POLÍCIA PRENDE HOMEM QUE CONFESSOU TER ASSASSINADO MILITANTE DO MST EM VALINHOS (SP)

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POLÍCIA PRENDE HOMEM QUE CONFESSOU TER ASSASSINADO MILITANTE DO MST EM VALINHOS (SP)

Caminhonete usada no atropelamento também foi apreendida / Igor Carvalho

Famílias do acampamento Marielle Vive distribuíam alimentos quando foram atropeladas por caminhonete

Igor Carvalho | Brasil de Fato | Valinhos (SP) – A Polícia Civil prendeu, por volta das 17h30 quinta-feira (18), Leo Luiz Ribeiro, que confessou ter assassinado Luis Ferreira da Costa, de 72 anos, militante do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), durante uma manifestação pela manhã em Valinhos (SP).

Após prestar depoimento na delegacia da Polícia Civil do 1º Distrito de Valinhos, ele foi transferido (vídeo abaixo) para cadeia pública anexa à 2ª Delegacia de Polícia de Campinas (SP).

https://www.facebook.com/brasildefato/videos/464978280746473/

Leo Luiz Ribeiro é dono de uma oficina mecânica, na qual trabalha com outros dois irmãos. O veículo utilizado no crime é uma caminhonete modelo Mitsubishi Hylux L-200, com placas de Valinhos. O carro foi apreendido. No painel, havia uma bandeira do Brasil.

À reportagem do Brasil de Fato, a esposa dele, que não quis se identificar, disse que o marido só soube que havia assassinado o idoso ao chegar em casa, e entrou em pânico.

O vídeo abaixo mostra uma discussão na delegacia, do lado de fora do interrogatório, em que os irmãos do homem detido falam sobre o atropelamento:

https://www.facebook.com/brasildefato/videos/454320968754222/

O MST convocou um ato para às 10h deste sábado (20) em Valinhos, com local a confirmar, para protestar contra a violência no campo.

Dimitri Sales, presidente do Conselho Estadual de Direitos da Pessoa Humana de São Paulo (Condepe), disse que o crime deve ser analisado em um contexto de avanço dos discursos e das práticas de violência.

“Temos plena convicção de que esse crime de hoje tem a ver integralmente com a conjuntura, o contexto hoje vigente no nosso país. Um contexto que privilegia a morte em detrimento de políticas de promoção de direitos humanos, que privilegia a arma, acabar com o direito dos diferentes, que diz que ‘a partir de primeiro de janeiro sem-teto, sem-terra seriam tratados à base da bala'”, lembra, em referência ao presidente Jair Bolsonaro (PSL). “Isso tudo vai repercutindo na sociedade como um discurso institucional que autoriza o extermínio das populações que lutam pelos seus direitos. O que a gente vive no Brasil hoje é um Estado de exceção”, lamenta.

Nilcio Costa, advogado do MST, relatou à reportagem que, “de maneira exaltada, um dos irmãos do autor disse, em alto e bom som, que tinha mais era que ‘jogar caminhão em cima e passar por cima’ [dos militantes]”.

“Momentos antes, o pai já havia dito que tinha que fazer aquilo mesmo porque as pessoas estavam obstruindo a estrada”, finaliza. Costa disse que vai acompanhar o caso de perto para garantir que seja feita a justiça.

Caminhonete usada no crime, sem a identificação do emplacamento (Foto: Igor Carvalho)

Entenda o caso

O motorista avançou com sua caminhonete preta em alta velocidade sobre uma manifestação de famílias do acampamento Marielle Vive, em Valinhos (SP), a uma hora da capital do estado de São Paulo, na manhã desta quinta-feira (18).

Cerca de 500 integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), que vivem no local, distribuíam alimentos e protestam pelo fornecimento de água no acampamento.

Um deles, Luis Ferreira da Costa, não resistiu aos ferimentos e morreu antes de chegar à Unidade de Pronto Atendimento (UPA). Ele estava terminando um processo de alfabetização para adultos. Testemunhas afirmam que o assassino estava armado e ameaçou os manifestantes quando eles tentaram perseguir o veículo após o atropelamento.

O assassinato ocorreu no quilômetro 7 da Estrada do Jequitibá. De acordo com o relato dos manifestantes, o condutor da caminhonete deixou clara sua intenção de atingir os sem-terra. O movimento ainda apura o número de feridos.

“O protesto ocorria em frente ao acampamento. É uma estrada movimentada, mas eles estavam ali em denúncia à situação de falta de fornecimento de água no acampamento, distribuindo alimentos da reforma agrária e panfletos para os carros que passavam”, afirma Kelli Mafort, da direção do movimento.

Mil famílias vivem no Acampamento Marielle Vive, ocupado em 14 de abril de 2018 – um mês após a execução da vereadora Marielle Franco, no Rio de Janeiro – e localizado na Fazenda Eldorado Empreendimentos Ltda.

Em nota, o MST exige punição ao assassino, “que age sob o clima de terror contra os movimentos populares, incentivado por autoridades irresponsáveis que estão no governo brasileiro”.

Ao menos duas pessoas deram entrada no sistema de saúde municipal. Além de Luis Ferreira da Costa, que não resistiu aos ferimentos, o jornalista Carlos Filipe Tavares, de 59 anos, sofreu escoriações e passou por exames na UPA. Tavares já foi liberado.

Ao Brasil de Fato, a assessoria de comunicação da Prefeitura de Valinhos informou que havia uma reunião marcada para esta quarta-feira (17) sobre o fornecimento de água, mas a agenda acabou sendo adiada para esta quinta (18). A Prefeitura acrescenta que esta semana começou o fornecimento de água via caminhões-pipa.

Edição: Daniel Giovanaz

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PATROCINADOR DE FILME DA LAVA JATO DÁ CALOTE E ENTRA EM RECUPERAÇÃO JUDICIAL

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PATROCINADOR DE FILME DA LAVA JATO DÁ CALOTE E ENTRA EM RECUPERAÇÃO JUDICIAL

Brasil247 – A Justiça do Pará aceitou o pedido de recuperação judicial das empresas do grupo Jari, que entre outras atividades produz celulose solúvel no Vale do Jari, região amazônica entre os Estados do Pará e do Amapá, e é controlado pelo empresário Sérgio Amoroso, principal financiador do filme “Polícia Federal: A Lei é para Todos”. A dívida total sujeita ao processo é de R$ 1,75 bilhão. A intenção é apresentar o plano de recuperação dentro dos 60 dias previstos em lei.

Em entrevista ao jornal Valor Econômico, o presidente da Jari Celulose, Patrick Nogueira, disse que o grupo está conversando com os credores com o intuito de elaborar um plano de recuperação judicial que atenda a todos. “A Jari é um caso de recuperação judicial. Temos um mercado maravilhoso e só precisamos de tempo para arrumar a casa”, afirmou.

A Jari Celulose também teve problemas na conversão da fábrica de celulose de fibra curta para a celulose solúvel há alguns anos, o que levou à paralisação da operação por um longo período.

Em abril deste ano, o Banco do Brasil bloqueou as contas da Jari, levando-a a paralisar parte de sua produção. As empresas do grupo que entraram em recuperação judicial empregam cerca de 700 trabalhadores direto e dois mil indiretos.

‘A Lei é para Todos’

Amoroso foi um dos financiadores do filme “A Polícia Federal: A Lei é para Todos”, muito controverso porque mostrou apenas a visão de policiais federais. Antes das revelações do Intercept Brasil, que tiveram início em 9 de junho, a esquerda já denunciava a partidarização da Operação Lava Jato.

O site, que tem como um dos fundadores o jornalista norte-americano Glenn Greenwald, vem demonstrando um conluio entre o ex-juiz Sérgio Moro e procuradores do Ministério Público Federal (MPF-PR), o que feriu a equidistância entre magistrado e parte acusatória. Moro interferiu no trabalhos de integrantes do MPF-PR e sugeriu, por exemplo, inversão de ordem das fases das operações e recomendou acréscimo de informações na produção de provas.

O filme é narrado ate a condução coercitiva de Luiz Inácio Lula da Silva. Também mostra o dia em que o ex-presidente teve um diálogo com a então presidente Dilma Rousseff em 2016. Moro divulgou um grampo da conversa, o que era ilegal porque um dos participantes da conversa (Dilma) tinha prerrogativa de foro por função e, por consequência, caberia à primeira instância mandar as provas para a corte indicada. Moro pediu desculpas ao Supremo Tribunal Federal, mas não a Lula, nem a Dilma.

Será produzido um novo filme – “Polícia Federal: A Lei é para Todos 2” -, no qual não deverá aparecer a prisão de Lula, condenado sem provas, nem o vazamento das mensagens de Moro com procuradores em que aparecem a ilegalidades do ex-magistrado. A nova produção deverá mostrar aprofundamento das ações em Brasília e no Rio de Janeiro, saindo do foco em Curitiba.

Agora, após o vazamento de mensagens de Moro com procuradores, as irregularidades reveladas pelo Intercept, devem virar um filme. De acordo com Hanrrikson de Andrade, do blog Entre Quatro Poderes do Uol, imagens das audiências de Glenn Greenwald, editor do The Intercept, já têm sido captadas com objetivos cinematográficos.

EM DISCURSO NA CÚPULA DO MERCOSUL, BOLSONARO PEDE “ZELO” NA INDICAÇÃO DE EMBAIXADORES

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EM DISCURSO NA CÚPULA DO MERCOSUL, BOLSONARO PEDE “ZELO” NA INDICAÇÃO DE EMBAIXADORES

Além de Bolsonaro, compareceram ao evento Mauricio Macri (Argentina), Tabaré Vazquez (Uruguai) e Mario Abdo Benítez (Paraguai) / Foto: Stringer/AFP

Reunião aconteceu nesta quarta, na Argentina; entre medidas tomadas está o fim da cobrança de “roaming” internacional

Brasil de Fato | São Paulo (SP) – O presidente Jair Bolsonaro (PSL) participou nesta quarta-feira (17) da 54ª Cúpula de Chefes de Estado do Mercosul, que ocorreu na cidade de Santa Fé, na Argentina. Durante a reunião, o mandatário afirmou que o bloco deve ter “zelo” na indicação de embaixadores.

“Compartilhamos aqui, entre nós, a visão de que para cumprir o seu papel de um motor do desenvolvimento, o nosso bloco deve concentrar-se em três áreas: as negociações externas, no zelo das indicações das embaixadas – também sem mais o viés ideológico do passado–, e quem sabe um grande embaixador nos EUA brevemente. Então, focamos nisso, na nossa tarifa externa comum, em nossa reforma institucional”, disse.

Embora tenha pedido rigor nas nomeações, o presidente brasileiro já formalizou a indicação de seu filho, o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL/SP), para o cargo de embaixador em Washington. A decisão foi bastante criticada por diplomatas e parlamentares, que acusam o presidente de nepotismo e afirmam que Eduardo não possui nenhuma experiência diplomática.

Além de Bolsonaro, representando os países-membros do bloco, compareceram ao evento Mauricio Macri (Argentina), Tabaré Vazquez (Uruguai) e Mario Abdo Benítez (Paraguai). Chefes dos estados associados também participaram da cúpula, entre eles Sebastían Piñera (Chile) e Evo Morales (Bolívia).

Bolsonaro assumiu a presidência temporária do bloco, que tem duração de seis meses. O presidente brasileiro afirmou que não pretende tornar o Mercosul um bloco economicamente forte. Segundo ele, o objetivo deve ser o de fortalecer cada um dos países integrantes.

“Ao assumir a presidência, recebi a economia do meu país um tanto quanto cambaleante. E nós sabemos que para a América do Sul é bom que o Brasil vá bem, assim como é bom que a Argentina, Paraguai, Uruguai, Chile também vão muito bem […] Não queremos a América do Sul como uma pátria grande, queremos que cada país tenha autonomia, democracia e que seja grande, como Trump fala”, disse.

Isenção de “roaming”

Entre as medidas tomadas durante a reunião está o fim da cobrança de “roaming” internacional em serviços de telecomunicação entre os países do Mercosul. O “roaming” é a cobrança que ocorre quando uma pessoa utiliza serviços móveis fora da área de cobertura das operadoras.

Atualmente, quando um brasileiro faz uma ligação a partir da Argentina, por exemplo, tarifas adicionais de “roaming” são cobradss. Agora, o custo extra deixará de valer entre os países do Mercosul.

Bolsonaro parabenizou o bloco pela adoção da medida. “Realmente não tinha cabimento quem estava na faixa de fronteira ser taxado mais uma vez pelo uso do celular. Temos aí um exemplo da diferença para melhor que o Mercosul pode fazer no cotidiano do cidadão”.

União Europeia

Entre os assuntos mais comentados durante a cúpula está o acordo entre o Mercosul e a União Europeia (UE), fechado no final de junho por representantes do bloco. Para valer, o pacto precisa ser aprovado pelos parlamentos dos países envolvidos.

Segundo Macri, o tratado representa “um sinal claro ao mundo de que o Mercosul é um bloco aberto, competitivo e dinâmico. Com regras de jogo claras para se investir e fazer negócios. O pacto vai permitir potencializar o comércio e os investimentos junto ao bloco mais importante do mundo. Isso irá impactar positivamente na qualidade de vida de nossa gente”.

O presidente boliviano, Evo Morales, ressaltou que embora pactos como o firmado com o Mercosul sejam importantes, os países devem prezar pela autonomia da região e implementar políticas que favoreçam os mais pobres.

“Tratados sempre devem estar orientados a resolver as demandas dos mais humildes. É importante implementar programas de política de complementaridade, de solidariedade e competitividade”.

Em 2019 ocorrerão eleições na ArgentinaUruguai e Bolívia – o último apenas associado ao Mercosul. Levando em conta a possibilidade de uma mudança drástica de correlação de forças na região, os países irão esperar o resultado dos pleitos para firmar compromissos mais delicados.

Outros quatro tratados devem entrar em discussão nos próximos meses, entre eles acordos com a Associação Europeia de Livre Comércio, Canadá, Coreia do Sul e Singapura.

Edição: Pedro Ribeiro Nogueira

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E AGORA ??? VAZA JATO: MORO DEFINIU PENA DE RÉU ANTES MESMO DO PROCESSO COMEÇAR

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E AGORA ??? VAZA JATO: MORO DEFINIU PENA DE RÉU ANTES MESMO DO PROCESSO COMEÇAR

PLANTÃO BRASIL – A Vaza Jato de hoje traz mais uma BOMBA – Moro definiu a pena de réus antes mesmo de o processo começar, antes mesmo de ter acesso a provas, ao material de acusação e à defesa. Moro ainda interferiu no acordo de delação premiada que diminuiu de 16 anos e meio de prisão para apenas 1 ano de prisão domiciliar a pena de um réu.

Deltan afirmiu ter tido uma reunião com Sergio Moro sem a participação dos advogados de defesa (algo ilegal em qualquer país sério) e que o juiz queria pena de no mínimo 1 ano para cada um dos criminosos.
“Vc quer fazer os acordos da Camargo mesmo com pena de que o Moro discorde?”, perguntou a Carlos Fernando. “Acho perigoso pro relacionamento fazer sem ir FALAR com ele, o que não significa que seguiremos.”

A Vaza Jato de hoje traz mais uma BOMBA – Moro definiu a pena de réus antes mesmo de o processo começar, antes mesmo de ter acesso a provas, ao material de acusação e à defesa. Moro ainda interferiu no acordo de delação premiada que diminuiu de 16 anos e meio de prisão para apenas 1 ano de prisão domiciliar a pena de um réu.

Embora a lei garanta ao Ministério Público autonomia para negociar, Deltan achava arriscado desprezar a opinião de Moro e queria que o colega desse mais atenção ao juiz. No dia 25, o chefe da força-tarefa voltou a manifestar sua preocupação.

Deltan afirmiu ter tido uma reunião com Sergio Moro sem a participação dos advogados de defesa (algo ilegal em qualquer país sério) e que o juiz queria pena de no mínimo 1 ano para cada um dos criminosos.

“Vc quer fazer os acordos da Camargo mesmo com pena de que o Moro discorde?”, perguntou a Carlos Fernando. “Acho perigoso pro relacionamento fazer sem ir FALAR com ele, o que não significa que seguiremos.”

“Podemos até fazer fora do que ele colocou (quer que todos tenham pena de prisão de um ano), mas tem que falar com ele sob pena de ele dizer que ignoramos o que ele disse”, acrescentou.

As mensagens analisadas pela Folha e pelo Intercept indicam que, com o tempo, a interferência do juiz passou a ser vista com naturalidade pelos procuradores. Isso ficou claro em agosto de 2015, quando o caso de Avancini foi lembrado num grupo do Telegram que reunia integrantes da força-tarefa de Curitiba e da Procuradoria-Geral da República.

“Moro tem reclamado bastante, mas ao final sempre concorda com a nossa proposta”, escreveu o procurador Paulo Roberto Galvão, de Curitiba, ao responder a um colega que perguntou sobre casos em que o juiz teria rejeitado acordos de delação por considerar fracas as provas apresentadas.

Galvão acrescentou que Moro tinha implicado recentemente com outro colaborador, o ex-gerente da Petrobras Eduardo Costa Vaz Musa, mas outro membro da força-tarefa, Orlando Martello, disse que o problema estava sendo resolvido. “Estão reforçando os depoimentos para superar a questão, mas ainda não foi homologado”, escreveu.

INDICAÇÃO DE FILHO DE BOLSONARO PARA EMBAIXADA NOS EUA PODE SER BARRADA NO SUPREMO

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INDICAÇÃO DE FILHO DE BOLSONARO PARA EMBAIXADA NOS EUA PODE SER BARRADA NO SUPREMO

Brasil247 – Nota publicada pela jornalista Mônica Bergamo em sua coluna no jornal Folha de S.Paulo informa que ministros do STF já discutem sobre a inconstitucionalidade da decisão do presidente da República de indicar seu filho Eduardo Bolsonaro para o cargo de embaixador nos Estados Unidos.

Na opinião de ministos do STF, um embaixador representa o Brasil e não a pessoa do presidente.  Segundo a coluna, a súmula que permite à autoridade nomear parentes para o exercício de cargo de natureza política não se aplicaria ao caso.

Um dos magistrados escreveu em decisões de 2018 que mesmo escolhas de parentes para cargos políticos devem ser vetadas quando há “manifesta ausência de qualificação técnica” do indicado. Ou de idoneidade moral, completa a coluna.

“O ministro Marco Aurélio Mello já se manifestou publicamente contra a decisão de Bolsonaro. Magistrados como Gilmar Mendes, Celso de Mello, Ricardo Lewandowski e Edson Fachin estariam entre os que tendem a examinar com rigor a decisão do presidente”, informa a coluna.

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EM 200 DIAS, BRASIL LIBEROU MAIS AGROTÓXICOS QUE A UNIÃO EUROPEIA EM OITO ANOS

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EM 200 DIAS, BRASIL LIBEROU MAIS AGROTÓXICOS QUE A UNIÃO EUROPEIA EM OITO ANOS

A avalanche de liberação de venenos tem como objetivo tornar o mercado de mais acessível para os agricultores / Foto: Reprodução/Guia de Orgânicos

Governo Bolsonaro autorizou comércio de 239 substâncias; ritmo é tão acelerado que ruralistas abandonaram o PL do Veneno

Igor Carvalho | Brasil de Fato | São Paulo (SP) – Em 200 dias, o governo Bolsonaro (PSL) fez mais liberações de novos agrotóxicos do que a União Europeia (UE) nos últimos oito anos. Foram 239 autorizações no Brasil contra 229 na UE, desde 2011. A denúncia foi feita pelo ex-presidente da Associação Brasileira da Reforma Agrária (ABRA), Gerson Teixeira, em seu artigo “Os ruralistas e os agrotóxicos – Uma contranarrativa”. Ele ressalta que o cenário é tão favorável para o agronegócio que a bancada ruralista parou de insistir na tramitação do PL 6299/2002, conhecido como PL do Veneno, de autoria do ex-senador Blairo Maggi, o “Rei da soja”.

O PL do Veneno propõe facilitar a autorização e comercialização de agrotóxicos no Brasil e está pronto para apreciação no plenário da Câmara dos Deputados desde junho de 2018, quando foi aprovado na Comissão Especial da Casa. Porém, deste então, não entrou na pauta para votação. Tampouco houve pressão da bancada ruralistas para que fosse apreciado pelos parlamentares.

“Eles viram que, com o governo na mão, não precisavam aprovar a legislação. Tanto que nunca houve um ritmo tão frenético de aprovação de agrotóxicos como agora, 239 agrotóxicos aprovados. Para se ter uma ideia, o que foi aprovado neste ano, até meados de junho, é mais do que foi aprovado na União Europeia desde 2011 [229]”, afirma Teixeira.

A avalanche de liberação de venenos agrícolas tem como objetivo tornar o mercado de agrotóxicos mais acessível para os agricultores, segundo o ex-presidente da ABRA: “A estratégia deles é viabilizar uma oferta grande de venenos e com isso fazer baixar o preço deles, independente se isso vá resultar em uma maior contaminação do meio ambiente ou do alimento”.

Agrotóxicos são substâncias fabricadas para extermínio da vida – de plantas, insetos ou outros agentes naturais indesejados). Portanto, são chamadas de “biocidas” e podem causar adoecimento, conforme explicou o pesquisador Cleber Folgado em entrevista recente ao Brasil de Fato sobre o tema.

Segundo Folgado, que integrou o Grupo de Trabalho de construção do Plano Nacional de Redução do Uso de Agrotóxicos (Pronara) dentro da Comissão Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica, as duas principais formas de intoxicação são as agudas e as crônicas. As agudas são causadas pela exposição a altos níveis de toxicidade, gerando efeito quase que imediato, como náuseas, vômitos, diarreias, alergias, dores de cabeça, tontura. Já as intoxicações crônicas são resultado de pequenas quantidades de agrotóxicos que se acumulam no organismo e, ao longo de anos, podem resultar em doenças respiratórias, alergias, infertilidade, impotência, abortos espontâneos, Alzhaimer, autismo, cânceres, doenças crônicas nos rins, danos ao fígado, problemas na tireoide, doenças cardíacas, esclerose múltipla e Parkinson, por exemplo.

Nos primeiros seis meses do ano, o governo Bolsonaro já havia liberado mais agrotóxicos do que qualquer ano do mandato de Dilma Rousseff (PT). No governo Temer, as autorizações para uso de veneno mais que dobraram, chegando a 450 de 1º de janeiro a 31 de dezembro de 2018. Ainda assim, o ritmo imposto pela equipe do capitão reformado é um recorde absoluto no país.

Bancada ruralista

Teixeira lamenta a falta de meios para impedir os decretos do Executivo que autorizam novos agrotóxicos no país. “Pelo Congresso é difícil, o Partido dos Trabalhadores (PT) tem tomado iniciativas para barrar [as liberações] via decreto do Legislativo, mas a correlação de forças aqui é totalmente desfavorável. Nós sabemos que alguns setores do Ministério Público estão preocupados com isso, estão tentando fazer algumas ações nessa área, mas também sem sucesso”, explica

No Congresso, o agronegócio é representado pela bancada ruralista, que se organiza através da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), que mantém, entre seus filiados, 257 parlamentares, sendo 32 senadores e 225 deputados.

A bancada ruralista anda de mãos dadas com o governo. Tereza Cristina, a ministra da Agricultura de Bolsonaro e artífice da liberação massiva dos venenos, já presidiu a FPA entre 2017 e 2019 e é deputada federal eleita pelo DEM do Mato Grosso do Sul, licenciada para chefiar o ministério.

Antes mesmo do primeiro turno da eleição presidencial de 2018, no dia 2 de outubro, a FPA se reuniu com Jair Bolsonaro e entregou ao capitão reformado o apoio integral de toda a bancada. Tereza Cristina foi à casa do então presidenciável para entregar uma carta expressando apoio irrestrito do setor.

Edição: Rodrigo Chagas

PETRÓLEO PARA 80 ANOS DE CONSUMO É ACHADO EM MATO GROSSO NO GOVERNO BOLSONARO #BOATO  

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PETRÓLEO PARA 80 ANOS DE CONSUMO É ACHADO EM MATO GROSSO NO GOVERNO BOLSONARO #BOATO  

www.boatos.org – Boato – Vídeo mostra poço de petróleo, suficiente para 80 anos de abastecimento, descoberto em Mato Grosso. Tudo isso aconteceu em 2019, durante o governo Bolsonaro.

O petróleo é um recurso natural bastante presente em todo o mundo. Matéria-prima de produtos como diesel, gasolina, polímeros plásticos e até medicamentos, o petróleo é a principal fonte de renda de muitos países, especialmente os do Oriente Médio.

Por esse motivo, esse recurso natural já foi motivo de inúmeras guerras e tensões entre muitos países, como Estados Unidos e Venezuela. Isso mostra a importância do petróleo na sociedade atual.

E a informação da suposta descoberta de um novo poço de petróleo no Brasil deixou muita gente animada. De acordo com uma história que anda circulando nas redes sociais, um vídeo mostraria um poço de petróleo recém descoberto em Mato Grosso, durante o governo Bolsonaro. Confira:

Repassando…: Achado petróleo no mato grosso para 80 anos de consumo e pode agora nosso combustível reducir para 2.70 o litro vamos divulgar valeu bolsonaro.

Petróleo para 80 anos de consumo foi encontrado em Mato Grosso no governo Bolsonaro?

As imagens causaram um verdadeiro burburinho nas redes sociais e a suposta descoberta de um novo poço de petróleo foi bastante comemorado por apoiadores do presidente Jair Bolsonaro. Porém, será que essa história é realmente verdadeira? A resposta é não!

Vamos lá! Uma rápida olhada nas publicações é suficiente para evidenciar alguns detalhes que denunciam a farsa. O caráter vago (não diz quando e muito menos dá detalhes sobre a suposta descoberta) e alarmista das mensagens já nos deixam com um pé atrás. Além disso, as publicações não citam nenhuma fonte confiável (e também não encontramos nenhuma notícia sobre o assunto).

Vale ressaltar que histórias sobre feitos e conquistas envolvendo o nome do presidente Jair Bolsonaro não são novidade na internet. A equipe do Boatos.org, inclusive, já desmentiu alguns deles, como a prisão do sargento da Aeronáutica após a retirada da inviolabilidade de bagagens diplomáticas. Também a história da rescisão do patrocínio da Petrobras com a McLaren e, por fim, a descoberta de um escândalo na CBF após Bolsonaro investigar o motivo de Tite não gostar dele.

Resolvemos, então, buscar pela origem do vídeo e descobrimos que, ao contrário do que diz a história, as imagens são de 2016 (eliminando a hipótese de que um poço de petróleo teria sido descoberto durante o governo Bolsonaro). O vídeo foi gravado no município de São José do Rio Claro (MT) e mostra uma perfuração da Petrobras. Na época, a estatal acreditava ter encontrado petróleo na região Centro-Oeste. A informação, claro, logo se espalhou e chegou até a ser comemorada pelo prefeito da cidade.

Porém, a alegria durou pouco. Após diversas análises realizadas pela própria Petrobras, a estatal constatou que a substância preta que aparece no vídeo, na verdade, não se tratava de petróleo, mas de uma mistura de substâncias utilizadas para a perfuração do poço.

A substância pastosa de cor preta que aparece no vídeo mencionado passou por análises de laboratório que mostraram ser uma mistura de óleos, graxas e fluídos utilizados no processo de perfuração do poço. Não caracteriza-se, portanto, descoberta de petróleo.

Em resumo: a história que diz que um poço de petróleo foi descoberto no Mato Grosso, durante o governo Bolsonaro é falsa! O vídeo, de fato, é verdadeiro, porém, não foi gravado em 2019, mas sim em 2016. Além disso, após análises meticulosas, a Petrobras confirmou que a substância preta que aparece no vídeo não é petróleo, mas sim uma mistura de óleos e fluídos utilizados na perfuração do poço. Ou seja, a história é apenas boato! Não compartilhe.

Ps.: Esse artigo é uma sugestão de leitores do Boatos.org. Se você quiser sugerir um tema ao Boatos.org, entre em contato com a gente pelo site, Facebook e WhatsApp no telefone (61)99177-9164.

 

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GOVERNO PREPARA ANÚNCIO DE PROGRAMA DE PRIVATIZAÇÕES

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GOVERNO PREPARA ANÚNCIO DE PROGRAMA DE PRIVATIZAÇÕES

economia.estadao.com.br – José Fucs – O Estado de S.Paulo  – Equipe econômica busca melhor estratégia para divulgar projeto nas próximas semanas e ‘desconstruir’ a narrativa de que a venda de estatais vai contra os interesses do País.

A equipe econômica se prepara para anunciar nas próximas semanas os detalhes de seu ambicioso programa de privatização, mas ainda estuda a melhor estratégia para divulgar o projeto e “desconstruir” a narrativa de que a venda de estatais vai contra os interesses e a soberania do País.

A percepção no Ministério da Economia é de que, embora a resistência à privatização tenha diminuído nos últimos anos, uma parcela da sociedade e do Congresso ainda se opõe ao programa, que poderá render até R$ 450 bilhões para os cofres do governo, de acordo com um levantamento feito pelo Estado com base nas participações diretas e indiretas da União e nas concessões que estão no radar.

Até uma alternativa à palavra privatização, que estaria “estigmatizada”, está em discussão no momento.

Em princípio, segundo uma fonte do ministério envolvida no projeto, a ideia é seguir o bem-sucedido modelo adotado para a reforma da Previdência, com a realização de uma grande entrevista coletiva em Brasília.

Na coletiva, o secretário Especial de Desestatização e Desinvestimento, Salim Mattar, e seus principais assessores fariam uma apresentação aos jornalistas dos principais veículos de comunicação e responderiam às dúvidas sobre o programa durante o tempo que fosse necessário, de preferência com transmissão em rede

nacional por algum canal de TV, como aconteceu com a Previdência.

Outra possibilidade que está sendo analisada é “fatiar” o programa e anunciá-lo por etapas, para não criar resistências desnecessárias, com a divulgação de todos os detalhes de uma vez só.

Apesar de a privatização parecer algo distante do dia a dia da população, enquanto a reforma da Previdência mexe diretamente com o bolso e as expectativas do brasileiro, tudo indica que as dificuldades para o governo tocar o programa serão iguais ou maiores do que as que ele está enfrentando com a mudança nas aposentadorias.

Mesmo levando em conta que a privatização também deverá reduzir os gastos públicos, além de permitir ao governo se concentrar nas áreas de educação, saúde e segurança e de contribuir para a diminuição da corrupção e do tráfico de influência.

Imagem Gráfico

Resistência

Ainda que a esquerda se oponha à privatização de forma ideológica e mais ruidosa, a resistência engloba nacionalistas e desenvolvimentistas de direita e grupos saudosos dos tempos do regime militar, quando as estatais se multiplicaram em ritmo tão ou mais acelerado do que nos governos de Lula e Dilma.

Dentro do próprio governo, diversos ministros resistem abertamente à privatização de estatais ligadas às suas pastas ou à extinção de empresas deficitárias. Para resolver o impasse e o programa de desestatização deslanchar, o próprio presidente Jair Bolsonaro, que apoiou medidas estatizantes ao longo de sua trajetória política, terá de mostrar que a sua propalada conversão ao liberalismo tem consistência.

MPF E BOLSONARO NÃO RECORREM, E PROCESSO CONTRA O AGRESSOR ADÉLIO BISPO É ENCERRADO

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MPF E BOLSONARO NÃO RECORREM, E PROCESSO CONTRA O AGRESSOR ADÉLIO BISPO É ENCERRADO

Agressor de Bolsonaro, Adélio Bispo, tem doença mental, dizem peritos da Justiça — Foto: Reprodução/JN

Réu não poderá ser punido criminalmente após facada em ato de campanha presidencial em 2018. Após laudos, ele foi considerado inimputável e a Justiça impôs medida de segurança de internação por prazo indeterminado.

Por Palmira Ribeiro, G1 Zona da Mata – A 3ª Vara Federal em Juiz de Fora divulgou nesta terça-feira (16), que não cabe mais qualquer recurso da decisão que considerou Adélio Bispo de Oliveira inimputável e impôs medida de segurança de internação por prazo indeterminado. A sentença transitou em julgado no dia 12 de julho, ou seja, o processo foi encerrado. Adélio é acusado de atentado contra o então candidato à presidência em 2018, Jair Bolsonaro.

A sentença indicando que Adélio tem Transtorno Delirante Persistente e não pode ser punido criminalmente foi dada no dia 14 de junho de 2019. No dia 17, o Ministério Público Federal (MPF) foi intimado, mas não apresentou recurso.

Posteriormente, foi a vez do presidente, no dia 28 do mesmo mês. Contudo, Bolsonaro também não recorreu no prazo legal. Por último, a defesa do réu, intimada da sentença, renunciou ao prazo dado.

Inimputável

Com a decisão de inimputabilidade, ficou indicado que no caso de condenação de Adélio na ação penal, ele ficaria em um manicômio judiciário e não em um presídio.

Laudos anteriores

Em março deste ano, a TV Globo havia apurado com pessoas que tiveram acesso à investigação que os exames realizados já apontavam que Adélio Bispo sofria de uma doença mental e seria considerado inimputável.

A Justiça Federal já aceitou a denúncia por prática de atentado pessoal por inconformismo político e o tornou réu.

Processo avalia sanidade mental do réu

Foram realizados três laudos no procedimento que avalia a insanidade mental em Adélio Bispo de Oliveira.

  • 1º Laudo (particular): uma consulta que atestou indício de transtorno delirante grave
  • 2º Laudo (judicial psiquiátrico): transtorno delirante permanente paranoide
  • 3º Laudo 3 (judicial psicológico): não revelado – sigiloso

Depoimento de Bolsonaro

No dia 7 de junho, a Justiça Federal recebeu o depoimento do presidente Jair Bolsonaro (PSL) no processo sobre a facada que sofreu durante ato de campanha em setembro do ano passado, quando ainda era candidato.

Na época, o conteúdo das respostas permaneceu em sigilo e seria apresentado às partes na audiência de instrução, agendada para ocorrer no dia 10 daquele mês. Segundo a Justiça, após a realização desse procedimento, o documento ficaria disponível para conhecimento público.

Bolsonaro foi intimado a depor porque a defesa dele atuava no processo como assistente da acusação. Na prática, isso quer dizer que os advogados auxiliam o Ministério Público na acusação, podendo propor meios de prova e formular perguntas a testemunhas.

Adélio ‘isento de pena’

Adélio Bispo de Oliveira, quando ainda era supeito de esfaquear Bolsonaro — Foto: Assessoria de Comunicação Organizacional do 2° BPM/Divulgação

Adélio Bispo de Oliveira, quando ainda era supeito de esfaquear Bolsonaro — Foto: Assessoria de Comunicação Organizacional do 2° BPM/Divulgação

Adélio Bispo de Oliveira, quando ainda era supeito de esfaquear Bolsonaro — Foto: Assessoria de Comunicação Organizacional do 2° BPM/Divulgação

O juiz Bruno Savino, da 3ª Vara Federal de Juiz de Fora (MG), expediu no dia 14 de junho a sentença de Adélio Bispo. Ele converteu a prisão preventiva em internação por tempo indeterminado. Pela decisão, o agressor deverá permanecer no presídio de Campo Grande (MS).

Na sentença, o juiz aplicou a figura jurídica da “absolvição imprópria”, na qual uma pessoa não pode ser condenada. Como no caso de Adélio ficou constatado que ele é inimputável, não poderia ser punido por ter doença mental.

“A internação deverá perdurar por prazo indeterminado e enquanto não for averiguada, mediante perícia médica, a cessação da periculosidade”, determinou Savino.

De acordo com as regras, quando o processo terminasse e não coubesse mais recursos, a internação provisória passaria a ser definitiva se a punição fosse mantida nas instâncias superiores da Justiça.

Ainda conforme o magistrado, Adélio Bispo não poderia ir para o sistema prisional comum porque isso “lhe acarretaria concreto risco de morte”.

Atentado

Vídeos mostram momento em que Bolsonaro levada facada em MG — Foto: Reprodução

Vídeos mostram momento em que Bolsonaro levada facada em MG — Foto: Reprodução

Vídeos mostram momento em que Bolsonaro levada facada em MG — Foto: Reprodução

O atentado ocorreu em 6 de setembro de 2018, quando Bolsonaro, ainda como candidato a presidente da República, participava de um ato de campanha em Juiz de Fora.

Adélio Bispo foi preso no mesmo dia e, segundo a Polícia Militar de Minas Gerais, confessou ter sido o autor da facada.

Em depoimento enviado à Justiça, Bolsonaro foi indagado se, antes da facada, percebeu a aproximação de Adélio Bispo. Respondeu que não. Questionado, então, se teve tempo de se defender, também respondeu que não.

“Segundo os médicos, minha sobrevivência foi um milagre. Muito sofrimento em três cirurgias e, até hoje, sofro as consequências dessa tentativa de execução”, acrescentou.

Inquéritos

Após o atentado em Juiz de Fora, dois inquéritos foram abertos pela Polícia Federal. O primeiro, finalizado em 28 de setembro de 2018, que concluiu que Bispo agiu sozinho no momento do ataque. Neste, ele foi indiciado por prática de atentado pessoal por inconformismo político, crime previsto na Lei de Segurança Nacional. A denúncia do Ministério Público Federal foi aceita pela Justiça.

O segundo inquérito foi aberto para apurar possíveis conexões de Adélio, pessoas que podem ter ajudado o agressor a planejar o crime. A Polícia Federal segue com as investigações.

DALLAGNOL VAI SER INVESTIGADO POR PALESTRAS PAGAS E BENESSES DURANTE A LAVA JATO

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DALLAGNOL VAI SER INVESTIGADO POR PALESTRAS PAGAS E BENESSES DURANTE A LAVA JATO

Deltan Dallagnol fala no Congresso da Associação Brasileira de Private Equity & Venture Capital, no Rio, em 2016. FERNANDO FRAZÃO/AGÊNCIA BRASIL

El País – REGIANE OLIVEIRA – São Paulo – Conselho Nacional do Ministério Público instaurou reclamação disciplinar contra procurador de Curitiba por mensagens do ‘The Intercept’. Escândalo atinge e divide categoria em meio à sucessão de Raquel Dodge.

A corregedoria do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) decidiu investigar nesta terça-feira o coordenador da força-tarefa da Operação Lava JatoDeltan Dallagnol, e seu colega Roberson Henrique Pozzobon após a “ampla repercussão” das mensagens da chamada #VazaJato, obtidas pelo site The Intercept Brasil e que desde 9 de junho mostram diálogos privados dos procuradores e do então juiz Sergio Moro. Nos capítulos mais recentes, membros do Ministério Público, especialmente Dallagnol, aparecem nas conversas, cuja autenticidade eles questionam, falando sobre como obter lucro ou benesses com a realização de palestras pagas por empresas e entidades interessadas em se associar à imagem da maior ofensiva contra a corrupção na história do país.

A decisão do corregedor do MP Orlando Rochadel Moreira de acatar umarepresentação feita pelo Partido dos Trabalhadores (PT) contra os procuradores aprofundou o mal-estar com o escândalo na cúpula da instituição no mesmo dia em que a procuradora-geral, Raquel Dodge, recebeu em Brasília a Dallagnol e a outros integrantes da força-tarefa de Curitiba. Foi uma demonstração de apoio de Dodge à Lava Jato, ainda que discreta –sem declaração pública, apenas com uma nota que elogia o trabalho de Curitiba. “Temos tranquilidade em relação que fizemos. Não ultrapassamos uma linha ética”, disse Dallagnol na nota da PGR que foi lida no Jornal Nacional, da TV Globo, antes de ser divulgada a todos os jornalistas.

A procuradora-geral está em uma saia justa. Antes da abertura do procedimento disciplinar contra Dallagnol, Dodge já digeria a saída do procurador José Alfredo de Paula Silva, que desde setembro de 2017 coordenava o grupo de trabalho da Lava Jato na PGR. Silva pediu demissão na sexta-feira alegando questões pessoais, mas, segundo O Globo, o coordenador esperava uma defesa mais enfática da procuradora da atuação dos colegas de Curitiba. A saída do procurador estava prevista para acontecer só em setembro, quando termina o mandato de Dodge.

O problema principal para a procuradora-geral é justamente de timing. O abalo na credibilidade da força-tarefa acontece em meio a troca de comando na PGR. Dodge parece dividida entre se alinhar à ala dos procuradores que defende ferrenhamente a Lava Jato ou criticar Dallagnol e os colegas. Embora não concorra oficialmente pela categoria à permanecer no cargo que ocupa, a procuradora-geral já se mostrou disposta a ficar e não há nenhum impedimento para que o presidente Jair Bolsonaro a escolha, rompendo a tradição de apontar o nome entre os mais votados pelos próprios procuradores. No começo do mês, a ANPR (Associação Nacional dos Procuradores da República) entregou a Bolsonaro a lista tríplice para substituir Dodge. Os mais votados foram os subprocuradores-gerais Mario Bonsaglia e Luiza Frischeisen, e o procurador regional da Blal Dalloul.

Corporativismo e zona cinzenta

Palestras pagas não são uma novidade no Judiciário em geral nem mesmo entre integrantes do Ministério Público, que recebem os salários mais altos pagos no funcionalismo público brasileiro. A discussão sempre gira em torno do que é legal, ético ou acarreta conflitos de interesses. “A imagem social do Ministério Público deve ser resguardada e a sociedade deve ter a plena convicção de que os membros do Ministério Público se pautam pela plena legalidade, mantendo a imparcialidade e relações impessoais com os demais Poderes constituídos”, escreveu o corregedor Rochadel ao aceitar o pedido do PT.

Segundo a representação petista, as mensagens reveladas pelo The Interceptmostrariam uma articulação de procuradores da força-tarefa da Lava Jato “para criar empresa de fachada e simular sua efetiva participação em sociedade comercial”, na qual “não apareceriam formalmente como sócios, para evitar questionamentos legais, em conluio com suas respectivas cônjuges”. O partido também acusa os procuradores de “desvio de função de servidores da Procuradoria da República em Curitiba para a prática de atividades pessoais de palestrante”, além de falta com o decoro “ao menosprezar a ação de órgãos correcionais, ao ser alertado sobre as possíveis consequências destas condutas”.

O despacho determina a instauração de “reclamação disciplinar”, e dá um prazo de dez dias para que Dallagnol e o procurador Roberson Henrique Pozzobom apresentem seu lado sobre a questão. Moreira também afirma que será “necessária análise preliminar do conteúdo veiculado pela imprensa, notadamente pelo volume de informações constantes dos veículos de comunicação”.

Nesta terça-feira, o volume ganhou um adendo: a coluna da Monica Bergamo na Folha de S. Paulo divulgou que Dallagnol também pediu – além de um cachê de 30.000 reais para dar uma palestra sobre combate à corrupção na Federação das Indústria do Ceará, em julho de 2017 – passagem e hospedagem no Beach Park Resort, de Fortaleza, para ele, sua mulher e seus dois filhos. “Posso pegar [a data de] 20/7 e condicionar ao pagamento de hotel e de passagens pra todos nós”, disse Dallagnol a sua esposa, em mensagens obtidas pelo The Intercept Brasil e analisadas pela Folha de S. Paulo.

Ainda de acordo com a publicação, Dallagnol teria comemorado em conversa com o juiz Sergio Moro, o fato de não ter sofrido punição de órgãos de fiscalização por dar palestras. “Não sei se você viu, mas as duas corregedorias – [do] MPF [Ministério Público Federal] e [do] CNMP [Conselho Nacional do Ministério Público] – arquivaram os questionamentos sobre minhas palestras dizendo que são plenamente regulares”, publicou a coluna.

Esta não é a primeira vez que o PT faz uma representação contra Dallagnol. Em 2017, o CNMP arquivou um pedido feito pelos deputados federais Paulo Pimenta (PT-RS) e Wadih Nemer (PT-RJ) para que fossem apurados a conduta do procurador por suposto desenvolvimento de atividade comercial por meio de palestras.

O CNMP informou que não tem ato normativo que trate especificamente da realização de palestras por membros do Ministério Público. Mas, na época, considerou que Dallagnol “não falou sobre assuntos sigilosos e que o dinheiro das palestras foi, na maioria, destinado à filantropia”, e que, portanto, “as palestras foram ministradas de modo lícito”. Além disso, o colegiado entendeu que Dallagnol não podia ser considerado empresário porque não se enquadra no artigo 966 do Código Civil, que determina como empresário “quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços”.

A Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR), por outro lado, interpreta que seus membros podem ministrar palestras porque tal atuação se insere no conceito de docência, “que é autorizado aos membros do Ministério Público pela Constituição Federal, pelas leis dos Ministérios Públicos e pela Resolução CNMP nº 73/2011”. A entidade destaca ainda que, no Judiciário, o entendimento é semelhante.