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Quilombo Conceição do Igarapé do Lago do Maracá – Amapá 17/09/2017 – paisagem do Lago do Maracá (Foto: Anderson Menezes/Amazônia Real)
Vivemos em um mundo em que tudo tem um preço, então é razoável perguntar: qual é o preço da biodiversidade?
Reconta Aí – Quanto valem os serviços que biodiversidade presta à humanidade? Há 10 anos, o estudo “The Economics of Ecosystems and Biodiversity” ou “A Economia dos Ecossistemas e a Biodiversidade” tentou responder essa questão. O número alcançado pelos estudiosos foi grandioso: US$ 33 trilhões por ano. Para efeito de comparação, isso era o dobro do valor da economia mundial à época.
Um dos símbolos amazônicos, a Vitória Régia.
Nelton Friedrich, ex-deputado Constituinte e ex-diretor de Meio Ambiente da Itaipu Binacional apresentou o estudo. Além disso, o ex-deputado falou sobre a necessidade de soluções que preservem o planeta, os ecossistemas, a biodiversidade e a Amazônia em evento do Observatório da Democracia.
Saídas ecológicas que transformam a vida das pessoas e preservam biomas.
Enquanto atuava na Itaipu, Friedrich coordenou o programa ‘Cultivando Água Boa’. Adotado por diversos municípios, o programa recebeu 25 prêmios sendo o mais importante o Water for Life, da ONU-Água. O ‘Cultivando Água Boa’ foi laureado como a melhor prática de gestão dos recursos hídricos em todo o mundo no ano de 2015.
Nelton Friederich. Foto divulgação.
Está na natureza. Será, que será?
O relatório “A Economia dos Ecossistemas e a Biodiversidade” tem 10 anos, porém suas conclusões são atuais e urgentes. Só no ano de 2019, três espécies vegetais e animais estão sendo varridas do planeta por hora.
Com menos diversidade que os trópicos, os polos são responsáveis por parte do equilíbrio ambiental mundial.
Nelton apontou que segundo o Panorama da Biodiversidade Global de 2010, a perda da biodiversidade por meio da sua extinção causa prejuízo de até US$ 4,5 trilhões por ano. Ou seja, a humanidade deixará de se beneficiar com possíveis tecnologias e ainda perderá o dinheiro dos serviços prestados ao planeta pelas espécies.
Quadro do Artista Plástico Poteiro, que mostra a integração entre seres humanos e a mata.
Segundo a WWF, se houver uma crise de biodiversidade, nossa saúde e meios de subsistência também entram em risco. E para o Brasil isso é ainda mais dramático.
Detentor de uma mega-biodiversidade, o Brasil detém entre 15 e 20% do número total de espécies do planeta. Brasileiras e brasileiros de diversas regiões dependem do extrativismo e dos produtos da natureza para trabalhar e se alimentar. A perda dos ecossistemas pode acarretar não só prejuízos econômicos, mas a extinção de diversas espécies, incluindo a humana.
Amazônia 4.0: a integração entre economia e biodiversidade
Friedrich recupera o cientista Carlos Nobre, um dos mais proeminentes pesquisadores sobre a análise dos impactos do desmatamento sobre o clima. Sua proposta é a bioeconomia, baseada na riquíssima biodiversidade do Brasil.
Climatologista e membro titular da Academia Brasileira de Ciências. Carlos Nobre ganhou em 2016 prêmio concedido a pessoas que fizeram notáveis descobertas científicas sobre o meio ambiente e o desenvolvimento sustentável, o VOLVO ENVIRONMENT PRIZE.
Segundo Carlos Nobre, a floresta amazônica – responsável por grande parte da diversidade brasileira – é mais rentável em pé. E a saída econômica para a região deve ser baseada na ecologia.
Friederich preconiza que os caminhos econômicos passam por diversos pontos. “Floresta em pé, indústrias locais, produção de alimentos pela via agroflorestal e a restauração de áreas desmatadas”, afirma. E ainda arremata: “O mundo não vai superar sua crise fazendo exatamente o mesmo que o colocou nela”.
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