“Meu banco me disse para parar de vender maconha ou fechar minha conta”, conta o farmacêutico Esteban Riviera. “Parei de vender.”
O Uruguai foi o primeiro país do mundo a legalizar a venda de maconha para uso recreativo. Cinco anos após a aprovação da lei pioneira, como será que essa indústria está se saindo?
“Vendemos muita cannabis no primeiro dia”, lembra Esteban Riviera, dono de uma farmácia em Montevidéu, capital do Uruguai.
“Vendemos 1.250 pacotes em seis horas. Tinha uma fila que dobrava dois quarteirões para comprar maconha.”
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A venda legal da droga, que começou em 19 de julho de 2017, era aguardada ansiosamente – a expectativa foi ainda maior porque a comercialização só teve início três anos e meio após a aprovação da lei.
“Levou tempo, segundo o governo, porque eles queriam fazer tudo com rigor e de forma gradual”, explica o jornalista uruguaio Guillermo Draper, coautor de um livro sobre a experiência do país.
Pressão contrária
Mas todo o cuidado para colocar a lei em prática não foi suficiente para evitar um sério contratempo.
“Meu banco me disse para parar de vender maconha ou fechar minha conta”, conta o farmacêutico Esteban Riviera. “Parei de vender.”
“Fui a primeira farmácia a fazer o registro para vender cannabis”, acrescenta, rindo da ironia, “mas fui também a primeira que parou de vender cannabis no Uruguai”.
Comerciantes como Esteban dependem de parcerias com bancos dos EUA para fazer transações internacionais. Mas essa relação foi ameaçada quando os bancos americanos descobriram que parte da receita de seus clientes uruguaios vinha da venda de maconha.
O Uruguai pode ser um país soberano, mas ainda é afetado pelas rigorosas leis financeiras dos EUA sobre substâncias controladas.
As farmácias são os únicos estabelecimentos autorizados a vender maconha para uso recreativo no Uruguai – e, em parte pelas restrições impostas pelos bancos, há apenas 17 que fazem isso atualmente em um país de 3,5 milhões de habitantes.