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Agentes do Exército, Força Nacional e Polícia Rodoviária Federal montam bloqueios na faixa de fronteira em Pacaraima (RR) – Imagem: EDMAR BARROS/FUTURA PRESS/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO
Sérgio Ramalho | Colaboração para o UOL, em Pacaraima (RR) – A maior facção criminosa em atividade na Venezuela vem operando no tráfico de drogas, armas e pessoas na fronteira entre a cidade venezuelana de Santa Elena e Pacaraima, no extremo norte de Roraima.
A presença na região de células do Pranato – como se autodenomina a organização – foi constatada pela PF (Polícia Federal) e setores de inteligência do Departamento Penitenciário Nacional (Depen) e da Secretaria de Segurança de Roraima.
Confirmada pelo secretário de Segurança de Roraima, Olivan Júnior, a presença de integrantes do bando em Pacaraima tende a agravar o quadro de insegurança na região.
Segundo dados da PF, entre 2017 e 2018, 176.259 venezuelanos entraram pela fronteira de Pacaraima, mas 90.991 (51,6%) desses saíram do país — 62.314 por via terrestre e outros 28.677 em voos internacionais
Narcotraficantes brasileiros ligados aos grupos rivais Família do Norte (FDN), Primeiro Comando da Capital (PCC) e Comando Vermelho (CV) disputam o domínio territorial na fronteira, que vem sendo usada como corredor para o tráfico de armas e drogas.
A facção tem como origem as prisões venezuelanas, em especial Tocorón, de onde fugiu o líder Héctor Rustherford Guerrero Flores, 36, após comandar uma rebelião em outubro de 2016.
Foragido desde então, El Niño — como é conhecido o chefe da facção — foi condenado por tráfico de drogas, extorsão e assassinatos.
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Segundo o secretário de Roraima, os setores de inteligência detectaram a presença do Pranato devido ao monitoramento do sistema carcerário do estado, iniciado após o massacre de 33 presos na Penitenciária Agrícola de Monte Cristo, em janeiro de 2017.
As execuções no maior presídio de Boa Vista, capital de Roraima, localizado a 212 quilômetros de Pacaraima, foram motivadas pela disputa de poder entre as facções brasileiras.
Atualmente, cerca de 5% dos presos no estado são do país vizinho.
“Quando são levados aos presídios, parte deles se identifica como integrante do Pranato”, diz Olivan Júnior.
Raio-x do Pranato
O Pranato surgiu dentro do sistema carcerário venezuelano. Fora das prisões, os integrantes da organização criminosa estão ligados ao tráfico de drogas, de armas, extorsões, assassinatos e ao esquema de tráfico de pessoas para imigração ilegal.
Bandeiras do Brasil e da Venezuela na fronteira em Pacaraima – Imagem: Ricardo Moraes/Reuters
Há relatos de cobrança de valores para auxiliar na travessia da fronteira brasileira, sobretudo no período em que a barreira de ligação entre os dois países foi fechada, entre os meses de abril e maio passados. A facção cobraria até US$ 1.000 (pouco mais de R$ 4.000) para garantir a entrada de venezuelanos no Brasil.
Um relatório do Observatório Prisional da Venezuela (OVP) de 2017 revela problemas nas prisões do país: superlotação, deterioração dos prédios, falha na classificação dos presos, falta de serviços vitais básicos e posse e tráfico de armas e drogas pelos presos.
O documento acrescenta que nesse cenário a organização criminosa Pranato cresceu, espalhando-se pelo sistema prisional, que na época apresentava uma taxa de superlotação de 400%.
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