VAIA HISTÓRICA: BOLSONARO E MORO FORAM REPROVADOS NO TESTE DE POPULARIDADE NO MARACANÃ

Brasil247 – Na sexta-feira, (5) Jair Bolsonaro cutucou a onça com vara curta:. Em tom provocativo, disse que iria com Moro ao Maracanã e que “O povo vai dizer se estamos certos”. Neste domingo (7), no Maracanã, tomou uma vaia histórica.

Questionado na sexta-feira sobre as relevações das entreanha da Lava Jato pelo site Intercept, Bolsonaro tentou buscar abrigo no que imagina ser um grande apoio popular a ele. “Pretendo domingo não só ir assistir à final do Brasil com Peru, bem como, se for possível, se a segurança me permitir, irei com o Sérgio Moro junto ao gramado. E o povo vai dizer se nós estamos certos ou não”, afirmou após evento no Batalhão da Guarda Presidencial, em Brasília.

Veja o que Bolsonaro colheu no Maracanã:

https://www.facebook.com/mauro.lopes.925602/videos/2269514393266235/

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JURISTAS VEEM FALTA GRAVE NA CONDUTA DE MORO REVELADA PELAS MENSAGENS

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JURISTAS VEEM FALTA GRAVE NA CONDUTA DE MORO REVELADA PELAS MENSAGENS

Da Folha: Políticos, juristas e ministros do Supremo avaliam que a nova publicação de diálogos entre o ex-juiz Sergio Moro e procuradores da Lava Jato elevou a pressão sobre o agora ministro da Justiça. Dois integrantes do STF disseram que, nas conversas publicadas pela revista Veja em parceria com o The Intercept, há, pela primeira vez, indicação cristalina de, no mínimo, falta administrativa grave. Até operadores do direito que estavam ao lado de Moro ou em posição de observação deram passo atrás.

Os trechos com maior repercussão no universo jurídico são os que indicam que Moro, então juiz, solicitou a inclusão de documentos em peças de acusação e também orientou investigadores a retardarem o cadastramento de papéis que imputavam pessoas com foro privilegiado, manipulando o timing de remessa de informações ao STF.

O jurista Miguel Reale Júnior, um dos autores do pedido de impeachment de Dilma Rousseff, subiu o tom de suas avaliações sobre o caso. Ele, que antes dizia que era preciso aguardar os desdobramentos, agora afirma que “se vê efetivamente um pendor do juiz na orientação da acusação”. Para Reale, as conversas registradas pela revista e pelo site apontam “um interesse do juiz em favor da acusação, tanto faz contra Lula, Cunha ou Cabral”. “O que espanta é essa proximidade. Conspirando contra a defesa. Presumia-se que a 13ª Vara fosse um juízo rigoroso, mas não comprometido.”

Integrantes da elite acadêmica do direito sinalizam entendimento na mesma direção. Entre os políticos, é consenso que os diálogos publicados nesta sexta-feira (5) adicionam novo componente à crise. A solução, eles afirmam, só virá do Supremo. Moro rechaça qualquer ilegalidade.

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ALTMAN: BOLSONARO ESTÁ TENTANDO CONSTRUIR UM ESTADO POLICIAL

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ALTMAN: BOLSONARO ESTÁ TENTANDO CONSTRUIR UM ESTADO POLICIAL

Brasil247 – O jornalista Breno Altman, em análise à TV 247, avalia as manifestações ocorridas no último domingo (30) em defesa de Sérgio Moro e também pelo fechamento das instituições, e considera que Bolsonaro investe “na transição de regime político entre a democracia liberal da Nova República para um Estado policial”; assista.

Brasil247 – O jornalista Breno Altman, em análise à TV 247, avaliou as manifestações ocorridas no domingo passado (30), em defesa de Sérgio Moro e em parte também pelo fechamento das instituições, e considera que o presidente Jair Bolsonaro investe “na transição de regime político entre a democracia liberal da Nova República para um Estado policial”.

Altman também expõe que tais manifestações são fundamentais para a extrema-direita fazer a defesa da Lava Jato, operação que ele considera “pilar do bolsonarismo”.

No entanto, o jornalista constata que as manifestações organizadas pela extrema-direita foram menores do que as ocorridas em 26 de maio, quando grupos isolados saíram às ruas em defesa de Bolsonaro.

Ao analisar a sentença do STF que negou mais um habeas corpus ao ex-presidente Lula, Altman aponta que a suprema Corte é política. “A liberdade de Lula promoveria uma mudança drástica na conjuntura política brasileira”, diz ele.

Ele acrescenta que “a pressão das ruas irá determinar a liberdade do ex-presidente”.

 

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FAUSTÃO CONFIRMA QUE MENSAGENS SÃO VERDADEIRAS E ENTREGA MORO

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FAUSTÃO CONFIRMA QUE MENSAGENS SÃO VERDADEIRAS E ENTREGA MORO

PLANTÃO BRASIL – Citado nos novos diálogos revelados pela revista Veja e o site The Intercept Brasil hoje, o apresentador Fausto Silva, da TV Globo, disse que não há novidade na conversa divulgada e que são coisas que ele fala em seu programa toda semana.

Também afirmou, segundo nota lida nesta tarde pela jornalista Maria Beltrão no programa “Estúdio i”, da GloboNews, acreditar que o combate à corrupção, dentro da lei, é essencial.

“Não tem novidade nessa conversa. São coisas que eu falo no meu programa toda semana há mais de 30 anos. Eu defendo a educação e a comunicação clara e direta e, como todo brasileiro, acho que o combate à corrupção, dentro da lei, é essencial nesse país e deve ser feito 24 horas por dia”, diz o apresentador em nota.

Os diálogos publicados pela revista Veja, em parceria com o Intercept, mostram que Sergio Moro, ex-juiz e atual ministro da Justiça de Jair Bolsonaro, relatou ao coordenador da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol, um encontro com Faustão.

O apresentador parabenizou Moro pelo trabalho da Lava Jato e deu conselhos para que os procuradores falassem de forma mais simples, para que toda a população entendesse, segundo a mensagem obtida pelo Intercept.

“Ele disse que vcs nas entrevistas ou nas coletivas precisam usar uma linguagem mais simples. Para todo mundo entender. Para o povão. Disse que transmitiria o recado. Conselho de quem está a [sic] 28/anos na TV. Pensem nisso”, escreveu Moro ao procurador em 7 de maio de 2016, conforme a mensagem revelada hoje na Veja.

Segundo a revista, o apresentador confirmou o encontro e o teor da conversa com o então juiz.

B-O-M-B-A: NOBLAT DIZ QUE VEJA TEM 2 MIL ÁUDIOS DA VAZA JAT

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B-O-M-B-A: NOBLAT DIZ QUE VEJA TEM 2 MIL ÁUDIOS DA VAZA JAT

PLANTÃO BRASIL – O jornalista Ricardo Noblat, colunista da revista Veja afirmou nesta sexta-feira, 5, que a revista Veja cerca de dois aúdios de conversas da Vaza Jato. “Só áudios são cerca de 2 mil. Essa informação acabo de apurar”, disse Noblat pelo Twitter.

Na edição que está nas bancas nesta sexta, a Veja traz reportagem com diálogos que mostram que o ex-juiz Sergio Moro orientou procuradores da Lava Jato na condução de novas operações, alertou sobre prazos, recusou delação premiada do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha e tentou driblar o Supremo Tribunal Federal (STF).

A reportagem mostra também diálogo do procurador Deltan Dallagnol celebrando o apoio do ministro do STF Edson Fachin à Lava Jato. “Aha uhu o Fachin é nosso”, disse Deltan em grupo de procuradores do Telegram (leia mais no Brasil 247).

Em parceria com o The Intercept, a Veja disse ter realizado o mais completo mergulho já feito no acervo da Vaza Jato. Foram analisadas pela reportagem 649?551 mensagens.

 

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VEJA ASSUME QUE ERROU AO TER TRATADO MORO COMO HERÓI: “DIÁLOGOS VIOLAM O DEVIDO PROCESSO LEGAL”

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VEJA ASSUME QUE ERROU AO TER TRATADO MORO COMO HERÓI: “DIÁLOGOS VIOLAM O DEVIDO PROCESSO LEGAL”

Ao contrário do que dizem Moro e Dallagnol, a revista afirma ainda que “todas as comunicações são verdadeiras — palavra por palavra”

REVISTA FÓRUM – revista Veja, que chega às bancas nesta sexta-feira (5), faz um mea culpa em seu editorial “Carta ao Leitor”, onde afirma que, apesar de ter tratado o ministro da justiça Sérgio Moro como um herói nacional várias vezes em suas capas – agora reconhece que a conduta do então juiz da Lava Jato era bastante problemática e que a condução dos processos da Lava Jato não se deu de acordo com a lei.

A Veja publica explosiva reportagem de capa, feita em parceria com o The Intercept, onde mostra que o ministro da Justiça, Sérgio Moro, cometeu, sim, irregularidades enquanto atuava como juiz da Lava Jato.

No texto, os editores da Veja explicam que, após analisarem o arquivo por semanas em conjunto com os jornalistas do Intercept, a narrativa de Moro como herói nacional ou como juiz imparcial torna-se insustentável. Para a revista, “fica evidente que as ordens do então juiz eram cumpridas à risca pelo Ministério Público e que ele se comportava como parte da equipe de investigação, uma espécie de técnico do time — não como um magistrado imparcial”.

O editorial da Veja também refuta a estratégia que vem sendo empregada por Moro, Dallagnol e os demais procuradores da Lava Jato de insinuar que o material publicado pode ser editado ou falso:

“Assim como a Folha de São Paulo, também parceira do site, analisamos dezenas de mensagens trocadas entre membros do nosso time ao longo dos anos e os procuradores. Todas as comunicações são verdadeiras — palavra por palavra (o que revela fortíssimos indícios de veracidade do conjunto).”

Na sua “Carta ao Leitor”, a Veja reconhece seu papel na construção da imagem de Moro como uma espécie de super-herói da ética, um mito que, como demonstra a matéria, não tem base na realidade. Acima do texto, a revista traz imagens de cinco capas publicadas nos últimos anos (foto), todas elogiando as virtudes de Moro, acompanhadas da legenda:

“TRATADO COMO HEROI – O ex-juiz Sergio Moro foi capa de VEJA em diversas oportunidades, a maioria a favor: embora tenha sido fundamental na luta contra a corrupção, não se pode fechar os olhos antes às irregularidades cometidas.”

A revista reconhece que “Poucos veículos de mídia celebraram tanto o trabalho do ex-juiz na luta contra a corrupção (veja capas acima). O que mudou foi que a revista tomou conhecimento da conduta antiética e imprópria de Moro na Lava Jato, e que é, portanto, a responsabilidade jornalística da revista revelar e expor – não esconder ou justificar – essa conduta.

“Mas os diálogos que publicamos nesta edição violam o devido processo legal, pilar fundamental do Estado de Direito — que, por sinal, é mais frágil do que se presume, ainda mais na nossa jovem democracia. Jamais seremos condescendentes quando as fronteiras legais são rompidas (mesmo no combate ao crime). Caso contrário, também seríamos a favor de esquadrões da morte e justiceiros. “

A revista encerra com um apelo à defesa do Estado de Direito: “Na Lava-Jato ou nas operações que virão no futuro, é fundamental que a batalha contra a corrupção seja feita de acordo com o que diz o regime constitucional. Esta é a defesa de todos os brasileiros contra os exageros do Estado”.

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SAIU A VAZA JATO: VEJA ACABA COM A CARREIRA DE MORO E MOSTRA QUE ELE FOI PARCIAL EM VÁRIOS CASOS

SAIU A VAZA JATO: VEJA ACABA COM A CARREIRA DE MORO E MOSTRA QUE ELE FOI PARCIAL EM VÁRIOS CASOS

PLANTÃO BRASIL – No material que o Intercept diz ter recebido de uma fonte anônima, há quase 1 milhão de mensagens, totalizando um arquivo com mais de 30?000 páginas. Só uma pequena parte havia sido divulgada até agora — e ela foi suficiente para causar uma enorme polêmica.

Em parceria com o site, VEJA realizou o mais completo mergulho já feito nesse conteúdo. Foram analisadas pela reportagem 649?551 mensagens. Palavra por palavra, as comunicações examinadas pela equipe são verdadeiras e a apuração mostra que o caso é ainda mais grave. Moro cometeu, sim, irregularidades.

Fora dos autos (e dentro do Telegram), o atual ministro pediu à acusação que incluísse provas nos processos que chegariam depois às suas mãos, mandou acelerar ou retardar operações e fez pressão para que determinadas delações não andassem. Além disso, revelam os diálogos, comportou-se como chefe do Ministério Público Federal, posição incompatível com a neutralidade exigida de um magistrado.

Na privacidade dos chats, Moro revisou peças dos procuradores e até dava bronca neles. “O juiz deve aplicar a lei porque na terra quem manda é a lei. A justiça só existe no céu”, diz Eros Grau, ex-ministro do Supremo Tribunal Federal, falando em tese sobre o papel de um magistrado. “Quando o juiz perde a imparcialidade, deixa de ser juiz.”

Dentro da relação estabelecida pela dupla, chama atenção também o momento em que Dalla­gnol dá dicas ao “chefe” sobre argumentos para garantir uma prisão. Isso aconteceu em 17 de dezembro de 2015, quando Moro informa que precisa de manifestação do MPF no pedido de revogação da prisão preventiva de José Carlos Bumlai, pecuarista e amigo de Lula. “Ate amanhã meio dia”, escreve. Dalla­gnol garante que a ação será feita e acrescenta: “Seguem algumas decisões boas para mencionar quando precisar prender alguém…”. À luz do direito, é tão constrangedor quanto se Cristiano Zanin Martins fosse flagrado passando a Moro argumentos para embasar um habeas­-corpus a favor de Lula.

Não seria um escândalo se um magistrado atuasse nas sombras alertando um advogado de que uma prova importante para a defesa de seu cliente havia ficado de fora dos autos? Pois isso aconteceu na Lava-Jato, só que em favor da acusação. Uma conversa de 28 de abril de 2016 mostra que Moro orientou os procuradores a tornar mais robusta uma peça. No diálogo, Deltan Dalla­gnol, chefe da força-tarefa em Curitiba, avisa à procuradora Laura Tessler que Moro o havia alertado sobre a falta de uma informação na denúncia de um réu — Zwi Skornicki, representante da Keppel Fels, estaleiro que tinha contratos com a Petrobras para a construção de plataformas de petróleo, e um dos principais operadores de propina no esquema de corrupção da Petrobras.

Uma das obsessões de Moro envolvia manter os casos da Lava-Jato em seu poder em Curitiba, a exemplo dos processos de Lula do tríplex do Guarujá e do sítio de Atibaia. Nesse esforço, o magistrado mentiu a um ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) ou, na hipótese mais benigna, ocultou dele uma prova importante, conforme mostra um dos diálogos.

A conversa em questão se refere ao caso de Flávio David Barra, preso em 28 de julho de 2015, quando presidia a AG Energia, do grupo Andrade Gutierrez. Sua detenção ocorreu na Operação Radioatividade, relacionada a pagamentos de propina feitos por empreiteiras, entre elas a Andrade Gutierrez, a Othon Luiz Pinheiro da Silva, da Eletronuclear, responsável pela construção da usina nuclear Angra 3.

Em 25 de agosto, a defesa de Barra pede ao ministro do STF Teori Zavascki a suspensão do processo tocado pela 13ª Vara de Curitiba, alegando que Moro não tinha competência para julgar o caso por haver indício de envolvimento de parlamentares, entre eles o então senador Edison Lobão (MDB-MA).

Diante da reclamação, Zavascki cobra explicações de Moro, que diz não saber nada sobre o envolvimento de parlamentares.

A relação entre Moro e Dalla­gnol era tão próxima que abre espaço para que eles comemorem nas conversas o sucesso de algumas etapas da Lava­-Jato, como se fossem companheiros de trabalho festejando metas alcançadas.

Em 14 de dezembro de 2016, Dallagnol escreve ao parceiro para contar que a denúncia de Lula seria protocolada em breve, enquanto a de Sérgio Cabral já seria registrada no dia seguinte (o que de fato ocorreu). Moro responde com um emoticon de felicidade, ao lado da frase: “ um bom dia afinal”. A proximidade rendeu ainda lances curiosos.

Em 9 de julho de 2015, Dallagnol saúda o colega: “bem vindo ao telegram!!”. Cinco meses depois, dá dicas ao juiz de como usar o programa no desktop, enviando no chat um link para o download. “Se puder me mandar no e-mail, agradeço. O tico e o teco da informática aqui não são muito espertos”, responde Moro. Em março de 2017, Dallagnol escreve ao juiz para tirar uma dúvida: ele assina o primeiro nome com ou sem acento? O motivo é que o procurador estava revisando um livro sobre Moro.
“Não uso normalmente o acento”, responde o juiz. Em julho de 2018, Dallagnol atua como assessor de imprensa, perguntando a Eduardo El Hage, um colega do Ministério Público Federal no Rio, detalhes de um pedido de participação de Moro em um programa do canal fechado HBO: “Eles contataram o Moro aqui e ele queria ter o contexto e informações que possam ser úteis pra ele decidir se atende”.

Em um dos períodos mais tensos da operação, o que se seguiu à ação do juiz que torna público o famoso trecho do grampo telefônico em que Dilma Rousseff envia o “Bessias” para entregar a Lula o termo de posse em seu ministério, Dallagnol combina em um dos chats com procuradores uma nota de apoio a Moro e repassa ao grupo uma sugestão do próprio juiz para o texto. Na mesma época, Moro também recebe um afago e conselho de um interlocutor no Telegram (tudo indica, o procurador Carlos Fernando dos Santos Lima). “O movimento seria nas sombras, como você mesmo disse”, escreve, referindo-se ao convite de Dilma para Lula. “O seu capital junto à população vai proteger durante um tempo. As coisas se transformam muito rápido.”

Na terça 2, Moro (que, por sinal, não faz mais parte da Lava-Jato) ficou sete horas no Congresso respondendo a parlamentares sobre o caso. Repetiu o que tem dito nas últimas semanas: os diálogos divulgados foram fruto de um roubo, podem ter sido editados e, mesmo verdadeiros, não apontam nenhum tipo de desvio.

A cada nova revelação, fica mais difícil sustentar esse discurso. Na sentença em que condenou Lula, o ex­-juiz anotou que “não importa quão alto você esteja, a lei ainda está acima de você”. A frase cabe agora perfeitamente em sua situação atual.

Levado ao Ministério da Justiça para funcionar como uma espécie de esteio moral da gestão Bolsonaro, ele ainda goza de grande popularidade, mas hoje depende do apoio do presidente para se manter no cargo. Independentemente do seu destino, o caso dos diálogos vazados representa uma oportunidade para que o país discuta os excessos da Justiça e o fortalecimento dos direitos do cidadão. Um país onde as instituições funcionam não precisa de nenhum Super-Homem.

DELTAN DALLAGNOL: “AHA, UHU, O FACHIN É NOSSO”

DELTAN DALLAGNOL:

Brasil247 –  Um dos diálogos mais escandalosos entre Sérgio Moro e Deltan Dallagnol da reportagem publicada pela revista Veja em parceria com o Intercept nesta sexta-feira (5) é uma referência ao ministro Edson Fachin, do Supremo: “Em 13 de julho de 2015, Dallagnol sai exultante de um encontro com o ministro Edson Fachin e comenta com os colegas de MPF: ‘Caros, conversei 45 m com o Fachin. Aha uhu o Fachin é nosso’.

A relação da operação Lava Jato com ministros do STF é um dos aspectos mais sensíveis do material do Intercept em parceria com diversos veículos de comunicação. Na divulgação realizada no último dia 12 por Reinaldo Azevedo na Bandnews, foi revelada a frase que passou a perseguir Moro: “In Fux we trust”. Outro episódio relacionado ao STF que aparece no material Intercept-Veja é a incrível mentira de Moro ao ministro Teori (leia aqui).

Leia o caso “in Fux we trust”:

Em um grupo de procuradores, Dallagnol conta ter conversado “mais uma vez com Fux hoje, reservado, é claro”. “O ministro Fux disse quase espontaneamente que Teori Zavascki fez queda de braço com Moro e se queimou, e que o tom da resposta de Moro foi ótimo”, escreveu, em referência à repreensão feita por Teori a Moro pelos grampos de Dilma Rousseff.

“Fux disse para contarmos com ele para o que precisarmos, mais uma vez. Só faltou, como bom carioca, chamar-me para ir à casa dele rs”, acrescentou. “Mas os sinais foram ótimos, falei da importância de nos protegermos como instituições, especialmente no novo governo”, completou.

As mensagens foram encaminhadas por Dallagnol para o então juiz Sérgio Moro, que respondeu, em tom de intimidade. “Excelente, in Fux we trust”, escreveu Moro, em inglês, o que pode ser traduzido como “no Fux a gente confia”.

 

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FAUSTÃO, DA GLOBO, ORIENTOU COMUNICAÇÃO DE MORO E PROCURADORES

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FAUSTÃO, DA GLOBO, ORIENTOU COMUNICAÇÃO DE MORO E PROCURADORES

(Foto: Reprodução | Lula Marques | ABr)

Brasil247 –  A reportagem Intercept-Veja que veio à luz nesta sexta revela chega às bancas nesta sexta-feira revela que o apresentador Fausto Silva orientou a comunicação de Moro e dos procuradores da Lava Jato; numa mensagem, Moro diz a Dallagnol, que Fausto Silva havia aconselhado os integrantes da operação a usarem “linguagem mais simples”, “para o povão”

No diálogo transcrito das mensagens do aplicativo Telegram, datado do dia 7 de maio de 2016, Moro, diz ter sido procurado por Faustão que queria cumprimentá-lo pelo trabalho da Lava Jato. Na ocasião, Moro destaca que o apresentador aconselhou que os integrantes da operação mudassem a linguagem “para todo mundo entender”.

“Ele [Fausto Silva] disse que vcs nas entrevistas ou nas coletivas precisam usar uma linguagem mais simples. Para todo mundo entender. Para o povão. Disse que transmitiria o recado. Conselho de quem está a (sic) 28/anos na TV. Pensem nisso”, escreveu Moro.

Segundo a reportagem, o apresentador Fausto Silva confirmou o encontro e o teor da conversa mantida com Moro.

 

PERMISSÃO PARA PMS DAREM AULA É “CRIME CONTRA A EDUCAÇÃO”, CRITICA PRESIDENTE DA CNTE

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PERMISSÃO PARA PMS DAREM AULA É

A única condição para o exercício simultâneo de cargos é a compatibilidade de horários, com a “prevalência da atividade militar” / Foto: Eduardo Saraiva/A2IMG/Fotos Públicas

Policiais e bombeiros agora podem acumular seus cargos militares com cargos públicos nas áreas de saúde e da educação.

Lu Sudré – Brasil de Fato | São Paulo (SP) – A Emenda Constitucional 101/2019, promulgada no Congresso Nacional nesta quarta-feira (3), permite que policiais e bombeiros acumulem seus cargos militares com cargos públicos nas áreas de saúde e educação. A única condição para o exercício simultâneo de cargos é a compatibilidade de horários, com a “prevalência da atividade militar”. A proposta foi apresentada em 2013 pelo ex-deputado Alberto Fraga (DEM-DF), que é coronel da reserva da Polícia Militar do Distrito Federal.

No plenário a convite de Davi Alcolumbre (DEM-AP), presidente do Senado, Fraga comemorou a autorização para que seus colegas de farda possam ensinar “os valores militares” às crianças e adolescentes das escolas públicas.

“Eu me orgulho muito da formação militar. Todos nós podemos passar para a juventude os valores de disciplina e hierarquia, hoje tão necessários na sociedade brasileira”, disse o ex-deputado, que em setembro de 2018 foi condenado em 1ª instância a 4 anos, 2 meses e 20 dias de prisão em regime semiaberto por cobrança de propina no setor de transportes, no valor de R$ 350 mil.

Críticas

A possibilidade da dupla função gerou revolta entre profissionais da área da educação.

“Lugar de policial não é na escola”, disse Denise Carreira, doutora em educação pela Universidade de São Paulo (USP). “Essa emenda vem abrir o espaço da escola, sobretudo das escolas públicas, para as forças de segurança. Mas as forças de segurança pública, policiais, bombeiros, têm um outro papel na sociedade, uma outra função social que não é estarem nas escolas públicas. Nas escolas, precisamos ter professoras e professores qualificados”, critica Carreira, que também é coordenadora institucional da Ação Educativa.

Para ela, a emenda faz coro a um movimento de militarização de escolas públicas, defendida como solução única para os problemas do ensino básico. “A solução é mais investimento financeiro, professores que sejam valorizados, menos alunos por turma. A solução é a implementação da nossa lei do Plano Nacional de Educação (PNE), não termos forças militares na escola”, adverte.

Segundo informações da Agência Senado, Marcos Rogério, outro senador do DEM, declarou que as forças policiais dos estados são “absolutamente preparadas” para a tarefa de lecionar.

Heleno Araújo, presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), teme, no entanto, que o “notório saber”, previsto na Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) e aprovado pela reforma do ensino médio do governo Michel Temer (MDB), seja aplicado para os policiais militares.

Antes desse inciso, eram considerados profissionais da educação básica apenas formados em Pedagogia e cursos de licenciatura, além de habilitados em nível médio para a docência. Após sua aprovação, profissionais de todas as áreas podem dar aula no ensino médio.

“Utilizar o notório saber para o ensino médio é utilizar policiais e bombeiros para encher as salas de aula com profissionais que não possuem licenciatura. É uma manobra, é um crime contra a educação brasileira”, ressalta Araújo.

“A pessoa sem licenciatura, sem conhecimento, vai lá pegar dinheiro. Não tem nenhuma preocupação com o aluno. Até porque não tem formação, capacidade e paciência. Vai trazer o aprendizado da forma militar para impor à força uma disciplina obrigatória dentro do espaço da escola, sem o diálogo necessário para construir o processo de cidadania dos nossos estudantes”, alerta o presidente da CNTE.

Em sua fala após a promulgação da emenda, Davi Alcolumbre comemorou o fato de que, a partir de agora, os governos gastarão menos com a contratação de professores civis habilitados.

“A medida é benéfica inclusive para a administração pública, que poderá realizar menos contratações para prestar mais serviços públicos. Será autorizado aos estados valer-se da mão de obra altamente qualificada dos militares em setores carentes como educação e saúde”, afirmou o presidente do Senado.

Já para Heleno Araújo, a medida precariza o ensino, que de acordo com ele, já possui uma alta taxa de contratação temporária de professores em todo o país. “Querem fazer ‘um bico’ na educação. O trabalho preferencial, o maior tempo de serviço, será dedicado ao serviço militar. O que ‘sobrar’ de tempo vão poder utilizar na educação e na saúde. Isso é terrível porque as pessoas irão complementar a renda por meio do notório saber, podendo impactar o ensino médio e a educação brasileira”, critica.

Retrocesso

Denise Carreira é enfática ao afirmar que, em tempos de “Escola Sem Partido”, policiais militares dentro da sala de aula simbolizam que “a educação brasileira está sendo disputada por grupos ultraconservadores, que estão, nesse momento, governando o país”.

A especialista endossa que a presença de militares nas salas de aula pode fortalecer o autoritarismo na escola, na contramão de uma educação libertária e democrática.

“A sociedade precisa de uma educação que estimule crianças e adolescentes jovens e adultos a pesquisar, construírem soluções colaborativas. A escola tem que ser o lugar da dúvida, da pesquisa, da indagação, da pergunta. E não pode ser o lugar da hierarquia e da disciplina. Isso não tem nada a ver com as necessidades que a sociedade brasileira precisa”, diz, em referência à declaração de Alberto Fraga.

“A emenda nega os avanços de uma sociedade que precisa de uma educação transformadora e não uma educação para obediência, para o silêncio”, lamenta Carreira.

Em nota publicada nesta quinta-feira (4), a CNTE argumenta que a dupla função dos PMs e bombeiros não pode prejudicar a já precarizada função dos demais professores: “A CNTE reitera seu compromisso em não permitir que o acúmulo de cargos para os militares estaduais na área da educação sirva de subterfúgio para substituir os atuais professores (concursados em fase de aposentadoria ou não concursados) por militares em regime de contrato temporário ou congêneres, tampouco para estimular a gestão militarizada de escolas públicas. A EC 101 trata especificamente de acúmulo de cargo militar com cargo civil nas áreas de educação e saúde, sendo que para a educação o ingresso deve ocorrer somente através de concurso público de provas e títulos e desde que atendidos os critérios da formação profissional”, diz o texto.

A reportagem do Brasil de Fato questionou o Ministério da Educação sobre como funcionará o processo do acúmulo de funções de policiais militares que desejarem lecionar, mas não obteve resposta até o fechamento da matéria.

Edição: Daniel Giovanaz

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