O jornalista Jânio de Freitas, em sua coluna nesta quinta na Folha, fala sobre a reação dos eleitores e apoiadores do presidente eleito Jair Bolsonaro ao vídeo de conteúdo sexual que ele postou no Twitter.
O autor da cafajestada tuiteira que escandaliza as classes média e rica tem todo o direito de estar, ele sim, com o mais sincero e legítimo espanto. Tudo o que levou a fazê-lo presidente veio de iniciativas dessas classes. Não por acaso, as mais informadas sobre o tenentinho desordeiro, depois sobre o político estadual defensor da ditadura e das milícias, e logo o deputado federal que enriqueceu as características precedentes com duas demonstrações: a ignorância sem brechas e uma variedade insuperável de atos qualificáveis, desde sempre, como molecagens, cafajestices, falta de decoro e de educação, e daí para pior. Não cabe falar em deselegância, em falta de sensibilidade.(…)
Não há eleitor ingênuo nesse drama brasileiro, se não for tragédia. Não há, portanto, eleitor inocente nos que produziram a vitória nas urnas. Nem mesmo o grande contingente dos evangélicos. Do qual não se sabe se mais usou ou foi usado pela classe rica, na busca de um poder que só compartilham na aparência, enquanto afiam as lâminas.