PATRIMÔNIO DA ‘TROPA DE CHOQUE’ FAVORÁVEL À REFORMA É DE R$1,9 MI, EM MÉDIA

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PATRIMÔNIO DA 'TROPA DE CHOQUE' FAVORÁVEL À REFORMA É DE R$1,9 MI, EM MÉDIA

Parlamentares da ‘tropa de choque” leal ao presidente Jair Bolsonaro (PSL) e ao ministro da Economia, Paulo Guedes, e que não mede esforços para aprovar o texto original da reforma, declararam, em média, um patrimônio de R$ 1,9 milhão à Justiça eleitoral e salários de R$ 33.700, cerca de 26 vezes mais que a média dos trabalhadores que são chamados de “privilegiados” pelo governo

Juca Guimarães, Rede Brasil Atual – A Comissão Especial da Câmara dos Deputados que analisa a PEC (Proposta de Emenda Constitucional) 06/19, a chamada Nova Previdência, deve ter um relatório pronto para votação até o dia 15 de junho, dentro do cronograma elaborado pelo governo e pelo presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM).

A PEC 06/19 recebeu mais de 220 emendas com alterações, no entanto, existe uma “tropa de choque” leal ao presidente Jair Bolsonaro (PSL) e ao ministro da Economia, Paulo Guedes, que não mede esforços para aprovar o texto original da reforma.

Em média, os componentes do batalhão especial do governo declararam um patrimônio de R$ 1,9 milhão à Justiça eleitoral e salários de R$ 33.700, cerca de 26 vezes mais que a média dos trabalhadores que são chamados de “privilegiados” pelo governo – equivalente a R$ 1.300.

A lista da tropa da choque do governo pelo desmonte da Previdência foi elaborada para o Brasil de Fato a partir de indicações de parlamentares dos partidos da oposição, advogados, deputados do “Centrão” e entidades de defesa dos aposentados.

Estão na lista os deputados: Darcísio Perondi (MDB-RS), Joice Hasselmann (PSL-PR), Vinicius Poit (Novo-SP), Major Vitor Hugo (PSL-GO), Paulo Eduardo Martins (PSC-PR), Marcelo Aro (PHS-MG) e Beto Rosado (PP-RN); e os senadores: Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), Fernando Bezerra (MDB-PE) e Marcelo Bittar (MDB-AC).

“Quando a gente analisa o perfil dos parlamentares que encabeçam a defesa da reforma no Congresso fica evidente o interesse político ligado a esse processo e, por trás, os interesses dos setores econômicos. Por exemplo, os bancos que estão ávidos pela gestão do fundo destinado à Previdência”, analisa Iriana Cadó, economista da Unicamp e mestre em desenvolvimento econômico.

A tropa de Bolsonaro é composta por militar de carreira, filho de político com ficha-suja, senador investigado na Lava Jato por desvio de R$ 40 milhões, jornalista acusada de copiar 65 reportagens e médico veterano suspeito de cobrar pelo atendimento gratuito do Sistema Único de Saúde (SUS).

“Os que defendem a reforma dizem que a Previdência funciona concentrando renda, tirando dos mais pobres e dando para os mais ricos. Ou seja, que existem os tais privilégios sobretudo no Regime Geral, de onde vai sair 80% da economia de R$ 1 trilhão que o Guedes está prometendo. Portanto, essa reforma seria necessária para diminuir distorções. Esse discurso é contraditório, porque no Regime Geral, a maioria dos benefícios gira em torno de um a dois salários mínimos. Uma pessoa que ganha R$ 1.300 não é privilégio”, afirma a economista.

Os parlamentares foram apontados como líderes da campanha em favor da reforma por conta dos seus comentários na comissão especial que analisa o projeto, pelas intervenções de apoio nas sabatinas do ministro Paulo Guedes e pela proximidade com o setor financeiro e com o governo Jair Bolsonaro.

“Quando se olha a trajetória política desses parlamentares, quase todos estão envolvidos em diversos escândalos de corrupção, de desvio de verbas públicas, além de receberem salários muito superiores aos que recebem os trabalhadores. Não há uma preocupação verdadeira com as condições de vida da população brasileira ou no sentido de avançar de fato na diminuição da desigualdade social e redistribuição de renda”, finaliza Cadó.

Confira o patrimônio e o perfil dos políticos que querem a reforma da Previdência a todo custo:

Darcísio Perondi (MDB)

Patrimônio declarado: R$ 546.847,83

É suspeito de envolvimento em um esquema que cobrava dinheiro de pacientes do SUS. Também foi flagrado, pelo fotógrafo Lula Marquês, com uma lista suspeita dentro do plenário. Aparentemente, ele estaria conferindo se o votos comprados seriam suficientes para salvar Temer de um processo de impeachment.

Joice Hasselmann (PSL)

Patrimônio: não declarado

A jornalista que fez campanha na imprensa pelo impeachment da presidenta Dilma é acusada de plagiar 65 reportagens e é sócia de empresas que devem para a Previdência Social. A lista dos devedores foi revelada pelo portal Poder 360, por meio da lei de acesso à informação. A dívida relacionada à deputada é de R$ 5.412, de acordo com a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional, em abril de 2019.

Vinicius Poit (Novo)

Patrimônio declarado: R$ 2.894.002,93

Ele diz que é colaborador de um ONG que ajuda “ativamente” moradores de rua no ABC, em SP, mas o nome dele não aparece entre os colaboradores e a ONG não apresenta balanço de ações desde julho de 2018.

Major Vitor Hugo (PSL)

Patrimônio declarado: R$ 1.334.098,29

É militar de carreira e de família classe média alta. É o líder do governo na Câmara. Foi o primeiro aluno do Agulhas Negras e se orgulha da vida militar e das “virtudes militares da alma do soldado”, por isso é leal ao presidente.

Paulo Eduardo Martins (PSC)

Patrimônio declarado:R$ 2.509,29

O jornalista foi comentarista da Rede Massa de TV, uma filiada do SBT, e fazia críticas aos governos do PT, ao sistema de ensino, inclusive às propostas de reforma da Previdência. A rede é do comunicador Ratinho, que foi escolhido para ser garoto-propaganda da reforma da Previdência de Bolsonaro. Foi relator da MP 871, que também reduz direitos dos segurados do INSS.

Marcelo Aro (PHS)

Patrimônio declarado: R$ 1.327.283,77

Foi acusado de desviar R$ 30 milhões do próprio partido. Ele usou parte do dinheiro para ajudar a campanha do pai, de outro partido. A denúncia é de outubro de 2018.

Beto Rosado (PP)

Patrimônio declarado:R$ 582.604,00

Apoiou a reforma trabalhista e o teto de gasto para a educação. É filho do Betinho Rosado, que não pode concorrer para a Câmara porque foi considerado ficha-suja pela Justiça. O pai do Beto está envolvido em irregularidades na secretaria de Educação do Rio Grande do Norte.

Flávio Bolsonaro (PSL-RJ)

Patrimônio declarado: R$ 1.741.758,15

É acusado de envolvimento com milícias e lavagem de dinheiro na compra e venda de imóveis. Quando era deputado estadual, o seu assessor Queiroz fazia uma espécie de gestão paralela cobrando parte do salário dos funcionários do gabinete

Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE)

Patrimônio declarado: R$ 2.761.735,69

É acusado na operação Lava Jato de receber R$ 40 milhões em propinas desviadas da construção de uma refinaria de petróleo em Pernambuco

Marcio Bittar (MDB-AC)

Patrimônio declarado: R$ 6.549.631,34

É pecuarista no Acre e faz críticas constantes às leis de proteção ambiental. Ele afirma que o homem não tem relação com as mudanças climáticas e quer liberar a agricultura e criação de gado em áreas preservadas na Amazônia, medida que vai favorecer ruralistas e pecuaristas como ele.

Outro lado

Os parlamentares citados foram procurados pelo Brasil de Fato para esclarecer as contradições no discurso de defesa da Reforma da Previdência e as respectivas rendas. A assessoria do senador Márcio Bittar (MDB-AC) informou que o senador está fora do país e só deve se falar sobre isso na próxima semana. Os demais parlamentares não responderam. Conforme forem se manifestando, a reportagem será atualizada.

A reforma da Previdência proposta pelo governo substitui o modelo de repartição solidária, onde entram as contribuições das empresas, dos impostos e dos trabalhadores, pelo modelo de capitalização individual, com a contribuição solitária dos trabalhadores e sem garantias de retorno financeiro suficiente para uma vida digna na velhice. Para convencer a população, o governo lançou uma campanha publicitária que custou R$ 40 milhões.

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SERVIÇOS DE APLICATIVOS ATUALIZAM NOVAS PRÁTICAS DE ESCRAVIDÃO

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SERVIÇOS DE APLICATIVOS ATUALIZAM NOVAS PRÁTICAS DE ESCRAVIDÃO

A foto de uma moça em uma bicicleta, indo entregar comida, viralizou nas redes; no post, o desembargador Jorge Luiz Souto Maior critica as novas relações de trabalho que apenas traduzem as novas facetas de exploração do capitalismo;  “Há quem diga que isso é oportunidade, empreendedorismo ou criatividade do brasileiro. Eu tenho outros nomes: servidão e escravidão”

Brasil247 – A foto de uma moça em uma bicicleta, indo entregar comida, viralizou nas redes. Junto com a foto, o post de autoria do desembargador Jorge Luiz Souto Maior critica as novas relações de trabalho que apenas traduzem as novas facetas de exploração do capitalismo.

Confira a íntegra do artigo: 

Nesta foto vemos uma jovem pedalando sem capacete, sem nenhum vínculo empregatício e sem nenhum direito trabalhista entregando comida de um restaurante que não é onde ela trabalha para alguém que a pediu por um aplicativo milionário que também não é onde ela trabalha.

Usando uma bicicleta que não é sua e pela qual ele paga para usar a um banco bilionário que também não é onde ela trabalha.

Na verdade, ela não trabalha em nenhum lugar, porém trabalha muito (e provavelmente recebe pouco). Mas acredite: há quem diga que isso é “oportunidade”, “empreendedorismo” ou “criatividade do brasileiro”. Eu tenho outros nomes: servidão e escravidão.

Servidão pois, CONSCIENTEMENTE, na teoria, ela concordou em servir o sistema capitalista em troca de um valor. Escravidão pois, diante das circunstâncias, ela,INCONSCIENTEMENTE, na prática, se escravizou em troca de um valor.

Se ela:

– cair,

– se machucar,

– for roubada,

– for estuprada numa emboscada,

– for atropelada, enfim,

– morrer, …

…azar o dela. Ninguém mais será responsável e muito menos arcará com os prejuízos pela fatalidade. E, repito, há quem acha isso “normal” e ainda incentiva: “força de vontade”.

Thomas Hobbes afirmou em Leviatã (1651) que o “homem é o lobo do homem” (“homo homini lupus”). Segundo Hobbes, em um estado natural, o individualismo humano o compele a viver em guerra uns com os outros. Portanto, para ele, é de nossa natureza usurpar e explorar outros seres humanos. Isso revela que o homem é o predador do próprio homem, sendo um vilão para ele próprio.

Em essência, ainda estamos em 1651.”

 

CONTAG: REFORMA DA PREVIDÊNCIA VAI AUMENTAR CUSTO DE VIDA NAS CIDADES

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CONTAG: REFORMA DA PREVIDÊNCIA VAI AUMENTAR CUSTO DE VIDA NAS CIDADES

O presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura, Aristides Veras dos Santos, avalia que as mudanças nas aposentadorias dos trabalhadores rurais e dos assalariados na Reforma da Previdência deve aumentar o êxodo rural, os bolsões de miséria em municípios, reduzir a oferta de alimentos e encarecer o custo de vida no País

Brasil247 – O presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), Aristides Veras dos Santos, avalia que as mudanças nas aposentadorias dos trabalhadores rurais da economia familiar e dos assalariados na Reforma da Previdência deve aumentar o êxodo rural, os bolsões de miséria nas cidades, reduzir a oferta de alimentos e encarecer o custo de vida em todo o país. De acordo com números da entidade, em 45% dos municípios brasileiros a renda das aposentadorias rurais é maior do que o valor recebido do governo federal via Fundo de Participação dos Municípios.

“Ao desmontar esse sistema de proteção, o governo vai criar um problema sério na sociedade como um todo”, disse Aristides, em entrevista ao Blog do Sakamoto. “A intenção do governo tanto com os segurados especiais quanto com os assalariados é transferir todos para o BPC [Benefício de Prestação Continuada, pago a idosos em situação de miséria], ou seja, do Regime Geral para a Assistência Social. O que é um absurdo. Reduzir a Previdência e aumentar o BPC é a prova de que o Estado brasileiro não está criando as condições para incluir trabalhadores no seu sistema de produção e na cidadania”, complementa.

Em seu projeto enviado ao Congresso Nacional, o governo do presidente Jair Bolsonaro propôs aumento de 65 para 70 anos a idade mínima para idosos em condição de miserabilidade (menos de R$ 249,50 de renda familiar mensal per capita) possam receber o salário mínimo mensal do Benefício de Prestação Continuada (BPC). Em contrapartida, quer desembolsar uma fração desse total – R$ 400,00 – dos 60 aos 69 anos.

“Quando os legisladores fizeram a Constituição de 1988, trouxeram os rurais para o Regime Geral da Previdência a fim de corrigir uma injustiça. O que o Bolsonaro quer fazer agora é cometer essa injustiça.”

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SAMUEL GUIMARÃES: BOLSONARO CAI ATÉ JULHO E NÃO HAVERÁ DITADURA MILITAR COM MOURÃO

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SAMUEL GUIMARÃES: BOLSONARO CAI ATÉ JULHO E NÃO HAVERÁ DITADURA MILITAR COM MOURÃO

O embaixador Samuel Pinheiro Guimarães Neto, ex-secretário-geral do Itamaraty durante o governo Lula, tem uma avaliação incisiva do atual cenário: o governo Bolsonaro não deve passar de julho e uma eventual Presidência de Mourão não deve causar receios de uma nova ditadura militar; “No cardápio político, hoje em dia, Bolsonaro está sendo servido. O prato alternativo que se pode escolher é Mourão”

Brasil247 – O embaixador Samuel Pinheiro Guimarães Neto, ex-secretário-geral do Itamaraty durante o governo Lula, tem uma avaliação incisiva do atual cenário político brasileiro: o governo Jair Bolsonaro não deve passar de julho e uma eventual Presidência do general Hamilton Mourão não deve causar receios de uma nova ditadura militar. “No cardápio político, hoje em dia, Bolsonaro está sendo servido. O prato alternativo que se pode escolher é Mourão”, afirma.

Em entrevista ao site Intercept, Guimarães descartou a hipótese de uma eventual Presidência de Mourão colocar o país em rota de uma nova ditadura militar: “[Os militares] passaram 30 anos tentando limpar os aspectos negativos da ditadura para eles. Veio o Bolsonaro e o tempo todo relembra a ditadura. Eles ficam horrorizados com isso”. Para ele, o núcleo duro do governo não é militar: “Mas o núcleo duro, por assim dizer, é militar”.

Leia as respostas do embaixador Samuel Guimarães a partir de sua cogitação de um impeachment de Bolsonaro no mês de julho:

O que, em julho? Um impeachment? E aí assume Mourão.

Naturalmente. No cardápio político, hoje em dia, Bolsonaro está sendo servido. O prato alternativo que se pode escolher é Mourão. Outros pratos, como revolução socialista e proletária, estão em falta. Assembleia nacional constituinte? Também não está sendo servido. O que tem é o Mourão. Você pode não gostar, achar que é a volta dos militares, achar o que quiser.

Não o preocupa uma eventual volta dos militares ao poder?

De forma alguma. Por várias razões. Primeiro porque temos um governo ideológico e que divide o país, promove o antagonismo social todos os dias. Agora, liberou as pessoas a transitarem com armas carregadas. É uma coisa inacreditável. Temos 63 mil mortes por ano, em toda a Guerra do Vietnã os EUA não perderam o que morre no Brasil por ano. É um governo que promove ódio racial, todo tipo de confronto na sociedade. Isso é uma coisa muito perigosa. O governador do Rio subiu num helicóptero para acompanhar uma ação em que sujeitos iam matar pessoas. Isso é uma loucura. O general Mourão, desde que tomou posse – antes, não – só fala a coisa certa. Até julho o governo tem que aprovar a [reforma da] previdência, alguma coisa tem que aprovar, porque estão achando que vai ser um milagre, se aprova a previdência e tudo vai se resolver.

Vamos supor que Bolsonaro de fato deixe o cargo, sofra um impeachment. Não é arriscado termos os militares de volta no comando do país?

Não. Em qualquer país do mundo que se respeite, os militares fazem parte da sociedade, não são contra a sociedade. Nos EUA, você acha que o establishment critica os militares? Na França? Na Alemanha? Na Inglaterra? Mas aqui criou-se essa ideia de sociedade civil de um lado e os militares do outro. Foi o príncipe dos sociólogos quem fez isso (irônico, se referindo ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso). Isso criou uma situação em que, primeiro, se tirou a responsabilidade dos civis que apoiaram a ditadura e que muito se beneficiaram, mais do que os militares, que ficaram com a culpa, mas não ficaram ricos. A Globo se criou durante a ditadura, são multimilionários. Os bancos, a mesma coisa. Esse conceito permitiu dizer: “Olha, a ditadura foi uma coisa militar. Aqui estamos nós, os civis, que nunca nos beneficiamos com ela, nunca enriquecemos nela.” Enriqueceram, e muito. Com aquele crescimento muito alto (da economia nos primeiros anos da década de 1970, época do chamado “milagre econômico” brasileiro) com arrocho salarial, eles ficaram milionários, empresários como Gerdau ficaram milionários.

O senhor não vê nenhum risco de uma “recaída” dos militares, um novo AI-2 (o segundo ato institucional decretado pela ditadura, de 1965, que acabou com as eleições diretas para presidente, extinguiu partidos políticos e permitiu uma intervenção do poder Executivo no Judiciário)?

Para quê? Não vale a pena. [Os militares] Passaram 30 anos tentando limpar os aspectos negativos da ditadura para eles. Veio o Bolsonaro e o tempo todo relembra a ditadura. Eles ficam horrorizados com isso. As pesquisas de opinião mostram que os militares são um dos grupos que têm mais confiança da população brasileira. Conseguiram isso, e o Bolsonaro passa o tempo todo lembrando da ditadura, do [ditador chileno Augusto] Pinochet, do [ditador paraguaio Alfredo] Stroessner, do [coronel Carlos Alberto] Brilhante Ustra (um dos principais comandantes da tortura de adversários do regime militar).

Mourão também fez elogios a ele.

Antes de ser vice-presidente. De lá para cá, ele é monitorado pelo alto-comando. Ele não fala por ele, tanto que não é contestado, reparou? Não há nenhum general, da ativa ou da reserva, que tenha contestado Mourão publicamente. Pode ser que eles discutam [internamente], mas publicamente não vi nenhuma declaração. Porque eles sabem que [um eventual fracasso do governo Bolsonaro] vai bater lá neles, entende? Essa confusão que o Bolsonaro está armando, esse caldo de antagonismo, vai bater neles. E não interessa a eles [uma nova ditadura], porque não é mais moda no mundo, não é? Teve a moda das ditaduras militares na América Latina, Brasil, Argentina, toda parte. Hoje em dia, não é mais assim.

Vamos supor que Bolsonaro de fato deixe o cargo, sofra um impeachment. Não é arriscado termos os militares de volta no comando do país?

Não. Em qualquer país do mundo que se respeite, os militares fazem parte da sociedade, não são contra a sociedade. Nos EUA, você acha que o establishment critica os militares? Na França? Na Alemanha? Na Inglaterra? Mas aqui criou-se essa ideia de sociedade civil de um lado e os militares do outro. Foi o príncipe dos sociólogos quem fez isso (irônico, se referindo ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso). Isso criou uma situação em que, primeiro, se tirou a responsabilidade dos civis que apoiaram a ditadura e que muito se beneficiaram, mais do que os militares, que ficaram com a culpa, mas não ficaram ricos. A Globo se criou durante a ditadura, são multimilionários. Os bancos, a mesma coisa. Esse conceito permitiu dizer: “Olha, a ditadura foi uma coisa militar. Aqui estamos nós, os civis, que nunca nos beneficiamos com ela, nunca enriquecemos nela.” Enriqueceram, e muito. Com aquele crescimento muito alto (da economia nos primeiros anos da década de 1970, época do chamado “milagre econômico” brasileiro) com arrocho salarial, eles ficaram milionários, empresários como Gerdau ficaram milionários.

O senhor não vê nenhum risco de uma “recaída” dos militares, um novo AI-2 (o segundo ato institucional decretado pela ditadura, de 1965, que acabou com as eleições diretas para presidente, extinguiu partidos políticos e permitiu uma intervenção do poder Executivo no Judiciário)?

Para quê? Não vale a pena. [Os militares] Passaram 30 anos tentando limpar os aspectos negativos da ditadura para eles. Veio o Bolsonaro e o tempo todo relembra a ditadura. Eles ficam horrorizados com isso. As pesquisas de opinião mostram que os militares são um dos grupos que têm mais confiança da população brasileira. Conseguiram isso, e o Bolsonaro passa o tempo todo lembrando da ditadura, do [ditador chileno Augusto] Pinochet, do [ditador paraguaio Alfredo] Stroessner, do [coronel Carlos Alberto] Brilhante Ustra (um dos principais comandantes da tortura de adversários do regime militar).

Mourão também fez elogios a ele.

Antes de ser vice-presidente. De lá para cá, ele é monitorado pelo alto-comando. Ele não fala por ele, tanto que não é contestado, reparou? Não há nenhum general, da ativa ou da reserva, que tenha contestado Mourão publicamente. Pode ser que eles discutam [internamente], mas publicamente não vi nenhuma declaração. Porque eles sabem que [um eventual fracasso do governo Bolsonaro] vai bater lá neles, entende? Essa confusão que o Bolsonaro está armando, esse caldo de antagonismo, vai bater neles. E não interessa a eles [uma nova ditadura], porque não é mais moda no mundo, não é? Teve a moda das ditaduras militares na América Latina, Brasil, Argentina, toda parte. Hoje em dia, não é mais assim.

MULHER AGREDIDA POR MC REAÇA AGUARDA CIRURGIA, DIZ HOSPITAL

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MULHER AGREDIDA POR MC REAÇA AGUARDA CIRURGIA, DIZ HOSPITAL

Revista Fórum –  Segundo assessoria do Hospital Augusto de Oliveira Camargo, a agente de viagens internada após ser agredida pelo funkeiro Tales Volpi apresenta quadro estável. Ela estaria muito inchada ainda para passar por cirurgia.

A agente de viagem de 28 anos, agredida por Tales Volpi, o MC Reaça – que se suicidou no sábado (1) – segue internada no Hospital Augusto de Oliveira Camargo (HAOC), de Indaiatuba. A mulher, que estaria grávida, ainda aguarda cirurgia.

Leia também:
MC Reaça, que apoiou Bolsonaro, espancou namorada grávida e depois se matou

De acordo com boletim de ocorrência registrado na delegacia de Indaiatuba, interior de São Paulo (20 km de Campinas), pelo pai da vítima ela namorava Volpi e foi internada no hospital após ser agredida no sábado (1). O metalúrgico de 62 anos seguiu até o HAOC onde foi informado que a agente de viagem deve passar por cirurgia em razão de um edema e hematomas no lado direito dos rosto e no olho, além de fraturas no maxilar.

À Fórum, a assessoria do hospital informou que o estado de saúde da mulher nessa manhã (03) segue estável e que ela ainda vai passar por cirurgia. Segundo informações obtidas pela Fórum, a moça precisa primeiro “desinchar” para poder passar por operação.

Segundo o jornal Correio Popular, de Campinas, o funkeiro era casado e tinha uma relação extraconjugal com a agente de viagem. A polícia acredita que a agressão foi em razão de um anúncio de gravidez.

Em um dos áudios enviado por ele à esposa, Maiara Volpi, antes de se suicidar, divulgados pela TV Sol Comunitária, de Indaiatuba, o músico pede para que Maiara ajude a amante a cuidar do bebê, caso a criança sobreviva.

Pelo Twitter, o presidente Jair Bolsonaro lamentou a morte de Volpi, que considerou que “será lembrado pelo dom, pela humildade e por seu amor pelo Brasil”.

 

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CADA DEPUTADO PEDE R$ 10 MILHÕES A BOLSONARO PARA APROVAR REFORMA DA PREVIDÊNCIA; PODE SER A VOTAÇÃO MAIS CARA DA HISTÓRIA

CADA DEPUTADO PEDE R$ 10 MILHÕES A BOLSONARO PARA APROVAR REFORMA DA PREVIDÊNCIA; PODE SER A VOTAÇÃO MAIS CARA DA HISTÓRIA

PLANTÃO BRASIL – A reforma da Previdência já tem preço: R$ 10 milhões por deputado. É o dinheiro que cada um terá à sua disposição para despejar em obras e repasses federais de seu interesse. A revelação é do colunista Bernardo Mello Franco em seu blog. Mas o preço será ainda maior para o governo tentar aprovar sua reforma. Haverá distribuição de cargos de segundo e terceiro escalão. “Apesar do discurso oficial contra o ’toma lá, dá cá’, a Casa Civil tem indicado disposição de negociar”, informou Franco. A porteira está aberta.

A quota de R$ 10 milhões é para parlamentares reeleitos. Os iniciantes terão que se contentar com R$ 7,5 milhões. A conta, no total, poderá superar os R$ 500 milhões, sem contar as nomeações. A interrogação sobre as nomeações é se elas obedecerão a praxe estabelecida pelo esquema do clã Bolsonaro na Assembleia Legislativa do Rio, coordenado por Fabrício Queiroz, de arrecadação de parte das remunerações dos nomeados para compor o caixa da família de Jair, Flávio, Eduardo e Carlos.

O cenário na cúpula do governo ontem, era quase de desolação: “Depois da eleição, o ministro Paulo Guedes disse que bastaria dar uma “prensa” no Congresso para aprovar a reforma da Previdência. Se alguém no governo ainda acreditava nisso, ontem foi o dia de cair na real”, escreveu Franco.

“O projeto entregue por Jair Bolsonaro foi recebido com frieza”, acrescentou o jornalista, indicando que o centrão está afiando as facas: “Parlamentares da bancada governista deixaram claro que vão aproveitar o momento para forçar um acerto de contas com o Planalto”.

“Nas palavras de um senador tucano, o presidente pensou que conseguiria tratar o Congresso como um quartel. Agora será pressionado a dividir poder, fazer concessões e reabrir o balcão de negócios”. Assim caminhará a reforma e o governo na selva parlamentar.

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EM APENAS 1 MÊS, JAIR E MICHELE BOLSONARO GASTARAM R$ 1,1 MILHÃO COM CARTÃO CORPORATIVO DO GOVERN

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EM APENAS 1 MÊS, JAIR E MICHELE BOLSONARO GASTARAM R$ 1,1 MILHÃO COM CARTÃO CORPORATIVO DO GOVERNO

PLANTÃO BRASIL – Reportagem de Breno Pires no Estado de S.Paulo informa que os gastos com cartões corporativos da Presidência da República nos dois primeiros meses do governo Jair Bolsonaro aumentaram 16% em relação à média dos últimos quatro anos, já considerada a inflação no período. Apesar de ter seu fim defendido durante a transição, a nova gestão não só manteve o uso dos cartões como foi responsável por uma fatura de R$ 1,1 milhão. O cálculo leva em consideração os pagamentos vinculados à Secretaria de Administração da Presidência da República – que incluem as despesas relacionadas ao presidente.

De acordo com a publicação, os valores foram divulgados apenas na semana passada, com atraso, após o Estado questionar a Controladoria-Geral da União (CGU). Mesmo assim, a descrição da maioria dos pagamentos é sigilosa. Nem mesmo a data em que a despesa foi feita é divulgada. O argumento é que informar os gastos do presidente pode colocar em risco a sua segurança. A extinção dos cartões corporativos foi defendida pelo ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, durante a transição de governo. Na ocasião, o ministro disse que mudanças seriam feitas com “critérios”, baseadas em consultas à Advocacia-Geral da União (AGU) e à CGU. Ao Estado, os dois órgãos disseram que ainda não foram consultados sobre o tema.

Ao todo, 1.846 servidores estão registrados para usar os cartões corporativos. Eles foram responsáveis por um gasto total de R$ 5,3 milhões até agora no ano. Neste caso, quando considerados todos os órgãos do governo, houve uma economia de 28% em relação à média dos últimos quatro anos. As despesas de fevereiro, porém, ainda não estão integralmente listadas, completa o Estadão.

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CHEFE DAS PRIVATIZAÇÕES CRESCEU SOB O PT, ENQUANTO FINANCIAVA LIBERAIS

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CHEFE DAS PRIVATIZAÇÕES CRESCEU SOB O PT, ENQUANTO FINANCIAVA LIBERAIS

Um perfil do empresário Salim Mattar, da Localiza, que cresceu nos governos petistas enquanto apoiava as campanhas de direita e agora busca acelerar as privatizações do governo Bolsonaro, do qual participa por indicação do amigo Paulo Guedes; “nós estamos dando uma chance aos liberais pela primeira vez mostrar a que eles vieram”, afirma.

Brasil247 – Da Agência Pública – “Pela primeira vez nesse país nós temos um governo liberal. Liberal na economia e conservador na família”, disse o então presidente do conselho administrativo da Localiza Rent a Car, José Salim Mattar, à plateia de empresários. E continuou: “Há quanto tempo não temos um governo liberal nesse país?”. Sem resposta, ele mesmo respondeu: “Na verdade, nós estamos dando uma chance aos liberais pela primeira vez mostrar a que eles vieram”.

Era uma terça-feira, 4 de dezembro de 2018. Mattar abria o seminário “Cenários econômicos do Brasil em 2019 e 2020”, realizado anualmente pelo Conselho de Presidentes, entidade criada com “a missão de inspirar líderes nas decisões estratégicas”. Há dez dias seu nome havia sido anunciado para comandar as privatizações do governo Bolsonaro à frente da Secretaria Especial de Desestatização e Desinvestimento do Ministério da Economia.

O convite foi feito por Paulo Guedes, amigo de longa data do empresário e com quem compartilha dos mesmos ideais. Salim Mattar defende o Estado mínimo desde os 16 anos de idade – quando era estudante em Oliveira, no interior de Minas – e há mais de trinta financia a difusão das ideias ultraliberais no Brasil, além de ter se tornado um porta-voz do antipetismo.

Apesar disso, o crescimento dos seus negócios contou com ajuda do Estado durante os governos do PT. Só entre 2013 e 2016, a Localiza Rent a Car, a Pottencial Seguradora e a Omni Táxi Aéreo – empresas das quais ele possui ações e já passou por cargos de direção – abocanharam, juntas, R$ 1,1 bilhão em contratos com o governo federal. O maior volume de recursos, 96%, vieram da Petrobras. Os dados foram levantados pela Pública no portal da Transparência do Governo Federal.

Nos mandatos de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Dilma Rousseff (PT), a Localiza – fundada em 1973 por Mattar, seu irmão Eugênio Mattar e os irmãos Antônio Cláudio e Flávio Resende – alcançou patamares históricos de crescimento. Em 2005, foi a primeira do ramo a abrir capital na bolsa de valores e, em 2013, se tornou a maior locadora da América Latina. Também foi durante os governos do PT, nos anos de 2013 e 2015, que a Omni Táxi Aéreo fechou negócio bilionário com a Petrobras. Na ponta do lápis, a empresa faturou R$ 1.068.567.464 em 21 contratos firmados nesses dois anos com a estatal para fazer o transporte offshore (de funcionários para as plataformas no mar).

Aos 70 anos, Mattar está no topo da lista dos mais bem-sucedidos empresários brasileiros. Ele foi escolhido um dos melhores CEOs do Brasil pela revista americana Institutional Investor nos anos de 2006 e 2007 e, em 2012, foi indicado como um dos 50 CEOs de melhor desempenho da América Latina pela revista Harvard Business Review, títulos que ele faz questão de destacar em seu currículo.

Além dos investimentos na Omni, na Localiza e na Pottencial, o empresário tem sete CNPJs em seu nome, incluindo um posto de gasolina (Comercial de Derivados de Petróleo Limitada), um haras (Haras Sahara Ltda.) e uma empresa de eventos (The One Promoções e Eventos). Em 2017, a The One Promoções prestou serviços para o Partido Novo no valor de R$ 10,6 mil. No mesmo ano, Mattar doou R$ 2,2 milhões para a legenda.

A Omni Táxi Aéreo e a Localiza ainda têm 12 contratos em vigência com o governo federal no valor de R$ 176,4 milhões – R$ 174,2 milhões e R$ 2,2 milhões, respectivamente. Outros três contratos de serviços prestados pela Localiza para o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia, Eletrosul e Agência Nacional de Energia Elétrica venceram este ano.

A reportagem tentou entrevistar o empresário, mas teve o pedido recusado e não recebeu retorno das perguntas enviadas por e-mail à assessoria de comunicação do Ministério da Economia. Ontem (08/05) à noite, a assessoria mandou a seguinte nota: “O Secretário Especial de Desestatização e Desinvestimento do Ministério da Economia, Salim Mattar, se desvinculou de suas empresas antes de tomar posse no governo. Sua nomeação foi submetida à apreciação da Comissão de Ética Pública da Presidência da República, que avaliou critérios como patrimônio e situações de potencial conflito de interesse. O secretário atendeu a todos os requisitos exigidos e foi nomeado em 10 de janeiro de 2019 pelo Presidente da República, Jair Bolsonaro.”

Alinhado ideologicamente com os Bolsonaros

“Eu entendi cedo, foi uma dádiva que Deus me deu, o quão mau é a esquerda, como faz mal, como em um país de esquerda as pessoas vivem infelizes”, afirmou Mattar no seminário, na sede da Localiza, em Belo Horizonte. Do Estatuto do Desarmamento, à política de cotas raciais e o programa Mais Médicos, ele não poupou críticas às medidas dos governos petistas. Para justificar sua opinião, ele contava uma experiência pessoal.

“Eu durmo na minha fazenda aqui perto sempre temeroso porque as quatro fazendas ao meu redor já foram assaltadas.” Segundo ele, “as ditaduras de esquerda gostam de desarmar a população porque, uma vez a população desarmada, fica mais subserviente”. Para o empresário, a política de cotas raciais é uma injustiça. “Eu estava recentemente com o pai de um aluno. O filho não ia sábado para matinê, não ia sábado para o clube porque ficava estudando. E na hora que ele passou [na universidade] ele teve que abrir mão da nota para algumas pessoas que tinham notas muito menores do que ele. Isso é justiça?” Ele disse ainda que o programa Mais Médicos “era uma forma de transferir dinheiro para Cuba” e garantiu que a “caixa-preta” do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) ia ser aberta.

Durante sua palestra, Mattar defendeu a escola sem partido: “Nós não podemos permitir que os professores ideologizem a escola. Nós queremos que nossos filhos aprendam português, geografia e história. Nós não queremos que os professores contem aos nossos filhos o que eles têm feito”, disse. E, para alento dos empresários, ele garantiu que o novo governo não iria aumentar impostos. “Impostos não vão subir, não vai ter aumento de impostos, fiquem tranquilos. A tendência é redução de impostos”, destacou.

“A falácia da esquerda precisa ser enterrada, e o grande desafio nosso, das pessoas que estão indo para o governo, é exatamente mostrar que existem melhores alternativas para a sociedade e para a economia que não são as alternativas de esquerda. E é isso que é o nosso trabalho. Por favor, orem por mim.” Aos aplausos da plateia, Mattar fechou assim sua fala no seminário.

O mais liberal dos liberais

Apesar da proximidade ideológica em relação a várias teses – e do ferrenho antipetismo que os une –, o presidente da República e José Salim Mattar não estão 100% alinhados na pauta das privatizações. Do grupo dos “privatiza tudo”, Mattar declarou em entrevista à revista Veja, em março, estar frustrado com alguns recuos do governo Bolsonaro. “Se a decisão fosse minha, eu privatizava tudo. Não faz sentido o governo ter bancos, mas a orientação que recebi é manter a Caixa, o Banco do Brasil e a Petrobras. Talvez eu esteja um pouquinho mais à direita do ministro Paulo Guedes, porque sou quase um libertário. Mesmo sem essas joias da coroa, será possível arrecadar quase R$ 1 trilhão com as privatizações”, disse.

No último dia 30, Mattar e Jair Bolsonaro discutiram as possibilidades de privatização dos Correios. Informações da reunião foram publicadas no twitter do Ministério da Economia. De acordo com a pasta, o objetivo de eventual venda da estatal é desonerar o cidadão.

Mattar destacou ao presidente “que gestões passadas com histórico de corrupção afetaram a eficiência dos Correios e elevaram em grandes proporções o seu custo ao cidadão brasileiro”. O secretário argumentou que o plano de saúde dos funcionários dos Correios tem um rombo de R$ 3,9 bilhões e o fundo de pensão, mais de R$ 11 bilhões. “Decisões equivocadas causaram um rombo de mais de R$ 11 bi no fundo de pensão dos funcionários dos Correios, o Postalis, que foi aquele fundo que comprou títulos da dívida pública da Venezuela”, acrescentou.

Durante a campanha eleitoral, Bolsonaro defendeu a privatização dos Correios com os mesmos argumentos usados agora por Mattar, de que a estatal é alvo de reclamações e seu fundo de pensão causa prejuízo.

Dentre os chefes do alto escalão do governo Bolsonaro, pode-se dizer que Mattar é o que há mais tempo se dedica à disseminação dos ideais liberais econômicos no país. A começar por estar entre os empresários que fundaram o primeiro think thank brasileiro de direita após o fim da ditadura militar: o Instituto Liberal. O objetivo principal, conforme sua carta de fundação era: “convencer a sociedade brasileira das vantagens de uma ordem liberal”.

Mattar também foi um dos fundadores do Instituto Millenium e do Instituto de Formação de Líderes, além de ter mantido seu apoio a outras iniciativas com os mesmos ideais e financiado novas lideranças do movimento. De acordo com a cientista política Camila Rocha, autora da tese de doutorado Menos Max, mais Mises: uma gênese da nova direita brasileira, Mattar e a família Ling, proprietária da holding Evoré, são tidos pela militância ultraliberal como os principais financiadores de suas atividades.

Camila Rocha afirmou à Pública que os recursos são usados, principalmente, na organização de palestras, workshops, para pagar algumas passagens e apoiar eventos. Ele bancou, por exemplo, o projeto “Liberdade na Estrada”, do Instituto Ordem Livre, criado em 2009, que promoveu palestras com intelectuais liberais de direita em universidades espalhadas por todo o país. Conforme narrou Camila, o “Liberdade na Estrada” esteve presente em quase 50 universidades distribuídas em mais de 30 cidades diferentes, em suas cinco primeiras edições, “e ajudou a conectar ainda mais a militância pró-mercado distribuída pelo território nacional”. Na reportagem “A nova roupa da direita”, a Pública mostrou que a rede de think tanks conservadores dos EUA também financiou jovens brasileiros a defender o liberalismo no Brasil.

Em 2016, Salim Mattar foi um dos empresários que encabeçaram o movimento “Você Muda o Brasil”, ao lado de Luiza Helena Trajano (do Magazine Luiza), Jefferson de Paula (ArcelorMittal), Paulo Kakinoff (Gol), Pedro Passos (Natura), Pedro Wongtschowski (Ultra), Rubens Menin (MRV) e Walter Schalka (Suzano). Inicialmente, os encontros do grupo envolviam temas como ética, civismo, educação e desenvolvimento. Em 2018, eles fizeram um encontro para discutir o engajamento da sociedade civil na esfera política. Mattar integra também o Conselho Superior da Associação Comercial do Paraná (ACP), no mandato de 2017 a 2019. Em 2016, a entidade se posicionou publicamente favorável ao impeachment de Dilma Rousseff.

Militares no meio do caminho

Ao mudar de lado no balcão e deixar a presidência dos conselhos administrativos da Pottencial Seguradora e da Localiza, em dezembro do ano passado, para assumir a direção da Secretaria Especial de Desestatização e Desinvestimento do Ministério da Economia, Mattar teve que abandonar alguns dos princípios que tanto defendeu ao longo da sua carreira empresarial e enfrentar as barreiras da gestão pública, tão criticadas por ele.

E ele está dançando conforme a música. Nomeou nove coronéis do Exército e cinco civis para comandar superintendências estaduais da Secretaria de Coordenação e Governança do Patrimônio da União (SPU), que está sob seu guarda-chuva. As portarias com as nomeações foram publicadas nos dias 13, 21, 26 de fevereiro. Questionada, a assessoria de imprensa do Ministério da Economia informou que as nomeações “seguiram critérios como perfil técnico e afinidade com os temas da Secretaria”.

O órgão administra imóveis que valem R$ 1,1 trilhão, com previsão para serem vendidos dentro do programa de desinvestimento do governo federal. “Vamos fazer um programa cuidadoso de venda de imóveis para não encharcar o mercado, mas estes são os ativos que devemos vender mais rápido, primeiro do que as estatais”, disse Mattar durante conferência com investidores promovida pelo BTG Pactual em São Paulo.

Os militares, no entanto, podem virar um empecilho para os programas neoliberais de Mattar e Paulo Guedes. Durante participação em evento do BNDES sobre desestatizações no setor elétrico, Guedes afirmou que está recebendo apoio dos militares, mas com ressalvas. “Eu falava que tinha que vender todas [as estatais], mas naturalmente nosso presidente e nossos militares às vezes olham para algumas delas com carinho, porque eles criaram elas como filhos desde lá atrás. Só que eu estou dizendo: olha só, seus filhos fugiram e estão drogados”, disse Guedes. “Mas eles [os militares] têm sido extraordinários no apoio, não recebi nunca uma admoestação”, completou.

O amigo Paulo Guedes

Mattar conheceu Paulo Guedes na década de 1990. O então banqueiro, cofundador do banco Pactual – posteriormente comprado e transformado em BTG Pactual – foi responsável pela abertura de capital da Localiza, em 2005. Logo em seguida, ele convidou Guedes para integrar o Conselho de Administração da locadora, cargo que ocupou por três anos. Ano passado, foi a vez de Paulo Guedes fazer um convite profissional para Mattar. “Eu aceitei ir para o governo porque eu vi a qualidade dessas pessoas que estão indo para o governo. Uma das pessoas que eu conheço, que está no governo, ganhava US$ 2,5 milhões por ano no banco em que ele trabalhava e foi para ganhar R$ 26 mil por mês”, justificou Mattar aos empresários em Belo Horizonte.

Nas eleições do ano passado, Paulo Guedes e Salim Mattar estiveram em campos políticos diferentes, mas não opostos. Enquanto Guedes ajudou a construir o programa econômico de Jair Bolsonaro, Mattar atuou como “conselheiro” do Partido Novo, além de ter sido o maior doador da sigla.

O empresário chegou a ser cotado para candidatar-se pelo Novo ao governo de Minas Gerais. Segundo o presidente estadual do partido, Bernardo Santos, Mattar se recusou porque estava “em um momento de transição na empresa”. “A Localiza, à época, estava se juntando com a Hertz”, acrescentou. A negociação custou cerca de R$ 337 milhões, conforme divulgado pela imprensa. Quem assumiu a vaga foi Romeu Zema, eleito governador. Santos contou que eles já haviam convidado Mattar para concorrer à prefeitura de Belo Horizonte em 2016. “Mas ele não aceitou porque o partido ainda estava desorganizado. Tínhamos acabado de conseguir o registro.”

Apesar de não ter atuado diretamente na fundação do Novo, segundo Santos, Mattar sempre foi uma pessoa presente. “Ele é um conselheiro”, destacou. Além de ter sido o maior doador da campanha de Romeu Zema, com R$ 700 mil, Mattar ajudou a conquistar doações. “A gente fez umas reuniões na casa dele, ele se dispôs a conversar com algumas pessoas para conquistar alguma doação”, contou Santos.

Sua proximidade com o Partido Novo não o impediu, antes mesmo do fim do primeiro turno, de assumir o discurso do voto útil em Jair Bolsonaro. O fundador da Localiza está entre o seleto grupo de empresários, ao lado de Sebastião Bomfim (Centauro), Luciano Hang (Havan), Meyer Nigri (Tecnisa) e Flávio Rocha (Riachuelo) que declararam voto aberto no então candidato do PSL.

Ainda nas últimas eleições, Mattar se destacou como o quarto maior doador de campanha. Foram R$ 2,9 milhões para 30 candidaturas dos seguintes partidos: Novo (R$ 1,4 milhão), DEM (R$ 650 mil), PSDB (R$ 500 mil), PSB (R$ 100 mil), DC (R$ 50 mil), PTB (R$ 50 mil), PSC (R$ 50 mil), PHS (R$ 25 mil) e PSL (R$ 20 mil).

Entre os 30 contemplados pelo empresário estão fundadores do MBL, Kim Kataguiri (DEM-SP) e Marcel van Hattem (Novo-RS), membros do governo Bolsonaro – os ministros da Casa Civil, Onyx Lorenzoni (DEM-RS) e do Meio Ambiente, Ricardo Salles (Novo-SP) – e os relatores da reforma trabalhista na Câmara, Rogério Marinho (PSDB-RN), e no Senado, Ricardo Ferraço. Só na Justiça do Trabalho mineira, a Localiza Rent a Car, acumula 86 processos.

A relação de Mattar com a política partidária ganhou maior destaque nas últimas eleições devido ao seu engajamento no Novo e às vultosas doações, mas não é de hoje que ele participa das decisões políticas do país por meio de contribuições financeiras. A Localiza doou R$ 315 mil (mais mil reais do próprio Mattar) à primeira campanha de Aécio ao governo de Minas, em 2002. No ano seguinte, após negociação com o setor, o então governador reduziu a alíquota do IPVA igualando-a à do Paraná. Ele passou a emplacar os carros em Minas, gerando receita aos cofres estaduais. Nas eleições de 2014, ele gravou um vídeo de apoio a Aécio: “Está na hora de mudança. Aécio está preparado para essa mudança. Aécio é a nossa única solução”, disse Mattar no vídeo.

Em 2014, Mattar doou R$ 1,5 milhão para a direção nacional do PSDB e R$ 45 mil para a do DEM. Outros R$ 205 mil foram destinados a quatro candidatos do DEM, PP e PSDB.

No Haras Sahara

Assim que terminaram as eleições, vitorioso nas urnas, o então eleito governador de Minas, Romeu Zema (Novo), se refugiou no Haras Sahara, empreendimento de altíssimo luxo do seu maior doador de campanha, José Salim Mattar. Além da criação e do treinamento de cavalos árabes, o haras é palco de grandes festas e de encontros das lideranças do movimento liberal do país, como o que ocorreu em 2015 após o registro do Novo na Justiça Eleitoral.

Mattar recebeu em suas acomodações a ativista do liberalismo da Guatemala, Gloria Alvarez, a então apresentadora de TV da revista Veja, deputada federal Joice Hasselmann (PSL-SP), o economista e escritor Rodrigo Constantino e o presidente do Partido Novo, João Amoêdo. Conforme divulgado em colunas sociais à época, o assunto girou em torno do peso do Estado na vida dos cidadãos.

A casa sede do Haras, onde Zema se hospedou, possui quase 10 mil metros quadrados e conta com a assinatura do renomado arquiteto Roberto Migotto. Ela destoa da simplicidade de Mocambeiro, distrito de Matozinhos, Região Metropolitana de Belo Horizonte, onde está localizada.

Por meio de nota, a assessoria de imprensa do governador de Minas Gerais informou que “Romeu Zema e o empresário José Salim Mattar Júnior são amigos e mantêm uma relação de proximidade antes de ocuparem cargos públicos”. “O fato de Romeu Zema ter frequentado a propriedade de Salim Mattar, em momento de lazer, não configura troca de interesses públicos ou políticos, uma das práticas muito condenadas por ambos”, acrescentou.

Cercado pela Unidade de Conservação Ambiental Monumento Estadual Vargem da Pedra e pelo Parque Estadual Cerca Grande, o Haras Sahara está localizado em uma importante Área de Proteção Ambiental, rica de sítios arqueológicos, sob o guarda chuva do ICMbio, órgão comandado pelo ministro Ricardo Salles, que recebeu R$ 200 mil de Mattar – seu segundo maior doador – para concorrer à Câmara dos Deputados.

Já no órgão estadual, Mattar acumulou cinco multas que foram anistiadas por meio da Lei n° 21.735, de 3 de agosto de 2015, de autoria do ex-governador Fernando Pimentel (PT). A norma perdoou as multas ambientais de até R$ 15 mil. No local, o empresário é bem visto pelos moradores. “Muita gente conseguiu emprego lá e ele arrumou a estrada também, a que dá no haras dele”, contou o aposentado Geraldo Lourenço Filho.

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ACORDOS DE LENIÊNCIA DA LAVA JATO SOMAM R$ 8,93 BILHÕES

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ACORDOS DE LENIÊNCIA DA LAVA JATO SOMAM R$ 8,93 BILHÕES

Acordos de leniência firmados pela Controladoria-Geral da União (CGU) e Advocacia-Geral da União (AGU) junto a empresas investigadas no âmbito da Lava Jato somam R$ 8,93 bilhões; último acordo do gênero foi anunciado na semana passada, por meio da Braskem; outras seis companhias, do setor de petróleo e de construção, já haviam firmado acordos semelhantes.

Brasil247 – Os acordos de leniência firmados pela Controladoria-Geral da União (CGU) e Advocacia-Geral da União (AGU) junto a empresas investigadas no âmbito da Lava Jato somam R$ 8,93 bilhões.

O último acordo do gênero foi anunciado na semana passada, por meio da Braskem, e prevê que a empresa do setor petroquímico pague um total da R$ 2,97 bilhões até janeiro de 2025. Outras seis companhias, do setor de petróleo e de construção, já haviam firmado acordos semelhantes.

Os acordos de leniência envolvem a Andrade (R$ 1,49 bilhão), SBM Offshore (R$ 1,22 bilhão), Odebrecht (R$ 2,72 bilhões), MullenLowe e FCB Brasil (R$ 53,1 milhões), Bilfinger (R$ 9, 8 milhões) e a UTC Participações (R$ 574 milhões), diz o blog do jornalista Fausto Macedo.

 

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MAIA DIZ QUE GOVERNO NÃO TEM AGENDA E PAÍS ESTÁ A CAMINHO DO COLAPSO SOCIAL

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MAIA DIZ QUE GOVERNO NÃO TEM AGENDA E PAÍS ESTÁ A CAMINHO DO COLAPSO SOCIAL

Em entrevista ao jornal O Globo, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, critica o governo de extrema-direita de Jair Bolsonaro e diz que falta uma agenda para o Brasil, que está a caminho do colapso social; a direita vai se distanciando do governo.

Brasil247 – Em entrevista ao jornal O Globo, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, critica o governo de extrema-direita de Jair Bolsonaro e diz que falta uma agenda para o Brasil.

Maia foi alvo de críticas durante as manifestações organizadas pela extrema-direita e reage: “O Executivo não tem uma agenda formulada e o país está caminhando para o ‘colapso social’.

Maia também critica o ministro da Educação, Abraham Weintraub , por não se comportar como deveria: “Ele não é ator, é ministro”.

Sobre a relação com o presidente da República, diz que de sua parte, “é uma relação de diálogo, de construção de uma pauta que tire o Brasil do caminho que está indo, de um colapso social muito forte” .

Leia a íntegra

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