Bolsonaro e o incêndio na floresta amazônica (Montagem)
Revista Fórum – Servidores do Ibama afirmam que os incêndios se tornaram algo secundário no ministério; Ricardo Salles teria acabado com departamento responsável pelo controle das queimadas.
Em meio à crise das queimadas e desmatamentos na Amazônia, somada ao desgaste da imagem do presidente Jair Bolsonaro (PSL), o ministério do Meio Ambiente, de Ricardo Salles, anunciou redução de 34% na verba para combate de incêndios em 2020. O orçamento do governo para a pasta caiu 10%, e serão R$ 561 milhões ante R$ 625 milhões autorizados anteriormente. O corte atingiu em cheio os recursos para prevenção e controle de incêndios no bioma, fazendo com que os valores caíssem de R$ 45,5 milhões para R$ 29,6 milhões.
Na visão de servidores do Ibama, ouvidos pelo jornal O Globo, os cortes colocam em risco a capacidade do órgão de prevenir novas ondas de incêndios. “Com R$ 29 milhões previstos, o valor a ser executado no decorrer do ano será menor ainda, porque sempre há contingenciamento. Isso agrava a situação, e coloca em risco o cronograma de medidas preventivas, que são as campanhas de comunicação e educação ambiental em municípios mais vulneráveis aos incêndios”, disse um dos servidores.
Ainda de acordo com os servidores, a questão dos incêndios se tornou algo secundário dentro da pasta. O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, teria acabado com o Departamento de Florestas e Combate ao Desmatamento, responsável pelo controle de incêndios na Amazônia.
Outras áreas importantes da pasta também foram atingidas pelos cortes. A verba disponível para os processos de licenciamento ambiental, geralmente voltados a obras de impacto relevante no meio ambiente, caiu de R$ 7,8 milhões para R$ 4,6 milhões. Já os recursos referentes à gestão do uso sustentável da biodiversidade e recuperação ambiental, que tinha um valor autorizado de R$ 15,9 milhões para este ano, contará com R$ 11,5 milhões em 2020.
Incêndios
Enquanto o governo anuncia cortes, dados atualizados do Instituto Nacional e Pesquisas Espaciais (Inpe), com base em imagens de satélite, mostram que as queimadas no bioma Amazônia tiveram um avanço de 196% em agosto de 2019, atingindo nada menos do que 30.901 focos ativos, contra 10.421 em relação ao mesmo período de 2018.
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No caso de todo o território do país, as queimadas também aumentaram: foram 51.936 focos em agosto, aumento de 128% em relação ao mesmo mês de 2018, quando foram registrados 22.774 focos. São os maiores números registrados para agosto desde 2010, ainda de acordo com dados do Inpe.
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