Reportagem de Raphael Kapa no Globo informa que, em alguns colégios do país, o simples gesto de levantar a mão para pedir à professora para ir ao banheiro pode virar uma dor de cabeça.
Numa escola de Rio Branco, no Acre, alunos e mestres têm que usar as instalações sanitárias de uma padaria e uma borracharia vizinhas. “Não temos rede de esgoto. Até instalaram um banheiro, mas ele não funciona e a obra está parada”, diz a professora Fátima Albuquerque, que pede para o nome da escola não ser citado. “Não sofremos com insegurança, mas é inimaginável pensar que o portão precisa ficar aberto o tempo todo para os estudantes poderem usar o sanitário”.
De acordo com a publicação, o drama se repete em milhares de escolas do país. De acordo com o Censo Escolar 2018, do Instituto Nacional Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), das 181,9 mil escolas da educação básica (ensino infantil, fundamental e médio), 16% não contam com banheiro dentro do prédio da escola; 49% não estão ligadas à rede de esgoto; 26% não possuem acesso a água encanada; e 21% não contam com coleta periódica de lixo.
Também no Censo Escolar ficam bem evidentes as desigualdades regionais. No Rio de Janeiro, 99% das escolas contam com coleta de lixo, 90% estão ligadas à rede de água e 85% à rede de esgoto. Uma realidade bem diferente do Acre, por exemplo, um dos estados com os piores índices do país nesses quesitos. Apenas 23% das escolas do estado têm água potável jorrando das torneiras. A cada dez colégios, só um está ligado à rede de coleta de esgoto. Em relação à coleta de lixo, somente 37% das instituições escolares possuem o serviço de forma periódica, completa o Jornal O Globo.