Em entrevista à TV 247, o presidente da Associação Nacional de Praças (ANASPRA), sargento Elisandro Lotin de Souza, afirmou que a classe de policiais militares é contrária à reforma da Previdência; “A nossa posição é uma posição contrária porque retira direitos dos trabalhadores em prol de um pequeno grupo, do mercado financeiro”, disse; assista
247 – O presidente da Associação Nacional de Praças (ANASPRA), sargento Elisandro Lotin de Souza, da Polícia Militar de Santa Catarina, considera que o desmonte da previdência promovido pelo governo Jair Bolsonaro é somente para agradar o setor financeiro.
“Na questão da reforma trabalhista eu sou um crítico dela já há muito tempo, eu até faço questão de frisar porque não é contra um governo específico, é contra a reforma como um todo. Eu avalio, e outras pessoas também, que o problema fiscal do Brasil não é especificamente a questão previdenciária, nós temos inúmeros outros problemas que podem vir a solucionar essa questão fiscal, não necessariamente retirando direitos dos trabalhadores”, opinou o PM, que atua em Joinville há 26 anos.
“A gente foi contra a reforma da Previdência e outras reformas que retiram direitos dos trabalhadores desde 1988, todas as reformas desde 88, independente de governos, a nossa posição é uma posição contrária porque retira direitos dos trabalhadores em prol de um pequeno grupo, do mercado financeiro, via de regra. Nós trabalhamos contra a reforma do governo Lula, contra a reforma do governo Fernando Henrique e em todos os governo onde houve reformas que retiram direitos dos trabalhadores nós nos posicionamos, com muita ênfase, contrários a essa questão”, prosseguiu.
O sargento fez questão de ressaltar que a posição contrária a reforma da Previdência não tem caráter ideológico. “Não concordamos que retire-se direitos dos nossos trabalhadores, os trabalhadores que constroem o Brasil, em prol de um mercado financeiro. Deixando bem claro: não é um posicionamento ideológico ou posicionamento contra um governo ‘a, b ou c’, é contra uma situação que está colocada e já é colocada nos últimos 30 anos. Eu não defendo um governo, um partido ou uma ideologia, nesse caso eu estou defendendo especificamente o direito dos trabalhadores porque avaliou que nós não podemos pagar contas das ingerências e até dos privilégios ou enfim, para que o mercado financeiro se refestele com com dinheiro público”.
Elisandro Lotin de Souza criticou também a declaração do governo de que “os militares darão sua contribuição”. Para ele, a afirmação sugere que a classe só passaria a contribuir com a Previdência e com o equilíbrio fiscal a partir da reforma. “Com relação aos militares, a gente sempre ficou de lado com relação às reformas que vieram. Houve perda de direitos nos últimos 25 anos com relação aos militares. Eu quando entrei na Polícia em 1993 tinha uma infinidade de direitos que eu não tenho mais hoje, então quando o governo hoje coloca que ‘os militares vão dar a sua contribuição’, passa a impressão para a sociedade de que nós não estamos dando contribuição, quando não é verdade”.
Ele reforçou o argumento e ainda lembrou de certos direitos dos trabalhadores em geral que a classe militar não tem acesso. “Nós já perdemos direitos, estamos perdendo direitos específicos a nossa categoria nos últimos 25 anos e já estamos dando a nossa contribuição nessa perspectiva dos direitos assim como temos dado contribuição em relação ao nosso trabalho. O policial militar, civil tem um trabalho extremamente desgastante e nós somos alijados aí de inúmeros direitos que estão previstos inclusive na Constituição, a nós não são dados esses direitos como direito a greve, hora extra, então a gente já dá essa contribuição”, disse.
“Esse discurso que está colocado hoje que os militares, a partir dessa reforma, vão dar a sua contribuição não é verdadeiro, não é correto, é preciso ter honestidade no argumento. Esse argumento que o governo tem colocado não está condizente com aquilo que a gente avalia e aquilo que é a realidade nos últimos 25 anos, nós já demos a nossa contribuição, continuamos dando nossa contribuição e agora o governo que retirar talvez o direito mais sagrado que tem para nós, enquanto profissionais de segurança pública, que é o direito a ter um sistema de proteção social, um sistema previdenciário diferenciado que se dá especificamente por conta da peculiaridade que é ser policial no Brasil”, criticou.
Assista à entrevista na íntegra:
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