‘DIRETO NA JUGULAR’, DISSE PROCURADOR AO DEFENDER USAR MORTE DE DONA MARISA PARA ATACAR LULA

.

'DIRETO NA JUGULAR', DISSE PROCURADOR AO DEFENDER USAR MORTE DE DONA MARISA PARA ATACAR LULA

Novo conteúdo divulgado pelo The Intercept mostra os procuradores preparando a estratégia de ataque contra o Lula; covardemente, eles escolheram a morte da esposa do ex-presidente, Marisa Letícia, como alvo da nota que iria direcionar as manchetes dos meios de comunicação; “Eu iria direto na jugular”, disse o procurador Carlos Fernando dos Santos Lima ao defender a proposta no grupo de procuradores

Brasil247 – Trechos inéditos das conversas entre o então juiz Sergio Moro e os procuradores da Lava Jato de Curitiba foram divulgados pelo The Intercept nesta sexta-feira (14). O novo conteúdo mostra os procuradores preparando a estratégia de ataque contra o Lula. Um dos alvos usados foi a esposa do ex-presidente, Marisa Letícia, que já havia falecido.

A menção à Dona Marisa seria feita na nota oficial que o Ministério Público iria emitir à imprensa. “Eu iria direto na jugular”, disse o procurador Carlos Fernando dos Santos Lima em uma das conversas no grupo de procuradores.

Santos Lima foi quem recebeu as ordens de Sergio Moro para que o MPF publicasse uma nota. Na conversa com os procuradores, Santos Lima ditou a narrativa que foi usada por diversos veículos da mídia. “Eu iria direto na jugular, falando que culpar quem morreu é uma tática velha de defesa”, escreveu ele, que minutos antes havia dito que “se fosse para falar” seria do jeito dele, ou seja, tentando criar a tese que que para se esquivar das acusações, Lula citou a ex-mulher que morreu vítima de um AVC.

Inicialmente, a estratégia de Santos Lima não convenceu os demais procuradores. “Ele não reconheceu os crimes e colocou nas costas dela… ele apenas disse que ela que tratou disso e que ela mesma não ia comprar no fim… qto ao item apreendido, pulou fora. Vcs que estavam lá podem avaliar melhor, mas pelo pouco que vi não me pareceu que foi isso. Foi?”, disse Deltan Dallagnol.

Mas a tese prevaleceu e a narrativa foi traçada pelo procurador Julio Noronha: “… Quanto às muitas contradições verificadas no interrogatório do ex-Presidente Lula, à imputação de atos à sua falecida esposa, à confissão de sua relação com pessoas condenadas pela corrupção na Petrobras e à ausência de explicação sobre documentos encontrados em sua residência, o Ministério Público Federal se manifestará oportunamente, no processo, especialmente nas alegações finais”, rascunhou o procurador para aprovação dos demais.

O texto final da nota do MPF trouxe a menção de Marisa, sendo manchete de diversos veículos de comunicação.

GREENWALD: “A CADA MENTIRA, NÓS PUBLICAREMOS PROVA DE QUE MORO ESTÁ MENTINDO”

.

GREENWALD: “A CADA MENTIRA, NÓS PUBLICAREMOS PROVA DE QUE MORO ESTÁ MENTINDO”

“Enquanto julgava o processo criminal contra Lula, Moro secretamente zombava da defesa em conversas secretas com os promotores. Pior, ele estava dirigindo sua campanha pública contra o mesmo réu que ele estava julgando”

Jornal GGN – O jornalista do Intercept Brasil Glenn Greenwald divulgou na noite desta sexta (24) novos trechos de conversas entre Sergio Moro e procuradores de Curitiba que provam conluio em ações penais da Lava Jato, incluindo o caso triplex.

Após as novas revelações, Glenn respondeu a Moro no Twitter: “Como eu disse antes, Sergio Moro deveria parar de mentir quando tenta se defender, porque nós temos as evidências e os fatos.”

“A cada mentira – como ele fez hoje no Estadão – nós publicaremos a prova de que ele está mentindo, como acabamos de fazer em resposta à entrevista”, disparou o jornalista.

Na manhã desta sexta, o Estadão publicou entrevista exclusiva com Moro, na qual o hoje ministro da Justiça tenta naturalizar suas conversas com os procuradores. Apesar disso, o ex-juiz que condenou Lula se recusou a admitir o teor das mensagens vazadas, e escondeu-se atrás de um suposto ataque hacker para fazer provocações ao Intercept.

Além de defender que o site divulgue todas as conversas de uma vez, Moro quer que o dossiê seja entregue para uma “autoridade independe” para fazer uma perícia.

Glenn escreveu aos seus seguidores: “Moro mentiu em sua entrevista ao Estado hoje, afirmando que só tinha conversas banais e ‘comuns’ com os promotores, negando que já tivesse participado de sua estratégia. Essas provam que ele fez exatamente isso – fingindo ser um juiz neutro enquanto comandava a promotoria.”

“Enquanto julgava o processo criminal contra Lula, Moro secretamente zombava da defesa em conversas secretas com os promotores. Pior, ele estava dirigindo sua campanha pública contra o mesmo réu que ele estava julgando – exatamente que ele sempre negou que ele fez.”

O Intercept mostrou, em sua sexta reportagens sobre a Vaza Jato, que Moro enviou uma mensagem a Carlos Fernando dos Santos Lima na noite do dia em que Lula foi a Curitiba prestar depoimento sobre o apartamento no Guarujá.

Depois de pedir a opinião do procurador da Lava Jato sobre o confronto com o ex-presidente, Moro sugeriu que o Ministério Público deveria produzir uma nota evidenciando o que chamou de “contradições” de Lula durante a oitiva.

Santos Lima encaminhou a “demanda” para Deltan Dallagnol e para a assessoria do MP. Dallagnol, no dia seguinte, procurou Moro no aplicativo para justificar a demora.

“Talvez o mais significativo e embaraçoso de tudo: Moro comandou efetivamente o processo contra Lula enquanto fingia ser um juiz ‘neutro’, condenando-o. Seu papel de chefe da força-tarefa era tão claro que Deltan se desculpou quando adiou a obediência às ordens de Moro.”

BRASÍLIA TREME: INTERCEPT ANUNCIA A PRÓXIMA BOMBA

.

BRASÍLIA TREME: INTERCEPT ANUNCIA A PRÓXIMA BOMBA

O site The Intercept Brasil anunciou na noite desta sexta-feira, 14, que deverá publicar “em breve” o novo capítulo sobre o escândalo da Lava Jato, que pode tornar insustentável a permanência do ministro Sérgio Moro no cargo de ministro da Justiça do governo Bolsonaro; foi o que indicou o jornalista Glenn Greenwald pela manhã; “quero ver Moro se segurar na cadeira depois das próximas revelações”

Brasil247 – O site The Intercept Brasil anunciou na noite desta sexta-feira, 14, que deverá publicar “em breve” uma nova reportagem sobre o escândalo da Lava Jato,o que pode tornar insustentável a permanência do ministro Sérgio Moro no cargo de ministro da Justiça e Segurança Pública.

Pela manhã, durante entrevista ao programa de Juremir Machado na rádio Guaíba, em Porto Alegre, o jornalista Glenn Greenwald, que está à frente da série de reportagens que mostram o conluio entre Sérgio Moro e Deltan Dallagnol na construção da farsa jurídica que condenou o ex-presidente Lula, fez uma afirmação bombástica: “quero ver Moro se segurar na cadeira depois das próximas revelações”.

A afirmação é uma resposta do jornalista à entrevista de Sérgio Moro a um dos jornalistas de confiança da Operação Lava Jato, Fausto Macedo, do jornal O Estado de S. Paulo. Na entrevista, publicada nesta sexta, Moro desafiou a Vaza Jato: “Se quiserem publicar tudo, publiquem. Não tem problema”. Moro garantiu que não pensa em renunciar.

Segundo o jornalista Ricardo Noblat, a nova reportagem do Intercept pode trazer mensagens de Moro ao desembargador João Pedro Gebran Neto, do TRF-4, e à juíza Gabriela Hardt, que o substituiu na 13ª Vara da Justiça Federal em Curitiba. “Quem conhece bem as entranhas da Lava Jato diz que o maior perigo que corre o ex-juiz Sérgio Moro é o de ter reveladas as mensagens que trocou com a juíza federal Gabriela Hardt e com o desembargador João Pedro Gebran Neto”, escreveu Noblat no Twitter.

..

DELTAN DALLAGNOL REVELA AJUDA DA GLOBO E QUE TINHA MEDO DE SER PEGO

.

DELTAN DALLAGNOL REVELA AJUDA DA GLOBO E QUE TINHA MEDO DE SER PEGO

Seguem diálogos vazados há menos de 30 minutos pelo Intercept, mostrando o grupo de procuradores depois do primeiro depoimento de Lula a Sérgio Moro, o primeiro encontro entre réu e juiz, em 2017:

DELTAN – 22:54:43 – Sei que Vc é confiante, safo e ótimo nisso, mas morro de medo de que em uma entrevista as perguntas surpreendam e as respostas acabem mais atrapalhando do que ajudando. Além disso, já sofremos tantas vezes com coisas sobre ele que minha primeira inclinação é nos poupar desse risco (e Vc está preservado por enquanto qto ao Lula e não seria ruim se permanecesse preservado para qdo necessário…).

SANTOS LIMA – 22:38:01 – Pessoal. Falo ou não sobre o interrogatório? Se for para falar, será do meu jeito.
DELTAN – 22:42:41 – Neste momento, eu seria cauteloso e conservador. Falar por quê? Ele fez disso um ato político e falar pode só dar razão ao que ele está fazendo, smj. Da pra ver como vai repercutir e eventualmente falar, mas temos que saber o que é preciso ser dito e por quê. Não acho no momento que o que falarmos vai influenciar a análise de terceiros. Há tanta gente que vai analisar e comentar isso… a maior chance é tentarem explorar contra, salvo se nosso silêncio começar a ser interpretado de alguma forma negativa…
SANTOS LIMA – 22:43:45 – Leia o que eu te mandei.
DELTAN – 22:46:46 – Então temos que avaliar os seguintes pontos: 1) trazer conforto para o juízo e assumir o protagonismo para deixá-lo mais protegido e tirar ele um pouco do foco; 2) contrabalancear o show da defesa.
DELTAN – 22:47:19 – Esses seriam porquês para avaliarmos, pq ng tem certeza.
DELTAN – 22:47:50 – O “o quê” seria: apontar as contradições do depoimento.
DELTAN – 22:49:18 – E o formato, concordo, teria que ser uma nota, para proteger e diminuir riscos. O JN vai explorar isso amanhã ainda. Se for para fazer, teríamos que trabalhar intensamente nisso durante o dia para soltar até lá por 16h
SANTOS LIMA – 22:49:39 – Eu iria direto na jugular, falando que culpar quem morreu é uma tática velha de defesa.
SANTOS LIMA – 22:50:07 – E não poderia ser uma nota, pois notas são para momentos de crise.
SANTOS LIMA – 22:50:57 – Deve ser uma entrevista, e entre as diversas perguntas eu falaria do interrogatório.
DELTAN – 22:51:35 – Ele não reconheceu os crimes e colocou nas costas dela… ele apenas disse que ela que tratou disso e que ela mesma não ia comprar no fim… qto ao item apreendido, pulou fora. Vcs que estavam lá podem avaliar melhor, mas pelo pouco que vi não me pareceu que foi isso. Foi?
DELTAN – 22:53:37 – Foi mais que isso. Veja o que o Bunlai falou sobre o terreno. 2+2=4.Bom. Vou dormir. Decidam até eu chegar em Recife. Pensem os comentários dos jornalistas neutros.
ATHAYDE – 22:54:06 – GNews ta detonando o LULA, explorando varias contradicoes, dizendo tb nao ser crivel varias evasivas dele. Nao vejo necessidade de falar por agora
DELTAN – 22:54:43 – Sei que Vc é confiante, safo e ótimo nisso, mas morro de medo de que em uma entrevista as perguntas surpreendam e as respostas acabem mais atrapalhando do que ajudando. Além disso, já sofremos tantas vezes com coisas sobre ele que minha primeira inclinação é nos poupar desse risco (e Vc está preservado por enquanto qto ao Lula e não seria ruim se permanecesse preservado para qdo necessário…)
DELTAN – 22:56:16 – Enfim, seria bom se mais gente der opinião e irmos acompanhando
WELTER – 22:56:53 – Tivemos uma coletiva da Ode, após a denuncia, que nao teve repercussão alguma. Claro que o Lula tem mais apoiadores, mas da pouca repercussão que vi, a grande imprensa não vai comprar a tese do Lula e não vai ver excessos do Juiz ou do MPF. Ninguem vai comprar a versão dele. Acho que o momento é de nos recolhermos um pouco
SANTOS LIMA – 22:58:33 – Pelo que eu vi na audiência, não será necessário. Ele não foi bem, e mesmo os erros do Moro não comprometeram. O Moro pode estar ansioso. Vemos as repercussões e decidimos amanhã. Mas se for para fazer, que seja eu, pois não sou de ficar na defensiva.
ATHAYDE – 22:58:55 – Gostei de uma coisa tb. Merval Pereira defendeu a conducao coercitiva dele. Disse q manifestantes e o esquema de seguranca q se fez necessario justificou aquele ato

URGENTE: NOVAS MENSAGENS REVELADAS MOSTRAM QUE MORO MANDOU PROCURADORES ATACAREM LULA E SEUS ADVOGADOS NA IMPRENSA

.

URGENTE: NOVAS MENSAGENS REVELADAS MOSTRAM QUE MORO MANDOU PROCURADORES ATACAREM LULA E SEUS ADVOGADOS NA IMPRENSA

Moro, o juiz do caso, zombava do réu e de seus advogados enquanto fornecia instruções privadas para a Lava Jato sobre como se portar publicamente e controlar a narrativa na imprensa.”

PLANTÃO BRASIL – Em mais um lote inédito de mensagens trocadas entre o ex-juiz Sergio Moro e procuradores da Lava Jato, fica evidente que a função de coordenador informal da operação estava realmente a cargo do atual ministro da Justiça. Num diálogo entre Moro e o procurador Carlos Fernando, fica patente o pedido do ex-juiz a procuradores para que eles divulgassem uma nota à imprensa para rebater o que ele chamou de ’showzinho’ da defesa do ex-presidente Lula.

Em mais um lote inédito de mensagens trocadas entre o ex-juiz Sergio Moro e procuradores da Lava Jato, fica evidente que a função de coordenador informal da operação estava realmente a cargo do atual ministro da Justiça. Num diálogo entre Moro e o procurador Carlos Fernando, fica patente o pedido do ex-juiz a procuradores para que eles divulgassem uma nota à imprensa para rebater o que ele chamou de ’showzinho’ da defesa do ex-presidente Lula.

A reportagem do Site The Intercept destaca que “os procuradores acataram a sugestão do atual ministro da Justiça de Jair Bolsonaro, em mais uma evidência de que Moro atuava como uma espécie de coordenador informal da acusação no processo do triplex. Em uma estratégia de defesa pública, Moro concedeu uma entrevista nesta sexta-feira ao jornal o Estado de S. Paulo onde disse que considera “absolutamente normal” que juiz e procuradores conversem. Agora, está evidente que não se trata apenas de “contato pessoal” e “conversas”, como diz o ministro, mas de direcionamento sobre como os procuradores deveriam se comportar.”

Veja o trecho do diálogo entre Moro e Carlos Fernando dos Santos Lima:

“Santos Lima – 22:10 – Achei que ficou muito bom. Ele começou polarizando conosco, o que me deixou tranquilo. Ele cometeu muitas pequenas contradições e deixou de responder muita coisa, o que não é bem compreendido pela população. Você ter começado com o Triplex desmontou um pouco ele.
Moro – 22:11 – A comunicação é complicada pois a imprensa não é muito atenta a detalhes
Moro – 22:11 – E alguns esperam algo conclusivo
Além do depoimento, outro vídeo com Lula também tomava conta da internet e dos telejornais naquele mesmo dia. Depois de sair do prédio da Justiça Federal, o ex-presidente se dirigiu à Praça Santos Andrade, em Curitiba, e fez um pronunciamento diante de uma multidão. Por 11 minutos, Lula atacou a Lava Jato, o Jornal Nacional e o então juiz Sergio Moro; disse que estava sendo “massacrado” e encerrou com uma frase que entraria para sua história judicial: “Eu estou vivo, e estou me preparando para voltar a ser candidato a presidente desse país”. Era o lançamento informal de sua candidatura às eleições de 2018.

Um minuto depois da última mensagem, Moro mandou para o procurador Santos Lima:

Moro – 22:12 – Talvez vcs devessem amanhã editar uma nota esclarecendo as contradições do depoimento com o resto das provas ou com o depoimento anterior dele
Moro – 22:13 – Por que a Defesa já fez o showzinho dela.
Santos Lima – 22:13 – Podemos fazer. Vou conversar com o pessoal.
Santos Lima – 22:16 – Não estarei aqui amanhã. Mas o mais importante foi frustrar a ideia de que ele conseguiria transformar tudo em uma perseguição sua.
Moro, o juiz do caso, zombava do réu e de seus advogados enquanto fornecia instruções privadas para a Lava Jato sobre como se portar publicamente e controlar a narrativa na imprensa.”

,,,

MORO, DALLAGNOL E A NOVA NORMALIDADE

.

MORO, DALLAGNOL E A NOVA NORMALIDADE

A Lava Jato vem praticando abusos há cinco anos como se normal fosse, sem reparos, impunemente. Seus membros, longe de serem questionados, eram ovacionados.

Jornal GGN – Da ABJD – Associação Brasileira de Juristas pela Democracia – Moro, Dallagnol e a Nova Normalidade – por Tânia M. S. Oliveira*

No poema “No caminho com Mayakovsky”, muitas vezes confundido e atribuído erroneamente ao poeta russo, o autor Eduardo Alves da Costa descreve os passos de avanço autoritário e ausência de resistência, dos atos simples até que não seja mais possível resistir. Da retirada de flores do jardim a arrancar a voz da garganta, o inexorável é que, ao permitir que se vá adiante, não há o que fazer quando tudo se consuma. Desde o último domingo, 09 de junho, quando os primeiros conteúdos de conversas entre o então juiz e hoje ministro Sérgio Moro e o procurador Deltan Dallagnol e demais procuradores da força tarefa da operação Lava Jato foram revelados pelo portal eletrônico The Intercept, muito já se debateu, se escreveu em artigos, reportagens e, sobremaneira, nas redes sociais.

Curiosamente, a disputa de narrativas não se deu entre mentira e verdade, uma vez que as personagens dos eventos cujos diálogos foram publicizados não negaram sua autenticidade, limitando-se a atacar a forma como foram obtidas e afirmando-se vítimas de hackers. Assumiram como legítimos os diálogos que disseram considerar normais, sem qualquer problema. E ao fazê-lo indicavam adotar o comportamento que vem sendo legitimado desde que apareceram no cenário nacional.

É fato que condução coercitiva sem intimação prévia, delações premiadas com réus presos, usadas como prova sem nada que as corroborasse, vazamento de conteúdos de depoimentos e até mesmo de conversas privadas, prisão automática após julgamento em segunda instância sem trânsito em julgado, foram sendo praticados diuturnamente e, quando questionados judicialmente, foram mantidos. Desse modo, a Lava Jato vem praticando abusos há cinco anos como se normal fosse, sem reparos, impunemente. Seus membros, longe de serem questionados, eram ovacionados.

E passaram a operar em uma lógica totalmente midiática, de olho na aprovação popular e nos holofotes, proferindo palestras, dando entrevistas e dialogando com as manifestações nas ruas. Enquanto isso, seus pares do sistema de justiça ignoraram as irresignações e questionamentos que lhes foram feitos, dentro e fora dos autos, e não foram poucos. Não é nenhum absurdo dizer que os conteúdos revelados pelo portal The Intercept não surpreendem ninguém, mesmo que muitos afirmem seu espanto. A Lava Jato, que se em algum momento foi pensada para enfrentar a corrupção sistêmica, não captou as contradições em seu interior, tratando, desde sempre, a política como delito, e escolhendo atores a quem atingir de acordo com as preferências políticas de seus membros.

Operou a utilização do sistema de justiça e especificamente do Poder Judiciário para atingir seus fins, maximizando objetivos particulares e não republicanos. Igualmente não é estranho que, tanto o juiz Sérgio Moro quanto o procurador Deltan Dallagnol, tenham respondido que o conteúdo divulgado são coisas “normais”.

Na lógica lavatista de descumprir normas, princípios constitucionais e processuais legais, nada aconteceu de errado. De tal modo que o magistrado se portar como superior hierárquico do procurador, dando broncas, instruindo a busca de fontes, sugerindo investigações e inversão da ordem das etapas, antecipando decisões ainda não proferidas, em diálogos cotidianos é “normal”, as reuniões e os telefonemas cotidianos para discutir os casos – como mostram o inteiro teor das conversas – são normais.

Grupos de procuradores interessados, não nos dados e rumos das investigações sobre as quais eram titulares, mas em fórmulas e métodos de como impedir uma entrevista autorizada pelo Supremo Tribunal Federal porque ela iria, em tese, ajudar o candidato que eles não simpatizam politicamente, também são normais.

Nesse caminho da nova normalidade, encontram os membros da força-tarefa da operação Lava Jato, o amparo social e político dos que se apoiam no argumento fácil de que tudo fora feito para combater a corrupção, fundamento, a propósito, sempre o mais utilizado em todo o mundo no surgimento ou renascimento de regimes autoritários, como mote de fazer valer o desprezo pelos valores e instituições da democracia.

Em espectro amplo, essas posturas se alinham com a busca da naturalização do absurdo, que vai se impondo paulatinamente em nosso país. Exemplos não nos faltam, desde a exaltação à tortura e torturadores dentro do plenário da Câmara dos Deputados na votação do impeachment, até placa de rua quebrada com o nome de uma vereadora assassinada, ambos os atos sob aplausos de multidões.

E a operação Lava Jato, é preciso reconhecer, virou uma operação famosa não apenas pelos seus números e seu discurso de combate à corrupção, mas por escancarar a seletividade do processo penal brasileiro, e o descumprimento comezinho de normas processuais, sem que jamais qualquer de seus membros, servidores públicos, respondessem por seus atos. As garantias do processo penal são marcos civilizatórios. A realidade incontrastável de que o juiz e os procuradores da operação Lava Jato o desprezaram totalmente, atropelando-o, assume, a partir da revelação trazida, uma dimensão de que não mais cabem as vendas nos olhos de quem tem poder para recolocar as coisas em seu devido lugar.

O The Intercept, que a propósito afirma que revelou 1% de todo o conteúdo que dispõe, evidenciou a ausência de alternativas que indiquem “lixo para debaixo do tapete” como factíveis. Não se pode sustentar a normalidade de relações de conluio, diante de evidências sistematizadas. Não há explicação convincente capaz de modificar o degradante espectro que sustentou essa investigação e custou a liberdade de cidadãos e sua execração pública. Da aberrante divulgação de grampos ilegais envolvendo a Presidenta da República à aceitação do cargo de ministro do governo a quem beneficiou nas eleições, retirando o adversário de cena, Sérgio Moro testou todos os limites, impunemente. Do bizarro Power Point da denúncia de Lula à fundação para gerir recurso públicos, Dallagnol perdeu as balizas de qualquer atuação comedida. Retiraram flores do jardim da legalidade, mataram o cão e invadiram a casa. Agora é preciso gritar enquanto ainda há voz na garganta, agir antes que seja tarde. Se não dissermos nada, é provável que não poderemos mais dizer.

*Tânia M. S. Oliveira é membra da coordenação executiva da Associação Brasileira de Juristas pela Democracia – ABJD

DO INTERCEPT: ENQUANTO JULGAVA LULA, MORO DISSE À LAVA JATO PARA EMITIR NOTA OFICIAL CONTRA “SHOWZINHO” DA DEFESA

.

DO INTERCEPT: ENQUANTO JULGAVA LULA, MORO DISSE À LAVA JATO PARA EMITIR NOTA OFICIAL CONTRA “SHOWZINHO” DA DEFESA

Publicado por Kiko Nogueira – O Intercept liberou a parte 6 de sua série sobre o escândalo da Lava Jato.

Diário do Centro do Mundo – O ex-juiz pediu aos procuradores da Lava Jato uma nota à imprensa para rebater o que chamou de “showzinho” da defesa de Lula após o depoimento no caso do triplex do Guarujá:

Os procuradores acataram a sugestão do atual ministro da Justiça de Jair Bolsonaro, em mais uma evidência de que Moro atuava como uma espécie de coordenador informal da acusação no processo do triplex. Em uma estratégia de defesa pública, Moro concedeu uma entrevista nesta sexta-feira ao jornal o Estado de S. Paulo onde disse que considera “absolutamente normal” que juiz e procuradores conversem.

Agora, está evidente que não se trata apenas de “contato pessoal” e “conversas”, como diz o ministro, mas de direcionamento sobre como os procuradores deveriam se comportar.

Juntamente com as extensas evidências publicadas pelo Intercept no início desta semana – em que Moro e Deltan conversam sobre a troca da ordem de fases da Lava Jato, novas operações, conselhos estratégicos e pistas informais de investigação –, esta é mais uma prova que contraria a tentativa de Moro de minimizar o tipo de relacionamento íntimo que ele teve com os promotores.

Ao contrário da defesa de Moro de que as comunicações eram banais e comuns – contendo apenas notícias e informações, mas não ajudando os promotores a elaborar estratégias (“existia às vezes situações de urgência, eventualmente você também está ali e faz um comentário de alguma coisa que não tem nada a ver com o processo”, disse ao Estadão) –, essas conversas provam que Moro estava sugerindo estratégias para que os procuradores realizassem sua campanha pública contra o próprio réu que ele estava julgando.

O episódio ocorreu em 10 de maio de 2017, quando Moro já presidia um processo criminal contra o ex-presidente no caso do “apartamentro triplex do Guarujá”. Eram 22h04 quando o então juiz federal pegou o celular, abriu o aplicativo Telegram e digitou uma mensagem ao Santos Lima, da força-tarefa da Lava Jato no Ministério Público Federal em Curitiba.

“O que achou?”, quis saber Moro. O juiz se referia ao maior momento midiático da Lava Jato até então, ocorrido naquele dia 10 de maio de 2017: o depoimento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no processo em que ele era acusado – e pelo qual seria preso – de receber como propina um apartamento triplex no Guarujá. Disponibilizado em vídeo, o embate entre o juiz e o político era o assunto do dia no país.

Seguiu-se o seguinte diálogo:

Santos Lima – 22:10 – Achei que ficou muito bom. Ele começou polarizando conosco, o que me deixou tranquilo. Ele cometeu muitas pequenas contradições e deixou de responder muita coisa, o que não é bem compreendido pela população. Você ter começado com o Triplex desmontou um pouco ele.

Moro – 22:11 – A comunicação é complicada pois a imprensa não é muito atenta a detalhes

Moro – 22:11 – E alguns esperam algo conclusivo

Além do depoimento, outro vídeo com Lula também tomava conta da internet e dos telejornais naquele mesmo dia. Depois de sair do prédio da Justiça Federal, o ex-presidente se dirigiu à Praça Santos Andrade, em Curitiba, e fez um pronunciamento diante de uma multidão.

Por 11 minutos, Lula atacou a Lava Jato, o Jornal Nacional e o então juiz Sergio Moro; disse que estava sendo “massacrado” e encerrou com uma frase que entraria para sua história judicial: “Eu estou vivo, e estou me preparando para voltar a ser candidato a presidente desse país”. Era o lançamento informal de sua candidatura às eleições de 2018.

Um minuto depois da última mensagem, Moro mandou para o procurador Santos Lima:

Moro – 22:12 – Talvez vcs devessem amanhã editar uma nota esclarecendo as contradições do depoimento com o resto das provas ou com o depoimento anterior dele

Moro – 22:13 – Por que a Defesa já fez o showzinho dela.

Santos Lima – 22:13 – Podemos fazer. Vou conversar com o pessoal.

Santos Lima – 22:16 – Não estarei aqui amanhã. Mas o mais importante foi frustrar a ideia de que ele conseguiria transformar tudo em uma perseguição sua.

Moro, o juiz do caso, zombava do réu e de seus advogados enquanto fornecia instruções privadas para a Lava Jato sobre como se portar publicamente e controlar a narrativa na imprensa.

As afirmações do então magistrado que o Intercept divulga agora contradizem também o que ele dissera horas antes a Lula, naquele mesmo dia do julgamento, publicamente, ao iniciar o interrogatório do petista: que o ex-presidente seria tratado com “todo o respeito”.

“Eu queria deixar claro que, em que pesem alegações nesse sentido, da minha parte não tenho nenhuma desavença pessoal contra o senhor ex-presidente. Certo? O que vai determinar o resultado desse processo no final são as provas que vão ser colecionadas e a lei. Também vamos deixar claro que quem faz a acusação nesse processo é o Ministério Público, e não o juiz. Eu estou aqui para ouvi-lo e para proferir um julgamento ao final do processo”, disse Moro. (…)

MENSAGENS DE MORO A GEBRAN E HARDT PODEM SER TIRO FATAL, DIZ NOBLAT

.

MENSAGENS DE MORO A GEBRAN E HARDT PODEM SER TIRO FATAL, DIZ NOBLAT

“Quem conhece bem as entranhas da Lava Jato diz que o maior perigo que corre o ex-juiz Sérgio Moro é o de ter reveladas as mensagens que trocou com a juíza federal Gabriela Hardt e com o desembargador João Pedro Gebran Neto”, escreveu o jornalista Ricardo Noblat.

Brasil247 – O maior perigo para o ministro Sérgio Moro, principal alvo dos vazamentos do site The Intercept, são suas conversas com a juíza federal Gabriela Hardt e com o desembargador João Pedro Gebran Neto. O alarme é feito pelo jornalista Ricardo Noblat em coluna publicada nesta sexta-feira 14.

“Quem conhece bem as entranhas da Lava Jato diz que o maior perigo que corre o ex-juiz Sérgio Moro é o de ter reveladas as mensagens que trocou com a juíza federal Gabriela Hardt e com o desembargador João Pedro Gebran Neto”, escreveu o colunista.

Gebran é amigo pessoal de Moro e desembargador no TRF-4, tribunal que confirmou a condenação de Lula no caso do triplex com votos idênticos entre os ministros, elevando a pena de 9 para 12 anos, o que o levaria para a prisão. Ele também foi relator do processo na segunda instância.

Gabriela Hardt foi juíza substituta de Moro na Lava Jato e sempre se mostrou muito afinada com o então juiz, chegando a copiar a sentença do triplex para o processo do sítio de Atibaia.

O comportamento seletivo e punitivista de Moro não era novidade, mas uma questão intrigante é de fato sua relação com o órgão de Porto Alegre, que não repreendeu seu olhar parcial no caso de Lula.

.

ATAQUE AO LEGISLATIVO MOSTRA QUE PAULO GUEDES AGE COMO LOBISTA DE BANCO, NÃO MINISTRO

.

ATAQUE AO LEGISLATIVO MOSTRA QUE PAULO GUEDES AGE COMO LOBISTA DE BANCO, NÃO MINISTRO

Jornal GGN – Publicado por Joaquim de Carvalho –  Paulo Guedes perdeu a linha ao comentar as mudanças feitas pelo relator na sua proposta de reforma da Previdência. Ele atacou o deputado Samuel Moreira, do PSDB.

“Se sair só R$ 860 bilhões de cortes, o relator está dizendo o seguinte: abortamos a Nova Previdência e gostamos mesmo da velha Previdência. Cedemos ao lobby dos servidores públicos, que eram os privilegiados.”

O que Paulo Guedes quer é o sistema de capitalização, que desonera os empresários e enriquece ainda mais os banqueiros, que terão oportunidade de captar dinheiro a longo prazo.

Mas, sem poder dizer o que talvez queira, ataca o Legislativo, com uma acusação grave: o relator teria cedido a lobby. E lobby de servidor, o que não faz sentido.

É provável, no entanto, que Guedes esteja revoltado também com outro ponto da proposta do relator: ele eleva a Contribuição sobre o Lucro Líquido dos bancos de 15% para 20%.

Ficou ruim para o banqueiro: perdeu a capitalização e ainda terá que pagar tributo maior. Será que vinga?

O risco para a população é que essas mudanças sugeridas pelo relator tucano abrem oportunidade para os banqueiros negociarem.

E banqueiros só usam uma linguagem na negociação: dinheiro.

Em seu depoimento no acordo para delação premiada, o ex-deputado Pedro Correa, que foi presidente do PP, contou que, em 1997, durante a aprovação da emenda que permitiu a reeleição de Fernando Henrique Cardoso, o então presidente do Banco Itaú corrompeu os parlamentares.

Segundo ele, Olavo Setúbal dava bilhetes a parlamentares que acabavam de votar a favor da reeleição, para que se encaminhassem a um doleiro de Brasília e recebessem propinas em dólares americanos.

Pedro Correa estava lá. Olavo Setúbal já faleceu, mas contou com a defesa da família, que negou o episódio.

Na época, o que estava em jogo era o processo de privatização selvagem, em que os banqueiros tinham interesse. Era a transferência do patrimônio do povo para o controle de particulares.

Desta vez, de olho no bolso dos futuros aposentados, os banqueiros terão a chance de mudar o relatório da reforma durante a tramitação do projeto.

“O que nós gostaríamos muito de voltar é a questão da capitalização”, já anunciou o Deputado Major Vítor Hugo, do PSL de Goiás, líder do governo na Câmara dos Deputados.

Ele adiantou que o governo Bolsonaro vai apresentar proposta para incluir novamente a capitalização no texto legislativo.

E pode ter certeza: os banqueiros não ficarão de braços cruzados.

EM CURITIBA, PAU E CACETE EM BOLSONARO; ASSISTA AO VÍDEO

.

O Blog do Esmael transmitiu ao vivo, desde Curitiba, manifestação noturna da Greve Geral. Cerca de 20 mil pessoas, segundo os organizadores, se concentram na Praça Santos Andrade (UFPR) e saíram em passeata pelo centro da capital paranaense.

Os manifestantes desceram o pau e o cacete no presidente Jair Bolsonaro (PSL) e no ministro da Justiça, Sérgio Moro, ex-juiz da Lava Jato envolvido no escândalo revelado pelo site Intercpet.

Também não faltaram entre os milhares faixas e cartazes exigindo a imediata libertação do ex-presidente Lula, mantido preso político há 1 ano e dois meses na Polícia Federal de Curitiba.