ALERTA | AUMENTO DO NÚMERO DE QUEIMADAS NA AMAZÔNIA PODE IMPACTAR A CONTA DE ENERGIA ELÉTRICA

ALERTA | AUMENTO DO NÚMERO DE QUEIMADAS NA AMAZÔNIA PODE IMPACTAR A CONTA DE ENERGIA ELÉTRICA
Dos dez municípios brasileiros com mais focos acumulados nos últimos cinco anos, nove estão na Amazônia Legal / Foto: José Cruz

Professor da USP explica como o desmatamento, acentuado no governo Bolsonaro, traz consequências climáticas para o país

Mayara Paixão | Brasil de Fato | São Paulo (SP) – Quem estava no estado de São Paulo na última segunda-feira (19) estranhou a aparência do céu no início da tarde. Aquilo que parecia um aviso de tempestade, na verdade, era um sintoma do desmatamento acelerado no Centro-Oeste e no Norte do país.

Os resultados são maiores do que a escuridão que tomou a capital paulista. Os incêndios na Amazônia diminuem o número de chuvas produzidas e, consequentemente, o volume de água nos reservatórios que produzem energia hidrelétrica.

Quem sente no bolso é a população, que vê o preço da conta de energia subir. Como pano de fundo, está uma política antiambiental e omissa do governo de Jair Bolsonaro (PSL). É o que alerta o pesquisador e professor do Instituto de Energia e Ambiente da Universidade de São Paulo (IEE-USP) Pedro Côrtes.

Brasil de Fato conversou com Côrtes para esclarecer os números e as prováveis consequências climáticas desse cenário. O Brasil registrou um aumento de 83% no número de focos de incêndio em relação ao ano passado (entre os dias 1º de janeiro e 19 de agosto de cada ano).

Os dados são do relatório do Programa de Queimadas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) divulgado nesta terça-feira (20).

No mesmo período, foram registrados 72.843 focos. Esta é a maior onda de queimadas dos últimos cinco anos. Em 2018, foram contabilizados 39.759 focos.

Confira a íntegra da entrevista:

Brasil de Fato: Os focos de queimadas estão crescendo no país, principalmente na região da Amazônia. Dos dez municípios brasileiros com mais focos acumulados nos últimos cinco anos, nove estão na Amazônia Legal. O que esses dados revelam?

Pedro Côrtes: Temos verificado desde o início do governo Bolsonaro, até mesmo antes de ele assumir [a Presidência], por meio das declarações que fez, uma falta de preocupação e cuidado em relação às questões ambientais.

Na prática, isso funciona como uma espécie de carta branca para quem quiser desmatar e utilizar terras da União para fins particulares e, para isso, essas pessoas se valem do desmatamento e das queimadas sem que haja uma maior fiscalização e algum tipo de atitude por parte do governo para coibir.

Boa parte desse desmatamento ocorre em terras da União sem que haja qualquer tipo de autorização para isso, portanto, é feito à revelia da lei; não há fiscalização e pessoas ou grupos se apropriam de terras públicas para fins pessoais sem que haja qualquer tipo de compensação para o tesouro nacional.

O que me espanta é a leniência do governo, que se constitui em uma espécie de carta branca para quem quiser desmatar, porque sabem que dificilmente serão autuados pela fiscalização do Ibama, já que ela vem sendo drasticamente reduzida ao longo dos últimos meses.

Podemos relacionar esse fenômeno com o avanço do agronegócio?

Pela extensão de muitas dessas queimadas, significa que não é uma atividade do pequeno agricultor. São grandes extensões que demandam organização. É preciso ter uma equipe, equipamentos, acesso a determinadas áreas.

Efetivamente, há uma participação grande de grupos organizados com recursos financeiros mais vultosos para promover esse tipo de desmatamento. Não é o desmatamento de um pequeno produtor que quer fazer uma roça ou ter uma pequena área para criação de gado. São grandes extensões que vem sendo desmatadas.

Que possíveis consequências climáticas o aumento de queimadas pode acarretar a curto e longo prazo?

O que aconteceu ontem [segunda-feira, 19] com essa fumaça chegando de maneira bastante intensa à Região Metropolitana de São Paulo, infelizmente, é um exemplo didático do alcance climático desse tipo de atividade.

Além de enfrentarmos um período natural de estiagem, como é o início do segundo semestre, os volumes previstos de chuva ficarão abaixo do esperado

Muito se tem dito a respeito dos “rios voadores”, que nada mais são do que a umidade que está sobre a Amazônia, não consegue ultrapassar a barreira dos Andes, margeia os Andes pelo lado territorial e entra pela região Centro-Oeste, segue pelas regiões Sudeste, Sul e leva essa umidade para uma região onde há alta produção agrícola e industrial — não só no Brasil, como também nos países vizinhos.

Algumas pessoas talvez tenham dificuldade de visualizar como isso acontece. Essa fumaça mostrou que aquilo que é gerado em determinadas regiões do Brasil, como a Amazônia, acaba sendo transportado pelo vento para regiões como São Paulo. Ou seja, fato é que essa umidade gerada pela Amazônia é transportada para regiões distantes assim como a fumaça das queimadas.

Quando a gente promove o desmatamento, acontece que o capim [que fica após a retirada de vegetação], que tem uma raiz superficial, não consegue extrair umidade do solo como fazem as grandes árvores da Amazônia, onde há raízes que vão a dezenas de metros drenando a água do subsolo e, por meio da evaporação, formam as nuvens dos chamados “rios voadores”.

A partir do momento que começa a desmatar, além dos problemas ambientais locais, há uma redução na formação desses “rios voadores”. Consequentemente começa a ter uma redução do volume de chuvas na região Centro-Oeste, importante área agrícola, além das regiões Sudeste, Sul e na Argentina, Paraguai e Uruguai. Isso por si só já promove uma alteração climática.

Temos enfrentado, nos últimos anos, uma redução do volume de chuvas que faz com que grandes reservatórios para produção de energia hidrelétrica, como Três Marias (MG), Serra da Mesa (GO) e outros tenham o nível muito baixo, impossibilitando a geração de energia.

Fato é que nós estamos com a bandeira tarifária vermelha para energia elétrica, que é extremamente elevada. E a Agência Nacional de Energia Elétrica alegou risco hidrológico, ou seja: além de enfrentarmos um período natural de estiagem, como é o início do segundo semestre, os volumes previstos de chuva ficarão abaixo do esperado.

O que falta para o governo é um plano ambiental que deveria encarar a Amazônia como uma fonte de recursos

Qual o tipo de política que precisaríamos para um cenário de menos incêndios, desmatamento e consequências negativas para a população?

Na verdade, o que falta para o governo atual é alguma política efetivamente ambiental. O que ele tem é uma política antiambiental. Existe uma política negacionista dos problemas ambientais, das alterações climáticas, dos problemas que a gente vem enfrentando não só no clima, mas também tendo em vista as repercussões que isso pode ter no exterior e que podem acabar prejudicando muito a nossa pauta de exportações em um momento extremamente crítico para nossa economia.

O que falta para o governo é um plano ambiental que deveria, entre outras coisas, encarar a Amazônia como uma fonte de recursos, mas não como uma visão do mau extrativista que é simplesmente desmatar uma área, aproveitar a madeira e colocar ali um pasto.

A Amazônia tem uma função ambiental extremamente relevante. Ela tem uma biodiversidade fantástica e muito que se encontra na flora poderia ser traduzido, por exemplo, na produção de novos medicamentos e novos produtos químicos. Mas não nenhum incentivo do governo em relação a isso.

O governo encara a Amazônia da mesma maneira que outras áreas foram encaradas ao longo da história do Brasil: como áreas onde se pode entrar, extrair madeira, ocupar sem pensar nas consequências e, depois, o prejuízo fica para a população, o ambiente e a União.

Edição: Katarine Flor

RELATOR DA PREVIDÊNCIA NA CCJ DO SENADO DEVE APRESENTAR RELATÓRIO PRELIMINAR NESTA SEXTA-FEIRA (23)

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RELATOR DA PREVIDÊNCIA NA CCJ DO SENADO DEVE APRESENTAR RELATÓRIO PRELIMINAR NESTA SEXTA-FEIRA (23)
Agência do Rádio | Repórter Marquezan Araújo – Ao falar da importância da aprovação da reforma, Simone Tebet (MDB-MS), afirmou que senadores têm “pacto social com os trabalhadores”.

O relator da reforma da Previdência na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) do Senado Federal, Tasso Jereissati (PSDB-CE), deve apresentar o relatório preliminar da reforma da Previdência (PEC 6/2019) nesta sexta-feira (23). A previsão foi confirmada nesta terça-feira (20) pela presidente do colegiado, Simone Tebet (MDB-MS).

Diante da discussão da proposta, a parlamentar reforçou que o Congresso Nacional tem um papel fundamental de analisar e aprovar projetos que contribuam para a retomada da economia por meio do desenvolvimento social.

“Temos um pacto e fizemos um juramento quando assumimos o nosso papel como senadores da República, que é o juramento de servir à sociedade. E temos um pacto social com os trabalhadores, com os aposentados, com a classe produtora deste país. É um pacto social, mas também é um pacto geracional, desta geração, da nossa, com as gerações futuras”, afirmou.

Agenda de debates

A CCJ do Senado Federal deu início, nesta terça (20), à semana de debates sobre o texto que altera as regras para aposentadoria no Brasil. Durante audiência pública, o secretário especial de Trabalho e Previdência do Ministério da Economia, Rogério Marinho, reiterou que o objetivo da reforma é acabar com privilégios e tornar o sistema previdenciário mais justo. “Quem ganha menos vai pagar menos, quem ganha mais vai pagar mais, mas todos vão contribuir”, disse Marinho.

A tramitação da reforma no Senado deve chegar ao fim até 10 de outubro. Anteriormente, o presidente da Casa, Davi Alcolumbre (DEM-AP), havia afirmado que as discussões da proposta seriam encerradas na primeira semana de outubro, mas houve mudança na data por falta de acordo entre os senadores.
Para ser aprovada e alterar a Constituição, a proposta precisa dos votos favoráveis em Plenário de, no mínimo, 49 dos 81 senadores, em dois turnos.

Um dos pontos que deve ser discutido por meio da chamada PEC paralela – apontado pelo relator Tasso Jereissati como solução para que o texto aprovado na Câmara seja aprovado na íntegra – é a inclusão de estados e municípios nas regras para aposentadoria sugeridas na reforma. A mudança é defendida pelo senador Rodrigo Pacheco (DEM-MG).

“Na minha opinião, há necessidade de inclusão de estados e municípios. Eu tenho conversado constantemente com governadores, dada essa necessidade que tem os estados têm de terem uma reforma previdenciária também no seu âmbito. Este é o momento de a gente aproveitar a reforma da Previdência para que ela seja geral, para que ela seja plena e alcance todos os entes federados”, avaliou.

O que muda

A reforma estabelece idade mínima para aposentadoria, de 65 anos para homens e 62 para mulheres. O tempo de contribuição previsto é de ao menos 15 anos para as trabalhadoras e de 20 para os trabalhadores. Em relação ao setor público, esse período será de 25 anos para ambos os sexos.

Depois que o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) apresentar o relatório, a CCJ votará o texto. A proposta terá de passar por cinco sessões deliberativas de discussão, sendo que os parlamentares poderão apresentar emendas, ou seja, sugestões de mudança.

A proposta, então, será votada no plenário, em primeiro turno, onde precisa de, no mínimo, 49 votos dos 81 senadores, mesma exigência prevista para segundo turno. Se a PEC for modificada em relação ao texto aprovado pela Câmara, deverá voltar para análise dos deputados. Se não for alterada, a emenda constitucional será promulgada pelo Congresso.

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ECONOMIA | PRESIDENTE DA PETROBRÁS DEFENDE ENTREGA DO PRÉ-SAL E PRODUÇÃO SEM CONTEÚDO NACIONAL

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ECONOMIA | PRESIDENTE DA PETROBRÁS DEFENDE ENTREGA DO PRÉ-SAL E PRODUÇÃO SEM CONTEÚDO NACIONAL

Brasil247 | Agência Brasil – Por mais incrível que possa parecer, o presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, defendeu que o pré-sal seja entregue a empresas internacionais e também que elas possam extrair a riqueza nacional sem assumir compromissos de investir no Brasil; “Isso pertence ao passado, que não nos foi favorável. Temos que romper com isso”, defendeu.

O presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, defendeu mudanças na legislação que trata do pré-sal, o fim do sistema de partilha ou, então, em movimento mais moderado, o término do polígono do pré-sal, para deixar o regime de concessão e de partilha à escolha da autoridade.

“O regime de partilha não leva à eficiência. Teve origem não para atender a maximização da eficiência, mas às conveniências políticas, quando foi adotado pela primeira vez na Indonésia, em 1966, para permitir que empresas estrangeiras explorassem petróleo na Indonésia, mas que não tivessem participação direta”, disse na abertura do seminário Competitividade dos Projetos Offshore no Brasil, organizado pelo Instituto Brasileiro de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (IBP), no Rio de Janeiro.

De acordo com Castello Branco, a produtividade é parcela importante para o crescimento econômico, e o Brasil tem sido ultrapassado por outros países que querem ser ricos. Por isso, segundo o presidente, é hora de mudar o modelo e buscar a prosperidade da sociedade brasileira.

“Não vai ser com conteúdo local e nem com regime de partilha que vamos conseguir fazer isso. Isso pertence ao passado, que não nos foi favorável. Temos que romper com isso”, defendeu.

“Temos que ser um país onde é fácil fazer negócio e a produtividade tenha condição de crescer”.

O presidente da Petrobras apontou a obrigação do conteúdo local incluído nos projetos como outro fator que precisa ser alterado. “A ANP [Agência Nacional do Petróleo] tem se mostrado muito mais sensível às questões do mercado, mas o conteúdo local ainda persiste, ainda que de forma mais moderada. É questão de perguntarmos se a indústria brasileira é tão boa, não precisa de conteúdo local? Não precisa de nada que obrigue as empresas a demandarem os seus produtos? Se ela não é eficiente, após 22 anos da indústria do petróleo, é hora de acabar com isso”, defendeu.

“Quem não se preparou, paciência. Já teve a sua oportunidade. Não pode a indústria do petróleo continuar a pagar por isso”, afirmou.

Dívida

O presidente da Petrobras disse que em junho do ano passado a dívida líquida da companhia representava 56% do valor da empresa, e que esse percentual foi reduzido para 46%, “mas ainda é muito elevado”.

Mesmo com a redução da dívida alcançada desde 2016, atualmente a estatal tem uma dívida de US$ 101 bilhões. Apenas o serviço da dívida consome 35% do fluxo de caixa operacional, segundo Castello Branco. “Isso tem consequências negativas, não só meramente em números, mas na nossa competitividade. Uma das questões é a disponibilidade de recursos para investir”.

Custos

O custo de extração de petróleo, segundo o presidente da Petrobras, está em torno de US$ 6 o barril. Apesar de ser considerado baixo, a companhia busca diminuir ainda mais o valor. “Ainda temos uma gordura imensa”, disse.

Castello Branco disse que a Petrobras trabalha também com persistência e máximo empenho para ter custo de capital baixo. O perfil da dívida já foi alongado para 10 anos e, a companhia partiu para reduzir a concentração da dívida em instituições financeiras, disse.

Conforme o presidente da estatal, o China Development Bank (CDB) foi um grande parceiro da Petrobras nos seus piores momentos. “Se não fossem os chineses, a Petrobras ia ter que pedir socorro ao governo brasileiro”, revelou, acrescentando, no entanto, que os empréstimos geraram uma concentração de dívida, que está sendo desfeita agora.

“Fizemos um pré-pagamento de US$ 3 bilhões e anunciamos que vamos fazer outro de US$ 5 bilhões para reduzir a concentração. É um processo complexo e demorado que estamos saindo. Enquanto não chegarmos ao fim desse processo, nossa competitividade fica afetada pelo custo de capital, mas existe a determinação firme da companhia. É um dos nossos pilares estratégicos, a redução do custo de capital”, completou.

Investimentos

Segundo Castello Branco, a empresa está deixando de investir em operações que podem ter retorno menor, para concentrar recursos onde identificou ganho mais elevado. Ele disse que, para focar na exploração e produção de petróleo e gás, que é seu negócio principal e possui competências, além de vantagens comparativas em ativos de classe mundial, a empresa precisa fazer um processo acelerado de gestão de portfólio, não só na Bacia de Santos com o pré-sal, mas também na Bacia de Campos, onde investe na recuperação.

Castello Branco contestou que essa opção represente um desmonte da companhia, como apontam algumas críticas ao processo. “Não existe um equívoco maior do que esse”, disse.

Licenciamento

O executivo criticou ainda o processo de licenciamento ambiental. “É uma doença que afeta, principalmente, a mineração e o petróleo. A demora na concessão de licenças ambientais, com exigências burocráticas, que às vezes não tem nada a ver com o objetivo, que é a proteção do meio ambiente, e simplesmente para atendimento de questões de natureza burocrática”, disse, acrescentando que hoje vê uma atitude do Ministério do Meio Ambiente e do Ibama mais pró mercado e flexível.

“O Brasil quer ser mais realista que o rei. Ter uma legislação muito mais rigorosa que a Noruega, por exemplo, mas é muito falho na fiscalização. Vide o que aconteceu na mineração”, disse em referência aos rompimentos de barragens ocorridos recentemente.

Na visão do presidente da Petrobras, a estatal se defronta no campo técnico com ambiente muito favorável. A descoberta e o desenvolvimento do pré-sal completam este ano dez anos de exploração. A companhia já extraiu 2,5 bilhões de barris de petróleo, uma quantidade maior do que as reservas provadas da Argentina e registrou progresso no aprendizado geológico.

“A Petrobras dispõe de alguns melhores geólogos e engenheiros de petróleo do mundo. Então, em termos de qualidade de ativos, sem dúvida nenhuma, o pré-sal é um ativo de classe mundial. Vastas reservas de produtos de alta qualidade”, disse.

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MEIO AMBIENTE | LULA EXIGE QUE GLOBO EXPLIQUE COMPARAÇÃO COM POLÍTICA AMBIENTAL DE BOLSONARO
Ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (à esquerda), preso em Curitiba (PR) por desvio de verbas, lavagem de dinheiro, corrupção e formação de quadrilha, julgado e condenado em 2 instâncias. (Foto: Ricardo Stuckert | Reprodução)

Brasil247 – Em nota, o ex-presidente Lula exigiu que a Globo compare a polícia ambiental da sua gestão e a do governo Jair Bolsonaro, após o apresentador do Jornal Nacional William Bonner dizer que os dois presidentes afirmaram que a Europa “não tem moral para dar conselhos sobre a Amazônia”. “O poder da Globo não lhe dá o direito de continuar mentindo, distorcendo informações ou modificando a história”, afirma Lula.

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, preso em Curitiba (PR) por desvio de verbas, lavagem de dinheiro, corrupção e formação de quadrilha, julgado e condenado em 2 instâncias, emitiu uma nota pedindo que a Rede Globo faça as devidas comparações entre a polícia ambiental da sua gestão e a do atual governo, de Jair Bolsonaro.

“O poder da Globo não lhe dá o direito de continuar mentindo, distorcendo informações ou modificando a história”, diz uma nota publicada no site do Instituto Lula, após o apresentador do Jornal Nacional William Bonner comparar a postura de Bolsonaro à do ex-presidente Lula em relação a críticas sobre desmatamento dizendo que “dois presidentes afirmaram que a Europa destruiu todas as suas florestas e que, por isso, não tem moral para dar conselhos sobre a Amazônia”.

De acordo com a nota, “o Brasil obteve recordes de redução de desmatamento no governo Lula, e o tema da matéria, o Fundo Amazônia, que usa recursos da Noruega e da Alemanha geridos em parceria com o governo brasileiro, foi criado justamente durante o mandato de Lula, em 2008, informação sonegada na reportagem”.

“Exigimos que o Jornal Nacional informe seus telespectadores que o Fundo Amazônia foi criado no governo Lula, e as diferenças nas políticas ambientais dos dois governos”, diz a nota.

Leia a íntegra do texto:

O Jornal Nacional exibiu ontem, fora de contexto, uma frase do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendendo a soberania brasileira sobre a Amazônia,  com o objetivo de fazer uma comparação incorreta e indevida sobre as políticas para o Meio Ambiente e Amazônia de Lula e Bolsonaro. Lula estava certo ao defender nossa soberania, como fez durante seus dois mandatos. Agora a política ambiental de Lula e Bolsonaro não poderiam ser mais diferentes.

O Brasil obteve recordes de redução de desmatamento no governo Lula, e o tema da matéria, o Fundo Amazônia, que usa recursos da Noruega e da Alemanha geridos em parceria com o governo brasileiro, foi criado justamente durante o mandato de Lula, em 2008, informação sonegada na reportagem. O governo Lula também criou o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, para gerir as Unidades de Conservação federais, e ampliou em 52,9% as áreas de proteção ao Meio Ambiente.

Na maior parte dos dois mandatos de Lula a ministra do Meio Ambiente foi Marina Silva, nascida na Amazônia e com uma vida dedicada à causa da sustentabilidade, enquanto o ministro do Meio Ambiente de Bolsonaro é um condenado por crime ambiental que sequer conhecia a Amazônia antes de ocupar o cargo.

As políticas ambientais eram construídas ouvindo a sociedade civil e especialistas e não negando evidências científicas.

O Brasil assumiu no governo Lula, na Cúpula de Copenhagen, em 2009, a liderança da discussão sobre proteção ambiental e mudanças climáticas no mundo. Na época de Lula o Brasil combinou expansão da produção agrícola com proteção ao Meio Ambiente, abrindo mercados para as exportações do campo brasileiro. Abertura de mercados agora ameaçada pelo ataque de Bolsonaro contra nossas florestas.

Exigimos que o Jornal Nacional informe seus telespectadores que o Fundo Amazônia foi criado no governo Lula, e as diferenças nas políticas ambientais dos dois governos.

O poder da Globo não lhe dá o direito de continuar mentindo, distorcendo informações ou modificando a história.

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SEM PARTICIPAÇÃO | DAMARES EXTINGUE COMISSÃO SOBRE IMPACTO DE GRANDES OBRAS EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES

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SEM PARTICIPAÇÃO | DAMARES EXTINGUE COMISSÃO SOBRE IMPACTO DE GRANDES OBRAS EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES
A ministra Damares Alves diz que apenas cumpre determinação de Bolsonaro / Marcelo Camargo | Agência Brasil

Ministra também acabou com comitês internos sobre diversidade, inclusão e combate à violência de gênero

Redação | Brasil de Fato | São Paulo (SP) – A ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MDH), Damares Alves, extinguiu a comissão que deveria articular permanentemente os debates intersetoriais no âmbito da chamada Agenda de Convergência – que trata da proteção a crianças e adolescentes impactadas por grandes obras e grandes eventos.

A Agenda é um espaço que reuniu agentes do governo federal, de empresas, instituições financeiras, universidades e da sociedade com o objetivo inicial de prevenir, orientar e construir um instrumento jurídico para responsabilização do Estado e de empresas em relação ao impacto dos grandes empreendimentos e dos megaeventos sobre a infância e a adolescência.

Tal documento se materializou em novembro do ano passado com a Resolução 215 do Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (Conanda). Na mesma época, uma portaria do Ministério criava a comissão agora extinta – que tinha o objetivo de dar caráter institucional permanente à Agenda.

Comitês

Damares também extinguiu quatro comitês de atuação interna, entre eles os que cuidavam do combate à violência contra mulheres, homossexuais e minorias, bem como da promoção desses grupos nas estruturas na pasta.

Esses comitês foram criados ano passado e reuniam integrantes de todas as secretarias ligadas ao Ministério. O comitê de gênero, por exemplo, tinha por objetivo receber e encaminhar denúncias de violência contra as servidoras do ministério, no ambiente de trabalho e fora dele; criar uma rede de acolhimento às vítimas; e sensibilizar o Ministério para as questões da violência de gênero.

Os demais comitês internos extintos foram: Desburocratização, Convênios e Contratos Administrativo; e Segurança da Informação e Comunicação.

Em nota a ministra afirmou que apenas cumpre determinação do presidente Jair Bolsonaro (PSL), que em abril determinou o fim dos colegiados que não foram criados por lei.

Edição: João Paulo Soares

DEMOCRACIA | BOLSONARO NOMEIA CANDIDATO MENOS VOTADO COMO REITOR E CAUSA INDIGNAÇÃO NA UFC

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DEMOCRACIA | BOLSONARO NOMEIA CANDIDATO MENOS VOTADO COMO REITOR E CAUSA INDIGNAÇÃO NA UFC
A nomeação foi publicada em edição extra do Diário Oficial da União (DOU) na última segunda-feira (19) / Foto: Davi Pinheiro

Entidades de docentes, servidores e estudantes convocaram ato para às 18h desta terça-feira (20)

Francisco Barbosa | Brasil de Fato | Fortaleza (CE) – Na última segunda-feira (19), o presidente Jair Bolsonaro (PSL) nomeou como novo reitor da Universidade Federal do Ceará (UFC) o advogado e professor Cândido Albuquerque, o menos votado na consulta pública. A nomeação foi publicada em edição extra do Diário Oficial da União (DOU). Em protesto,o Sindicato dos Trabalhadores das Universidades Federais do Ceará (Sintufce) e o movimento estudantil realizam nesta terça, a partir das 18h, o ato “Autonomia, democracia e direitos na UFC: por uma universidade pública, gratuita, de qualidade e democrática”. A manifestação ocorrerá no cruzamento da Av. da Universidade com 13 de maio.

“Recebemos a notícia da escolha do novo reitor com muita indignação. A escolha não surpreende devido às atitudes autoritárias do governo. Sabíamos que isso seria possível, mas recebemos a notícia com muita revolta. A escolha do novo reitor é uma tentativa de imposição de seus novos projetos como o Future-se. Não há abertura para diálogo e, com isso, percebe uma medida autoritária por parte do governo. A universidade não é pra gerar lucro, é para formar pessoas. Essa escolha prejudica a nossa instituição”, afirma a vice-presidente do Sindicato dos Docentes das Universidades Federais do Ceará (Adufc-Sindicato), Irenísia Oliveira.

De acordo com ela, a escolha feita por Bolsonaro fere a democracia universitária, já que Albuquerque foi o menos votado nos três segmentos que elegem o reitor: estudantes, professores e técnicos administrativos. “Nosso posicionamento é totalmente contra a essa escolha. O candidato escolhido pelo presidente foi o menos votado, ele teve um percentual muito pequeno. A sua escolha não tem legitimidade. Nós defendemos a democracia universitária e os três segmentos escolheram Custódio Almeida, e com ampla maioria dos votos. Não tem outra alternativa a não ser o reconhecimento dessa escolha”.

Para Natália Aguiar, estudante da UFC, diretora de universidades públicas da União Nacional dos Estudante (UNE) e do Levante Popular da Juventude, a escolha do novo reitor fere da democracia e a decisão de comunidade acadêmica. “Estamos vivendo tempos de ataque a autonomia universitária e retrocessos como o programa ‘Future-se’ do Governo Bolsonaro. A decisão da comunidade acadêmica não foi respeitada e entendemos que o papel que o Cândido Albuquerque exercerá nos próximos quatro anos será de um interventor do governo federal em nossa universidade.”

Natália afirma que a nomeação de Cândido pode significar uma administração alinhada com o sucateamento do ensino público, a desvalorização da pesquisa e da extensão e, sobretudo, conivente com ações antidemocráticas nas IES, que tem sido feitas pelo presidente Bolsonaro e o ministro Abraham Weintraub, “essa já é a segunda vez que o Bolsonaro interfere na autonomia das universidades do Ceará, primeiro na Unilab ao vetar um edital de seleção de candidatos trans e intersexuais e agora na UFC ao nomear um interventor.”, conclui a estudante.

Este ano, a UFC foi incluída mais uma vez na lista das melhores universidades do mundo pela analista global de educação, Quacquarelli Symonds (QS), que incluiu a universidade entre as 1.000 principais instituições de ensino superior dos cinco continentes. No ranking, a UFC aparece na 57ª posição entre todas as universidades da América Latina. No grupo dos BRICS (Formado pelos países em desenvolvimento: Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), fica em 151ª lugar. Nacionalmente, ocupa a 19ª colocação, sendo a segunda melhor posicionada do Norte e Nordeste, atrás apenas da Universidade Federal da Bahia.

Edição: Monyse Ravena

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VIOLÊNCIA | ATIRADORES EXECUTAM HOMEM QUE SEQUESTROU ÔNIBUS COM ARMA DE BRINQUEDO EM NITERÓI (RJ)

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VIOLÊNCIA | ATIRADORES EXECUTAM HOMEM QUE SEQUESTROU ÔNIBUS COM ARMA DE BRINQUEDO EM NITERÓI (RJ)
O sequestro do ônibus começou por volta das 5h30 e durou cerca de quatro horas; veículo foi interceptado na ponte Rio-Niterói / Mauro Pimentel/AFP

Minutos após a execução, governador Wilson Witzel (PSC) chegou ao local de helicóptero comemorando e abraçou policiais

Redação | Brasil de Fato | Rio de Janeiro (RJ) – Na manhã desta terça-feira (20), um ônibus foi sequestrado em Niterói, região metropolitana do Rio de Janeiro, e o homem que fazia os passageiros de reféns, com uma arma de brinquedo, foi morto por atiradores de elite da Polícia Militar na Ponte Rio-Niterói. Minutos após a execução, o governador do estado Wilson Witzel (PSC) chegou até o local de helicóptero, abraçou policiais e comemorou a ação.

O governador se referiu à operação como um “sucesso” e comparou a outras operações policiais nas comunidades, onde pelo menos cinco jovens foram mortos, em seis dias, vítimas de bala perdida na última semana.

“Foi um trabalho de excelência. Se a PM não tivesse abatido o criminoso, muitas vidas não teriam sido poupadas, e é isso que está acontecendo nas comunidades: se a polícia puder abater quem está de fuzil, muitas vidas serão poupadas”, afirmou à imprensa.

Nas redes sociais, o presidente Jair Bolsonaro (PSL) também comemorou a execução do homem que fazia os passageiros do ônibus de reféns e afirmou que “não tem que ter pena”.

“Parabéns aos policiais do Rio de Janeiro pela ação bem sucedida que pôs fim ao sequestro do ônibus na ponte Rio-Niterói nesta manhã. Criminoso neutralizado e nenhum refém ferido. Hoje não chora a família de um inocente”, escreveu.

Sequestro

O sequestro do ônibus começou por volta das 5h30 e durou cerca de quatro horas. Agentes da Polícia Rodoviária Federal (PRF), da Polícia Militar, do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) e do Corpo de Bombeiros cercaram o veículo que ficou parado na altura do Vão Central da ponte Rio-Niterói. A arma usada pelo homem que fazia os passageiros de reféns era de brinquedo.

Os 37 passageiros foram libertados por volta das 10h – nenhum deles ficou ferido. Antes disso, a ponte foi totalmente interditada. Nas redes sociais, circularam fotos de pessoas jogando bola e vendendo e consumindo alimentos enquanto esperavam a liberação do trânsito.

Edição: Mariana Pitasse

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RIQUISTÃO, UM LIVRO & GARAPA, UM DOCUMENTÁRIO: A OBSCENA DESIGUALDADE SOCIAL ESCANCARADA NAS AMÉRICAS

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RIQUISTÃO, UM LIVRO & GARAPA, UM DOCUMENTÁRIO: A OBSCENA DESIGUALDADE SOCIAL ESCANCARADA NAS AMÉRICAS

PUBLICADO POR INESBUSCHEL – Blog da Inês Dentre os objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil, elencados no artigo 3º de nossa Constituição Federal, encontramos o inciso III que determina: “erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais; “.  Mais à frente, no Capítulo I do Sistema Tributário, está previsto no artigo 153 que, compete a União (federal)  instituir  determinados impostos dentre eles, no inciso VII, o imposto sobre “grandes fortunas, nos termos de lei complementar.”

E, para completar o tema, ao final de nossa Constituição Federal, no Ato das Disposições Transitórias, artigo 80,  inciso III, está previsto que comporá o Fundo de Combate e Erradicação da Pobreza “o produto da arrecadação do imposto de que trata o art. 153, inciso VII, da Constituição; ” .

Todavia, é preciso dizer que a lei complementar que regulará esse imposto – IGF -, apesar de existirem vários projetos nesse sentido em trâmite no Congresso Nacional, ainda não foi editada. Um desses projetos, datado de 2012 poderá ser conhecido dando um clique no link abaixo:

http://www.camara.gov.br/proposicoesWeb/prop_mostrarintegra?codteor=966232&filename=Avulso+-PLP+130/2012

Sempre é bom lembrar que esse imposto existe em países tais como: Áustria, Dinamarca, Noruega, Suécia, Alemanha, França, Espanha, Índia, Argentina, Uruguay etc, mas não nos EUA onde impera o neoliberalismo desenfreado. Para ser justa, entretanto, tenho de mencionar que há alguns bilionários estadunidenses, tal qual Warren Buffett, que desejam maior tributação sobre eles, os super-ricos. Se quiser saber, dê um clique aqui:

http://epocanegocios.globo.com/Revista/Common/0,,ERT257589-16367,00.html

Antes de continuar, gostaria de lembrar a você, caro (a) leitor (a) que no artigo 6º da CF brasileira estão descritos os direitos sociais que devem ser protegidos pelo Estado. São eles: a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados.

Riquistão

Escrevo esta introdução para comentar um livro que li, com o título de “RIQUISTÃO – Como vivem os novos-ricos e como construíram suas megafortunas.” Foi escrito pelo jornalista estadunidense Robert Frank, que trabalha para o Wall Street Journal e mantinha ali um blog: http://blogs.wsj.com/wealth/

Esse livro foi elaborado a partir de 2005 e publicado nos EUA no ano de 2007. Está traduzido para o português e publicado pela Editora Manole/SP, desde o ano de 2008.

RIQUISTÃO, é um país idealizado com ironia pelo escritor, em face dele ter descoberto que esses milionários e bilionários, tem um modo de vida tão excêntrico e ostentatório, vivem em redutos distantes – Palm Beach, na Flórida, p.ex. – que parecem viver em outro país, que não o território nacional dos EUA. Só para você ter uma mínima idéia, quem possui um patrimônio líquido familiar de US$1.000.000 a US$10.000.000 é considerado pertencente ao Baixo-Riquistão. Para fazer parte do Médio-Riquistão você terá de possuir um patrimônio líquido familiar de US$10.000.000 a US$100.000.000. E, para ser do Alto-Riquistão só se esse patrimônio for acima de US$100.000.000 até US$1.000.000.000, os bilionários.

Achei bem agradável a leitura do livro. Todavia, parece-me que não alcançou grande vendagem por aqui. Não é uma obra maniqueísta. O autor apenas expõe os fatos. Vale a pena lê-lo, pois é interessante conhecer os hábitos desses novos-ricos, a filantropia performática que gostam de praticar, bem como conhecer a inveja que viceja entre eles mesmos. A infelicidade admitida por alguns, apesar da riqueza. Em regra são workaholics, fazendo negócios o tempo todo. Eles acreditam que o monte de dinheiro que acumularam é justo e meritório. Não sentem “culpa” alguma e acham que criam bons empregos para muita gente, fazem doações milionárias para ONGs e instituições filantrópicas e, naturalmente, também para os membros do Congresso Nacional que representem seus interesses de classe na política institucional.

Embora devam saber, por outro lado, que a desigualdade social/renda nos EUA vem aumentando paulatinamente, não acreditam que possam ter algo a ver com isso. Esses milionários fingem não saber da grave distorção provocada pelo sistema capitalista, que deixa cada vez os ricos mais ricos e os pobres mais pobres. Isso tudo me faz recordar de uma frase atribuída ao economista norte-americano Paul Samuelson (1915-2009), que um dia teria dito que “A guerra entre ricos e pobres terminou. E os pobres perderam.”Trabalho Interno

O livro “Riquistão” foi lançado antes da crise do sistema financeiro norte-americano em 2008. Como a fortuna financeira é muito volátil, o dinheiro já deve ter trocado de mãos. É bastante produtivo ler o livro e depois assistir ao documentário intitulado “Trabalho Interno ” (Inside Job ), dirigido por Charles Ferguson, lançado em 2010, e que recebeu o Oscar de melhor documentário em 2011. Este filme traz ótimas entrevistas de executivos envolvidos na quebra de instituições financeiras, e é bem esclarecedor sobre o pensamento desses financistas que odeiam a simples hipótese de regulamentação do mercado financeiro.

Ao ler o livro logo pensei: esses novos e mega-ricos também existem no Brasil. (ATUALIZANDO, clique abaixo:

http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2014/08/140729_londres_milionarios_hb.shtml )

Há, entre nós os brasileiros, muitos habitantes de um imaginário território que bem poderia ser chamado de “Riquistão-Tupi ” ou, nas palavras do escritor Monteiro Lobato, de “Jecatatuásia ” mesmo. Eu já abordei esse assunto num post publicado há anos neste blog https://blogdaines.wordpress.com/2010/05/20/jecatatuasia/

Ao terminar a leitura, lembrei-me, por contraponto, do documentário brasileiro  “GARAPA “. Este filme foi produzido igualmente no ano de 2005 – como o livro acima mencionado – mas somente foi lançado em 2009. O diretor do documentário é o nosso famoso José Padilha, que teve a satisfação de ver esse seu filme selecionado para a mostra paralela Panorama, do 59º Festival Internacional de Cinema de Berlim, em 2009.

José Padilha estava preocupado com a questão da fome no Brasil e também no mundo. Decidiu pesquisar o assunto, pensando na produção de um futuro documentário. Buscou informações sobre o tema “fome crônica ” junto ao IBASE – Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas, que foi fundado pelo sociólogo Herbert de Souza, o Betinho: http://www.ibase.br/pt/

Geografia da fomeE também leu o livro “Geografia da Fome “, escrito pelo médico, sociólogo e geógrafo brasileiro Josué de Castro (1908-1973), publicado em 1946, que deixa bem claro que a miséria é um produto – ou subproduto – do desenvolvimento econômico no mundo, impulsionado por uma política deliberada de indiferença ao outro. Se desejar saber mais sobre esse pensador, dê um clique aqui: http://www.josuedecastro.org.br/jc/jc.html

Então, Padilha saiu a campo com sua equipe, e dirigiu-se ao estado do Ceará, no nordeste do Brasil. Escolheram três famílias: uma que morava na cidade grande, na capital Fortaleza; outra que morava numa cidade pequena periférica e uma terceira que morava no sertão e já recebia o benefício Bolsa Família do governo federal. Esse quadro já poderia dar uma idéia das condições sociais e econômicas vividas por essas famílias pobres.

O título do filme ficou sendo “Garapa ” porque é esse o nome dado pelas famílias ao único alimento que, muitas vezes, é servido às crianças. Entretanto, não é aquele delicioso caldo extraído da cana-de-açúcar,  que é muito apreciado pelos brasileiros. É outra bebida. Trata-se de água misturada com açúcar refinado ou com rapadura. Um caldo ralo.

Esse documentário é dramático e faz chorar. Perde-se o fôlego. Bastará assisti-lo para entender a pobreza – daqui e do mundo – não carece de explicações. Eu, se fosse professora do ensino médio ou universitário, solicitaria aos alunos que assistissem ao documentário e fizessem suas livres considerações. Pensassem numa saída digna para essas famílias enfrentarem essa situação miserável e tão real. Nós, no Brasil, estamos combatendo a miséria absoluta e já conseguimos uma substancial melhoria social, com a aplicação da política pública do Bolsa Família. Mas ainda nos falta muito para alcançarmos a meta ideal, de que nenhum brasileiro passe fome definitivamente.

Garapa1

Infelizmente, quando “Garapa ” foi lançado nos cinemas foram  poucos os espectadores que tiveram a coragem de ir assisti-lo. A maioria só quer saber de alegrias. Penso que, talvez, não tenham somado sequer 9.000 espectadores. Uma lástima. E é uma pena porque o diretor Padilha prometeu doar a renda obtida na bilheteria, para as três famílias que protagonizaram o filme. Pelo que soube, o total arrecadado não ultrapassou R$40 mil reais.

Resta-nos saber se o DVD foi bem vendido. Eu assisti no cinema e também comprei o DVD para, quando me sentir infeliz, revê-lo e lembrar-me do que é mesmo infelicidade de verdade. Caso você tenha tempo e queira assisti-lo, está à disposição pelo linkhttp://www.youtube.com/watch?v=0HUW_MICVVg

cheers

A vida não é só festa. E cada um de nós tem de tomar consciência social disso. Rir e chorar são emoções que devem ser vividas, para o bem de nossa saúde mental. Evitar rir ou chorar nos leva à insanidade. Buscar o equilíbrio entre sentir alegria e tristeza é que são elas. Não adianta fugir da tristeza. Aprender a entender Política e as forças que a regem no mundo, aceitá-las ou não, também é fundamental.

Obtendo conhecimentos poderemos contribuir socialmente, trabalhando para evitar o sofrimento de legiões de pessoas vulneráveis, que vagam por esse mundo sem ter nada de seu. Ao nascer, esses seres humanos nada recebem de herança patrimonial ou cultural. É quase o nada mesmo. Esse é o ponto de partida deles. Essa imensidão de pessoas depende de políticas públicas de Estado – não só de governos – , honestas, permanentes e sem as mesquinharias moralistas impostas por condicionalidades. A riqueza amealhada por um país, tem de ser compartilhada de alguma maneira por todo o povo, diminuindo assim a desigualdade social/renda. Daí poderemos festejar  a vida e seguir em paz. É o que penso.

Para finalizar e amenizar a “barra pesada ” que é o tema da riqueza versus pobreza, fará bem ouvir um pouco da ótima música popular brasileira que, com bom humor, aborda o assunto. Uma delas, “Onde está a honestidade ” é de autoria de Noel Rosa (1910-1937); a outra, “Onde está o dinheiro, o gato comeu ”, é de autoria de Francisco Mattoso, José Maria Abreu e Paulo Barbosa e, finalmente, a última, “Saco de feijão ”, uma composição de Francisco Santana.Escolha um dos links indicados logo abaixo, dê um clique, ouça e relaxe: http://www.vagalume.com.br/beth-carvalho/onde-esta-a-honestidade.html

http://www.vagalume.com.br/gal-costa/onde-esta-o-dinheiro.html

http://www.vagalume.com.br/beth-carvalho/saco-de-feijao.html

Ah! antes que me esqueça, sou favorável à aprovação da lei que regulará o Imposto sobre Grandes Fortunas! E você?

Inês do Amaral Buschel, em 19 de março de 2014.

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INCÊNDIOS SE ALASTRAM PELAS MATAS DO NORTE E CENTRO-OESTE E JÁ PODEM SER SENTIDOS ATÉ NO CÉU DE SÃO PAULO

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INCÊNDIOS SE ALASTRAM PELAS MATAS DO NORTE E CENTRO-OESTE E JÁ PODEM SER SENTIDOS ATÉ NO CÉU DE SÃO PAULO
A escuridão toma conta de São Paulo no meio da tarde. JORGE ARAÚJO

El País | FELIPE BETIM | São Paulo – Maior onda de queimadas dos últimos cinco anos afeta a Amazônia, Pantanal e a Tríplice Fronteira. Aliada ao mau tempo, fumaça ajuda a escurecer a capital paulista em plena tarde.

E, de repente, São Paulo escureceu. Nuvens baixas e carregadas, associadas a uma frente fria que avança do sul, segundo explicam os serviços meteorológicos, fizeram com que a tarde desta segunda-feira se transformasse em noite já por volta de 15h. Mas o mau tempo não explica por si só a escuridão que tomou a capital paulista. A milhares de quilômetros de distância, incêndios nada repentinos se espalham pelas florestas do Norte do Brasil, se estendendo pelos Estados do Acre, Rondônia, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, chegando à tríplice fronteira entre Brasil, Bolívia e Paraguai. Imensas áreas da Amazônia e do Pantanal ardem em chamas há dias. E a forte fumaça, transportada pelo vento em direção ao Sudeste, já se faz presente nos céus do Estado e “contribuiu”, segundo Marcelo Pinheiro, do Clima Tempo, para que o céu ficasse mais escuro que o normal.

Não está claro quanto os incêndios dos últimos dias de fato influenciaram na escuridão em São Paulo nesta segunda. O INPE admitiu que um corredor de fumaça avançou em direção ao centro-sul do país e chegou a São Paulo, mas garantiu que esta não era a principal causa para a escuridão. Mas especialistas já vêm alertando para o fenômeno há alguns dias. A MetSul, empresa de meteorologia do sul do país, publicou em seu Twitter na noite do último sábado, 17 de agosto, uma fotografia de uma lua alaranjada vista de Livramento, na fronteira do Brasil com o Uruguai. A tonalidade era causada pelo efeito óptico gerado pelas partículas na atmosfera vindas dos incêndios no norte do país. No mesmo fim de semana, o astrônomo Jorge Melendez, professor do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da USP, alertava na rede social sobre o mesmo fenômeno visto de São Paulo.

O Brasil vive a maior onda de queimadas dos últimos cinco anos, segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). O Programa Queimadas do instituto, vinculado ao Ministério de Ciência e Tecnologia, registrou 71.497 focos de incêndio entre os dias 1 de janeiro e 18 de agosto deste ano. O número é 82% maior do que o mesmo período do ano passado, quando foram registrados 39.194 focos de incêndio. A última grande onda é de 2016, com 66.622 focos de queimadas entre essas datas.

Em imagem de 19 de agosto, 18h, manchas vermelhas mostram alta concentração atmosférica de monóxido de carbono (CO) nos Estados do Acre, Rondônia, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, passando por Bolívia e Paraguai. Indicam queimadas em andamento

Em imagem de 19 de agosto, 18h, manchas vermelhas mostram alta concentração atmosférica de monóxido de carbono (CO) nos Estados do Acre, Rondônia, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, passando por Bolívia e Paraguai. Indicam queimadas em andamentoWINDY.COM

Não está claro quando a última onda de queimadas começou. Imagens de um forte incêndio em Rondônia rodaram as redes sociais no fim de semana, assim como da capital Porto Velho submersa em uma nuvem de fumaça. Entre às 17h e 18h desta segunda, imagens de satélite em tempo real de diversas empresas e instituições internacionais —entre elas a NASA—  mostravam alta concentração atmosférica de monóxido de carbono (CO) no Acre, Rondônia, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. O incêndio também atingiu ao longo do fim de semana partes da Bolívia e do Paraguai, que finalmente conseguiu controlar as chamas na tarde desta segunda após 21.000 hectares da reserva Três Gigantes, na região da Tríplice Fronteira, queimarem. Os mesmos satélites mostraram ao longo dos últimos dias uma forte cortina de fumaça avançando em direção ao centro-sul do Brasil.

Twitter:

Especialistas e autoridades afirmam que os incêndios nas florestas são causados pelo tempo seco —em algumas regiões não chove há cerca de 90 dias— junto com a ação de moradores, fazendeiros e grileiros que possuem a prática de queimar lixo ou áreas de mata para abrir o terreno. Folha de S. Paulo noticiou em 14 de agosto que fazendeiros do entorno da BR-163, no sudoeste do Pará, haviam anunciado no dia 10 “o dia do fogo”. O INPE registrou nas horas seguintes uma explosão dos focos de incêndio na região. Já o Acre declarou estado de alerta ambiental pelo aumento no número de incêndios no Estado.

A região está há semanas sob os holofotes internacionais. O presidente Jair Bolsonaro (PSL) está publicamente em guerra com os dados do INPE que indicam um forte aumento do desmatamento na Amazônia durante os primeiros meses de seu Governo. Bolsonaro desacreditou os números e foi contestado publicamente pelo então presidente da instituição, Ricardo Galvão. O físico acabou destituído. O mandatário brasileiro, que vem sinalizando desde a campanha de 2018 para uma flexibilização dos controles de desmatamento, enfraqueceu o IBAMA e defende a mineração em terras indígenas. Também entrou em rota de colisão com países como Alemanha e Noruega, que contribuem desde 2008 para o Fundo da Amazônia, um dos responsáveis por financiar projetos de preservação da floresta brasileira. Os repasses de dinheiro foram suspensos.

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QUEIMADAS NO BRASIL AUMENTAM 82% EM RELAÇÃO A 2018 

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QUEIMADAS NO BRASIL AUMENTAM 82% EM RELAÇÃO A 2018 
Primeiros oito meses de 2019 tiveram 71.497 focos de queimadas contra 39.194 do ano anterior

Deutsche Welle – Entre janeiro e agosto foram registrados 71.497 focos de queimadas, o maior número dos últimos sete anos, apontam dados do Inpe. Mato Grosso é o estado com mais ocorrências.

Dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) divulgados nesta segunda-feira (19/08) apontam que as queimadas no Brasil aumentaram 82% quando comparadas as ocorrências registradas entre janeiro e 18 de agosto de 2019 às do mesmo período no ano passado.

Segundo o Programa Queimadas do Inpe, nos primeiros oito meses deste ano foram registrados 71.497 focos de queimadas contra 39.194 no ano anterior, marcando o maior número registrado desde 2013, primeiro ano de que o Inpe tem registro para o período. O recorde anterior ocorreu em 2016, quando foram registrados 66.622 focos.

Os estados onde foram registrados os maiores aumentos em relação ao ano passado foram: Mato Grosso do Sul (260%), Rondônia (198%), Pará (188%), Acre (176%) e Rio de Janeiro (173%). Os números do Mato Grosso, com 13.641 focos, correspondem a 19% do total das queimadas no Brasil neste ano e a um aumento de 88% em relação ao mesmo período de 2018.

O mês de agosto vem batendo o recorde dos últimos sete anos, com 32.932 focos de queimadas, o que significa um aumento de 264% em relação ao mesmo mês de 2018.

De acordo com os dados, gerados por imagens de satélite, nas 48 horas que antecederam o dia 19 de agosto, foram registrados 5.253 focos no Brasil. No mesmo espaço de tempo houve 1.618 focos na Bolívia, 1.166 no Peru, e 465 no Paraguai. Grandes áreas da Amazônia foram atingidas.

Segundo Alberto Setzer, pesquisador do Programa Queimadas do Inpe, as queimadas “são todas de origem humana, umas propositais e outras acidentais, mas sempre pela ação humana”.

“Para você ter queimada natural você precisa da existência de raios. Só que toda essa região do Brasil central, sul da Amazônia, está uma seca muito prolongada, tem lugares com quase três meses sem uma gota d’água”, afirmou Setzer, citado pelo portal G1.

De acordo com o pesquisador, que o fenômeno atmosférico El Niño contribui para o aumento da estiagem, mas não pode ser apontado com a causa dos incêndios, contribuindo apenas para que o fogo se espalhe.

Nesta segunda-feira, uma névoa escureceu o dia em São Paulo, no Mato Grosso do Sul e no norte do Paraná. À Folha de S. Paulo, Franco Nadal Villela, meteorologista do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), afirmou que a escuridão na capital paulista resultou da combinação de ventos que levaram material particulado das queimadas no Paraguai, na divisa com Mato Grosso do Sul, com a chegada de uma frente fria com nuvens bastante carregadas.

RC/ots

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