O consórcio contratado para fiscalizar as obras do Rodoanel Norte foi proibido pela Dersa para não participar das medições dos serviços da empreiteira que realizava a obra, a Acciona Infraestructuras; a fiscalização só foi autorizada após a troca do presidente da Dersa, com a saída de Laurence Casagrande, nomeado no governo Alckmin, e a posse de Hamilton de França Leite, indicado em 2018 pelo então governador Márcio França (PSB)
Brasil247 – O consórcio contratado para fiscalizar as obras do Rodoanel Norte foi proibido pela Dersa para não participar das medições dos serviços da empreiteira que realizava a obra, a Acciona Infraestructuras; a fiscalização só foi autorizada após a troca do presidente da Dersa, com a saída de Laurence Casagrande, nomeado no governo Alckmin, e a posse de Hamilton de França Leite, indicado em 2018 pelo então governador Márcio França (PSB).
Em documento enviado à Dersa no fim de 2018, o consórcio responsável por fiscalizar a execução das obras do Rodoanel Norte em São Paulo afirmou que recebeu “orientação” da estatal para não participar das medições dos serviços feitos pela empreiteira Acciona Infraestructuras na construção. As medições atestam o que foi executado em uma obra viária e servem de base para o pagamento mensal feito à construtora. O consórcio só foi autorizado a participar das medições após a troca de comando da Dersa, com a saída do ex-presidente Laurence Casagrande, nomeado no governo Geraldo Alckmin (PSDB), e a posse de Hamilton de França Leite, indicado em 2018 pelo ex-governador Márcio França (PSB), que era vice do tucano. O serviço custou R$ 19,3 milhões.
Casagrande chegou a ser preso em 2018 junto com ex-diretores e fiscais da Dersa na Operação Pedra no Caminho, do Ministério Público Federal, que apontou desvios de R$ 480 milhões na obra. Eles negam as acusações.
As empresas Geribello Engenharia, Geosonda S.A. e Urbaniza Engenharia, que encaminharam o documento ao Ministério Público Federal e à Procuradoria-Geral do Estado, foram contratadas em fevereiro de 2013 pela Dersa, para prestar serviços de apoio à fiscalização, supervisão e acompanhamento das obras do lote 6, que estava a cargo da construtora Acciona Infraestructuras.
Segundo o Blog do Fausto Macedo, no documento um representantes do consórcio afirma que foi orientado a apresentar mensalmente somente os quantitativos dos serviços realizados pela construtora, mas não informa de quem partiu a “orientação”.
“Durante todo o período contratual, as medições foram realizadas única e exclusivamente pela fiscalização da Dersa no sistema Sigero, sem qualquer participação das equipes do consórcio, que nunca tomou conhecimento dos valores efetivamente pagos para a construtora’, diz o texto.
Outro lado
A defesa do ex-presidente da Dersa Laurence Casagrande afirmou que ele “nunca foi informado” sobre a suposta orientação dada às empresas para não participar das medições do Rodoanel Norte. De acordo com o advogado Eduardo Carnelós, o ofício enviado pelo consórcio indica que as empresas “teriam descumprido suas obrigações contratuais, sem comunicar os impedimentos que agora afirmam terem existido aos órgãos internos encarregados de apurar ou impedir a ocorrência de atos lesivos aos interesses da companhia”.
A OAS afirmou que “sempre executou os serviços com qualidade técnica e segurança, seguindo a rigor todas as normas acordadas”.
A empresa Argeplan informou que participou de um consórcio com mais duas empresas, mas não era a líder e detinha participação minoritária. Informou que o consórcio por ela integrado tinha por escopo a supervisão dos serviços contratados apenas do Lote 2, em relação aos itens qualidade e quantidade, sem adentrar nos preços praticados, por não ser de sua competência contratual.
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