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Os membros da Lava Jato atuaram em parceria com o advogado dos acionistas minoritários da Petrobrás, que buscavam saquear bilhões da empresa brasileira
Causa Operária | Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil – As últimas revelações da Vaza Jato, divulgadas pelo The Intercept, em parceria com outros órgãos da imprensa burguesa, ao revelarem a obstinação da Força-Tarefa em tentar impedir a atuação do ministro Gilmar Mendes, do STF, visto por Dallagnol & Cia. como um obstáculo aos seus planos, levantaram a lebre a respeito da relação entre o advogado Modesto Carvalhosa, um elemento da direita e crítico assíduo da ala do STF que, por assim dizer, apresenta contradições com a operação, e a Lava Jato.
As conversas vazadas mostram os membros da Lava Jato confabulando e traçando estratégias para pedir o impeachment de Gilmar Mendes. Numa das conversas, a procuradora de São Paulo, Thaméa Danelon, põe Dallagnol a par dos preparativos de um pedido de impeachment contra o ministro do STF: “O Professor Carvalhosa [Modesto Carvalhosa] vai arguir o impeachment de Gilmar. Ele pediu para eu minutar para ele”, disse ela num chat privado, em 3 de maio de 2017. O advogado protocolaria o pedido de impeachment contra Mendes neste ano de 2019.
Modesto Carvalhosa, no entanto, não era uma figura desinteressada, nem tinha em compromisso puramente ideológico, no desenrolar dessa luta. Conforme noticiou em março deste ano o site Conjur, ligado ao mundo jurídico, Carvalhosa e a Lava Jato eram “sócios” num negócio milionário.
O negócio tem a ver com o absurdo acordo — já barrado pelo STF — que os procuradores da Lava Jato e a diretoria golpista da Petrobrás assinaram com o Departamento de Justiça norte-americano, acordo esse em função do qual a petroleira brasileira se comprometeu a pagar US$ 853 milhões para se livrar de processos movidos nos EUA. Nos termos do acordo, ficou acertado que R$ 2,5 bilhões seriam pagos no Brasil. Desse valor, metade iria para o farsesco “combate à corrupção” e metade seria destinada ao pagamento de acionistas que eventualmente ganhassem ações judiciais contra a Petrobras.
A “sociedade” entre Carvalhosa e a Lava Jato fica então explicada: o escritório do advogado representa sócios minoritários da Petrobras numa ação em que se chega a pleitear uma indenização de R$ 80 bilhões. O caso tramita na Câmara de Arbitragem do Mercado da B3, a Bolsa de Valores de São Paulo.
Em outras palavras, Modesto Carvalhosa é o representante de setores da burguesia que buscam extrair alguma vantagem do acordo leonino arquitetado pelo imperialismo norte-americano para destroçar a empresa brasileira. São setores locais que se associam com o imperialismo e que, ao fim e ao cabo, buscam abocanhar algumas migalhas caídas da mesa de jantar das verdadeiras forças dominantes.
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