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Marianna Dias, atual presidenta da UNE, durante eleição no Conune de 2017, em Belo Horizonte (MG) / Vitor Vogel/UNE/Divulgação
Estudantes chegam à capital federal com a proposta de defender o direito à educação, ao emprego e à Previdência
Cristiane Sampaio – Brasil de Fato | Brasília (DF) – A 57ª edição do Congresso da União Nacional dos Estudantes (Conune), que começa na quarta-feira (10) e segue até domingo (14), em Brasília (DF), terá como temas centrais a defesa da educação, do emprego e da Previdência. São esperados até 18 mil delegados, representando mais de 90% das universidades brasileiras.
A projeção, feita pela UNE, ultrapassa os números da edição de 2017, em Belo Horizonte (MG), que teve cerca de 15 mil participantes. Os encontros são bienais.
“Em tempos de crise, de golpe, em que se tenta restringir a participação política do povo e, ao mesmo tempo, com ataques e retiradas de direito e de uma série de retrocessos que ocorrem no país, isso tem como resposta dos estudantes brasileiros o contrário: uma ampliação de participação política”, compara a vice-presidenta da UNE, Jessy Dayane.
Debates, grupos de trabalho, atos políticos e atividades culturais estão na programação do evento, que terá como um dos destaques a realização de uma passeata na Esplanada dos Ministérios na sexta-feira (12).
Dayane explicou a importância das três bandeiras principais: a defesa da educação diante dos cortes orçamentários promovidos pelo governo Bolsonaro; a defesa da geração de empregos como contraponto ao cenário de crise gerado pelo avanço neoliberal; e a defesa do direito à aposentadoria, em discussão no Congresso Nacional por conta da reforma da Previdência.
Outro destaque é a participação do jornalista Glenn Greenwald, do site The Intercept Brasil, convidado para discutir o tema das fake news em uma das mesas do congresso. As denúncias do veículo sobre o suposto conluio entre o ex-juiz Sérgio Moro, atual ministro da Justiça, e procuradores da operação Lava Jato não ficará de fora dos debates.
“É um fato político relevante porque mexe com a democracia do país, com a prisão política do Lula, com uma armação, uma cena que foi criada pra influenciar politicamente as eleições e implementar um programa de retrocessos, de retirada de direitos. Então, tem tudo a ver com a nossa luta”, pontua Dayane.
O Conune tem grande peso na caminhada dos estudantes brasileiros, tendo marcado a luta social em diferentes momentos da história nacional, como no caso da ditadura civil-militar (1964-1985), quando o movimento estudantil contribuiu para engrossar as fileiras dos que resistiam ao regime. Para a vice-presidenta da UNE, o evento pode, agora, ajudar a fortalecer a luta contra o avanço conservador e neoliberal.
“Este momento é fundamental pra construir uma virada no jogo político do país. Ele [o congresso] contribui com o processo de trazer mais pessoas pra mobilização e pra defenderem a soberania, a democracia e os direitos do povo brasileiro”, afirma.
O Conune também tem como pauta, a cada edição, a eleição de uma nova diretoria para a UNE, que representa mais de 7 milhões de estudantes. O mandato é de dois anos.
Edição: João Paulo Soares