APÓS FALA DE MACRON, GOVERNO BOLSONARO DIZ QUE SOBERANIA DO BRASIL NÃO ESTÁ EM DISCUSSÃO

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APÓS FALA DE MACRON, GOVERNO BOLSONARO DIZ QUE SOBERANIA DO BRASIL NÃO ESTÁ EM DISCUSSÃO
O presidente francês, Emmanuel Macron, afirmou que debate sobre status internacional da Amazônia ‘permanece em aberto’ Foto: – / AFP

oglobo.globo.com | BRASÍLIA — O governo brasileiro reagiu às declarações do  presidente francês, Emmanuel Macron , sobre a internacionalização jurídica da Amazônia e, por meio do porta-voz Otávio do Rêgo Barros, disse que a soberania do país não está em discussão.

Ele afirmou que sobre a floresta localizada no território nacional falam apenas o Brasil, suas Forças Armadas e sua sociedade.

— Não há discussão sobre a soberania do país. Outra pergunta — respondeu, de forma ríspida, Rêgo Barros, ao ser questionado sobre a fala de Macron.

A resposta à imprensa foi dada na saída do Ministério da Defesa, onde Bolsonaro se reuniu com ministros  para discutir a crise envolvendo a Amazônia Legal. O presidente deixou o local sem falar com os repórteres.

Em outro momento, o porta-voz foi indagado se o governo brasileiro não via como uma afronta a declaração do presidente francês, que, mais cedo, disse que o debate sobre internacionalização da Amazônia está “em aberto”.

— Sobre a Amazônia brasileira falam o Brasil, as suas Forças Armadas e, mais do que o Brasil e suas Forças Armadas, a sua sociedade, que são suas forças armadas não fardadas — disse Rêgo Barros.

A declaração de Macron foi dada durante o anúncio para um acordo de US$ 20 milhões (pouco mais de R$ 80 milhões) para uma ajuda emergencial contra as  queimadas  na  Amazônia, no último dia do encontro do  G7  (Estados Unidos, França, Reino Unido, Alemanha, Japão, Itália e Canadá), em Biarritz, na França.

Ao ser questionado se o governo brasileiro aceitará a oferta de ajuda internacional, o porta-voz disse que a decisão caberá ao Ministério das Relações Exteriores.

‘Crise fabricada’

Em publicação nas redes sociais, o chanceler Ernesto Araújo —que também participou da reunião com Bolsonaro nesta segunda — sinalizou que o governo poderá não aceitar a oferta anunciada pelo presidente francês.

Segundo o ministro, “está muito evidente o esforço, por parte de algumas correntes políticas, de extrapolar questões ambientais reais transformando-as numa ‘crise’ fabricada, como pretexto para introduzir mecanismos de controle externo da Amazônia”.

“O Brasil não aceitará nenhuma iniciativa que implique relativizar a soberania sobre o seu território, qualquer que seja o pretexto e qualquer que seja a roupagem”, escreveu o Araújo.

Na publicação, o chanceler criticou Macron, afirmando que ele não conseguiu “não conseguiu emplacar sua ideia de uma ‘iniciativa para a Amazônia” no comunicado do G7.

Segundo Araújo, o francês a apresentou para a imprensa para  “dar a impressão de que foi consenso dos países do grupo”.

“Ninguém precisa de uma nova ‘iniciativa para a Amazônia’, como sugere o presidente Macron, quando já existem no âmbito da Convenção do Clima da ONU vários mecanismos para financiar o combate ao desmatamento e o reflorestamento”, escreveu.

Em seguida, o chanceler brasileiro disse que “espera-se que que a França (assim como outros países desenvolvidos) cumpra seus compromissos já assumidos nesses mecanismos, tais como o Redd+, os créditos de carbono de Kyoto e o Fundo Verde do Clima”.

O ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva, disse que o tema não foi tratado na reunião desta segunda-feira à tarde.

— O Ministério das Relações Exteriores vai trabalhar essas ofertas se elas vierem a se concretizar — disse o porta-voz.

Bolsonaro convocou a reunião às pressas nesta segunda-feira. O compromisso não estava na agenda do presidente nem dos ministros presentes.

Participaram do encontro os ministros Fernando Azevedo (Defesa), Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional), Sérgio Moro (Justiça), Onyx Lorenzoni (Casa Civil), Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo) e Ernesto Araújo (Relações Exteriores).  Ainda estiveram presentes os comandantes do Exército, Edson Pujol, e da Aeronáutica, Antônio Bermudez, e o porta-voz da Presidência, Otávio Rêgo Barros.

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