Por Andrea Caldas
Andrea Caldas: “É importante apoiar e estimular pesquisas na área da educação, na direção da construção de relações mais democráticas e saudáveis, o contrário do que postula o atual ministro da pasta”
Na minha opinião, os estudantes têm, sim, direito de gravar a aula de seus professores(as), desde que haja concordância de todos: dos demais alunos(as) e do professor(a).
Uma aula não é – ou não deveria ser- um monólogo. Logo, gravar uma aula significa gravar o que o professor diz e gravar o que os colegas dizem também.
A pergunta é: quem tem o direito unilateral de expor seus professores e seus colegas? E mais do que isto: a que propósito este grande Big Brother educacional serve?
Há problemas nas relações pedagógicas. Decerto que sim.
Há abusos de autoridade pedagógica. Há violência e desrespeito aos docentes.
Por isso, é importante apoiar e estimular pesquisas na área da educação, na direção da construção de relações mais democráticas e saudáveis.
Contraditoriamente, o contrário do que postula o atual ministro da pasta. O atalho do atual governo propõe o justiçamento na área da educação.
Muito próximo – coincidentemente? – do imaginário dos milicianos, o “fazer justiça com as próprias mãos”.
Uma arminha na mão, uma câmera na sala de aula…
É a confissão da descrença no pacto civilizatório, no Estado moderno, na humanização das relações. É a negação do governo, feita pelo próprio governo.
Mas, há algo mais inquietante para mim: o silenciamento de muitos liberais diante deste totalitarismo inquisitorial. Não era disto que acusavam os regimes “totalitários” de esquerda.
Não foi esta a denúncia de George Orwell?
Calar-se diante desta Cruzada inquisitorial pedagógica é permitir-se fazer parte dela.
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