NASCE O CINEMA OLAVISTA

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NASCE O CINEMA OLAVISTA

apublica.org – Produtoras se engajam em “guerra cultural” e ganham apoio de empresas ligadas à direita
No dia 20 de julho deste ano, o presidente Jair Bolsonaro (PSL) publicou um decreto anunciando mudanças na estrutura administrativa do cinema brasileiro. A Agência Nacional de Cinema (Ancine) foi do Rio para Brasília, e o Conselho Superior de Cinema teve sua composição alterada, além de ser transferido do Ministério da Cidadania, que englobou o antigo Ministério da Cultura, para a Casa Civil. O número de membros do setor audiovisual no Conselho foi reduzido pela metade – de seis para três – e da sociedade civil, de três para dois. Os demais são funcionários do governo.

As mudanças foram justificadas pela necessidade de combate ao que é visto pelo Executivo como produções cinematográficas “de esquerda” que haviam sido aprovadas para captação de recursos via lei de incentivo. “O ativismo é uma coisa que não podemos permitir”, justificou Jair Bolsonaro em coletiva a jornalistas.

A fala de Bolsonaro se aproxima do discurso de Olavo de Carvalho. Para ele, existe um movimento global pela destruição da “cultura ocidental” movido por “esquerdistas” que tentam conquistar a hegemonia através da cultura, ocupando os espaços intelectuais, como as escolas e as universidades. Para vencer os fantasmas do “marxismo cultural”, é necessária uma “guerra cultural”, segundo o autoproclamado filósofo.

Muito antes das mudanças na Ancine, algumas produtoras brasileiras de cinema, inspiradas nas ideias de Olavo de Carvalho, já atuavam incansavelmente em prol da tal “guerra cultural”. O professor ganhou espaço no audiovisual através de diretores como Josias Saraiva Monteiro Neto, conhecido como Josias Teófilo, que criou a Lavra Filmes, de Mauro Ventura Alves, sócio da Ivin Films, e da produtora gaúcha Brasil Paralelo.

Ainda em 2015, quando manifestantes com camisas verde e amarelas da CBF saíam pelas ruas do país pedindo o impeachment da então presidente Dilma Rousseff (PT), Teófilo organizava seu movimento por trás das lentes. Em setembro e outubro daquele ano, ele, o produtor e montador Matheus Bazzo, o assistente de direção Mauro Ventura e o diretor de fotografia Daniel Aragão foram para Virgínia, nos Estados Unidos, gravar um filme sobre Olavo de Carvalho, que já estampava timidamente algumas camisetas nos protestos pelo impeachment, com a frase: “Olavo tem razão”.

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