OPINIÃO | CARÍSSIMA TEREZA CRISTINA: SE A SENHORA ASSIM PREFERE, QUE SE ENVENENE

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A ministra Tereza Cristina (Foto: Antonio Araujo/Mapa)

Em périplo pelo Oriente Médio, a agrônoma e ministra arremessou: ‘Brasil não tem clima favorável a orgânicos’

Carta Capital | Rui Daher – Inspirado na capa da versão impressa de CartaCapital, escrevi em meu blog, incrustado no GGN, de Luís Nassif, que a todos os membros do governo do Regente Insano Primeiro, aí incluídos seus filhos, está garantido o direito de expressar uma alucinação por dia.

Creio esse ser o artigo único de seu programa de governo, por eles cumpridos à risca. Exemplos, embora tediosos, não faltam.

Em não sendo a primeira intervenção alucinada de sua lavra, a agrônoma Tereza Cristina, ministra da Agricultura, em périplo pelo Oriente Médio, arremessou: “Brasil não tem clima favorável a orgânicos”. Ainda, na esteira do despautério de seu chefe em discurso na ONU, relativizou as queimadas na Amazônia, como exagero da imprensa, esquecendo-se das constatações do Inpe, Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais.

Foi além. Fundamentada em suas idas a supermercados de Brasília, informou aos árabes que os alimentos orgânicos custariam entre 15 e 20% a mais do que os não orgânicos.

Não irei contestá-la. Sei de onde ela vem e de que lado está. Apenas sugeriria voltar aos bancos escolares da Universidade Federal de Viçosa ou visitar o ESALQSHOW, a ocorrer entre os dias 9 e 11 de outubro, em Piracicaba, SP. Teria muito a aprender.

Caso compromissos políticos mais altaneiros a impeçam dessas tarefas, que pelo menos se informe sobre o crescimento expressivo da produção orgânica brasileira em estatísticas do próprio ministério que comanda. Ou, se mais confiáveis, do IBGE que aponta a existência de 90 mil produtores rurais brasileiros, autodeclarados como orgânicos.

O diferencial nos preços, digníssima, está na relação oferta e procura, se me entende. Ela vem da massa de divulgação que “o seu lado” oferece ao mercado agrícola de insumos. Dona, prezada, caríssima – no sentido de preço – ministra, declarações como as suas só obstaculizam o crescimento da produção orgânica do Brasil, em contramão à tendência mundial da sociedade optar por alimentos mais saudáveis.

Xiita não sou, Tereza. Não falo das produções para exportações de grãos, que essas já estão dominadas. E sim ao que vem às nossas mesas. Mas se a senhora assim prefere, que se envenene.

O outro na dobradinha

Ah, se a dobradinha fosse aquela que se come em várias regiões do Brasil e em Portugal, com nomes variados, bucho, tripas, mocotó gaúcho, nordestino, de bode ou carneiro, que delícia seria.

Mas não. O par de Tereza, nem mesmo Jorge Benjor é.

Filiado ao Partido Novo, Ricardo Salles, um dos fundadores do movimento Endireita Brasil, foi designado ministro do Meio Ambiente, mas alucina quando critica o Acordo de Paris, minimiza as emissões de gases que causam o efeito estufa, e fala algo de asfalto. Talvez, naquela hora, fora traído pelo inconsciente e se referisse ao assalto sobre a biodiversidade mais rica do planeta.

Ricardo é dado a dribles em sua agenda de viagens. Só que, desta vez, acabou barrado pelo ótimo zagueiro The Intercept Brasil, que em trabalho de jornalismo investigativo juntou-se ao Greenpeace, para nos informar das verdadeiras visitas de Ricardo na Europa.

São encontros reservados com empresas produtoras de agrotóxicos, montadoras que mentem sobre ‘carros verdes’, mineradoras de olho na Amazônia, farmacêuticas interessadas na biodiversidade, e setores ligados a energia e extração e produção de petróleo e gás.

Para bancar a invasão e não manchar sua agenda, que deveria ser pública, grandes investidores do setor financeiro internacional.

Seria o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, um fóssil?

Este texto não reflete necessariamente a opinião de CartaCapital.

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