Nesta semana o ministro da Economia, Paulo Guedes, anunciou que o governo deve liberar até 35% dos recursos de contas ativas do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) para saque.
Para Rita Serrano, medida não aquece economia e cria outro problema
A ação foi anunciada em Santa Fé, na Argentina, em visita oficial acompanhando o presidente da República Jair Bolsonaro. Segundo Guedes, a medida deve aquecer a economia que, apesar das promessas de campanha, tem apresentado resultados pífios.
O ministro afirma que essa é uma medida boa para o trabalhador, ainda mais em um momento de crise como o que vivemos. Mas não é bem assim. Rita Serrano, conselheira eleita do Conselho de Administração da Caixa, explica que liberar os recursos de contas ativas do FGTS não resolve a crise e ainda cria outro problema a esvaziar o fundo.
“Nós estamos com 14 milhões de desempregados. É importante também saber que mais de 60% das famílias estão endividadas e boa parte dessas dívidas é com os bancos. O objetivo do governo, portanto, é fazer com que as pessoas peguem esse dinheiro e usem pra pagar suas dívidas, favorecendo o sistema financeiro. Tem uma consequência indireta nisso: o fundo de garantia do trabalhador deve ser usado para o trabalhador, um seguro em caso de desemprego ou necessidade”, afirma a conselheira.
Rita também relembra que o FGTS é o maior caso de fundo público e investimento privado do Brasil. “Ele é usado pra financiar habitação, saneamento e uma série de outras coisas. Portanto, esvaziar o fundo de garantia faz com que os investimentos que seriam feitos nessas áreas e gerariam empregos não sejam feitos […] esvazia o fundo, não resolve, e cria falsa ilusão de que melhorou quando o desemprego não para de crescer e a economia do país está parada”, declarou.
60 milhões de brasileiros estão endividados
Dados da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) divulgados em abril mostraram que, no mês, 62.6 milhões de brasileiros estavam inadimplentes – número que representa mais de 40% da população adulta do País. A maior parte é composta por dívidas com bancos (52%).
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