ECONOMIA | MINISTÉRIOS PERDEM ATÉ 58% DO ORÇAMENTO EM 2020

ECONOMIA | MINISTÉRIOS PERDEM ATÉ 58% DO ORÇAMENTO EM 2020

Extra Globo | BRASÍLIA – O Orçamento de órgãos e ministérios do governo federal em 2020 despencou até 58% na comparação com a proposta deste ano. Foi esse o tamanho do corte nas verbas destinadas ao Ministério do Turismo, proporcionalmente o órgão que mais perdeu recursos. A pasta terá R$ 200 milhões para tocar ações, projetos, investimentos e manter suas estruturas, dinheiro que não inclui o pagamento de salários.

O aperto anunciado pelo governo no Orçamento do próximo ano foi generalizado. Apenas sete de 31 ministérios e órgãos do governo escaparam do corte de gastos. Essa conta inclui as agências reguladoras, que passarão a ter gestão independente dos ministérios.

A proposta entregue ao Congresso Nacional, na última sexta-feira, prevê o menor patamar de despesas para custeio da máquina e investimentos da série histórica, iniciada em 2009.

Em 2020, o governo terá R$ 89,1 bilhões para os gastos de custeio, que são classificados como não obrigatórios, mas englobam despesas com investimentos energia elétrica, água, terceirizados e materiais administrativos, além de bolsas de estudo e emissão de passaportes. Os gastos obrigatórios vão consumir 94% do Orçamento no próximo ano, dinheiro destinado principalmente para pagar aposentadorias e salários de servidores.

O Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos terá a verba reduzida em 41%, para R$ 220 milhões. Os ministérios de Minas e Energia, de Infraestrutura e do Meio Ambiente verão seu orçamentos cairem 30% cada um.

Manutenção de estradas

No caso da Infraestrutura, que terá R$ 6,3 bilhões em 2020, a redução deve prejudicar a manutenção de estradas, já que a pasta abriga o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), responsável por mais de 50 mil quilômetros de estradas federais.

No Ministério do Meio Ambiente, o orçamento de R$ 561 milhões é menor que o total autorizado para este ano (R$ 625 milhões) mesmo depois dos bloqueios feitos por conta da frustração de receitas.

O valor reservado para as despesas não obrigatórias em 2020 é menor do que o total autorizado para este ano, mesmo depois dos bloqueios anunciados ao longo do ano e indica que o governo deve ter problemas para manter a máquina funcionando no próximo. Em 2019, o valor dos gastos não obrigatórios deve atingir cerca de R$ 95 bilhões.

Os valores podem ser alterados no Congresso Nacional, mas o espaço para manobra é pequeno, por conta do teto de gastos, regra que limita o crescimento das despesas do governo federal. Como não é possível cortar despesas obrigatórias, o ajuste nas contas é feito nos gastos de manutenção da máquina e investimentos.

Os órgãos poupados estão entre os que têm os menores orçamentos da Esplanada. Recém-criada, a Agência Nacional de Mineração (ANM), terá uma alta de 13% nos gastos autorizados, para R$ 71 milhões.

O Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, que neste ano está sem dinheiro para pagar bolsas de pesquisas do CNPq, também teve o orçamento ampliado. Foram reservados R$ 3,7 bilhões para a pasta, alta de 7% na comparação com este ano. Neste caso, porém, houve um crescimento não esperado de R$ 700 milhões nas despesas por conta da decisão do Ministério da Economia de transformar a Telebras em empresa dependente do Tesouro Nacional.

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CASAL GAROTINHO EMBOLSOU R$ 25 MILHÕES EM PROPINA, DIZ PROMOTORIA

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CASAL GAROTINHO EMBOLSOU R$ 25 MILHÕES EM PROPINA, DIZ PROMOTORIA
Ex-prefeita de Campos dos Goytacazes, Rosinha Mattheus, o ex-governador Anthony Garotinho sao vistos durante convencao do Partido Republicano para decidir as candidaturas nas eleicoes 2010, na sede do PR, no centro do Rio, em 20 de junho 2010 Imagem: Rafael Andrade/Folhapress

Gabriel Sabóia Do UOL, no Rio – Os ex-governadores do Rio de Janeiro Anthony Garotinho e Rosinha Matheus embolsaram, juntos, mais de R$ 25 milhões em propina da empreiteira Odebrecht, através de contratos celebrados com a Prefeitura de Campos dos Goytacazes, no norte fluminense, informou hoje o MP-RJ (Ministério Público do Rio de Janeiro). O casal foi preso na manhã de hoje em operação da promotoria.

A construtora foi responsável pela construção de casas populares dos programas “Morar Feliz I” e “Morar Feliz II” durante os dois mandatos de Rosinha como prefeita da cidade, entre os anos de 2009 e 2016. De acordo com o MP-RJ, as obras teriam custado no total mais de R$ 1 bilhão.

A promotora Simone Sibilio, coordenadora do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de combate ao Crime Organizado) do MP-RJ, explicou que os superfaturamentos dos dois contratos somam R$ 62 milhões. Os valores que chegaram ao casal foram repassados por meio de “transportadores desse dinheiro vivo”.

“A Odebrecht tinha, em funcionamento, um setor de ‘Operações Estruturadas’, pelo qual diversos pagamentos eram autorizados e executados através de um transportador. Esse transportador levava o dinheiro em espécie ao casal. Nas planilhas de propina da Odebrecht, Anthony Garotinho era conhecido como ‘Bolinho’, ‘Bolinha’ e ‘Pescador'”, detalhou a promotora.

Subsecretário de governo entre os presos

Além de Anthony e Rosinha, foram presas outras três pessoas apontadas como transportadoras de valores: Sérgio dos Santos Barcellos, que teria sido intermediário das negociatas em 2008, Angelo Gomes, que teria trabalhado para o casal em 2012, e Gabriela Quintanilha, que teria exercido a função em 2014. Barcellos ocupa atualmente o cargo de subsecretário estadual de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos.

A promotora destacou que esta é a quarta vez que o ex-governador Garotinho é preso e que mantê-lo detido é um “desafio”. ” O MP já mostrou necessidade da prisão em manutenção. Cabe ao poder judiciário a manutenção desta prisão”, ressaltou.

Para o advogado do casal, Vanildo José da Costa Júnior, a prisão “é absolutamente ilegal, infundada e se refere a supostos fatos pretéritos”. Além disso, argumenta estranhar que o MP aponte superfaturamento nas obras se a Odebrecht move ação em que diz ter sofrido prejuízo. A defesa, que promete recorrer da decisão, disse lamentar o que chama de “politização do judiciário”.

Em nota, a Odebrecht informou que tem colaborado de forma permanente e eficaz com as autoridades para esclarecer fatos do passado. A reportagem tenta localizar a defesa dos demais citados.

É a quarta vez que Garotinho é preso e a segunda de Rosinha —o ex-governador foi preso pela primeira vez em 2016 por suspeita de compra de votos e, em 2017, por suspeita de fraude eleitoral (setembro) e suspeita de repasses irregulares para campanha eleitoral (novembro). O casal nega todas as acusações e tem afirmado que é alvo de perseguição política.

Suspeita revelada em delação da Lava Jato

De acordo com o MP, o esquema foi revelado após declarações prestadas ao MPF (Ministério Público Federal) por Leandro Andrade Azevedo e Benedicto Barbosa da Silva Junior, executivos da Odebrecht, em acordo de delação fechada no âmbito da Operação Lava Jato.

Segundo o MP, verificou-se que os procedimentos de licitação para a construção das moradias foram direcionados para que a Odebrecht saísse vencedora. Somadas, as licitações ultrapassam R$ 1 bilhão. “As contratações foram superfaturadas e permeadas pelo pagamento sistemático de quantias ilícitas, em espécie, em favor dos ex-governadores”, diz o órgão em comunicado divulgado.

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BOLSONARO DIZ QUE NOVO PGR DEVE SER UM HOMEM E SERÁ INDICADO ATÉ QUINTA-FEIRA

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BOLSONARO DIZ QUE NOVO PGR DEVE SER UM HOMEM E SERÁ INDICADO ATÉ QUINTA-FEIRA

Segundo o presidente, o escolhido, seja qual for, vai ‘apanhar’ apenas por ter sido escolhido por ele.

Folha Uol | Sérgio Dávila – O presidente Jair Bolsonaro (PSL) afirmou que deve anunciar até quinta-feira (5) o nome indicado para assumir o comando da Procuradoria-Geral da República. Esse depois terá de ser sabatinado e aprovado em votação no Senado.

Em café da manhã com a Folha, no Palácio do Alvorada, Bolsonaro disse nesta terça-feira (3) que o escolhido sairá do “bolo” de candidatos que o visitaram nas últimas semanas. “A criança deve nascer até quinta”, disse.

O presidente não quis adiantar o nome, mas sinalizou que será do sexo masculino. “Tem que tirar nota 7 em tudo e ser alinhado comigo”, afirmou. Segundo ele, o escolhido, seja qual for, vai “apanhar”, apenas por ter sido escolhido por ele.

Bolsonaro descartou ainda indicar o subprocurador da República Alcides Martins, vice-presidente do CSMPF (Conselho Superior do Ministério Público Federal), que pode assumir interinamente após 17 de setembro, quando termina o mandato da atual chefe da PGR, Raquel Dodge. Não há um prazo certo entre a indicação do presidente e a votação desse nome no Senado.

O presidente usou uma metáfora do jogo de xadrez para definir a importância do cargo. “Eu sou o rei, os ministros são os bispos, como a Tereza Cristina [Agricultura], por exemplo. E o PGR é a dama”, disse, querendo se referir à rainha do tabuleiro. Questionado sobre que função teria neste jogo o ministro Sergio Moro (Justiça), o presidente respondeu: “Ele seria a torre”.

Até agora, Bolsonaro recebeu pelo menos oito candidatos. Visitaram o presidente a atual PGR, Raquel Dodge, que deseja ser reconduzida, os subprocuradores-gerais Augusto ArasAntonio Carlos Simões Soares, Paulo Gonet, Marcelo Rebello, Bonifácio Andrada e Mário Bonsaglia, este último integrante da lista tríplice da ANPR (Associação Nacional dos Procuradores da República), além do procurador-regional Lauro Cardoso.

O presidente já declarou que não se comprometeu a escolher um dos nomes da lista tríplice. Os outros dois nomes são Luiza Frischeisen e Blal Dalloul.

Participaram do café da manhã com a Folha, além de Bolsonaro, o ministro da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos, o chefe da Secom (Secretaria de Comunicação) da Presidência, Fábio Wajngarten, e o deputado Marco Feliciano (Podemos-SP). O encontro ocorreu das 7h40 às 9h10.

​Em entrevista coletiva, depois de falar à Folha, Bolsonaro afirmou que o posto de procurador-geral da República é hoje o segundo mais importante do governo federal.

O Ministério Público Federal, no entanto, é independente e não faz parte do Poder Executivo, apesar de ser prerrogativa do presidente indicar o chefe da estrutura.

Em declarações recentes, Bolsonaro tem ressaltado que busca um nome para a sucessão da procuradora-geral Raquel Dodge que seja afinado com o Palácio do Planalto.

Em conversas reservadas, Bolsonaro tem dito que quer um nome que não seja próximo do ex-procurador-geral Rodrigo Janot e que não mantenha em sua equipe a procuradora federal dos Direitos do Cidadão Deborah Duprat, que tem questionado medidas da atual gestão.

Para evitar um desgaste tanto com a categoria como com os ministros do Supremo, Bolsonaro foi convencido a escolher o nome de um subprocurador-geral, cargo do topo da carreira, e que faça parte do  do Ministério Público Federal, reivindicação apresentada em sondagens informais feitas pelo Planalto.

Pela Constituição Federal, Bolsonaro não é obrigado a indicar um dos nomes da lista tríplice, mas essa tem sido a tradição desde 2003.

Para boa parte dos membros do Ministério Público Federal, a eleição interna é um instrumento importante para garantir a independência da PGR em relação ao Poder Executivo.

Já para críticos da eleição interna, a prática levou para dentro do MPF o corporativismo e todos os vícios de uma campanha eleitoral, como promessa de cargos e favorecimentos.

O que faz o PGR

É o chefe do Ministério Público da União (que inclui Ministério Púb lico Federal, Ministério Público Militar, Ministério Público do Trabalho e Ministério Público do Distrito Federal e Territórios). Representa o MPF junto ao STF e ao STJ e tem atribuições administrativas ligadas às outras esferas do MPU

Colaborou Gustavo Uribe, de Brasília

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RESISTÊNCIA | 7 DE SETEMBRO: ESTUDANTES VOLTAM ÀS RUAS EM DEFESA DA EDUCAÇÃO E DA AMAZÔNIA

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RESISTÊNCIA | 7 DE SETEMBRO: ESTUDANTES VOLTAM ÀS RUAS EM DEFESA DA EDUCAÇÃO E DA AMAZÔNIA
Protestos em maio e agosto levaram milhões de estudantes às ruas / Mídia Ninja

Manifestações contra ataques de Bolsonaro ao ensino público e ao meio ambiente devem ocorrer em todo país

Redação | Brasil de Fato | São Paulo (SP) – Os estudantes brasileiros voltam às ruas no próximo sábado, 7 de Setembro, para protestar contra os ataques do governo Bolsonaro à educação pública, entre eles o corte de verbas para o setor, a ingerência na autonomia universitária e a tentativa de “privatização” das universidades e institutos federais por meio do programa “Future-se”.

Os outros protestos deste ano se desdobraram em manifestações contra a reforma da Previdência e de apoio à greve geral dos trabalhadores. No sábado, os estudantes vão incorporar à pauta educacional a bandeira do meio ambiente e da defesa da Amazônia.

Esta é a quarta manifestação contra as políticas do presidente Jair Bolsonaro (PSL) e seu ministro da Educação, Abrahan Weintraub, para o setor. As anteriores, em 15 de maio30 de maio e 13 de agosto, levaram milhões de pessoas às ruas de todo o país.

Segundo a União Nacional dos Estudantes (UNE), já estão definidos os locais dos atos em 12 Estados, sendo 11 capitais. Confira:

Rio Grande do Sul: Porto Alegre, às 15h, no Parque Farroupilha, Redenção.

Paraná: Curitiba, às 11h, na praça Santos Andrade.

São Paulo: São Paulo, às 10h, na praça Oswaldo Cruz; Campinas, às 14h, no Largo do Rosário.

Minas Gerais: Belo Horizonte, 9h, no viaduto Santa Tereza.

Rio de Janeiro: Rio de Janeiro, horário a definir, na Candelária.

Goiás: Goiânia, às 8h30, na Catedral de Goiânia.

Amazonas: Manaus, às 15h, na praça da Saudade.

Pará: Belém, às 8h, no Terminal Rodoviário São Brás.

Bahia: Salvador, às 8h, praça Campo Grande.

Pernambuco, Recife, às 8h, na praça do Derby.

Ceará: Fortaleza, às 8h, na avenida Dioguinho; e às 15h, na praia de Iracema

Mato Grosso: Cuiabá, às 15h, na praça Cultural do CPA II.

Edição: João Paulo Soares

CONGRESSO DESTINA 0,001% DAS EMENDAS PARLAMENTARES À AMAZÔNIA

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CONGRESSO DESTINA 0,001% DAS EMENDAS PARLAMENTARES À AMAZÔNIA

Brasil247 – (Foto: Câmara | Reuters) – Deputados e senadores da Amazônia Legal destinaram, nos últimos cinco anos, apenas 0,001% dos recursos de emendas parlamentares a projetos ligados à gestão ambiental da região. Em proporção, trata-se de quantia dez vezes menor do que os colegas do Sudeste repassaram para investimento em projetos do mesmo tipo nos seus estados. Também é 15 vezes menos do que o dinheiro enviado pela bancada do Nordeste nesta rubrica para seus redutos eleitorais.

Segundo o jornal O Estado de S.Paulo, do total de R$ 13,1 bilhões em emendas para a Amazônia Legal, R$ 23,9 milhões foram para projetos que tratam da preservação de unidades de conservação e controle de incêndios florestais.

O Brasil vive uma de suas maiores crises ambientais de sua história. O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) havia alertado que o desmatamento cresceu 88% em junho e 278% em julho na comparação com iguais períodos de 2018

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DEBATE | SEMINÁRIO NA CÂMARA PROPÕE ALTERNATIVA AO AGRONEGÓCIO E À FINANCEIRIZAÇÃO DA NATUREZA

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DEBATE | SEMINÁRIO NA CÂMARA PROPÕE ALTERNATIVA AO AGRONEGÓCIO E À FINANCEIRIZAÇÃO DA NATUREZA
Acampamento do MST no Paraná foi contemplado com prêmio pela ampliação e conservação da agrobiodiversidade na Mata Atlântica / Foto: Júlia Rohden

Dirigente do MST, Luiz Zarref ressalta necessidade de enfrentamento às políticas ambiental e agrária do atual governo

Emilly Dulce | Brasil de Fato | São Paulo (SP) – A política ambiental tornou-se um dos principais temas em debate no Brasil nas últimas semanas, principalmente após o avanço das queimadas na Floresta Amazônica com o aval do governo Jair Bolsonaro (PSL). Para propor alternativas ao agronegócio e debater a questão agrária e ambiental, a Câmara dos Deputados realiza, nesta terça-feira (3), o “Seminário – Terra e Territórios: alimentação saudável e redução de agrotóxicos”. Durante o evento haverá, entre outras atividades, o lançamento da Frente Parlamentar de Agroecologia.

Às vésperas do seminário, o Brasil de Fato conversou com Luiz Zarref, membro da coordenação nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), uma das organizações que compõem o Seminário, sobre as possibilidades de resistência ao agronegócio no Brasil. O dirigente analisa que os incêndios na Amazônia são mais uma etapa do processo de desmonte da política ambiental em curso desde o golpe parlamentar contra a ex-presidenta Dilma Rousseff (PT) e a aprovação da Emenda Constitucional (EC) 95.

Zarref avalia que, desde 2016, o Estado tem estimulado e legitimado a “indústria da morte” protagonizada pelo agronegócio, modelo de produção agrícola baseado no monocultivo, nos latifúndios e no uso intensivo de agrotóxicos. Responsável por explorar cerca de 70% dos recursos de terra e água do planeta, conforme dados do ETC Group, o agronegócio opera na lógica de “mercantilização e financeirização da natureza”, explica o membro do MST no estado de Goiás.

O faturamento anual do agronegócio representa US$ 29 bilhões, frente aos US$ 55 bilhões produzidos pelas mãos dos camponeses e camponesas brasileiros, que fazem do Brasil o oitavo maior produtor de alimentos do mundo. Isso significa, segundo Zarref, que o crescimento do Brasil passa pela agricultura familiar. No entanto, o modelo do agronegócio ainda é prioridade, ameaçando a sobrevivência de comunidades tradicionais produtoras de alimentos saudáveis e diversificados, além de violar a base da política ambiental brasileira sustentada pelo artigo 225 da Constituição Federal.

A legislação considera a Floresta Amazônica, a Mata Atlântica e outras reservas como patrimônio nacional e define que “sua utilização far-se-á, na forma da lei, dentro de condições que assegurem a preservação do meio ambiente, inclusive quanto ao uso dos recursos naturais”. Nesse sentido, Zarref ressalta a centralidade de um projeto para o campo brasileiro que tenha a reforma agrária popular como prioridade.

Leia a entrevista na íntegra:

Brasil de Fato: Quais os aspectos mais importantes da política ambiental no Brasil desde o golpe parlamentar de 2016? De que forma a austeridade fiscal afeta essa área?

Luiz Zarref: Nós precisamos compreender que o golpe veio no sentido de avançar a acumulação capitalista no Brasil, retroceder nos direitos dos trabalhadores e capturar os bens comuns – floresta, petróleo, água – para o capital internacional e aumentar a exploração do capital dos nossos bens comuns. Então, a política de austeridade vem colada. Ao mesmo tempo que você reduz o recurso público, o papel do Estado na política ambiental, você libera essas áreas para que elas sejam expropriadas pelo capital.

Historicamente, a política ambiental no Brasil teve dificuldades financeiras, mesmo nos governos democráticos. Desde 2003, temos a consolidação de algumas políticas importantes de monitoramento do desmatamento, de controle, comando e fiscalização ambiental, algumas políticas importantes de produção das comunidades tradicionais que vivem nos biomas. Mas o orçamento era muito restrito.

Apesar de o Brasil ter toda a dimensão territorial e a importância de seus bens comuns, o papel do Estado é bastante restrito. Com o golpe, isso praticamente é retirado da pauta do Estado. Então, toda a política de austeridade, com a Emenda 95, vem impor uma presença cada vez mais forte do agronegócio e da mineração, e um papel do Estado subserviente a essa lógica de exploração.

Então, sim, a política ambiental é impactada pela austeridade, porque ela reduz capacidade de comando, controle, fiscalização e aplicação de multas, por ser um território muito grande. Ela reduz ou prejudica a capacidade de monitoramento do desmatamento, das queimadas. E, fundamentalmente, ela acaba com as políticas de agroecologia e desenvolvimento produtivo baseado na perspectiva territorial das comunidades.


Em 200 dias, Brasil liberou mais agrotóxicos que a União Europeia em oito anos. (Foto: Reginaldo Teodoro de Souza/Embrapa)

Como a política ambiental influencia na prosperidade socioeconômica do país? A reforma agrária é uma questão de desenvolvimento?

Essa é uma questão estrutural e secular do Brasil: a questão agrária e ambiental. Nós não podemos olhá-las de forma separada. Não existe natureza intocada, como alguns fazem crer. Cada quilômetro quadrado do nosso país foi um processo de coevolução entre os povos e o meio ambiente.

Quando a gente fala de um projeto de nação democrático, justo e popular, nós estamos falando de uma perspectiva em que a questão ambiental e agrária tem centralidade a partir do projeto formulado pelos povos, pelo campesinato em sua diversidade e na relação com a classe trabalhadora, para produção de alimentos saudáveis, diversificados e em quantidade acessível para o povo.

Nós não estamos falando de preservacionismo, de separar milhares de hectares onde o ser humano não toca. Nós estamos falando em potencializar as práticas populares que, historicamente, conservaram os bens comuns: água, floresta, cerrado, enfim, os ecossistemas que estão no campo, nas águas e nas florestas. Um projeto de desenvolvimento do país passa por aí. É um projeto de desenvolvimento soberano, que não esteja anexado aos interesses das grandes empresas transnacionais.

A reforma agrária é, junto com a defesa dos territórios, o elemento basilar de uma política de desenvolvimento nessa perspectiva. Temos os territórios quilombolas, indígenas, dos povos e comunidades tradicionais que resistiram historicamente. Mas a defesa desses territórios tem que estar vinculada a uma política de reforma agrária, fim do latifúndio, redistribuição das terras e, mais do que isso, de destinação dessas terras para a produção de alimentos. Quando a gente fala em um projeto de reforma agrária popular, nós estamos falando justamente disso.

Uma política ampla de criação de assentamentos, não de resolução de conflitos, mas produção de alimentos saudáveis em sistemas agroecológicos, que vai ser de acordo com cada bioma: sistemas agroflorestais, sistemas de plantio direto, com diversificação. Esse é o eixo de um desenvolvimento soberano, democrático, popular e sustentável para o país.

Com o atual modelo ambiental e agrícola, quais as condições de sobrevivência de indígenas, quilombolas, outras comunidades tradicionais, o MST e a agricultura camponesa?

O que nós temos é uma disputa pelos bens comuns, uma disputa territorial. O capital financeiro tem cada vez mais dificuldade de se reproduzir nas bolsas de valores, e portanto ele busca lastro nos territórios, que são ricos em minerais, água, biodiversidade – tudo isso construído em um processo de coevolução com as comunidades que neles estão.

Então, o projeto de acumulação capitalista, que ganha muita força com o golpe, busca justamente expropriar as populações que estão nesses territórios e os assentamentos que foram conquistados ao longo dos 35 anos de luta – do MST e de outras organizações – pela reforma agrária, para que eles sejam incorporados no agronegócio, na mineração ou no hidronegócio.

Esse projeto colocado em curso, desde a década de 1990, de um capital financeiro que organiza a exploração capitalista no campo brasileiro, mas que ganha muita força com o golpe, afronta diretamente os direitos dos povos e comunidades tradicionais. Ele busca destruir as conquistas dos movimentos populares, como a titulação dos assentamentos.

Por outro lado, as organizações populares têm constituído uma diversidade incrível de iniciativas, experiências e alternativas concretas do que fazer com esses territórios. Hoje, a principal base de alimentação do povo brasileiro vem desses territórios, apesar de todos esses avanços da exploração capitalista.

A agricultura camponesa não produz mercadoria, mas alimento, em sistemas cada vez mais complexos, sustentáveis e agroecológicos. E que leva em consideração a dinâmica de cada território.

Hoje, se você vai no bioma Amazônia ou Pampa, você vai encontrar uma diversidade muito grande de experiências em diferentes escalas: artesanal e até agroindustrial, que consegue fornecer grande quantidade de alimentos para o povo brasileiro. Apesar da ausência do Estado ou da debilidade do Estado de fortalecer essas experiências e propostas, elas se concretizam como um caminho real e possível de desenvolvimento do campo brasileiro.


Cerca de 305 etnias de povos indígenas integram as comunidades tradicionais brasileiras (Foto: Reprodução)

Por que a agenda ambiental e agrária é colocada de lado? A quem interessa a escassez de recursos nessas áreas?

A destruição da política ambiental brasileira e o bloqueio total da reforma agrária – na realidade uma contrarreforma agrária, que é destruir as conquistas das famílias sem-terra – interessam justamente a esse período do capitalismo, que é devastador.

O que a gente tem visto, dos crimes de Mariana (MG) e Brumadinho (MG), na realidade, são reflexo disso: uma aceleração brutal do nível de expropriação que as empresas capitalistas têm feito dos bens comuns. Então, essas ações têm essa perspectiva de atacar e fragilizar os territórios para aumentar seu lucro.

No outro sentido, a construção de um projeto popular para o campo é o caminho que nós temos elaborado. Então, nós temos dentro do Projeto Brasil Popular o grupo de trabalho “Agricultura, Meio Ambiente e Biodiversidade”, que tem elaborado justamente quais são as propostas para o campo.

O MST é o maior produtor de arroz agroecológico, é produtor de café agroecológico, de diversas frutas, hortaliças agroecológicas, de leite de base agroecológica. Junto com as outras comunidades tradicionais e do campesinato, nós temos hoje condição de produzir alimento. O que falta é o papel do Estado. Ele investe recurso de assistência técnica para o agronegócio, recurso de crédito. Então, por isso que a marginalização dessas políticas fortalecem o agronegócio.

Com um papel de Estado forte, com política ambiental e agrária consolidada com o viés de desenvolvimento popular, nós teríamos uma outra realidade de pesquisa, de assistência técnica, de agroindustrialização, de comercialização, de educação, de saúde, para o campo.

Tudo isso existe hoje, não só como elaboração, mas como propostas concretas que as comunidades desenvolveram ao longo dos últimos 30 anos. No período do governo democrático, algumas questões avançaram bastante nesses sentidos, outras, ficaram muito falhas, principalmente na questão da reforma agrária concretamente.

Já dizia o deputado Adão Preto: “A reforma agrária é que nem feijoada”. A base da feijoada é o feijão, então tem que ter terra, tem que ter o feijão para se fazer reforma agrária. Agora, você não faz a reforma agrária só com o feijão. Você faz com todos os outros ingredientes que são assistência técnica, educação, saúde, cultura popular, etc.

Então, essa política de austeridade, de diminuir os recursos ou simplesmente desaparecer com esses recursos, ela vai nesse sentido de tentar fragilizar as organizações de base popular do campesinato brasileiro.

Como combater o avanço do agronegócio e a destruição da Amazônia? Qual o cenário daqui para frente, e quais são as alternativas?

As contradições desse modelo da morte, que é como nós chamamos o agronegócio, a mineração, elas ficam cada vez mais evidentes. As contradições da saúde já estão na sociedade. Hoje, nós sofremos uma epidemia de câncer por conta do alto nível de agrotóxicos. As contradições ambientais, que nós já vivemos, de contaminação das águas… Uma pesquisa recente mostra que a grande maioria das cidades têm, na sua água, até 27 princípios ativos de agrotóxicos. Então, é um coquetel químico.

Mais recentemente, vemos o aumento das queimadas na Amazônia. Todas essas contradições estão se intensificando, e vão se intensificar mais ainda, porque a lógica desse governo, que veio desde o golpe, e agora é aprofundada, é justamente essa: destruir a nação brasileira, entregando esses bens para as transnacionais e para os Estados Unidos.

Como a gente enfrenta isso? Primeiro, é necessário que a classe trabalhadora, como um todo, compreenda qual é esse outro projeto. Porque ela está vivendo essas contradições. A classe trabalhadora está ficando com câncer, tomando água envenenada e comendo uma mercadoria podre.

Uma reforma agrária popular, por isso, tem sentido para a classe trabalhadora, não apenas para o campesinato.


Feira Nacional da Reforma Agrária, organizada pelo MST. (Foto: Joka Madruga)

Não é só terra para quem nela trabalha, mas é terra para trabalhar nela e produzir alimentos saudáveis. Então, esse é o eixo do enfrentamento para o agronegócio. O agronegócio não produz comida, o agronegócio produz morte, envenenamento e destruição.

A agricultura camponesa, de base agroecológica, busca a soberania alimentar, que é a autonomia dos povos de decidirem o que querem comer, como e onde esse alimento deve ser produzido. Essa agricultura é o caminho para o desenvolvimento do país. Não é a solução apenas de um problema social nem ambiental: é, fundamentalmente, desenvolvimento econômico, político, social e ambiental, para o povo brasileiro.

Então, esse é o jeito de enfrentar o agronegócio, por suas contradições. Suas contradições são profundas, cada vez vão ficar mais evidentes, e nós temos que responder e ter as respostas para isso. E a resposta é reforma agrária, defesa dos territórios, construção da soberania alimentar e agroecologia.

Edição: Daniel Giovanaz

REITOR NOMEADO POR BOLSONARO USA “MÉTODOS DE ADMINISTRAÇÃO EM JESUS” EM DISCIPLINA

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REITOR NOMEADO POR BOLSONARO USA “MÉTODOS DE ADMINISTRAÇÃO EM JESUS” EM DISCIPLINA
Marcelo Recktenvald, escolhido por Jair Bolsonaro como reitor da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS) (Reprodução/Facebook)

O curso de 30 horas, que o reitor nomeado sem ser o mais votado oferece, ainda tem na bibliografia o livro “Administração segundo a Bíblia”.

Revista Fórum – Marcelo Recktenvald, escolhido por Jair Bolsonaro como reitor da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), foi professor, nos anos de 2013 e 2014, da disciplina optativa “Espiritualidade e Liderança”, dentro do curso de Administração. A aula, que tinha como objetivo “aprofundar os conhecimentos de liderança e coaching a partir de uma perspectiva da realidade”, tem como referência básica títulos como Jesus Coach, da autora Laurie Beth Jones. As informações são de Ana Luiza Basílio, no site da Carta Capital.

Recktenvald, que era o terceiro colocado na lista tríplice encaminhada ao Ministério da Educação, vai comandar a universidade federal que tem em Chapecó (SC) seu campus principal, com outros quatro campi no Sudoeste do Paraná, Oeste de Santa Catarina e Noroeste do Rio Grande do Sul.

Jesus coaching

Bolsonarista, cristão conservador, defensor da família e pastor batista, o novo reitor baseia seus métodos administrativos em obras que remetem a relatos bíblicos para revelar que os princípios utilizados pelo filho de Deus com seus colaboradores prenunciavam o que dois mil anos mais tarde passariam a ser conhecidos como life coaching.

Em seu curso, a lista de leituras inclui ainda Os métodos de administração de Jesus, de Bob Briner, Administração Segundo a Bíblia: métodos de gestão que não envelhecem, de Steve Marr, Espiritualidade no ambiente de trabalho: dimensões, reflexões e desafios, de Anselmo Ferreira Vasconcelos, e Uma Vida com Propósitos, de Rick Warren.

Agradecimentos

Pelas redes sociais, Marcelo agradeceu “a comunidade regional” pelo feito e disse “aos apoiadores que desejavam uma mudança na gestão da UFFS – liberta da hegemonia ideológica há anos dominante no ensino superior”.

 

https://www.facebook.com/novauffs/photos/a.274720090079759/360198054865295/?type=3&eid=ARBcoUrTexbuajZGqHhS3FTXx_-HzlQuFFf25teQKIdmnsXdfMXc0k6yzYBi8kgWGcYIo7DWJP7-kXYo&__xts__%5B0%5D=68.ARBnczXJocOAbEc6oJ-cMkyvzf4KsCVsbBUIPZnH087fOIHojPEMqBO1PdJlTegj59FE1e2BPk5c0VsB5Q1uDEP9MNt3bAaxMpKwBEfJJ1LoYDNk5sWPhPicVHha9d4Nzl6ZduE-h9VtqcGLHx5U9V6ZBdImITUaoqtuoF2d7exAirdQ4574LCR8WxAMymEaODzzQY0orKxn-oQGwGWTMsDGka5nNxXKgDjN8UAl_i3uDAPJ0cONKZu2HsE49mWT8vkn3XcMiLK9rI2t9urvCnA4JsJ-XP1-DUbp1W70h98_hYvHX9PHuIfuEDkA-pB3Igm0Q3eYX_O5zoOk_c7kEJ33&__tn__=EEHH-R

 

HADDAD E FLÁVIO DINO, A CHAPA DOS SONHOS DE MUITA GENTE, GRAVAM PROGRAMA JUNTOS

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HADDAD E FLÁVIO DINO, A CHAPA DOS SONHOS DE MUITA GENTE, GRAVAM PROGRAMA JUNTOS
Reprodução/Twitter

Chapa com o ex-prefeito de São Paulo e o governador do Maranhão na eleição presidencial de 2022 começa a ganhar musculatura no campo progressista.

Revista FórumO ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), entrevistou para o seu programa online “Painel Haddad” o governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB). A exibição será na próxima segunda-feira (9) através das redes sociais do petista.

“Bom diálogo com o amigo Fernando Haddad hoje em São Paulo. Conversamos sobre temas nacionais, desafios e ações do nosso governo no Maranhão. O registro do diálogo será veiculado na internet na próxima segunda-feira, 20h, na internet”, anunciou Dino.

Veja no Twitter:

https://twitter.com/FlavioDino/status/1168627163572133889?s=20

Seguidores de Dino comentaram a foto e comemoraram a proximidade entre os dois, já na esperança da formação de uma possível chapa entre o petista e o comunista na eleição presidencial de 2022. “Cheirinho de chapa, hein!”, comentou um internauta. “Meu presidente e seu vice. Gente, queremos união da esquerda. Vocês dois são os caras que irão nos tirar desse pesadelo!”, escreveu outra seguidora.

No sábado (31), o ex-governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro (PT), uma das maiores lideranças do partido, usou o Twitter para declarar seu apoio a uma possível aliança entre o PT e o PCdoB. Ele retuitou uma publicação com a foto de Haddad e Dino com a mensagem “grande chapa”.

Na sexta-feira (2), no Rio de Janeiro, um ato político sinalizou uma unidade da esquerdapara as eleições municipais de 2020 e para a presidencial em 2022. Presente no evento, Dino pontuou a centralidade da pauta “Lula Livre”. “A esquerda tem o dever de sempre reafirmar a bandeira do Lula Livre como a causa democrática do povo brasileiro”, declarou Dino, que logo respondeu um forte grito de “Lula Livre” dos presentes.

O governador destacou a importância da defesa da soberania dos mais pobres, se posicionou contra a Reforma Tributária e disse estar otimista com uma unidade de esquerda nacional. “Creio que esta voz de unidade vai continuar a se propagar não só pelo Rio de Janeiro, mas por todo o Brasil”, declarou.

Haddad venceria 

Pesquisa Datafolha divulgada nesta segunda-feira (2) aponta que, caso o segundo turno das eleições fosse hoje, Fernando Haddad venceria o atual presidente, Jair Bolsonaro por 42% a 36% dos votos. Outros 18% votariam branco ou nulo e 4% não souberam responder.

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VICE-PRESIDENTE DA FGV RECOMENDA A PROFESSORES E ALUNOS ARTIGO DE MOURÃO SOBRE A AMAZÔNIA QUE DIZ QUE O PRESIDENTE “NÃO MENTE”

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VICE-PRESIDENTE DA FGV RECOMENDA A PROFESSORES E ALUNOS ARTIGO DE MOURÃO SOBRE A AMAZÔNIA QUE DIZ QUE O PRESIDENTE “NÃO MENTE”

Mourão e Sergio Quintella (Montagem)

O artigo levanta supostas “infâmias” criadas sobre a região da floresta, como “maus tratos a índios”, e prega a “soberania brasileira sobre a Amazônia”.

O vice-presidente da Fundação Getúlio Vargas, Sergio Quintella, escreveu uma carta aos professores e alunos da instituição recomendando a leitura de um artigo do general Hamilton Mourão intitulado “A nossa Amazônia“. O artigo foi publicado no jornal Estado de S.Paulo, no dia 28 de agosto, e em tom ufanista prega a “soberania brasileira sobre a Amazônia”, com o argumento de que a região “sofre com uma campanha internacional movida contra o Brasil”, mas que o governo e o presidente “não mentem”.

Entre a lista das supostas “infâmias” disseminadas sobre a Amazônia que o texto de Mourão cita estão “acusações de maus-tratos a indígenas, uso indevido do solo, desflorestamento descontrolado e inação governamental perante queimadas sazonais”. O general alega que “o Brasil não mente. E tampouco seu presidente, seu governo e suas instituições”.

Mourão ainda propõe uma recapitulação da “história da conquista da Amazônia”, alegando que “o Brasil jamais prescindiu da cooperação das nações condôminas desse patrimônio reunidas no Pacto Amazônico”. Em determinado momento do texto, o vice-presidente também manda uma provocação ao grupo do G7, em especial a Emmanuel Macron, mencionando “a velha ambição disfarçada por filantropia de fachada” como algo presente no debate internacional sobre a Amazônia.

O jornalista da revista Piauí, José Roberto de Toledo, publicou em seu Twitter a carta de Sergio Quintella aos corpos docente e discente da FVG. O jornalista também fez menção aos professores da instituição. “Se você for professor da FGV não precisa curtir o tuíte anterior mesmo que concorde. Minha solidariedade”, escreveu.

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NO RODA VIVA, GLENN GREENWALD EXPLICA A JORNALISTAS COMO FUNCIONA O JORNALISMO

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NO RODA VIVA, GLENN GREENWALD EXPLICA A JORNALISTAS COMO FUNCIONA O JORNALISMO

Revista Fórum – Editor do The Intercept Brasil afirmou que todos já sabem que as conversas reveladas pela Vaza Jato são autênticas, falou sobre os métodos de apuração e ainda disparou: “O jogo cínico que Moro e Dallagnol estavam fazendo acabou”.

Em entrevista a jornalistas do programa “Roda Viva”, da TV Cultura, Glenn Greenwald, editor do site The Intercept Brasil, reafirmou, diante da insistência dos entrevistadores, que as mensagens entre procuradores do Ministério Público Federal (MPF) e o ministro da Justiça, Sérgio Moro, que vêm desvendando a nuance parcial e política da operação Lava Jato, são autênticas.

Ele contou que todo o conteúdo foi analisado por especialistas, inclusive estrangeiros, e que as conversas ainda passaram por análises de outros veículos que estão divulgando a série, como a Veja, a Folha de S. Paulo, o El País, a Agência Pública e o BuzzFeed.

“Esse jogo cínico que Moro e Dallagnol estavam fazendo acabou. Todos sabem que as mensagens são autênticas. Temos um ministro da Justiça e um coordenador da Lava Jato que usavam métodos corruptos não em casos isolados, mas o tempo todo”, afirmou.

Em uma sabatina com tom quase intimidatório, Greenwald negou que tenha pagado qualquer quantia financeira para sua fonte repassar as informações que obteve e também disse que sua equipe não trabalham com estratégia de “timing” para as matérias, mas apenas com apuração jornalística.

Ele ainda lembrou de quando defendia a operação Lava Jato e negou que a série de reportagens estejam enfraquecendo a operação. “Em 2016 eu dei uma palestra onde estava Dallagnol e outros procuradores, elogiei a Lava Jato, mas é impossível combater a corrupção com corruptos ou métodos corruptos. Então, eu acredito, sem dúvidas, que o trabalho que estamos fazendo não está enfraquecendo a Lava Jato e nem o combate à corrupção. Está fortalecendo pois está levando mais credibilidade”, analisou.

Por vários momentos do programa, os jornalistas tentaram “emparedar” Greenwald ao sugerirem que ele não deveria usar de um material obtido de maneira ilícita para fazer as matérias da Vaza Jato. O jornalista, então, lembrou que em todo o mundo democrático as maiores reportagens da história foram feitas baseadas em informações obtidas de forma ilegal, praticamente dando uma aula de jornalismo aos entrevistadores.

“Se você olha o jornalismo do mundo democrático, em boa parte das vezes é baseado em fontes que adquiriram informações de maneira ilícita. O caso do Pentagon Papers foi um exemplo disso, que mostrou que o governo dos EUA estava mentindo sobre a Guerra do Vietnã. Esses documentos foram mandados pela fonte para o The New York Times e hoje ele é um herói. Quando do caso Snowden, ninguém nesse país questionou o fato de que as informações foram adquiridas de maneira ilícita”, disparou Glenn.

“Ele ainda completou: “Em 2016 tinham informações hackeadas de Hillary Clinton durante a corrida presidencial e todos os jornais publicaram essa informação que foi hackeada. Por que o jornalista não é policia. Ele tem que fazer duas perguntas: esse material é autêntico e tem relevância publica? E a resposta para as duas perguntas é sim”, pontuou.

Assista à íntegra da entrevista.

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