Em meio à pandemia do novo coronavírus, que já matou mais de 1 milhão de pessoas no mundo, os bilionários ficaram ainda mais ricos e a soma das suas riquezas superou, pela primeira vez na história, a marca dos 10 trilhões de dólares.
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Enquanto pessoas que já saíram da linha da pobreza voltam à ela e a desigualdade social se mostra determinante em diferenciar aqueles que terão mais chance de morrer ou sobreviver à covid-19, os mais ricos ampliaram a concentração de renda no mundo. A informações foram divulgadas nesta quarta-feira, 7, pelo banco suíço UBS e pela PwC.
Segundo apontou o relatório do banco suíço, justamente os setores diretamente envolvidos com a pandemia do coronavírus que tiveram suas fortunas crescidas neste período. Os bilionários dos setores industrial, de tecnologia e de saúde foram os que tiveram o maior aumento na sua riqueza, com saltos de 44%, 41% e 36%, respectivamente.
A pandemia pede servir para a humanidade questionar por que tão poucas pessoas – os bilionários – concentram tanto dinheiro, constroem grandes fortunas, enquanto outras morrem de fome, sem uma casa para morar e sem acesso a direitos básicos, como educação.
Para mensurar o tamanho da riqueza concentrada na mão de apenas 2.189 pessoas no mundo, elaboramos algumas comparações com o que dá para ser feito com esse dinheiro, deixando o interesse individual de lado e pensando no interesse coletivo.
A fortuna concentrada pelos bilionários do mundo daria para resolver o problema da fome em todo o planeta e ainda sobraria dinheiro. Na prática, o dinheiro acumulado nas mãos de 2.189 pessoas daria para acabar com a fome no mundo duas vezes e meia.
Com a fortuna acumulada pelos bilionários do mundo daria para construir cerca de 799.168.864 (799 milhões 168 mil 864) casas. Ou seja, com a riqueza concentrada na mão de 2.189 pessoas é possível zerar o déficit mundial de casas por duas vezes e ainda sobra dinheiro.
Com a fortuna concentrada na mão de 2.189 pessoas seria possível manter mais de um bilhão de pessoas estudando os 9 anos do ciclo fundamental, mais precisamente 1 bilhão 714 milhões 89 mil e 818 estudantes.
“Nossos problemas não resultam da falta de recursos e sim da sua má alocação(…) Reduzir a desigualdade é o principal caminho para uma sociedade mais decente e mais produtiva. Nosso problema não é econômico, é político”, afirmou o economista, professor da PUC-SP e consultor de várias agências da Organização das Nações Unidas, Ladislau Dowbor, em seu artigo ‘A grande riqueza e a grande pobreza são igualmente patológicas para a sociedade’, publicado pela Unicamp.