Bolsonaro contamina jovens como o atirador de Suzano

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Então, no momento em que um jovem tresloucado se arma, põe uma máscara, invade uma escola e sai atirando a esmo, ele não é só mais um desequilibrado que sai de casa com a possibilidade de matar. Ele é um aprendiz de uma ideologia assassina que começa com o estímulo da guerra entre bandidos e “decentes”. Isto tira da lei e da polícia a responsabilidade de criar mecanismos que aumentem a segurança e executem de forma eficaz essas medidas.
Para os armamentistas, muito mais eficiente que a polícia bem treinada, bem paga e bem armada é a população de revólver na cinta brigando aos os bandidos. É a professora e o servente da escola pública – para usar o exemplo do Major Olímpio – sacando os seus 38 e confrontando o louco que invadiu a escola para matar seus antigos colegas. É a estudante universitária puxando sua pistola para evitar (evitar?) o estupro de que lhe ameaçam três tarados armados. É o casal de velhinhos dormindo no meio de sua trincheira esperando o ladrão chegar para reagir e “defender seu patrimônio”. Na cabeça dos armamentistas está aí a verdadeira política de contenção ao crime.
O armamentismo não é apenas uma insanidade. É uma ideologia deste grupo que chegou ao poder. A este grupo, à frente o presidente da República, deve ser cobrado o que pode acontecer neste país com o povo armado e a guerra civil batendo na porta. O fato de o atirador de Suzano manter uma página de rede social (já apagada) repleta de posts alusivos ao fim do desarmamento ( ou seja, todos armados) e alusivas ao bolsonarismo não pode ser apenas detalhe. É a mostra de um exemplo que lhe contaminou. E que deve estar contaminado muito mais gente por aí.
É um escárnio completo a declaração do senador Major Olímpio, de que a tragédia do Colégio Estadual de Suzano teria sido evitada se os professores e serventes estivessem armados. Ao mesmo tempo pensamentos toscos dessa natureza são a base daquilo que defendem os bolsonautas e os armamentistas que infestam este país. Por eles, viveríamos numa guerra aberta, nas ruas, com todos armados, cada um mais brabo que o outro. Ao mesmo, a indústria das armas, à frente a Taurus tão querida dos parlamentares e do próprio presidente Jair Bolsonaro, estaria cada vez mais próspera e capitalizada.
De volta ao começo, o Major Olímpio é um dos mandachuvas do PSL, partido do presidente Jair Bolsonaro, no Congresso. E um dos mais atuantes parlamentares da chamada “bancada da bala” que reúne os armamentistas na Câmara dos Deputados e no Senado Federal. Todas as vezes que acontece algo semelhante, ele aparece para expelir diatribes do gênero. Frase semelhante ele execrou quando do episódio de Realengo, bairro no Rio de Janeiro, em abril de 2011, em que 12 crianças morreram no tiroteio protagonizado por um atirador de 23 anos.