Os preços de três itens de consumo diário do cidadão aumentaram ontem. No caso da água, reajuste de 2,99% foi previsto para 2018, mas suspenso devido à crise hídrica.
Apesar de ontem ter sido 1º de abril, não é pegadinha o aumento nos preços dos remédios, da água e da gasolina. Os medicamentos foram reajustados em 4,33%. A tarifa do consumo da Caesb subiu 2,99%. O aumento na base de cálculo do ICMS do combustível elevou o valor de referência da gasolina de R$ 4,14 para R$ 4,396. O aumento anual dos remédios foi publicado em edição extraordinária do Diário Oficial da União (DOU), domingo. A aplicação dos novos valores fica a critério da drogaria. Morador do Riacho Fundo II, Joilton Pereira dos Santos, 38 anos, está apreensivo, pois gasta, em média, R$ 200 por mês com remédios para alergias. “Com certeza, vai afetar o meu orçamento. Mesmo que aumente apenas R$ 10, juntando todo mês, no fim do ano, é uma quantia alta que poderia ser investida em outra coisa”, analisa. Aposentada, Alcione Cardoso, 69 anos, dedica cerca de 30% do seu orçamento mensal em remédios para ela e para a neta, que sofre de problemas cardíacos. “Estou desesperada. Gasto muito com remédios que precisam ser comprados todo mês. O dinheiro hoje não rende mais nada”, queixa-se Alcione. Para fechar a conta, ela estuda a possibilidade de cortar os gastos com lazer. “Em casa, somos só eu e minha neta, que não trabalha. Temos muitas despesas, por isso, estou muito preocupada”, acrescenta.
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O aumento na água, a princípio, seria aplicado no ano passado. Em função da crise hídrica, o governo suspendeu a medida. O período de vigência do reajuste vai até 31 de maio. O percentual foi determinado, em 2018, pela Agência Reguladora de Águas, Energia e Saneamento Básico do DF (Adasa). A Caesb, no entanto, pedia muito mais: 9,69%. A inflação da época era de 2,95%. Segundo a Caesb, a medida é um “reforço no plano de saneamento das contas da companhia, que hoje acumula endividamento superior a R$ 1 bilhão”. Inconformada. Assim se sente a empreendedora Iolanda Martins Lustosa, 57 anos. Dona de três lojas, ela afirma que não gasta muito com água, mas, por uma taxa mínima, a despesa aumenta. “É só a descarga do banheiro e um balde de água para limpar o chão. Acho muito injusta essa tarifa e o aumento, mais ainda”, opina. Para economizar, ela pensa em mandar fechar o registro do depósito.
Nas bombas
A decisão de reajustar o ICMS dos combustíveis foi publicada no Diário Oficial da União em 25 de março e a tabela dos preços médios ponderados ao consumidor final (PMPF) vale para todos os combustíveis. O valor é referente aos combustíveis que chegam aos postos e o imposto cobrado em cima disso é de aproximadamente 28%. Em nota oficial, a Secretaria de Fazenda do DF informou que o aumento estava previsto a partir do resultado de levantamento do preço médio de mercado. Presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis e de Lubrificantes do DF (Sindicombustíveis-DF), Paulo Tavares diz que cabe ao empresário decidir se repassa ou não os custos ao consumidor. “Para quem ainda tem estoque do fim de semana, não aumentou o preço nas bombas, mas, para quem fez compra a partir de ontem, já está mais caro”, explica. Motorista particular, Fernando Pontes, 33, terá que trabalhar a mais para compensar o que vai gastar com a gasolina. “Toda semana aumenta um pouco, não dá nem para acreditar. Desse jeito não tem quem aguente andar de carro. Não tenho outra opção, meu ganha-pão é dirigindo e preciso de gasolina. Por mais injusto que esteja o preço, vou ter que pagar”, lamenta. Semanalmente, o gasto dele com combustível chega a R$ 300.