Brasil247 – A cena em que um tamanduá mirim tenta fugir de uma queimada na Amazônia, registrada pelas lentes do fotógrafo Araquém Alcântara, tem tudo para se tornar o símbolo de uma luta internacional pela preservação da Amazônia, assim como as imagens de ursos sobre calotas de gelo que derretem passaram a simbolizar os efeitos do aquecimento global. O risco da insensatez de Jair Bolsonaro é que o Brasil receba sanções contra o agronegócio e, no limite, venha até a perder a soberania sobre a Amazônia.
A imagem é dramática. Cego pelo fogo, um tamanduá mirim tenta fugir de uma queimada na região Amazônica. Mais uma. Dados do Programa Queimadas, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) apontam que a Amazônia concentra 52,5% dos focos de queimadas de 2019. Neste ano, o número de queimadas aumentou 82% em relação ao mesmo período de 2018. Foram 71.497 focos neste ano. Destes, 13.641 ocorreram no Mato Grosso, onde foi captada a imagem pelo fotógrafo Araquém Alcântara.
A devastação acontece num momento em que Jair Bolsonaro ataca deliberadamente o meio ambiente. O Brasil acaba de perder R$ 150 milhões que eram destinados pela Alemanha e pela Noruega ao Fundo Amazônia e os dois países foram insultados por Bolsonaro. No caso da Noruega, o presidente do Brasil chegou até a publicar um vídeo com imagens da Dinamarca para atacar os noruegueses sobre matanças de baleias – e até agora não se retratou.
O estímulo de Bolsonaro à destruição da floresta amazônica terá dois efeitos práticos. O primeiro será fazer com que países europeus imponham sanções ao agronegócio brasileiro. Dias atrás, os principais meios de comunicação da Alemanha cobraram punições ao agronegócio brasileiro (saiba mais aqui) – o que pode favorecer exportações de soja e de alimentos dos Estados Unidos, país para o qual Bolsonaro bate continência. Ou seja: o país que mais se favorece com a destruição da Amazônia é justamente aquele governado por Donald Trump.
O segundo efeito, mais perigoso para o Brasil, é o lançamento de uma campanha para que o país perca soberania sobre a maior parte de seu território, uma vez que seria declarado incapaz de preservar a floresta. Como a Amazônia é fundamental para equilíbrio ecológico global, ela poderá vir a ser declarada patrimônio da Humanidade – e não mais do Brasil – uma vez que o governo brasileiro age deliberadamente para destruí-la.
Neste caso, o tamanduá cego pelo fogo de Araquêm Alcântara poderá se tornar uma imagem tão icônica quanto os ursos sobre calotes de gelo no Ártico, que se tornaram símbolo do aquecimento global.
Abaixo, um vídeo emocionante do fotógrafo:
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