra Tereza Cristina (Foto: Antonio Araujo/Mapa)

Em périplo pelo Oriente Médio, a agrônoma e ministra arremessou: ‘Brasil não tem clima favorável a orgânicos’

Carta Capital | Rui Daher – Inspirado na capa da versão impressa de CartaCapital, escrevi em meu blog, incrustado no GGN, de Luís Nassif, que a todos os membros do governo do Regente Insano Primeiro, aí incluídos seus filhos, está garantido o direito de expressar uma alucinação por dia.

Creio esse ser o artigo único de seu programa de governo, por eles cumpridos à risca. Exemplos, embora tediosos, não faltam.

Em não sendo a primeira intervenção alucinada de sua lavra, a agrônoma Tereza Cristina, ministra da Agricultura, em périplo pelo Oriente Médio, arremessou: “Brasil não tem clima favorável a orgânicos”. Ainda, na esteira do despautério de seu chefe em discurso na ONU, relativizou as queimadas na Amazônia, como exagero da imprensa, esquecendo-se das constatações do Inpe, Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais.

Foi além. Fundamentada em suas idas a supermercados de Brasília, informou aos árabes que os alimentos orgânicos custariam entre 15 e 20% a mais do que os não orgânicos.

Não irei contestá-la. Sei de onde ela vem e de que lado está. Apenas sugeriria voltar aos bancos escolares da Universidade Federal de Viçosa ou visitar o ESALQSHOW, a ocorrer entre os dias 9 e 11 de outubro, em Piracicaba, SP. Teria muito a aprender.

Caso compromissos políticos mais altaneiros a impeçam dessas tarefas, que pelo menos se informe sobre o crescimento expressivo da produção orgânica brasileira em estatísticas do próprio ministério que comanda. Ou, se mais confiáveis, do IBGE que aponta a existência de 90 mil produtores rurais brasileiros, autodeclarados como orgânicos.

O diferencial nos preços, digníssima, está na relação oferta e procura, se me entende. Ela vem da massa de divulgação que “o seu lado” oferece ao mercado agrícola de insumos. Dona, prezada, caríssima – no sentido de preço – ministra, declarações como as suas só obstaculizam o crescimento da produção orgânica do Brasil, em contramão à tendência mundial da sociedade optar por alimentos mais saudáveis.

Xiita não sou, Tereza. Não falo das produções para exportações de grãos, que essas já estão dominadas. E sim ao que vem às nossas mesas. Mas se a senhora assim prefere, que se envenene.

O outro na dobradinha

Ah, se a dobradinha fosse aquela que se come em várias regiões do Brasil e em Portugal, com nomes variados, bucho, tripas, mocotó gaúcho, nordestino, de bode ou carneiro, que delícia seria.

Mas não. O par de Tereza, nem mesmo Jorge Benjor é.

Filiado ao Partido Novo, Ricardo Salles, um dos fundadores do movimento Endireita Brasil, foi designado ministro do Meio Ambiente, mas alucina quando critica o Acordo de Paris, minimiza as emissões de gases que causam o efeito estufa, e fala algo de asfalto. Talvez, naquela hora, fora traído pelo inconsciente e se referisse ao assalto sobre a biodiversidade mais rica do planeta.

Ricardo é dado a dribles em sua agenda de viagens. Só que, desta vez, acabou barrado pelo ótimo zagueiro The Intercept Brasil, que em trabalho de jornalismo investigativo juntou-se ao Greenpeace, para nos informar das verdadeiras visitas de Ricardo na Europa.

São encontros reservados com empresas produtoras de agrotóxicos, montadoras que mentem sobre ‘carros verdes’, mineradoras de olho na Amazônia, farmacêuticas interessadas na biodiversidade, e setores ligados a energia e extração e produção de petróleo e gás.

Para bancar a invasão e não manchar sua agenda, que deveria ser pública, grandes investidores do setor financeiro internacional.

Seria o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, um fóssil?

Este texto não reflete necessariamente a opinião de CartaCapital.

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OPERAÇÃO CAÇA-CORRUPTOS TINHA OS SEUS PRÓPRIOS | CORRUPÇÃO DENTRO DE CASA: PF PRENDE CHEFE DA EQUIPE ESPECIAL DA LAVA-JATO DENTRO DA RECEITA FEDERAL

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E AGORA BOSTAXINHAS ? QUEM É O CORRUPTO ? O Boçalnaro, o PSL ou o Ladravaz??? Kd o panelaço, o buzinaço e os idiotaço ??? Corrupção dentro de casa: PF prende chefe da equipe especial da Lava-Jato dentro da Receita Federal

OPERAÇÃO CAÇA-CORRUPTOS TINHA OS SEUS PRÓPRIOS | CORRUPÇÃO DENTRO DE CASA: PF PRENDE CHEFE DA EQUIPE ESPECIAL DA LAVA-JATO DENTRO DA RECEITA FEDERAL

A Polícia Federal deflagrou na manhã desta quarta-feira (2) no Rio de Janeiro a Operação Armadeira, que tem como alvos auditores da Receita Federal suspeitos de extorquir dinheiro de investigados da Lava Jato.

O principal alvo é Marco Aurélio da Silva Canal, supervisor nacional da Equipe Especial de Programação da Lava Jato. Ele e outros 11 suspeitos foram presos. Essa equipe tem como função aplicar multas aos acusados por sonegação fiscal.

Silva Canal não atuava nas investigações, mas nas autuações contra os alvos após as operações. Ele foi citado pelo ministro Gilmar Mendes, do STF (Supremo Tribunal Federal), como o responsável pela produção de dossiês contra ele e sua mulher. Isso, porém, não faz parte da investigação em curso.

“Marco Aurélio Canal é detentor de cargo com acesso a informações sensíveis e relevantes acerca das investigações da Operação Lava Jato e detém conhecimento amplo de como funcionam os órgãos de controle do Estado, ocupando relevante papel no âmbito da Organização Criminosa”, afirma o Ministério Público Federal.

“Os procuradores da República destacam no pedido de prisão que a atuação de Marco Aurélio Canal não tem qualquer relação com os trabalhos da força-tarefa da Lava Jato no Rio de Janeiro, apesar de indevidas insinuações publicadas na imprensa a este respeito.”

“Conforme comprova a cronologia dos fatos apresentada no pedido do MPF, o citado auditor-fiscal era alvo das investigações e de quebras judiciais promovidas pelo órgão meses antes de vir a público qualquer rumor a respeito de sua atuação ilícita contra investigados da Lava Jato e autoridades citadas em supostos dossiês”, completa a Procuradoria.

O juiz Marcelo Bretas expediu nove mandados de prisão preventiva, cinco de prisões temporárias e 39 de busca e apreensão. São seis auditores fiscais envolvidos, além de contadores, empresários e parentes destes.

A apuração sobre a extorsão começou quando o grupo abordou o delator Ricardo Siqueira Rodrigues, acusado de atuar na fraude a fundos de pensões. Bretas autorizou uma ação controlada que viabilizou o pagamento da propina, permitindo identificar detalhes do esquema dos suspeitos.

Também foi alvo de extorsão Lélis Teixeira, ex-presidente da Rio Ônibus, preso na Operação Ponto Final que se tornou delator.

“Veja-se que se trata de investigados que, a despeito de todo trabalho reconhecidamente profícuo da Polícia Federal, do Ministério Público Federal e da Justiça Federal do Brasil na apuração e no processamento de tantos escândalos de corrupção, aparentemente continuam praticando atos criminosos nos dias atuais e, pior, atuando no rastro das investigações que estão sendo realizadas para dar prosseguimento a saga criminosa a que estariam acostumados”, afirmou Bretas na decisão em que determina as prisões.

https://youtu.be/BKuJGbikZlk

 

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