JUIZ DOS EUA PROPÕE TRIBUNAL ANTICORRUPÇÃO: BRASILEIRO QUESTIONA PERSEGUIÇÃO POLÍTICA

Compartilhe em suas redes sociais:

JUIZ DOS EUA PROPÕE TRIBUNAL ANTICORRUPÇÃO: BRASILEIRO QUESTIONA PERSEGUIÇÃO POLÍTICA

“Não seria o caso de se examinar se a corrupção não estaria sendo usada como um instrumento diversionista para justificar golpes de Estado na América Latina?”, retrucou juiz brasileiro

Jornal GGN – Por Patricia Faermann – A perseguição política do Judiciário: foram os últimos 30 minutos de uma jornada de mais de 9 horas da Cúpula Pan-Americana de Juízes que provocou o maior debate do encontro no Vaticano que reuniu juristas e membros do Judiciário de toda América Latina e Estados Unidos, no início desta semana.

Começou com a proposta feita no segundo dia de eventos, 3 de junho, pelo juiz Superior do Distrito de Massachusetts dos Estados Unidos, Mark Lawrence Wolf, de criar um Tribunal Internacional Anti-Corrupção. Em seu histórico de atuação, a ideia já data de 2014, quando ele começou a elaborar uma campanha com artigos para a Brookings Institution [acesse aqui], publicados no The Washington Post, para criar a Corte Internacional Anticorrupção (IACC).

Coincidentemente, em meio a um encontro promovido para debater Direitos Humanos com atores principalmente da América Latina, o juiz norte-americano Wolf estava lá. E a intervenção veio do brasileiro Hugo Cavalcanti Melo Filho, juiz do Trabalho.

“A primeira questão que coloco é se os Estados Unidos da América vão se submeter a esse tribunal anticorrupção, na medida em que ele não se submete ao Tribunal Penal Internacional e nem à Corte Interamericana de Direitos Humanos”, introduziu o magistrado.

Continuando, em seguida: “Não seria o caso de se investigar os problemas relacionados com migração forçada e ataques ao meio ambiente?”. Ao mencionar exemplos de interferências das políticas estadunidenses na região, lembrou do sufocamento econômico contra a Venezuela, que gerou o deslocamento de milhares de cidadãos, e o apoio de Donald Trump à candidatura de Jair Bolsonaro nos esforços de “ameaça planetária ao meio ambiente por seus avanços contra a Amazônia”.

Até chegar à perseguição política:

“Não seria o caso de se examinar se realmente a corrupção que é um câncer efetivo não estaria sendo usada como um instrumento diversionista para justificar, por exemplo, golpes contra Zelaya (Honduras), contra Lugo (Paraguai), contra Dilma Rousseff, a perseguição criminal contra Lula da Silva, que está preso, Alan García (Peru), que se matou, Rafael Correa (Equador) e Cristina Kirchner (Argentina), que está enfrentando dezenas de denúncias por corrupção?”.

Hugo Cavalcanti continuou na crítica: “E justamente contra estes líderes populares, quando nada se viu em relação a corrupção quando estavam a frente do poder desses países pessoas que eram a favor do grande capital. Quando políticos populares estiveram a frente dos governos se desenvolve toda essa teoria da corrupção”.

“A questão que se coloca é: seria mesmo a corrupção a raiz de todos esses males ou estamos ou estamos usando como diversionismo para empanar questões mais graves?”, concluiu, arrancando aplausos e iniciando o debate do encontro.

Acompanhe abaixo:

 

.