Há uma cultura de brutalidade policial nos EUA e no Brasil. O problema é estrutural. Não são maçãs podres no cesto. O cesto está podre.
A ex-primeira-dama Michelle Obama mandou bala de forma inédita numa campanha eleitoral americana. “Donald Trump é o presidente errado para o nosso país”, disse, ao discursar em defesa da eleição do democrata Joe Biden na abertura da Convenção Nacional Democrata, na noite desta segunda.
“Ele [Trump] não está à altura do momento. Ele simplesmente não consegue ser o que precisamos que fosse por nós. É o que é”, disse a ex-primeira-dama. Segundo ela, “o que está acontecendo neste país não é correto, não é o que a gente quer ser”. Michelle alertou os americanos sobre o risco de reeleger Trump: “Se você pensa que as coisas não podem piorar, confie em mim. Elas podem e vão piorar, se nós não fizermos uma mudança nesta eleição”.
“Ser presidente não muda o que você é. Revela o que você é”, afirmou Michelle. Ela disse que solução não seria baixar o nível, mas elevá-lo (“go high”, em inglês).
Em linha geral, os discursos bateram num ponto que desgasta Trump, o de que ele divide o país e estimula a barbárie. Isso tem repercussão, porque há certa exaustão com o estilo arrogante do republicano, que vive criando crises.
Entre os oradores, um dos destaques foi Andrew Cuomo, governador de Nova York, que lidou com sucesso contra a covid-19. Ele tem credibilidade para bater em Trump quando o tema é a pandemia. “Covid é só uma metáfora”, disse Cuomo, sugerindo que EUA estão doentes. Afirmou que a divisão americana enfraquece o corpo, o país.
“A divisão [no país] criou Trump. Ele só a fez pior”, disse, com razão.