Brasil247 – Em praticamente todo o País, professores, estudantes e servidores da educação cruzam os braços em protestos contra o projeto de desmonte da educação pública conduzido por Jair Bolsonaro e Abraham Weintraub; corte de 30%, que será questionado no Congresso, visa asfixiar financeiramente as instituições públicas e abrir espaço para a privatização total do ensino. “Vai ser uma grande arrancada para construirmos a maior greve geral da história desse país e derrotar a proposta de reforma da Previdência do governo”, afirma Douglas Izzo, presidente da CUT-SP
Por Brasil de Fato – O dia 15 de maio de 2019 deixará uma marca na história dos setores da educação no país. Essa é a avaliação de Douglas Izzo, presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT-SP), sobre a greve geral da educação que acontece nesta quarta-feira (15).
A paralisação ocorre em repúdio ao corte de 30% no orçamento discricionário de 2019 para todas as universidades e institutos federais, anunciado pelo Ministério da Educação (MEC) há alguns dias. Segundo Izzo, o grande ato será um “esquenta” para a paralisação geral de todas as categorias convocada para 14 de junho. “Vai ser uma grande arrancada para construirmos a maior greve geral da história desse país e derrotar a proposta de reforma da Previdência do governo”, afirma.
Ele acrescenta que as mobilizações evidenciam a crítica às políticas de Bolsonaro e de sua equipe ministerial. “Uma greve geral no primeiro semestre, ainda nem completando 6 meses de governo, significa que esse governo está caminhando para o lado errado”, considera.
“Significa que a política do governo é uma política equivocada. A democracia é o governo do povo para o povo. Infelizmente, esse governo foi eleito pelo povo mais está fazendo política para atender a parte mais rica da sociedade. A parte da sociedade que detém o poder econômico. A maioria dos brasileiros já percebeu que essas políticas atacam o conjunto da população brasileira, seja nos seus direitos, seja lá na educação, seja nas política públicas”, explicou o dirigente em entrevista para o Brasil de Fato.
Confira entrevista na íntegra:
Brasil de Fato – Frente aos cortes nas universidades e institutos federais, qual a importância e expectativa para a mobilização deste 15 de maio?
Douglas Izzo – A expectativa é de uma grande paralisação envolvendo trabalhadores em educação do ensino básico, das universidades, envolvendo também estudantes do ensino básico, da universidades paulista e das universidades federais. Teremos um grande ato.
O dia 15 é um dia que foi definido pela Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE) como um dia de jornada de luta, um esquenta para a greve geral contra a reforma da Previdência. As manifestações do dia 15 que vão acontecer nos 27 estados brasileiros incorporam o combate aos cortes que o governo Bolsonaro está impondo para o conjunto da educação, desde a educação básica ao ensino superior.
Então, nós temos dois eixos de luta: contra a reforma da Previdência e também contra os cortes impostos pelo governo federal, que vão trazer prejuízos enormes para a educação brasileira. Aos estudantes, aos professores e ao país. Vai ser um momento importante de luta daqueles que defendem a educação pública de qualidade.
É importante frisar que até bem pouco tempo quando nós fizemos a Conferência Nacional da Educação, a luta do conjunto da sociedade brasileira e de educadores, era pelo aumento de 10% do PIB aplicado em educação. Infelizmente, com a eleição desse presidente alinhado com os interesses norte-americanos imperialistas na América do Sul, com a eleição de presidente que faz um governo para os andares de cima, nós estamos nos entendendo de ataques que tentam retirar direitos dos trabalhadores, que querem acabar com a universidade pública, que querem acabar com a educação brasileira.
Ataques que querem acabar com a Previdência Social e que tem apresentado para o conjunto da sociedade políticas, que no nosso entendimento, são atrasadas. Como por exemplo, a política apresentada pelo Moro que significa liberar a polícia para assassinar os nossos jovens nas periferias das grandes cidades.
A perspectiva, então, é agitar a organização da greve geral de junho?
Sim. Nós tivemos um grande 1º de maio, que já foi uma alavanca para a greve geral do dia 14 de junho e eu não tenho dúvida que esse 15 de maio vai ser uma data importante para aumentar ainda mais a onda de protestos, de luta e de disputa, inclusive de narrativa com o governo, contra as políticas de processos que atacam a educação, que atacam o direito dos trabalhadores, que atacam a previdência social no Brasil e que entrega, do ponto de vista da política internacional, o patrimônio brasileiro para potências imperialistas e submete aos interesses ditados, em especial, pelos Estados Unidos.
Vai ser uma grande arrancada para construirmos a maior greve geral da história desse país e derrotar a proposta de reforma da Previdência do governo. [Essa reforma] significa acabar com a Previdência pública de regime de repartição e estabelecer uma previdência por capitalização, que vai atender aos interesses dos banqueiros dos banqueiros, os que mais querem aprovar a reforma da Previdência.
O que significa, do ponto de vista histórico, uma greve geral antes mesmo de Bolsonaro completar o primeiro semestre na presidência? A população está percebendo o que está em jogo?
Significa que a política do governo é uma política equivocada. A democracia é o governo do povo para o povo. Infelizmente, esse governo foi eleito pelo povo mais está fazendo política para atender a parte mais rica da sociedade. A parte da sociedade que detém o poder econômico. A maioria dos brasileiros já percebeu que essas políticas atacam o conjunto da população brasileira, seja nos seus direitos, seja lá na educação, seja nas política públicas.
Uma greve geral no primeiro semestre, ainda nem completando 6 meses de governo, significa que esse governo está caminhando para o lado errado. Está errado na sua política, está errado na forma como trata as entidades sindicais. Está errado no trato com as forças políticas no país. A prova de tudo isso é que é o governo mais mal avaliado… Historicamente nenhum governo na história do país teve uma tão baixa aprovação nos primeiros três meses de governo.
O que há em comum entre os ataques aos sindicatos e o desmonte nas universidades? Há uma tentativa de limar os espaços de pensamento crítico?
Esse governo tenta cercear e fazer o combate à todos os setores críticos, que têm massa crítica na sociedade. É assim no trato da cultura, com os professores… Um governo que elege o professor como inimigo está fadado ao fracasso. O mesmo acontece com os sindicatos.
Os sindicatos tem o papel na sociedade de defender os direitos fundamentais do conjunto da classe trabalhadora. O que o governo fez ao editar a Medida Provisória (MP) 873 que tenta impedir a cobrança de mensalidade dos trabalhadores, significa uma tentativa de destruir o conjunto do sindicato no Brasil para não ter resistência e aprovar toda essa política de retrocesso, que aponta para a retirada de direitos e para o fim da aposentadoria no Brasil.
Mas, os sindicatos continuam firme, continuam em luta. A unidade das centrais no 1º de maio foi uma bela demonstração de que nós estamos no caminho correto. A unidade dos setores das entidades da educação, que vai construir um grande ato amanhã em todas as capitais brasileiras, é a resposta a esse governo autoritário, antidemocrático, que quer desmontar tudo aquilo que existe de política civilizatória e que nós construímos com muito sangue, suor e lágrimas, lá na Constituição de 1988.
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